Because of You escrita por Lia Galvão


Capítulo 9
Acidentes Acontecem


Notas iniciais do capítulo

Bom, esse é o último capítulo já pronto que tenho para vocês e como disse há alguns capítulos atrás a frequência nos posts agora será um pouco demorada. Tô no terceiro ano da escola e minha mãe resolveu me obrigar a fazer pré-vestibular então vou ficar um pouco sem tempo, mas como já disse farei o possível para postar o mais rápido para vocês.



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Lily correu o máximo que conseguiu e só parou há alguns metros d'a Toca sobre os protestos de suas próprias pernas, que voltaram a doer. Porque ela não podia simplesmente desligar todos os pensamentos e ter um único momento de paz? Desde que ela voltara para a Inglaterra aquilo não estava sendo possível.

Ela enxugou o rosto e respirou fundo antes de entrar na casa, as conversas vinham de diversos lugares, enquanto entrava mais afundo na casa viu que James e Laís ainda estavam lá, por sua causa eles provavelmente teriam perdido a viagem. Ela suspirou e pensou em ir se desculpar, mas ela estava tão cansada emocionalmente, os acontecimentos da última uma hora e meia foram o suficiente para deixá-la exausta de novo então ela fez uma nota mental de ir até o casal o mais breve possível e se desculpar, mas agora ela precisava deixar a gritaria e procurar um momento de paz.

–Lily... -Lucy começou animada, prestes a falar alguma piada que Fred II havia lhe contado mas a ruiva não parou para escutar, deixando a prima com o cenho franzido.

–Não estou passando bem, Lucy, amanhã você me conta. -Ela tentou se explicar ao pé da escada e em seguida subiu as pressas, indo até o antigo quarto de sua mãe e parando contra a porta recém fechada.

–Para! -Ela gritou para si mesma e bateu a cabeça na porta algumas várias vezes. Estava quase chorando ao ver que de nada adiantaria e respirou fundo, indo até a cama e se encolhendo lá já prevendo a dor de cabeça que teria. Três toques foram ouvidos na porta e Lily se encolheu ainda mais. -Estou morta. -Pronunciou na esperança de que a pessoa fosse embora, mas o mundo não é perfeito.

Primeiro Rose e em seguida Scorpius entraram no quarto fazendo a ruiva revirar os olhos e se virar para o outro lado, afim de não ter que encará-los.

–Precisamos conversar. -Rose começou.

–Vou passar essa... -A ruiva disse afofando o travesseiro.

–Lily...

–Eu estou passando mal, poderiam respeitar isso? -Ela perguntou irônica e ouviu o barulho da porta se fechando. Se virou esperançosa mas tornou a ficar de cara amarrada ao ver que eles ainda estavam ali. -Olha só, meu dia não está sendo um dos melhores, eu passei a noite revirando cada canto de Londres atrás de meu filho e agora há pouco eu fui obrigada a ter uma conversa nada agradável com o seu marido. -Disse apontando para Scorpius. -Para logo em seguida ter problemas com Nick, então se não for pedir muito, me deixem em paz! -Disse e voltou a virar para o outro lado.

Rose olhou com o cenho franzido para Scorpius que apenas suspirou e ela voltou a encarar Lily, ou as costas dela.

–Não vamos sair daqui até que tenhamos nos explicado, isso já esperou muito tempo, Lily.

–Arrgh. -A ruiva gritou se sentando e encarando o casal. -Eu não quero ouvir suas desculpas, eu tenho vivido perfeitamente bem sem elas, meus parabéns pelo casamento e filho agora me deixem em paz!

–Pare de agir como uma criança Lilian! -Scorpius retrucou e ela o olhou, estava cansada demais para discutir, precisava descansar, colocar os pensamentos em ordem e voltar a agir da maneira que ela fazia.

–Se eu os ouvir vocês prometem parar de atormentar a minha vida? -Perguntou entre dentes e Rose suspirou aliviada, concordando com a cabeça. -Estou ouvindo. -Disse contra sua vontade encarando os dois. Scorpius se encostou na porta enquanto Rose se aproximava da cama e Lily puxou as pernas para perto, evitando o contato físico com a prima. -Estou ouvindo. -Repetiu impaciente e Scorpius pigarreou.

–Todos esses anos querendo lhe dar uma explicação e agora eu não sei como fazer. -Disse rindo sem graça e Lily o fuzilou com o olhar, fazendo ele se mexer inquieto. -Bem... eu... eu... Na época da escola, eu sempre fui muito próximo a Rose...

–Não diga?! -Lily o interrompeu irônica e fez uma careta em seguida, indicando para ele prosseguir.

–Nós eramos grandes amigos e passávamos um bom tempo juntos e...bem lá para o terceiro ano eu comecei a gostar de Rose de uma maneira mais... intensa.
Lily se mexeu desconfortável na cama, já tinha ouvido um resumo desta história que não lhe agradou e agora que estava prestes a ouvir a versão completa estava vendo que gostaria ainda menos.

–Mas...ela nunca me deu uma chance, nunca me deu indícios de que sentia o mesmo e com o tempo eu fui deixando de lado, guardando em uma...caixa. -Ele disse e Lily continuou a encará-lo, ela já sabia o que viria em seguida. -Você também sempre foi próxima de mim, Lily, e eu realmente tinha fortes sentimentos por você, então quando eu descobri que você gostava de mim, bem, eu fiquei feliz. Eu gostava de você também e eu não podia passar toda a minha vida esperando por Rose, então te pedi em namoro. -Lily abriu a boca para falar mas Rose impediu, continuando a história.

–Eu comecei a gostar de Scorps no segundo ano, mas ele parecia tão impossível para mim que eu preferi fingir que não sentia nada disso e o manter como amigo. Quando vocês começaram a namorar eu fiquei tão...perdida que ao menos sabia como reagir, então optei por me afastar dele. Talvez fosse mais fácil de lhe dar com isso mas não foi. Quando deixamos a escola, eu e Scorpius formamos uma dupla no trabalho e isto tornou minha tática de me manter longe dele ainda mais difícil. Naquela tarde nós tínhamos um caso para resolver, era nosso dia de folga mas concordamos que quanto antes terminássemos com aquilo seria melhor, então Scorp me chamou para ir até lá terminamos o trabalho e bem, eu fui.

–Não, Roxanne foi no seu lugar. -Lily acrescentou outro comentário irônico e Rose suspirou.

–Eu não estava me sentindo confortável tendo que ficar sozinha com ele, era além do que eu podia aguentar...

–Então você o agarrou. -Rose olhou para cima e respirou fundo, deixando Scorpius tomar as rédeas da situação.

–Rose bebeu firewhisky desde que havia pisado na casa, ela estava mais estranha do que o normal e eu resolvi perguntar o que havia de errado com ela e o porquê de ela ter se tornado tão distante. Ela estava bêbada e acabou falando tudo que sentia. Meus sentimentos em relação a ela não tinham sumido, estavam presos naquela caixa e quando ela me disse que também me amava... eles voltaram. Eu estava feliz, ela também me amava e eu descobri isso anos depois mas... mas ainda tinha você.

–A pedra no caminho, para não dizer outra coisa. -Lily riu irônica.

–Eu te amava Lily, mas percebi tarde demais que era um … um amor de irmão -Lily abriu a boca para falar algo mas mordeu sua língua antes que se entregasse e riu, desgostosa. -Eu ia falar com você no dia seguinte, eu ia até Hogwarts para conversar com você e tentar lhe explicar mas naquele momento eu não podia simplesmente deixar Rose fugir das minhas mãos.

–Então você apareceu. -Rose disse com pesar.

–A empata-foda! -Lily exclamou com desgosto. -É isso? Essa é a explicação de vocês? -Lily perguntou e ambos se mexeram desconfortáveis. -Querem saber de uma coisa? Vocês deveriam ter permanecido calados e deixado as coisas como estavam, sabem por quê? -Ela encarou Rose e depois Scorpius. -Tudo que vocês fizeram foi me deixar com mais raiva de vocês... raiva não, nojo.

Ela disse e se levantou da cama. Scorpius e Rose protestaram e ela riu no mesmo tom de desgosto que usava para falar. -De você -ela se virou para Rose. -porque eu pensava que éramos como irmãs e ao contrário de me falar sobre seus sentimentos em relação a ele assim que começamos a namorar ou até mesmo antes, você esperou com que eu . -Ela se freou outra vez, iria acabar falando merda se não saísse dali rápido. -Você preferiu me trair. E de você -ela se virou para Scorpius. -Porque você me usou.

–Lily não … -Ele começou mas ela ergueu a mão indicando para que ele parasse.

–Suas explicações não mudam o fato de que ambos me traíram, apenas mostra que eu fui muito mais tola do que eu imaginava. -A ruiva disse e avançou contra a porta, Scorpius se desencostou desta e Lily pode sair, mas Rose não estava contente com a reação dela.

–Lily espera! -A ruiva mais nova ouviu a prima gritar quando terminou de descer a escada e em seguida ouviu o grito de Rose.

Rose havia tropeçado quando tentou ir atrás de Lily e acabou rolando as escadas parando aos pés da prima que encarou a cena horrorizada e depois gritou.

–Rose! -Ela exclamou se ajoelhando perto da garota e a analisando. -você.. você está bem, oh meu Deus, Rose você está bem?

A ruiva mais velha tinha o olhar vidrado no teto, mas ainda respirava, ela levou suas mãos até a barriga e se esforçou para falar. -Dói...

Ela disse em um sussurro e Lily direcionou seu olhar para lá. Outro grito ecoou da garganta da ruiva ao perceber que a prima sangrava e logo todos se aglomeravam em torno da cena, Scorpius desceu as escadas correndo e se ajoelhou do outro lado de Rose, os olhos de Lily estavam marejados e ela tentava pensar em alguma coisa para ajudar a prima mas nada lhe vinha a cabeça.

–Mãe. -Ela gritou e Ginny apareceu ao seu lado. -Mãe, ela está perdendo... ela está perdendo o bebê. - Lily disse colocando o rosto entre as mãos.

Ginny ordenou que todos se afastassem e chamou por Harry, Lily não prestava atenção em muita coisa e Victoire deixou a' Toca com Lucca para que nenhum dos dois precisasse presenciar o que acontecia. Scorpius chorava perto da mulher ordenando que ela permanecesse firme e forte. Nick chegou no local um pouco desorientado e ficou ainda mais confuso ao ver toda aquela movimentação, ele tentou procurar por Lily mas esta já estava dentro do carro junto ao pai, Rose e Scorpius, a caminho do hospital.

Em alguns minutos todos já estavam de volta as ruas, indo em direção as coordenadas que Harry os dera, deixando apenas Vic, Molly e Lucca n'a Toca. O tempo parecia não passar, aparentemente esta seria mais uma noite de sono perdida, a sala de espera do hospital ficou “superlotada” assim que toda a família entrou no local e alguns tiveram que ir embora, sobrando apenas Scorpius, Ron, Hermione e Lily.

***

Scorpius estava sentado em uma das cadeiras e cada vez que um enfermeiro aparecia ele levantava, esperançoso de que seriam notícias sobre a mulher e o filho, mas ninguém aparecia para lhe pôr a par do que estava acontecendo. Hermione tentava consolar o rapaz enquanto Ron mantinha distância dele, andando de um lado para o outro na sala e Lily estava em um canto isolada, observando tudo sem na verdade ver nada.

–Mãe, onde ela está? -Hugo chegou correndo e caminhou até Hermione que começou a conversar com ele lhe explicando algumas coisas.

–Viemos o mais rápido que conseguimos, senhora Weasley, estamos tentando voltar desde ontem a noite quando ficamos sabendo sobre Lucca mas as linhas aéreas estavam com problemas, só conseguimos embarcar hoje a tarde e fomos direto para a'Toca, chegamos agora há pouco e assim que falaram que Rose estava aqui nós corremos para cá. -Mellody se desculpou com a sogra e tentou explicar o porquê de não estarem ali antes, a loira estava em turnê e Hugo sempre a acompanhava, no dia seguinte ao casamento, logo após o almoço de despedida de James e Laís eles foram para algum país da Ásia cumprir uma agenda de shows, mas aparentemente estes tiveram que ser cancelados.

O médico que recebera Rose entrou na sala e Lily o viu antes de todos, deixando seu canto e caminhando para perto dele. Alguns segundos depois o restante avistou o médico e ele se aproximou. -A família de Rose Weasley? -Ele perguntou e só então Ron percebeu que ele estava ali, se aproximando dos demais.
–As notícias não são muito boas. -Ele começou deixando todos no local apreensivos. -A garota passa bem, a queda da escada não lhe causou grandes danos físicos e sua saúde está boa. No entanto, ela estava grávida de apenas três meses e a queda foi feia. Nos três primeiros meses de gravidez, é extremamente comum que ocorram casos de aborto espontâneo, principalmente quando existe algum tipo de acidente no meio.

Lily levou as mãos ao rosto, o médico não precisava terminar de falar para ela entender o que estava acontecendo. Ela ao menos deveria estar ali, ela odiava o casal em questão, porém ela não conseguiu ir embora, ver a prima ao pé da escada e sangrando foi como um impulso que a fez ficar.

–Ela perdeu o bebê. -O médico finalizou e Lily voltou para seu canto, desconcertada. Ela se sentia culpada, talvez se ela tivesse permanecido no quarto nada disso teria acontecido. Scorpius chorava enquanto era consolado por Hermione e Mellody já Hugo e Ron não esbossavam reação. Lily se sentia uma intrusa, apesar de seus melhores amigos estarem ali ela não deveria estar.

A ruiva enxugou uma lágrima que rolara por seu rosto e encostou a cabeça na parede. Como se não bastasse toda a confusão mental em que ela estava o peso da culpa de ter, indiretamente, matado um bebê passaria a atormentar. Scorpius se desvencilhou das mulheres que tentavam o consolar e caminhou até Lily com passos firmes.

–Porque você está aqui, afinal? Pensei que nos odiasse. É para rir da minha cara? -Lily o encarou, por um momento ela não entendeu o que ele quis dizer mas assim que a ficha caiu ela o olhou indignada, a boca da ruiva se abriu mas ela não conseguiu formular uma resposta, então o loiro continuou. -Talvez você estivesse certa, talvez devêssemos ter deixado tudo como estava, mas nós nos sentíamos culpados, nos preocupávamos com você e pensamos que, se conseguíssemos explicar, você talvez se sentisse melhor. -Ele riu a contragosto. -E agora Rose perdeu o bebê. Se você não fosse tal infantil...

–Você não tem o direito de me chamar de infantil. -Lily disse entre os dentes, ela já tinha a cabeça cheia de coisas, seus pensamentos estavam a matando, sua culpa estava a corroendo e ela não precisava que Scorpius a atormentasse ainda mais.

–E como você quer ser tratada? Me diga uma vez que agiu com maturidade, Lily, porque eu posso não te ver há seis anos, e é exatamente por isso que você é infantil, você está agindo desta forma desde que chegou e agiu assim quando fugiu.

–Você quer saber quando eu agi com maturidade, Malfoy? -Ela riu pelo nariz, algumas pessoas já os encaravam mas ambos não davam a menor atenção para isso. -Tudo bem, me deixe lhe fazer uma lista. Eu agi com maturidade há sete anos, quando eu fui atrás do meu namorado lhe contar que estava grávida e o peguei me traindo com minha prima, eu tive maturidade o suficiente para não usar isso com uma ferramenta para atormentá-los. Posso ter sido infantil por fugir para evitar ter que encarar as pessoas que eu mais amava me traindo, mas tive maturidade o suficiente para, aos 17 anos, criar uma criança sozinha. Tive maturidade na hora de ser obrigada a encarar tudo que está caindo sobre mim desde o dia que eu voltei para a Inglaterra e tive maturidade para não culpar ninguém pelos meus problemas. -A ruiva disse com as lágrimas escorrendo pelo rosto, Seus tios, seu primo e Scorpius pareciam petrificados, sem reação alguma, e Mellody suspirou, encorajando a amiga com o olhar.

–Você disse que ele não era meu filho. -Scorpius disse em um sussurro e Lily enxugou as lágrimas.

–Eu menti. -Disse não conseguindo conter as lágrimas que insistiam em rolar. Ela não conseguia mais guardar aquilo para si, sabia que mais cedo ou mais tarde iria acabar explodindo e contando para ele a verdade, mas ainda tinham muitas coisas em sua cabeça, e ela não pareceu aliviada por têlo contado, agora seu desespero interno apenas aumentou. -Eu sinto muito pela sua perda. -Ela disse e saiu correndo, Mellody tentou ir atrás dela mas não a alcançou e Scorpius permaneceu intacto no lugar, tão chocado quanto os outros três.

***

Lily correu o mais rápido que conseguiu, apesar de cansada seu medo parecia lhe dar um impulso extra para que ela continuasse correndo. Assim que ela alcançou o estacionamento se permitiu parar, olhou em volta e viu que o lugar estava deserto então se abaixou perto a dois carros e aparatou.

A ruiva apareceu há poucos metros d'a Toca e respirou fundo várias vezes em uma tentativa de normalizar sua respiração, ela se aproximou da casa e ouviu algumas vozes vindas da cozinha e percebeu que não conseguiria passar despercebida por ali, a não ser que... Ela fechou os olhos e se concentrou, suas mãos se ergueram e ela estalou os dedos duas vezes e logo em seguida ouviu as vozes serem silenciadas. Ela suspirou e entrou na cozinha observando a cena congelada e se desculpando em um sussurro com todos. Nick estava parado olhando por uma janela e Lily passou por ele com um peso no coração, ela queria chorar mas não teria tempo para isso, o feitiço só duraria cinco minutos.

Lucca não estava na cozinha e isso deixou a ruiva um pouco tensa, ela caminhou até a sala e susírou aliviada ao ver que o filho estava dormindo no sofá. Ela se sentou ao lado dele e olhou em volta para ver se alguém estava por ali e agradeceu internamente por não ter. Ela estalou os dedos mais uma vez e as vozes voltaram a falar, como se nada houvesse acontecido.

–Lucca... -Ela sussurrou balançando o garoto. -Acorde meu querido. -Disse ainda sussurrando. -O pequeno se mexeu no sofá e abriu os olhos preguiçoso, estava prestes a pedir por mais cinco minutos quando Lily o puxou para perto e o abraçou. -Fique quieto. -Ela avisou e desaparatou logo em seguida.

–Mamãe o que..?

–Quieto Lucca, fique quieto! -Ela disse olhando para ele. -Vamos, temos que ser rápidos. -Ela avisou e entrou correndo no pub, felizmente, devido ao horário, o local estava vazio e se Anna estivesse por lá deveria estar na cozinha. A ruiva aproveitou a oportunidade para subir até seu quarto as pressas, ela destrancou a porta por magia, não se lembrava aonde estava a chave, e entrou correndo.

–Mamãe o que está acontecendo? -Lucca perguntou assustado.

–Querido, sem perguntas por enquanto ok? Pegue suas coisas pra mim, certo? -A ruiva tinha enfeitiçado uma das menores malas com um feitiço de expansão e estava jogando tudo lá dentro.

–Mamãe, nós vamos voltar para Nova York? -Ele perguntou enquanto a ajudava a colocar as peças de roupa dentro da mala.

–Sem perguntas, Lucca. -Ela gritou um pouco desnorteada e respirou fundo, caminhou até sua bolsa e tirou um bocado de dinheiro bruxo junto a um caderno e uma caneta. Em uma folha ela agradeceu Anna pela hospedagem e depositou o dinheiro por lá, em outra ela escreveu “Não procurem por mim, adeus.” e largou os dois bilhetes sobre a cama.

Lucca o olhava amedrontado sem saber como agir, já havia terminado de fazer o que a mãe mandara e ela caminhou até ele com pressa, jogando sua bolsa dentro da mala e em seguida a fechando, ela respirou fundo e segurou a bagagem antes de chamar o garoto para perto.

–Me desculpe, tudo bem? Depois... eu tentarei te explicar algumas coisas. -Ela prometeu e segurou o braço do garoto, desaparatando.

***

Cinco minutos se passaram desde a partida de Lily, Hermione e Hugo foram puxados para um canto junto a Mell que tentava fazer um resumo bem resumido para os dois, enquanto Ron e Scorpius pareciam ainda tentar assimilar as coisas por conta própria.

–MAS QUE MERDA FOI ESSA AQUI? -Ronald se levantou aos berros e se aproximou perigosamente de Scorpius. Mellody guinchou e correu para ficar entre os dois antes que mais uma tragédia acontecesse e empurrou Scorpius para longe, que parecia acabar de ter acordado de um transe.

–Sogrinho, por que não se senta e bebe um copo d’água? Já é triste demais o que aconteceu com Rose, não queremos ais confusão, certo? -A loira sugeriu e Hermione correu em sua ajuda, forçando o ruivo mais velho a se sentar.

–Ela nunca me disse nada, ela… -Scorpius tentava encontrar palavras mas o choque era tão grande que nenhuma lhe vinha a cabeça.

–Por que será não é Scorpius? -Mellody retrucou irônica, apesar dos pesares ainda era a melhor amiga de Lily e sabia melhor que ninguém o tanto que a ruiva sofreu quando voltou da inesperada visita a mansão Malfoy.

–Nunca foi a minha intenção! Eu… eu nunca quis magoá-la. Deus, se eu soubesse ….

–O inferno está cheio de boas intenções, Scorpius. -Mell disse com um sorrisinho.

–Alguém pode me dizer o que está acontecendo? -Ron pediu a ponto de explodir outra vez.

–É bem simples. -Mellody começou. -Quando estávamos na escola, Scorpius e Lily começaram a namorar, o namoro durou um ano e um cadin até que, em uma linda tarde de sol, Lily descobriu que estava grávida e quando foi contar para Scorpius a novidade ela pegou o loirinho aqui a traindo com sua filha. Fim de história, esse foi o motivo por Lily ter fugido há sete anos. Entendeu? -A loira perguntou forçando um sorriso.

–Eu vou matar você. -Ron rosnou e avançou contra o loiro, se preparando para realmente enforcá-lo.

–Senhores. -A voz severa porém calma do médico impediu que Ronald continuasse seus movimentos. -Creio que não seja a hora nem o lugar certo para que façam isso. Senhor Malfoy, sua esposa deseja vê-lo.

Scorpius parecia um pouco assustado, a reação de Ron não era nada menos do que o esperado, mas talvez as circunstâncias haviam pego o loiro desprevenido. A chamada do médico apenas o lembrou o por quê de estarem ali, e se antes ele estava sem chão, havia acabado de despencar.

Ele acompanhou o médico enquanto este o guiava para o quarto onde sua esposa se encontrava. Um turbilhão de pensamentos haviam desabado sobre ele, sabia que deveria pensar somente em Rose e que deveria dar apoio a sua amada como nunca, mas como? Como se focar apenas em uma coisa quando ele queria sair correndo e sacudir Lily, gritando o por que de ela ter escondido aquilo dele todos esses anos? A verdade é que ele estava pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo. A confusão na qual se encontrava era tamanha que os pensamentos não paravam por mais de um segundo na cabeça. Ele queria que aquilo parasse, queria se focar em uma só coisa, queria ficar com raiva ou estar triste de uma coisa específica e então ele conseguiu.

Assim que alcançou o quarto e seus olhos encontraram Rose, tudo sumiu, cada pensamento, cada preocupação, cada vestígio de raiva, tudo isso deu lugar para o sofrimento e a tristeza de ter que ver sua esposa daquela maneira e de ter perdido um filho.

O rosto e os olhos de Rose estavam vermelhos e marcados devido ao choro, a expressão de dor na face da ruiva era pior do que qualquer tortura e ele sabia que apesar de estar se segurando, ela ainda queria chorar.

–Eu sinto tanto… -Ela começou com a voz fraca e rouca, mas Scorpius a impediu de continuar, se aproximando e segurando o rosto dela entre as mãos.

–Nunca mais diga isso, está ouvindo? Nunca mais. -Ele disse ofegante. -Não foi sua culpa, foi um acidente, apenas isso. Infelizmente isso aconteceu mas se aconteceu, é porque tinha que ser assim então eu não quero ouvir você se desculpando por isso nunca mais. Me entendeu? -Ele perguntou e depositou um beijo na testa de Rose, enquanto esta assentia confirmando e voltava a chorar.

–Olha, nós vamos ter um time de quaribol completo com reservar, dois ou até mesmo três. Quantos você quiser, ok? Só prometa para mim que vai sorrir. Por favor. De todas as dores a pior de todas é te ver assim. -Ele pediu e ela ergueu o olhar, acariciando o rosto do marido.

–Tem alguma coisa a mais, não é? -Ela perguntou ainda com a voz fraca. -Não é só a… a … você sabe, não é so isso que está te incomodando, certo? -Ela fixou os olhos nele e obteve um suspiro em resposta. - O que houve? -O coração de Scorpius se partiu apenas mais um pouquinho ao ver o tom de preocupação na voz da ruiva.

–Está tudo bem, mesmo. Quando for a hora certo eu te conto, mas agora temos que nos preocupar com você, única e exclusivamente com você.

***

Nick se encontrava escorado sobre a janela e observando o céu noturno, ele suspirou e piscou várias vezes ao perceber que a ave a qual acompanhava o voo havia conseguido um progresso de vários metros em meio segundo. Ele respirou fundo e ao sentir o cheiro do perfume de Lily olhou em volta a procura dela, franzindo a testa ao ver que não haviam nem vestígios da garota por ali. Reconhecia a própria magia quando esta era usada contra ele e não precisou de mais nada para saber que uma certa ruiva queria passar despercebida.

Ele se moveu até a sala e suspirou derrotado ao ver que o local onde anteriormente Lucca dormia estava vazio, e ele sabia que ninguém ali havia levado o garoto para outro cômodo. Ele voltou para a cozinha e pigarreou a pedido de atenção conseguindo esta sem muita dificuldade, e encarou todos sem saber realmente o que falar.

–Lucca foi sequestrado. -Acabou concluindo e os murmúrios de desespero o fizeram concluir a frase com mais rapidez. -Pela Lily.

***

Lily aparatou em um beco deserto da grande Nova York, Lucca continuava sem entender o que acontecia mas tinha medo de perguntar e provocar mais reações inesperadas na mãe. A ruiva arrumou a mala em uma das mãos e com a outra segurou o braço do filho, sorrindo nervosamente para ele logo em seguida.

–Vai ficar tudo bem, não se preocupe. -Ela tentou alargar o sorriso mas não obteve muito sucesso, então resolveu deixar isso para mais tarde e começou tomar as ruas da metrópole.

A ruiva não tinha um rumo, até tinha lugares para ir, no entanto tais lugares seriam os principais alvos de busca, apesar do pedido no bilhete Lily tinha certeza absoluta que não a deixariam fugir outra vez. Logo os lugares que ele tinha em mente tornavam-se inviáveis.

Já caminhavam a cerca de vinte minutos quando Lucca começou a se queixar de dores nas pernas, Lily não podia culpá-lo, até onde se lembrava a maior caminhada que o garoto já tinha feito fora da loja dos Mason até a mansão dos Ceolin.

Após garantir que logo iriam descansar e continuar andando por mais cinco minutos, Lily avistou um pequeno hotel do outro lado da rua, quase imperceptível em meio a tantos prédios maiores e mais luminosos, o lugar perfeito que Lily procurava.

Ela sorriu para si mesma, talvez as coisas dessem certo, afinal. Ok que da última vez ela teve a ajuda do irmão, mas agora ela já estava mais madura e conseguiria se virar, ao menos ela esperava por isso.

Lily alugou um quarto por apenas uma noite, tinha esperanças de arrumar um lugar fixo para ir no dia seguinte. Se organizou no quarto o mais rápido possível e assim que o fez arrumou Lucca para dormir; quando o pequeno finalmente caiu no sono, Lily soltou um longo e cansado suspirou e se aproximou da janela, observando a vista dos outros prédios e hoteis enquanto repassava os últimos acontecimentos.

Desde que chegara em Londres as coisas começaram a dar errado, foram três dias de pura tragédia. Primeiramente ela descobriu que Rose e Scorpius haviam decidido ficar juntos, não só “ficar juntos” eles haviam se casado e pra completar com chave de ouro, Rose estava grávida. Logo em seguida, após um maravilhoso almoço em família, Lucca resolveu fugir, logo em um lugar no qual ele nunca esteve antes, quase a matando de preocupação, e não vamos esquecer que ela resolveu descobrir que supostamente amava Nick durante a busca! Quando o garoto finalmente foi encontrado e a ruiva pensou que conseguiria algumas horas de paz, eis que vem um super combo que a lavaram até ali.

Uma conversa nada agradável com Scorpius, seguida de algo que ela ainda não entende com Nick, que veio acompanhada de uma conversa forçada com o casal que ela se dispôs a odiar nos últimos anos, conversa essa que levou a queda de Rose da escada causando a perda do filho da ruiva mais velha e por último, mas não menos importante, uma breve discussão com Scorpius que fez com que ela jogasse na cara do loiro que ele realmente era o pai de Lucca.

Lily apertou suas têmporas e suspirou. Mesmo não querendo se preocupava com Socpius, sentia que a culpa da perda do filho do casal era sua e não bastando isso, ela ainda havia jogado uma bomba em suas mãos para sair correndo em seguida. Sabia que havia sido covarde, mas a questão é, como ela poderia continuar lá quando tinha certeza que mais cedo ou mais tarde Scorpius iria reivindicar seus direitos como pai e lhe tiraria tudo de mais importante em sua vida? Ela não quis ficar para ter que viver isso, então fugiu, porque aparentemente isto era a melhor coisa que sabia fazer.

E também tinha Nick… Ao pensar no moreno a ruiva sentiu seu coração apertar e uma súbita vontade de chorar. Passou os últimos sete anos tão focada em se convencer de que o amor era algo que só acontecia nos livros e filmes que mal reparou o sentimento que já fazia morada em seu coração. Não tinha certeza se Nick sentia o mesmo, o amor do moreno por ela podia ser completamente fraterno.

Ela balançou a cabeça e tronou a suspirar. Sabia que teria que recomeçar do zero e para isso tinha que deixar esses pensamentos e sentimentos para trás. Ela caminhou até a cama e se deitou, a partir de amanhã ela esqueceria tudo isso e começaria uma nova vida…. de novo.

–--

Lily acordou as sete da manhã com um plano traçado; Deixaria Lucca na escola e faria uma rápida visita a sua casa no vilarejo, sabia dos riscos mas precisava tentar. Lá ela pegaria o carro, que tinha quase certeza que havia sido deixado na frente de casa, voltaria para New York, pegaria Lucca na escola e então iria para … bem, essa era a parte a ser decidida, a ruiva sabia que permaneceria nos Estados Unidos, só não sabia pra onde iria.

A primeira parte do plano deu certo, mesmo protestando um bocado e achando um absurdo o fato de “voltar” para a escola, Lucca acabou cedendo e foi para a aula.

A segunda parte estava em andamento, Lily aparatou na estrada que beirava o vilarejo e foi caminhando até lá. A longa distância o lugar ainda lhe lembrava Hogsmeade e a ruiva se esforçou para manter seus pensamentos ali, sua mente parecia querer fazê-la se sentir culpada e insistia em pensar em como as coisas estariam em Londres.

A casa se encontrava no mesmo caminho da Mansão dos Ceolin e para alcançá-la bastava seguir por metade da rua principal, três casas antes da mansão e voialá. Obviamente Lily era mais esperta do que isso e tratou de ir para a rua vizinha assim que colocou os pés no vilarejo.Caminhava com cautela mas ainda assim com pressa; Agradecia mentalmente o fato de as ruas estarem parcialmente vazias e, quando se encontrou há poucos passos de sua antiga casa, uma garotinha loira de olhos azuis que aparentava ter 3 anos pulou da varanda de sua casa para o colo da ruiva, fazendo com que as duas caíssem e a mala de Lily fosse parar embaixo do carro.

–Laureen! - A ruiva gritou enquanto tentava segurar a garota.

–Tia Lily - A loirinha gritou como se isso fosse a coisa mais divertida do mundo. -Vamos fazer de novo! -Ela se levantou em um pulo e batia palmas animada.

–Você ficou doida? -Lily resmungou enquanto se levantava e olhava com uma careta para os arranhões adquiridos. -O que você tá fazendo na rua uma hora dessas? Onde estão sua mãe e seu pai? - Ela olhou em volta procurando algum sinal dos dois e voltou a encarar a garotinha, que nesse meio tempo tinha ido para debaixo do carro, pegado a mala de Lily e já pulava outra vez em torno da ruiva.

–Mamãe está passando mal e papai tá cuidando dela, ele mandou eu ir brincar só que minhas bonecas estão dormindo e não tem desenho legal na t.v., então eu resolvi ficar olhando pela janela e quando vi você resolvi vir aqui. -Ela deu um sorriso que mostrava todos os dentes. -Agora podemos fazer aquilo de novo? -Perguntou subindo na sacada da casa e se preparando para pular.

–O que Emily tem? -Lily perguntou antes da suposição da garota. -Laureen não! -Ela gritou e antes do pulo da loirinha a porta se abriu e a pequena foi içada para o colo do pai.

–Lily? -Rupert perguntou franzindo o cenho. -Pensei que tinha voltado para a Inglaterra. -Ele disse com a voz cansada

–Longa história. -A ruiva disse forçando um sorriso. -Olha, eu tô com um probleminha e realmente tenho que ir. Emmy está bem? -Perguntou enquanto se apressava até sua casa.

–Ah, ok. É, só uma gripe, nada que a derrube, você a conhece. -Rupert sorriu fraco.

–Sempre forte. -Lily concordou sorrindo. -Diga que mandei lembranças, a gente se vê. -Lily acenou e subiu na sacada da casa, dando um tapa em sua própria testa. -Burra, burra, burra, burra. -Sussurrou para si mesma enquanto ouvia uma pequena parte da conversa entre Rupert e Laureen antes da porta se fechar.

Lily se sentou no banco da sacada e suspirou. De que adiantara todo o cuidado inicial se esta cena seria o suficiente para desmascará-la? Ela se levantou e tentou ouvir por trás da porta, aparentemente a casa estava vazia e, torcendo para que isso fosse verdade, ela retirou a chave do bolso, abrindo a porta e entrando na casa em sgeuida.

Lily fez uma careta conforme a porta abria e produzia um rangido nada agradável aos ouvidos, ela respirou cautelosamente e olhou em volta a procura de alguém. Ao ver que ainda não haviam ou chegado, ou pensaram que ela não fosse tão burra, ou que eles tinham optado por seguir o pedido no bilhete, a ruiva respirou aliviada e se permitiu sorrir por um curto período de tempo.

Agora era a terceira e provavelmente mais complicada parte do plano: o carro. Sei que estão pensando que com um simples toque de varinha este problema estaria resolvido, mas Lily tinha três bons motivos para não o fazer:

1- O carro costumava ficar instável e rebelde quando enfeitiçado;

2- Ela não tinha feito auto-escola para nada;

3- A nova vida que ela planejava não contava com a magia, a única maneira de realmente deixar -ou tentar- tudo de lado era abandonando tudo aquilo que a ligava ao resto.

Lucca era uma exceção, mas já a magia...bem, no começo poderia ser estranho e um pouco difícil, mas ela havia aprendido que o ser humano se adapta a tudo, e com o tempo ela se acostumaria.

A ruiva parou na soleira da porta se perguntando onde as chaves poderiam estar, como nada lhe veio a mente ela resolveu iniciar uma busca pela casa e, quando deu o primeiro passo, ouviu o barulho de mental contra metal a seus pés e abaixou a cabeça, sorrindo ao se deparar com o molho de chaves e o chaveiro dos Lakers. Lembrou-se que antes de Alvo a levar forçadamente para a Inglaterra ela tinha planos de ir até o aeroporto e faria isso de carro, então as chaves deveriam ter caído de suas mãos antes de ela aparatar.

Lily se abaixou, apanhando as chaves e correu até a cozinha, apanhando um pote estrategicamente escondido que guardava algumas economias da ruiva e um cartão bancário para emergências. Assim, com dinheiro suficiente para segurar as pontas por um tempo, Lily deixou a casa e entrou no carro, começando o caminho para seu recomeço.

***

–Nick, ela definitivamente não foi para lá. Lily é impulsiva, mas não burra. -Alvo e Nicholas se encontravam no antigo quarto de Lily no caldeirão furado, encarando o bilhete deixado.

–De que custa tentar? Ela não tem muitos lugares para ir, Alvo, e dessa vez ela está sozinha. Ela pode ter motivos para voltar, mesmo que por uma noite.
Alvo balançou a cabeça em negativa e suspirou. -Vamos. -Disse por fim, colocando a mão no ombro do moreno e desaparatando dali.

Os garotos apareceram na sala de estar da antiga casa de Alvo, aos olhos de Potter, o lugar estava exatamente como havia sido deixado, três dias atrás.

–Eu disse a você, Lily não é estupida. -Ele disse como óbvio fazendo Nick revirar os olhos.

–Eu sei que ela não é, Alvo. Vou ficar por aqui, dar uma volt pelo vilarejo, passar a noite, ver se algo acontece. -Ele disse esperançoso. -Amanhã a noite você volta para me buscar.

Alvo tornou a suspirar. -Bem, você é quem sabe, se tivermos alguma notícia eu te ligo, boa sorte.

Após dizer estas palavras Alvo se foi, deixando Nic contemplando o vazio e o silêncio da casa. Como já estava um pouco tarde, o moreno resolveu esperar até o dia seguinte para iniciar sua busca.

Ele passou a noite em uma espécie de transe.Havia optado por deitar no antigo quarto de Llye não encontrou dificuldades em se acomodar por ali, no entanto qualquer barulho o acordava, até mesmo o bater de asas de um mosquito já o deixavam em alerta.

O sol já havia nascido há algum tempo mas Nick não encontrava a disposição para levantar, pelo menos até ouvir uma voz há muito conhecida seguida por uma confirmação agradável ao escutar a exclamação de “tia Lily” ali perto. O moreno pulou da cama e correu até a janela para garantir que não estava sonhando e sorriu quase em êxtase ao ver os cabelos flamejantes na casa ao lado.

O moreno passou a mão pelos cabelos, agora que havia a encontrado o que faria? Ele espiou pela janela e viu que Lily se aproximava, a questão era: onde estava Lucca? Nick deixou o quarto e se escondeu próximo a escada, menos de um minuto depois o barulho da porta se abrindo chegou a seus ouvidos e ele conteve a vontade de correr até a ruiva para afirmar que a amava e iria para qualquer lugar com ela, se bem que… não era má ideia.

Ele exitou por um momento mas o silêncio estabelecido tão rapidamente o deixou aflito e serviu de impulso para que ele deixasse seu posto escondido e, com o devido cuidado para não fazer barulho, descesse as escadas.

Ele alcançou o corredor bem a tempo de ver um vulto de cabelos vermelos passar pela porta, Nick correu até a varanda mas Lily parecia estar com pressa pois esta já estava arrancando o carro. O moreno preparou os pulmões para gritar por ela mas então percebeu que Lily realmente não estava na campainha do filho.

Ele sabia que Lily não tinha onde deixar o garoto, até teria mas os lugares possíveis seriam no vilarejo e para uma visita tão rápida e, tecnicamente, arriscada, ela não correria o risco. Sabia também que ela nunca deixaria o garoto para trás e então pensou, se ele estivesse certo, e esperava que estivesse, a ruiva havia dado um jeito de deixar o filho em New York pra buscá-lo mais tarde e, de carro, só existia uma estrada que ligava a cidade ao vilarejo.

O moreno correu como nunca havia corrido antes, mesmo que sua casa não fosse tão distante da casa da ruiva, ele sentia que cada segundo perdido era uma distância maior que Lily se colocava dele . Em dois minutos Nick estava pulando na varanda de sua casa e sendo impedido de entrar nesta pela porta trancada.

–Ah qual é! Desde quando vocês trancam a porta? -Ele gritou sabendo que a resposta era sempre e afundou o dedo na campainha. -Vamos lá!! -Ele tornou a gritar e logo em seguida a porta se abriu, revelando uma mulher assustada.

–Nicolas -Ela exclamou parecendo se aliviar um pouco. -Meu querido, eu pensei que vo…

–Mãe Tô com um pouquinho de pressa, aonde estão as chaves do carro? -Ele disparou a impedindo de continuar a frase.

–Mas Nick, você acabou de chegar…

–Mãe, as chaves! -Ele disse como se sua vida dependesse disso e, talvez, dependesse mesmo.

A senhora Mason piscou algumas vezes e depois sumiu para dento da casa, deixando um Nicolas elétrico na varanda. -Mãe, será que a senhora poderia ser mais devagar? - Choramingou e logo ela voltou com um molho de chaves na mão.

–Aqui está, o que deu em você?

–Depois eu explico, tenho que ir. -Ele disse antes de sair correndo até a garagem, entrar no carro em tempo recorde e sair cantando pneu.

Nicolas parecia estar em uma corrida de fórmula 1, estourava odos os limites de velocidade e ultrapassava qualquer um que estivesse em sua frente, recebendo diversas críticas em forma de buzinas e palavrões.

Após mais de 10 minutos na estrada, Nick já perdia as esperanças em achar a ruiva, a uma hora dessas ela já havia alcançado New York e encontrá-la seria impossível. Ele diminuiu a velocidade para realizar uma curva e cogitava a ideia de voltar para o vilarejo quando viu o carro de Lily um pouco mais a frente. O moreno ficou alguns segundos sem reação mas, assim que a curva foi completada, ele tratou de ultrapassar mais alguns carros, deixando um só veículo entre ele e Lily. Com a distância mais curta foi possível ler a placa e confirmar que era realmente o carro da ruiva, o que acabou por não mudar nada na situação de Nick, ele estava pensando em algo para fazer mas para isso precisaria que Lily estacionasse o carro.

Em poucos minutos a estrada ficou para trás dando brechas para a grande metrópole entrar em cena. O carro que andava na frente de Nick acabou indo em outra direção e por muito pouco o moreno não o seguiu, perdendo Lily de vista. Depois que ultrapassaram o Central Park, Nicolas sabia dizer exatamente onde eles estavam indo, já havia feito aquele caminho várias vezes nos últimos meses e fez um sorriso nascer em seu rosto. Duas quadras depois, Lily virou em uma rua tranquila onde se encontrava a escolinha de Lucca e estacionou, Nick diminuiu a velocidade e deixou a ruiva descer do carro antes de parar o seu próprio atrás do dela.

Lily correu para a porta da escola e o moreno desceu, caminhando tranquilamente e se encostando no capô do carro, com os braços cruzados.
–Mas nos estávamos brincando de massinha, mamãe; -A voz manhosa de Lucca indicou que eles se aproximavam.

–Eu sei, sinto muito, comprarei muitas massinhas para você mas temos que ir antes que…. -As palavras fugiram da boca de Lily assim que ela o viu, seus olhos se arregalaram e sua mão começou a tremer. -Querido, vá para dentro do carro, nós já estamos indo. -Murmurou para Lucca e se aproximou de Nick. -O que é que você está fazendo aqui? Como me achou? -Perguntou olhando em volta, como se fosse uma foragida da policia.

Nick sorriu, poderia se vangloriar por sua esperteza ou sorte mas teria tempo para isso mais tarde. -Por que está fugindo, Lily? -Ele perguntou ficando sério e a ruiva riu desacreditada. -Olhe, se for por causa do que aconteceu entre a gente, nós podemos esquecer isso. Sempre fomos amigos, Lily, não vale a…

–Calado. Não foi por causa disso. -Ela disse e olhou para o lado, não porque estivesse envergonhada, mas porque o fato de Nick estar disposto a esquecer aquilo a magoava. -Eu disse para ele… Scorpius sabe que é o pai de Lucca. E ele viria atrás dele, Nick, eu não podia deixar, você sabe disso. -A ruiva disse com lágrimas marejando seus olhos ao voltar a encarar o moreno. Ele nada disse, apenas encarava como se estivesse vendo alguma assombração. -Fale alguma coisa. -Ela pediu chorosa, queria que ele dissesse que iria com ela, ou então que ele apenas se virasse e fosse embora mas ele nada fez e a voz que preencheu o ambiente após o pedido da ruiva fez com que cada célula do seu corpo se paralisasse.

–Tio Scorps é o meu pai? -A voz de Lucca era fraca e o garoto parecia não acreditar. -Você disse que ele tinha morrido, mamãe. -O garoto disse assim que Lily se virou para encará-lo. -Você mentiu para mim. -Inconscientemente Lucca andava para trás, como se quisesse se afastar da mãe.

–Lucca, meu querido, escuta, vamos conversar, tenho que lhe explicar um bocado de coisas. -A ruiva pediu encarando o filho como se carregasse o peso do mundo em seu peito.

Nick observava a cena aflito, Lucca não havia se movido do lugar quando Lily mandou e mesmo sabendo que deveria tê-la informado sobre isso mas a necessidade de falar com ela era maior. O som repetido de uma buzina chegou rapidamente aos ouvidos de Lily que, ao ver o que acontecia, correu na direção do filho, o empurrando para o outro lado da rua. No entanto, não conseguiu tempo o suficiente para também escapar dessa e o caminhão se chocou contra o corpo da ruiva, que foi jogado a vários metros dali, caindo desfalecido no chão.


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Notas finais do capítulo

e.... aí está! Espero que gostem e... não me matem.