Cadente escrita por Sah


Capítulo 9
Indícios




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Aaron quer que eu suba com ele para o seu quarto. Não olho nos rostos de quem está na sala.Mas ouço Michele, perguntando para Sarah , por que eu não fui falar com ela. E isso me parte o coração.

Aaron fecha a porta e se certifica que não há ninguém ouvindo.

— Liv, eu não poderia estar te contando isso, mas é melhor que você saiba por alguém que você confie.

— Como se você confiasse de mim...

— Por que você está dizendo isso, somos melhores amigos, não somos?

— Olha, Aaron, desde que eu acordei nada está fazendo sentido. A escola, você, minha mãe. Eu não entendo, mas acho que vocês me culpam por alguma coisa.

— Não é isso Liv, é que aconteceu tanta coisa, que achamos melhor vocês não saberem.

— Vocês?

— Sim, os que não foram afetados.

— Afetados? Do que é que você está falando?

— Você, Annie e Bryan.

— O que isso tem haver com eles?

— Vocês são os únicos que sobreviveram e não foram afetados pela a anomalia.

Eu que já estava confusa, agora não estou entendendo nada.

— O que eu vou contar para você, não pode sair daqui. Por que se eles souberem que eu te contei, nós dois teremos problemas.

— Eles?

— Sim, os militares. Eles não interditaram a cidade por nada. Alguma coisa muito grande aconteceu. Você se lembra de alguma coisa antes de desmaiar?

— Um pouco, alguma coisa estava caindo do céu, e ia acerta a gente.

— Sim, eles estão chamando isso de cadente.

— Eu li alguma coisa sobre isso. Um satélite, não é isso?

— Não. Nem eu sei bem o que é. Mas com certeza não é um satélite.

Aaron parecia um pouco nervoso. Olhava para a janela constantemente.

— Resumindo, tivemos algumas consequências com a queda da coisa. E por causa dessas consequências Samantha pode voltar a falar.

Isso não fazia sentido. Isso não foi uma coisa boa?

— Eu ainda não entendo Aaron.

— Não precisa entender ainda. Mas se estivermos diferentes não quero que você se preocupe. E não conte nada para ninguém. A Samantha ficou proibida de ir a qualquer lugar fora de casa que não fosse à escola. Quero que você me prometa que não vai contar isso para ninguém.

—Você sabe que eu nunca contaria nada.

—Sim, eu sei. Por isso confio em você.

E ele me abraçou. Um dos abraços de sempre, mas meu coração ficou acelerado, minha barriga dava voltas. E assim eu soube que eu ainda o amava.

Ele me soltou abruptamente. E me olhou nos olhos.

— Esse sentimento...

Sentimento, do que ele está falando.

— Você está apaixonada por mim, Olivia? -- Ele me olha com curiosidade

Fiquei sem fala.

Como? Como? Desde quando?

Um dos meus piores pesadelos está se realizando. O tempo parece que parou.

Ele não diz nada. Acho que ele espera uma resposta. Mas eu não consigo falar. Então eu faço a única coisa que eu imaginava fazer nesse momento.

Corro, saio pelas escadas, quase caio, a porta está fechada. Preciso abri-la.

A porta se escancara e saio correndo sem olhar para trás.

Paro quando estou no cruzamento.

O que é que eu estou fazendo? Fiquei tão apavorada, que a única coisa que eu pensei foi em fugir. Sinto um grande aperto no peito. E algumas lágrimas caem. Por que eu fugi? Tudo poderia ter se resolvido. Ou tudo poderia ter dado errado. Minha perna começa a doer. Mas eu me sinto entorpecida. Preciso ir embora. Preciso sair daqui.

— Olivia? – O ouço me chamando ao longe . Ele está vindo atrás de mim.

Eu não quero falar com ele. Ainda não estou preparada para isso. Vou para o meio da rua, não me importando com os carros buzinando a minha volta. Tudo está distante demais.

Me assunto quando um carro para de frente para mim.

— Entre. – Uma voz conhecida grita

— Bryan?

O obedeço. Entro no carro dele sem olhar para trás.

— Por que você está aqui? – Falo contendo o choro.

Olho pelo retrovisor, e vejo que Aaron desistiu.

— Eu não sei. – Ele fala parecendo que está escondendo alguma coisa.

— Você está me seguindo?

— Não! – Ele altera a voz.

— Então...

— Apenas pense que foi uma coincidência.

Termino de limpar as lágrimas.

— Ele descobriu? – Ele me diz com curiosidade.

Olho para ele com desconfiança.

— Você também sabe? – Pergunto em um tom de inocência.

— Acho que todo mundo vê que você é afim dele.

— É tão obvio assim?

— Não, se não ele deveria ter percebido faz tempo.

— Ele costuma ser distraído... – Falo me lembrando de bons momentos.

— Mas quem contou para ele? – Ele demonstra estar muito interessado.

— Eu não sei. Ele me abraçou e de repente tudo mudou.

— Foi como uma espécie de mágica? Como se ele sentisse o que você sente?

Fico transtornada com tantos detalhes.

— Como você sabe?

—Você acreditaria se eu falasse que eu vi isso?

— Viu?

— Sim, como se fosse uma lembrança. Como se eu tivesse lá com vocês.

— Você está drogado? – Falo desacreditada.

— Quem dera...

E ele não diz nada o caminho inteiro.

Coisas muito estranhas estão acontecendo.

Ele me deixa na porta de casa.

— Olha, se alguma coisa inacreditável acontecer com você. Não conte a ninguém. — Ele me diz antes de ir embora.

Foi muito difícil ignorar Aaron. Ele me deixou várias ligações, e-mails e mensagens. Até no celular da minha mãe ele ligou.

— Liv. Por que você não o atende de uma vez? Pode me dizer o que está acontecendo.

—Não, eu não posso e nem quero falar com ele. Por favor mãe eu não quero falar sobre isso com você.

— Não se preocupe, eu vou perguntar para ele.

Será que ela teria coragem?

— Mãe, me desculpa, mas eu ainda não me sinto a vontade de falar o que está acontecendo com você. Mas eu peço, por favor, não pergunte nada para o Aaron. Estou de pedindo.

— Tudo bem, eu acho. Mas você sabe que não dá para se esconder dele por tanto tempo. Aposto que ele já está vindo para cá.

Ela tem razão. Eu preciso sair de casa, pelo menos até a poeira baixar. Quem sabe ele esquece tudo isso.

Não sei para onde ir. Antes de tudo acontecer, meu segundo porto segura era a casa de Aaron. Não tenho mais amigos a quem pedir. Me lembro de Annie, será que ela concordaria? Só conversamos na escola, mas ela realmente parece ser uma boa amiga. Lembro que peguei o número dela. Não custa nada perguntar.

Ela atende na primeira chamada.

— Ah, oi Annie sou eu a Olivia.

— Olivia?!

— É sim, me desculpe se parecer repentino, mas eu poderia passar algumas horas na sua casa?

—Alguma coisa aconteceu?

— Bem, sim e não. È difícil explicar por telefone.

— Claro. Você precisa do endereço?

— Ah sim, por favor. Não sei como te agradecer.

— Anota ai. Alameda Silver, 200.

— Muito Obrigada!

Desligo e chamo um taxi.

— Mãe estou indo para a casa da Annie. Vou colocar no balcão o endereço dela e o telefone. Espero que você não passe esses dados para o Aaron.

— Ah, Liv. Você vai continuar fugindo?

— Estou apenas indo visitar uma amiga.

— Vou deixar que você me engane agora. Pode ir, as 18h eu vou te buscar.

— Ok, mãe.

E assim o taxi chegou rápido.

Assim eu fui para a casa da Annie.

Quando o taxi parou, eu não acreditei na mansão que estava a minha frente. Em um estilo gregoclassico,eu não tinha nenhuma referencia de comparação. Só o portão era maior que meu prédio inteiro.

— Será que esse é o endereço mesmo? – Perguntei para mim mesma.

— É sim, numero 200.—Me respondi

A maior casa da rua. E olha que só havia mansões nessa rua.

Lembro que o pai da Annie era motorista. Deve ser que ela mora, onde ele trabalha.

Toco a campainha com cara de leão.

— Ah, bem eu sou amiga da Annie. E acho que ela está me esperando. – Falo timidamente.

— Sim, a senhorita Annie está a sua espera. O carro já está te esperando.

O exagerado portão se abriu e realmente tinha um minicarro me esperando.

— Meu deus, qual é o tamanho disso?

Foi quando eu percebi o homem franzino que estava uniformizado a minha frente.

Ele não disse nada, apenas me mostrou a entrada do minicarro. O segui e depois de alguns minutos finalmente eu estava de frente para a exagerada mansão. Nem consigo imaginar quem mora aqui.

Sigo até a porta onde uma moça está me aguardando.

— Você deve ser a convidada da senhorita.

— Ah, acho que sim. – Falo um pouco confusa.

— Ela está te esperando na ala sul. Vou te acompanhar até a sala de jogos.

— Ok.

A moça me leva até uma sala do tamanho da minha casa inteira. Tapetes persas dão ao lugar um ar sofisticado. O lugar inteiro parece ter saído da revista ricos e famoso.

— Olivia?

Olho para trás e vejo uma garota muito parecida com Annie. Só que sem os tons escuros. Ela está simplesmente adorável com um vestido claro e florido.

— Annie.

— Agora vou deixa-la com sua convidada senhorita Donan. – A moça sai do recinto.

Donan... Esse nome me é familiar.

— Donan dos Empreendimentos Donan? O império bilionário que quase controla toda a cidade?


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