POV Lizie

Toc, toc, toc.

Alguém está batendo na porta do meu chalé. A propósito, depois que eu ganhei a caça à bandeira três dias atrás, os campistas viram que não podiam mexer comigo e trataram logo de fazer uma luxuosa cabana para mim. No andar de baixo há alguns beliches e armários e no andar de cima é onde fica meu quarto. Aqui tem frigobar, TV a cabo, banheira de hidromassagem e um sofá, além de uma lareira e uma cama super confortável da qual eu não gostaria de sair agora.

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Toc, toc, toc.

O Sol mal nasceu e já querem falar comigo! Depois que eu ganhei a captura da bandeira, meu pai veio me parabenizar e disse que eu deveria começar a realizar as atividades com os campistas e eu tenho feito isso, mas eu só inicio minhas aulas depois do café da manhã. Olho no relógio ao lado da cama e vejo que são 5:30h, ainda é cedo de mais!

Dando um muxoxo, levanto da cama para falar com o futuro defunto. Preparo meu olhar mortal e abro a porta, dando de cara com o rostinho fofo e adorável de Abby. Mudo minha expressão facial para “bom dia flor do dia”.

– Olá Abby!

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Depois do jogo, Abby virou minha mais nova amiga. O pessoal parou de subestimá-la e agora quem manda na forja é ela. A pequena ficou feliz por eu ter pego o boomerang mágico que fez e eu mais ainda por poder esfregar na cara dos outros minha vitória.

– Desculpe Lizie. Me acordaram e pediram pra eu te avisar que Quíron quer falar com você. Urgente. Ele sabe que você não faria nada se fosse eu a vir aqui. Aquele pônei maldito ainda me paga! Me usando oras! Bem, o aviso foi dado, agora vou voltar a dormir. E se precisar de algo, pode falar comigo! Eu estou confeccionando um escudo capaz de proteger qualquer um do fogo grego!

– Depois eu passo na forja pra ver isso!

Ela saiu e eu fiz minha higiene pessoal, depois pus uma regata e um short, prendi o cabelo em um coque rosquinha e fui até a Casa Grande. Quíron queria me relembrar que eu deveria seguir o cronograma, acordar cedo, fazer minhas atividades de campistas... essas coisas chatas.

– Pera aí Quíron! Não dava pra esperar o café da manhã?

– É que eu preciso ir no Olimpo e o Sr. D saiu.

– E não tem nenhum sátiro que poderia me avisar...

– Lizie, os sátiros estão ocupados...

– Nossa! Esqueci que Zeus chamou montes deles pra arrumar a turnê da Zeuza Fabulosa! Depois reclamam que há falta de sátiros!

Sai marchando da Casa Branca, já tinham alguns campistas nos campos de morangos e fui lá ajudar a colher. Mentchera! Fui é comer, estou com uma fome!

Depois começaram a chamar para todos se juntarem no pavilhão e tomar café da manhã, comi algumas panquecas e fui me juntar à Clarisse.

– O que você tem que fazer agora? Tenho aula de canoagem e depois vou para a arena. – disse ela.

– Eu tenho arco e flecha com os oxigenados, ops, filhos de Apolo. Depois vou ter aula de viagem nas sombras com a musa albina, vulgo Nico.

Clarisse começou a rir discretamente, quer dizer como uma hiena, chamando a atenção de todos no pavilhão. Vão comer gente! Ainda agora estavam todos um bando de esfomeados! Eu e ela nos levantamos e fomos para nossas respectivas atividades. O chalé de Apolo já estava pegando flechas no arsenal e eu fui também, os filhos do deus do Sol são muitos, metade do chalé de Hermes estava com gente de Apolo, só para ter uma leve ideia de quanta mulher o cara engravidou. Eu até que não era tão ruim em arco e flecha, se eu me esforçasse eu até conseguia atirar uma flecha decentemente mas se você tivesse um instrutor como o Michael Yew, oh Zeus, você ia errar tudo propositalmente só pra ter aqueles braços fortes e musculosos ao seu redor pra te ajudar a atirar uma flecha. Michael era legal e gato, ao contrário dos irmãos e além do mais, seu loiro não era oxigenado como o dos irmãos e seus olhos azuis eram claros como água. Ele era um sonho e não tinha voz de taquara como os outros que achavam que sabiam cantar.

– Michael! Eu estou errando de novo! – chamei-o, mas ele estava ocupado demais conversando com a Drew, uma filha de Afrodite que mais tinha cara de quenga do que de modelo. Peguei uma flecha e mirei na fita que prendia o cabelo dela, a flecha ia rasgar a fita, chamando a atenção para quem atirou.

– Artemis, tu tá me devendo alguns dracmas sua caloteira, ajuda aqui que eu esqueço rapidinho.

Levantei o arco e flecha, posicionei uma flecha na direção desejada, fechei os olhos e respirei fundo. Atirei.

O momento foi mágico, me senti A Katniss Everdeen. Chora recalque! Abri os olhos e a flecha acertou em cheio a fita, Drew e Michael olharam para mim e fiz uma cara de anjo que só uma filha de Morfeu sabia dar.

– Foi mal aí! – gritei – Estou precisando de apoio, Michael!

– Já vou! Espere só um minuto, ok Lizie?

E voltou a conversar com a Drew. Panaca! Não to falando do sobrenome da quenga, quer dizer, dela também que se insinua pro meu gato, mas o cara nem tchan pra mim! Que palhaçada é essa? Que país é esse? Onde o mundo tá indo parar, Zeus?

– Parece que não conseguiu o que queria, né?

Levei um susto. Virei e vi Nico di Angelo com um sorriso convencido, se ele não fosse o idiota do Nico, poderia até dizer que com esse sorriso meio safado, meio bad boy, ficava um deus grego, mas é o Nico, então fica mais pra diva sedutora.

– E você também não, visto que está aqui e não na promoção da Calvin Klein. Soube que Quíron não deixou você sair, a Perséfone com certeza deve ter ido pegar autógrafo, o estilista principal da grife veio pra Nova York anunciar a nova coleção!

Ele bufou e viajou nas sombras. Humpt, garoto estranho!

– Desculpe demorar, Lizie, vamos lá. Você tem que mirar bem no centro daquele círculo e firmar os braços nessa posição, okay?

– Okay.

Engula essa sociedade, engasguem e parem no SUS! Foi tão Gus e Hazel esse momento! Talvez okay venha a ser o nosso sempre, Michael, eu posso te fazer imortal rapidinho, gato! Quem dera eu tivesse coragem de falar isso! Mas não quero parecer a oferecida da Drew.