Não existe nada mais fofo do que um bebe de sete meses.

Eu entrei no quarto de Samanta e ela estava sentada no berço, me olhando atentamente com os olhos verde- mar. Os cabelos loiros caiam em delicados cachos.

– Olá minha princesinha – eu disse pegando Sam no colo. Ela colocou as mãos em meu pescoço e riu. Eu balancei ela e ela soltou uma gargalhada. – Venha, vamos lá para baixo.

Eu desci as escadas com Sam no colo. Annabeth estava sentada á mesa, e mordiscava uma torrada. Quando Samanta a viu, estendeu os braços.

– Bom dia queridinha – ela pegou Sam enquanto eu servia meu café. Eu observei Annabeth brincar com a garotinha. Meu coração se aquecia. Eu nunca pensei que isso fosse possível, mas lá estava minha família.

– O que está olhando Percy – Annabeth perguntou quando notou que eu a olhava.

– Estou admirando vocês – eu confessei. – Eu nunca pensei... nós tínhamos doze anos Annabeth. Dá pra acreditar o quão longe nós chegamos?

Ela sorriu e me deu um selinho. – Vou me trocar e arrumar Sam. Rachel chegou no acampamento e ela quer conhecer Samanta.

Nos encontramos no lago de canoagem. O dia estava muito quente para qualquer atividade física, então todos os campistas foram para o lago. Annabeth usava um biquini branco, e shorts jeans. Eu estava de bermuda sem camisa. Samanta usava um lindo biquíni de babados, que o chalé de Afrodite tinha dado a ela.

– Rachel! – Annabeth exclamou. Uma garota de longos cabelos e fogo e usando um maio sujo de tinta se virou. Ela correu até nós, com um sorriso no rosto.

Ela parou na nossa frente, ofegante e sorrindo. Mas quando colocou os olhos em Sam, sua expressão endureceu. Ela cambaleou, mas recuperou a postura rapidamente.

– Rachel? Está tudo bem? – eu perguntei.

– Sim – ela mentiu. – Eu só estou tendo muitas visão ultimamente. Visões indistintas.

– Você acha que pode ser outra – Annabeth sussurrou – Grande profecia?

–Não sei Annabeth – ela disse.

Samanta riu e estendeu os braços. Rachel pareceu esquecer do que acabara de acontecer, e pegou Sam no colo.

– Olá garotinha – ela riu balançando Sam. – Ela é linda!

Annabeth olhou-a, orgulhosa.

– Venha garotinha, vamos nadar um pouco e deixar as senhoras conversarem – eu peguei Sam.

– Pai coruja – Annabeth sorriu.

– Quem você chamou de senhora? – Rachel gritou indignada, eu entrei na agua com Sam. Ela parecia adorar ficar lá tanto quanto eu.

Eu segurei ela pelas mãozinhas e rodei pela agua, ela gargalhava. Nós afundamos em uma enorme bolha de ar, ela apontava os peixes e os campistas que passavam nadando. Um pequeno submarino de brinquedo estava no fundo, nele estava escrito “ Leo Valdez comanda”.

Lucas passou nadando, quando nos viu, fez uma careta, Sam começou a rir, depois ele continuou. Nos últimos meses, eu havia adquirido um carinho especial pelos gêmeos. Tinha decidido treina-los pessoalmente, ensina-los tudo o que sei. Por algum motivo, eu sentia que isso seria necessário.

Eu passei a manha no lago com Sam. Eu via Annabeth apontas para nós de vez em quando. Ela e Rachel pareceram conversar sobre tudo. Eu as vi rindo, e vi com aquela expressão sombria de mais cedo. Um calafrio percorreu minha espinha.

O dia passou voando, eu dei aula de canoagem, e fiz alguns campistas voarem em jatos d’agua. Quando começou a escurecer, fomos orientados a sair do lado e ir tomar banho para o jantar. Os campistas correram para chegar no chuveiro. Eu estava seco, sam estava enrolada em uma toalha.

– Eu vou leva-la para casa – eu disse a Annabeth.

–Obrigada Percy. Eu já vou. – e me beijou.

Eu dei um banho morno em Sam e vesti os pijamas dela. Quando Annabeth chegou, eu cantarolava uma canção que minha mãe costumava cantar para mim quando eu era bebe. Ela parou na soleira, me observando. Eu não tinha a notado até então. Eu estava concentrado em Sam. A balançava lentamente, seus olhos se fechavam. Quando ela adormeceu, eu a coloquei no berço e me voltei para Annabeth, fazendo o sinal de silencio, nós encostamos a porta do quarto dela.

– Você acha que tem algum problema deixa-la dormindo enquanto vamos jantar? – Annabeth perguntou.

– Annabeth já fizemos isso antes – eu disse – vou chamar uma Dríade para ficar de olho nela.

Annabeth assentiu, um pouco relutante, e nós fomos para o pavilhão.

Nós jantamos na mesa dos veteranos. Sim, Quiron adicionara a mesa dos veteranos, para os campistas que moravam na cidade, não precisassem ficar com seus companheiros de chalé. Depois de comer, fomos a fogueira, o chalé de Apolo cantou algumas musicas, Quiron dava um discurso sobre o começo do verão, quando Rachel entrou correndo. Ela suava, me fitou, e depois pousou os olhos nos gêmeos. Eles arregraram os olhos. Assustados.

Os olhos de Rachel adquiriram um brilho fantasmagórico, uma nevoa verde a envolveu. Pelo canto do olho, vi dois campistas correrem com um banquinho até ela. A voz que saiu dela, a voz do oraculo, ainda me dava calafrios. Se uma cobra pudesse falar, esse definitivamente seria o som.

“ Gêmeos do relâmpago, devem buscar,

O presente divino que aos velhos heróis foi concedido,

Roubado, sequestrado pelo amante da noite.

Deve ser recuperado até o dia do solstício. “

Depois disso ela caiu, os dois campistas a seguraram. Todos fitavam os gêmeos ao meu lado. Mas antes que qualquer coisa fosse dita, Um grito agudo, um choro, ecoou. Eu não sabia como aquele dom podia chegar tão longe, mas eu tinha certeza a quem ele pertencia. Samanta.

Eu e Annabeth corremos como o vento, vários campistas vinham atrás de nós. Eu abri a porta com um ponta pé, e subi as escadas correndo. A Dríade estava desacordada no corredor. Eu passei por ela, e entrei no quarto de Sam. Estava vazio.

Annabeth gritou. Um grito tão cheio de dor. Eu segurei ela antes que ela desabasse no chão. As lágrimas rolando pelo rosto de nós dois. Ela soluçava a balbuciava coisas como “ minha filha”.

Depois de um tempo, descemos a escada, tudo parecia meio enevoado, como um sonho.

– Percy? – Quiron disse.

– Eles a levaram. Levaram Samanta.