Half-Blood Love escrita por BlindBandit


Capítulo 5
Vida de recém-casados




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A trégua de pesadelos havia chegado ao fim.

Eu estava em Roma novamente. A cena se repetia. Argos II amarrava a estatua de Atena e colocava no barco, eu e Annabeth estávamos lá, de mãos dadas...

– Vai ficar tudo bem – eu dizia para Annabeth, ela me olhou com gratidão, ainda um pouco apoiada em mim pelo tornozelo quebrado.

Então alguma coisa puxou ela pelo tornozelo, uma teia. Estavamos cheia delas, mas aquela começou a arrastar Annabeth para a beira do abismo, eu corri até ela, tentando segurar sua mão.

– A teia! Corte a teia! – Hazel grita.

Mas minha espada esta muito longe, eu não consigo, não consigo chegar a tempo, ela é puxada, e dessa vez, eu não consigo pegâ-la.

Meu grito é tudo que eu ouço quando acordo. Ainda está escuro, sinto as lágrimas salgadas descendo pelo meu rosto. Minhas mãos tremiam. Annabeth estava do meu lado, me reconfortando.

– Shhh Percy, está tudo bem, estamos seguros, nada de mostros, shhhh Percy – ela disse com a voz sonolenta e cheia de preocupação. – Estamos em casa... na nossa casa.

Ela segurou meu rosto com a mão. Eu sabia que estávamos em segurança, mas a lembrança ainda era muito forte. Eu tremia, as lágrimas não paravam de escorrer. Eu não consegui conter um soluço. Annabeth me abraçou forte, murmurando palavras de consolo.

– Estamos no Acampamento, em segurança, nada pode nos machucar agora. – eu sentia que ela tentava se reconfortar também. Não acho que os pesadelos sumiriam das nossas vidas. Era um preço relativamente baixo para pagar. Eles não partiriam, não melhariam, mas enquanto eu e Annabeth estivéssemos juntos, passaríamos por cima disso.

Eu não sei a que ponto adormeci de novo, mas já era de manha quando eu abri os olhos. O lado da cama ocupado por Annabeth estava vazio. Eu me espreguicei e levantei.

Preciso descrever a nossa casa. Era um lindo chalé branco e azul, com dois andares, na parte de cima haviam três quartos, o meu e de Annabeth era o maior, ficava no final do corredor e tinha uma varanda com vista pro mar.

Um dos quartos estava vazio, ele dava vista para o acampamento e a cidade, o outro, Annabeth tinha enchido de projetos e desenhos, mas eu tinha outros planos para aquele cômodo, em alguns anos talvez.

Descendo a escada, havia uma sala de estar, com uma televisão de plasma enorme, que sumia na parede e dava lugar a um quadro do acampamento. Um presente do chalé de Hefesto para nós.

Ao lado ficava a cozinha. Ela era ligada a sala, o que tornava a casa agradável. A única coisa que separava os cômodos era um balcão de mármore branco. Nos primeiros dois dias, eu e Annabeth fizemos nossa refeição por ali. Não tínhamos saído do chalé até agora, e ninguém tinha vindo nos importunar. Provavelmente porque achavam que nos encontrariam correndo nus pela casa. Bom, era quase verdade.

Annabeth estava sentada em um dos banquinhos de madeira que cercavam o balcão. Ela usava uma camiseta azul minha, com um peixe usando chapéu de pescador, e somente calcinhas. Ela tinha uma xicara de café nas mãos.

– Bom dia – eu disse beijando-a e pegando café para mim. Annabeth me fitava preocupada.

– O que foi? – eu perguntei, mas então me lembrei que aquela fora a primeira crise de pesadelos que Annabeth tinha visto acontecer comigo. Ela sabia que eu as tinha, mas nunca tinha acontecido quando estávamos juntos, só com ela, uma vez.

– Percy ... – ela disse preocupada. Mas ela sabia que não podia fazer nada, eu também não podia. – O que você sonhou? Você estava gritando meu nome... se debatia...

Eu engoli seco, as imagens voltaram a minha mente.

– Eu... eu não conseguia te segurar... você caiu... sozinha. – eu senti minha voz falhar, as lágrimas queimando. Eu não ia deixa-las caírem.

Ela passou a mão em meus cabelos, suspirando.

– O que acha de irmos tomar café no pavilhão? Já está na hora de retomarmos a nossa vida – ela sugeriu.

– É, pode ser – eu disse subindo as escadas para trocar de roupa.

Se tem uma coisa boa a respeito de ter sua própria casa, é chuveiro quente, quando quiser. Depois de tomar um banho e me sentir renovado, eu e Annabeth saímos do chalé. Encontramos alguns filhos de Hefesto e Atena dando os acabamentos na cidade. Logo, vários dos campistas antigos se mudariam para lá, e iam dar mais espaço para os novos. Annabeth entrara em contato com varias criaturas magicas, que dariam aulas na nossa universidade. Quiron trabalharia lá alguns dias também. Leo Valdez estava na praça, fazendo ajustes em uma maquina que eu não entendia. Ele lançou um olhar sugestivo para nós quando passamos.

– Os pombinhos finalmente saíram do ninho – ele sorriu. – bom ver vocês.

Nós rimos, e seguimos para o refeitório.

A regra das mesas separadas, eu tinha me esquecido dessa. Annabeth foi se sentar com seus irmãos, as garotas mais novas faziam perguntas para ela. Ela contava animadamente coisas a respeito da arquitetura da casa, e outras coisas que ela não podia falar comigo sem que eu caísse no sono dois minutos depois.

Eu me servi e joguei metade da minha refeição no fogo, agradecendo todos os deuses. Eu andava com um bom humor incrível.

Me sentei sozinho na mesa de Poseidon, revirando minha comida no prato. Uma figura brilhante entrou no refeitório. Ela tinha os cabelos negros rebeldes, usava uma jaqueta de couro e uma blusa negra escrito “ morte a barbie” . Thalia entrou e disse algo no ouvido de Annabeth, que corou e deu uma risadinha, depois ela serviu sua comida e sentou na minha mesa.

– Hãm... Thalia, você não deveria sentar aqui... – eu disse.

– Eu não ligo – ela deu de ombros. – Nunca sei se devo me sentar a mesa de Zeus ou de Artemis, um dos dois vai ficar bravo comigo de qualquer maneira, e eu vou ficar sozinha de qualque jeito. se eu me sentar aqui, ambos ficam bravos comigo, mas eu pelo menos tenho companhia.

– Então, quando você volta para as caçadoras?

– Essa tarde. – ela disse enchendo a boca de bacon. – Artemis me deu dois dias para ficar no acampamento, ver como estavam as coisas com os campistas, e aproveitar, mas já é hora de voltar. Aquela sua amiga romana, Hazel, me apresentou Orion. Ele vai me dar uma carona até as caçadoras.

– Os romanos já partiram? – eu perguntei.

– Eles nem chegaram a ficar no acampamento. Os deuses o mandaram para o acampamento Júpiter depois da festa. Só meu irmão ficou um pouco, agora ele levou a namorada para lá. Eles pareciam discutir.

– Eu não culpo Piper – eu disse. – Não deve ser fácil. Eles estão planejando se mudar para uma das casas na cidade. Piper quer viver aqui, e Jason, em nova Roma.

– Eles vão chegar a um acordo – Thalia disse.

Eu concordei com a boca cheia de torradas.

Eu e Annabeth ganhamos uma harpa do chalé de Apolo. Uma enorme harpa dourada. Nós agradecemos, e colocamos na varanda do nosso quarto. Annabeth dedilhava o instrumento, cantarolando melodias, descobrindo como aquilo funcionava. Uma das garotas de Apolo se ofereceu para dar algumas aulas a ela, e Annabeth aceitou de cara. Se tem uma coisa que Annabeth nunca nega, é conhecimento, mesmo que seja sobre musica. Eu acabei por descobrir que ela era muito boa com a harpa, e tinha uma linda voz.

Travis e Connor nós deram um poltrona de massagem em nome do chalé de Hermes. Eu perguntei se eles haviam roubado de algum lugar, mas eles negaram, ofendidos. É claro que eles tinham roubado, mas eu gostava muito de massagem. A poltrona foi para nossa sala.

– Annabeth estava deitada na cama quando eu entrei. Ela usava shorts e a parte de cima de biquine, tinha acabado de sair da aula de canoagem. Seus cabelos estavam soltos e seu colar do acampamento cheio de contas estava torto. A mais nova conta tinha um arco de casamento pintado. Ela fingia ler um livro, mas me espiava.

– O que? – eu disse sorrindo. Eu usava apenas uma bermuda, e tinha a toalha pendurada nos ombros.

– Nada – ela sorriu.

– Você estava me paquerando – eu sorri.

– Eu não preciso te paquerar, Cabeça de alga, você já me pertence, agora venha aqui. – ela deu dois tapinhas na cama ao lado dela, e eu deitei ao seu lado, beijando-a.

Mais tarda naquele dia, os campistas mais velhos tinham algum tempo vago, então decidimos colocar a conversa em dia no píer do lado de canoagem. Por incrível que pareça, estávamos sempre tão ocupados que mal tínhamos tempo para conversar direito. Leo, Piper ( sim, ela tinha voltado do acampamento romano) Clarisse, Eu, Annabeth, os irmãos Stoll, Chris Rodriguez e mais alguns outros.

Havia uma toalha estendida, e alguns lanches que os Stoll tinham roubado das cozinhas. Clarisse contava animadamente a sua versão de quando os gregos foram ao acampamento romano pela primeira vez.

– ... E então, Jackson apareceu na multidão daqueles romanos cabeça oca – ela apontou para mim, com a boca cheia de sanduiche. rindo – E ele usava um vestido!

– Não era um vestido! – eu disse tentando me defender – Era uma roupa de Pretor.

– Conta outra Percy! – Connor disse.

– É, nós sabemos que você veste de mulher e rouba maquiagem do chalé de Afrodite nas horas vagas! – Travis completou.

–Que eu saiba, roubar é trabalho de vocês - eu disse.

– Ei! – eles exclamaram em conjunto.

– Cupcakes! – uma voz gritou de longe. Piper escondeu o rosto nas mãos.

O terror dos campistas, o sátiro mais irritado e chato do acampamento, treinador Hedge apareceu na nossa frente.

– Percy! Annabeth! Seus cabritinhos! – ele gritou em sua máxima fúria de bode. – Fiquei sabendo que vocês andam de namorico, apresentem-se agora antes que...

– Ele ainda não assimilou o fato de que agora somos casados? - Annabeth balançou a cabeça.

– Não. – Eu disse –e eu não quero perder o meu tempo explicando, vocês não nos viram – eu disse para meus colegas.

– Percy, o que... – Annabeth começou, mas não teve tempo de terminar. Eu joguei meu corpo para trás, mergulhando na agua, e puxando Annabeth comigo.

Estavamos dentro de uma bolha de Ar, completamente secos, Annabeth sorria.

– Não se acostume comigo falando essa frase, mas ... brilhante, cabeça de alga.

Depois de cerca de três minutos, voltamos a superfice.

– Ele já foi? – eu perguntei.

– Foi – disse Piper. – Clarisse contou que vocês estavam debaixo d’agua, ele ficou gritando, mas eu usei o charme e ele se convenceu de que vocês estariam no pavilhão.

– Obrigada – eu disse a Piper.

Annabeth saiu da agua completamente seca, na minha vez, eu fiz questão de sair com um jato de agua, que molharia somente Clarisse. Ela se levantou, furiosa, mas tinha um sorriso amistoso nos lábios.

– Jackson! – ela urrou, toda encharcada. – Você vai ver só!

Eu pulei de volta na agua.

– Pegue-me se for capaz, valentona.

– Quanta maturidade – eu ouvi Annabeth sussurrar.

E nossos amigos riam enquanto Clarisse nadava atrás de mim.


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Notas finais do capítulo

espero que tenham gostado! por favor comentem!