Além dos Mortais escrita por Ádrila Agnes, victor hugo


Capítulo 10
Sabedoria


Notas iniciais do capítulo

Oi! Aqui está mais um capítulo sobre o ponto de vista do Drake - como os dois anteriores e como serão os próximos quatro. (Ádrila postará os capítulos pelo ponto de vista de Savanna e eu, os capítulos pelo ponto de vista do Drake).
Boa leitura!
~ Ryan



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Mais tarde, encontramos Loki e voltamos á nave, rumo á Netuno, pra acalmar as coisas, talvez.

Em um canto da nave, Savanna conversava com as duas garotas e os garotos, falando sobre as maravilhas dos dormitórios e de todo o luxo que poderiam usufruir no castelo de Luki, quando chegássemos, como se eles fossem verdadeiros heróis. Não que eu esteja diminuindo o feito deles. Mas, admitamos que era um exercito um tanto despreparado. É errado se vangloriar por esses pequenos feitos e se esquecer do rumo que as coisas estão levando.

Mas, de qualquer forma, pego um drinque enquanto Luki se sentou ao meu lado.

– E então...? – indaguei, enquanto ele parecia entretido materializando algumas pequenas bolinhas de gelatina tranparentes e girando-as no ar. Mas, mesmo quando ele fazia aquilo, percebi que ele esperava que eu dissesse aquilo.

– Olha Mason... – ele entrelaçou os próprios dedos enquanto falava, nervoso – Foi um tanto súbito essa sua... declaração de amor... Por Savanna.

– Talvez não fosse tão súbita se vocês tivessem perguntado antes ao invés de...

– Não interrompe. Ela pode estar caidinha por você, mas ela não sabe muito bem o que realmente quer. E eu não quero que ela seja enganada por pessoas como você...

– Enganada? – franzi o cenho – O que você acha que eu sou? Um espião?

– Não. Mas talvez você trabalhe por conta própria. Loki já conheceu muita coisa do mundo. Nem todo mundo que está contra Pandora está, necessariamente, lutando ao nosso favor.

– Você estaria se referindo a quem? Ás vinte e sete pessoas que vocês reuniram com seus grandes impérios? – o sarcasmo era evidente em minha voz, mas ele pareceu não perceber, ou então ignorou.

– Vinte. Somente vinte deles sabem que Pandora descobriu nossos planos e continuam do nosso lado. O medo é uma arma poderosa. Porém, o amor pode ser tão perigoso quanto ele.

Encarei o garoto, e ele continuou com os olhos fixos nos meus.

– Savanna é preciosa – Luki disse - Mais preciosa que as pétalas de âmbar que só desabrocham durante a quinta lua cheia do ano, no Sol. E estas flores estão extintas. Você tem uma sorte grande.

– Olha Luki... – limpei a garganta antes de continuar – Eu e Savanna só nos beijamos. Não é nada de mais. Não façam escândalo por causa disso, ok?

Ele bufou, embora seus olhos continuassem calmos. Lentamente ele se levantou e foi em direção a uma das aeromoças da nave de Loki – todas elas tinham cabelos negros e olhos prateados como os dele, como se fosse uma característica dos nativos da Lua, como ele -, como se nós não estivéssemos falado sobre nada importante há alguns segundos.

Olhei para Savanna com o canto dos olhos e, lentamente, saí da poltrona estufada e fui em direção á outra sala, vazia, por meio de passos desorientados.

A sala era coberta de pinturas. Mas não eram pinturas de pessoas nem nada do tipo. Cada pintura representava uma espécie de constelação, cada uma delas com um tom de cor diferente. Pareciam mostrar mais do que vagas imagens do espaço, mas não as fitei por muito tempo.

– São espécies de símbolos sagrados – Uma voz feminina soou cada vez mais próxima. Era Sierra, irmã de Brianna (Que antes estava conversando com Savanna).

Seus cabelos dourados e encaracolados lhe batiam no ombro, a pele era bronzeada e os olhos eram de um tom azulado. Se parecia com as humanas que viviam nas regiões litorâneas, embora, logicamente, habitasse algum outro planeta. Usava uma regata cor de rosa meio solta, jeans surrados e coturnos rabiscados com canetas esferográficas. Savanna havia lhe emprestado um suéter vermelho, com uma estrela amarela estampada no peito. - Pensando bem, até as roupas dos alienígenas eram parecidas com as dos humanos, tirando, é claro, o desconforto óbvio que elas proporcionavam,

Não se parecia muito com a irmã, que tinha os cabelos escuros cor de terra, a pele era morena e os olhos eram esverdeados, como musgo.

Assim como os dois garotos, eles haviam aceitado espontaneamente a proposta de Savanna de se juntar a nós – ou algo assim, afinal, ninguém podia simplesmente sair pedindo para a outra para que ela a acompanhe em missões suicidas. Pelo que Dean disse, eles já conheciam as ações de Pandora – ela havia os expulsado de seus planetas-natais – e as ações dos grupos manifestantes, como nós.

– Quero dizer, não são constelações de verdade. Reza a lenda que há muito tempo atrás, quando a manipulação mística surgiu, os primeiros sacerdotes usavam esses símbolos para canalizar e propagar seu poder.

– Hoje vocês não precisam mais disso, não é? – ela assentiu levemente, enquanto andava até o meu lado. Enquanto ela andava pela sala, percebi que havia uma pintura com um símbolo familiar. Era quase como uma clave de Sol, embora estivesse inclinada.

– É de sua língua nativa?

– É uma língua antiga e fundamental, como o latim era pra vocês, humanos. Todos sabem lê-los, do Sol á Lua, de Plutão á Mercúrio.

Notei seu sorriso ao pronunciar o nome do último planeta

– Você e sua irmã são de lá?Quero dizer, de Mercúrio?

– Bem... - Parecia ser difícil para ela explicar - Brianna e eu nascemos em Mercúrio, mas nossos pais são de planetas diferentes. Meu pai veio de Mercúrio, e minha mãe de Saturno. Por isso somos tão diferentes. - Ela deu de ombros, como se aquilo não fosse importante – Acho que é por isso que eu gosto tanto de estudar mais sobre as culturas de outros lugares, sabe?

A moça esboçou um sorriso. Não era um sorriso necessariamente bonito, mas era agradável de ver.

– Sério? – senti que deveria continuar o assunto – Eu não sei nada sobre isso aqui tudo, sabe?

Ela me lançou um olhar desconfiado.

– Ah, é? Você parecia saber bastante coisa quando aterrissou um foguete, lá na Terra.

Dei de ombros, como se não fosse importante.

– Foi... Foi Pandora, não é? – ela hesitou em perguntar, mas não parecia disposta a mudar de assunto.

– Sierra... – ao notar meu tom de voz, a garota mordeu o lábio inferior por um rápido instante, como se estivesse se repreendendo por ter feito aquela pergunta – Ahn... Tá... Tá tudo bem.

Ela esboçou um sorriso.

– Então... E o que significa esse símbolo? – perguntei e ela nem mesmo precisou olhar pra pintura para responder, como se já soubesse que eu perguntaria aquilo.

– Significa sabedoria, estratégia. Significa mudança, também. Significa que você tem uma nova chance, Drake. Não deixe-a escapar.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Sugestões? :)