Because of You escrita por Lia Galvão


Capítulo 8
Sentimentos


Notas iniciais do capítulo

Tenho que dizer que vou postar esse capítulo radiante, tal como estou desde quando postei o último graças a linda recomendação da Clara. Muitíssimo obrigada e esse capítulo é dedicado pra você



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–Por que você parou? Viu ele? Onde é que ele está? -Nicolas se adiantou pulando para fora e olhando a sua volta, ansioso para encontrar o garoto. Rose o observou e suspirou, saindo do carro.

–Já se passaram mais de trinta minutos desde a hora que marcamos de nos reencontrar, Nicolas. Eu tinha que voltar para que eles não se preocupassem com algo além de Lucca. -A ruiva disse como se pedisse desculpas e só então o moreno percebeu que estavam de volta ao bar e murchou completamente.

–Rose, me escuta, eu sei que marcamos de voltar em uma hora, mas eu mando uma mensagem paraLily. Nós podemos ter deixado alguma coisa passar, vamos andando, eu sei que vamos encontrá-lo, não podemos voltar sem ele. -O moreno estava desesperado e Rose pousou as mãos sobre sua barriga querendo sentir seu filho por perto e se contendo para não chorar. Ela queria procurar o filho de Lily, queria encontrá-lo e acabar com o sofrimento da prima e do marido dela o mais rápido possível.

Mas se ela e Nick ficassem fora por mais tempo, Lily e Scorpius começariam a se preocupar com eles, sem contar que estava a noite e, mesmo que ela estivesse preocupada com o garoto, as chances de encontrá-lo agora eram praticamente nulas. Ele poderia estar em qualquer lugar.

–Olhe, vamos entrar, eles podem tê-lo encontrado e se isso tiver acontecido nossa busca extra será em vão. -Ela disse encostando uma mão sobre o ombro do moreno, tentando acalmá-lo. Nick não queria concordar, mas não tinha muita escolha, então mesmo que relutante acompanhou Rose para dentro do bar.

–Anna, onde estão Lily e Scorpius? Ainda não voltaram? -Rose perguntou assim que pisou dentro do estabelecimento e não localizou nem o marido nem a prima.
–Eles chegaram há um tempo e subiram. O que está acontecendo? -A mulher indagou visando preocupação e Rose apenas balançou a cabeça afirmando que em breve a colocaria a par da situação e tomando a dianteira em direção ao quarto de Lily.

Lily se encontrava aninhada nos braços de Scorpius, não que ela estivesse ciente disso, sua mente trabalhava unicamente no desespero de saber que seu filho estava por aí, perdido, sozinho e sabe-se Deus mais o quê. Ela precisava de conforto e seu subconsciente dizia que os braços que a apertavam com mais força a cada soluço, eram seguros. Sua mente não assemelhava o homem que parecia querer a qualquer custo tentar mantê-la bem ao mesmo homem que a traiu, anos atrás. O homem que Lily tanto se dedicara para odiar.

Scorpius apertava Lily fortemente contra o próprio corpo, as palavras da ruiva ecoavam em sua mente como se ele estivesse destinada a ouví-las até o fim de seus dias. “Nosso garoto” seria real? Seria Lucca seu filho? Ou talvez fosse apenas um devaneio de Lily, apenas uma palavra dita ao vento em um momento de desespero? Que ela não estava em seu estado normal era visível, já se encontrava abraçada ao loiro há alguns minutos, deixando-se ser consolada, sem disparar contra ele nenhuma palavra venenosa, nenhum olhar raivoso. Como ele saberia a verdade? O medo de perguntar e ouvir a resposta o assombravam. E se o garoto fosse seu filho? E se o arrepio que ele sentiu na espinha ao ver o menino pela primeira vez significavam alguma coisa? E se ele, Scorpius Malfoy, abandonara Lily em um dos momentos que ela provavelmente mais precisou dele? E se...

A ruiva soluçou mais uma vez e Scorp a apertou com maior intensidade contra o corpo. Teria Lily ficado neste mesmo estado quando descobriu que, de certa maneira, estava sendo traída? Se o garoto for realmente seu filho, ela poderia já saber naquela época sobre a gravidez? A mente de Scorpius o assombrava. Perguntas sem respostas para o momento e respostas que ele provavelmente não gostaria de ouvir. Ele sussurrou um “me desculpe” quase inaudível no ouvido de Lily mas ela estava muito concentrada em sua dor para ao menos prestar atenção no que se passava a sua volta.

O loiro estrava prestes a chorar junto a ela perante a tantas probabilidades que o deixariam louco de culpa quando um pigarro foi ouvido e Lily e Scorps se viraram de sobressalto para a porta. Rose e Nicolas haviam entrado no quarto sem fazer barulho e ambos ficaram estupefatos por um breve momento ao se depararem com a cena, desnecessário dizer que ambos se pegaram morrendo de ciúmes ao encontrar o ex-casal daquela maneira. Lily tinha o rosto trilhado e manchado por lágrimas, mas um brilho de felicidade passou por seus olhos ao reconhecer os recém-chegados e ela saltou na direção deles com uma esperança que mal lhe cabia.

–Cadê ele? Vocês o encontraram? Por isso demoraram tanto não foi? Lucca, venha aqui. Oh Deus, não faça isso nunca mais. -A ruiva parou sua fala e seus passos ao ver que o garoto não aparecera e que Rose e Nick mudaram a expressão para tristeza e talvez pena. -Cadê ele? -A ruiva perguntou com a voz fraca, as lágrimas voltando a seus olhos.

–Lily nós não... -Nick não conseguiu terminar a fala.

–Onde é que está o meu filho? -A ruiva quase gritou, as lágrimas escorriam em cataratas por seu rosto e ninguém conseguiu falar nada por um momento.

–Não o achamos, Lily. -Rose por fim se pronunciara, sentindo a dor da prima assim que esta gritou e desabou no chão gritando pelo nome da criança.

Scorpius se mantinha na cama, alimentando sua confusão mental e sofrendo com o estado em que a ruiva mais nova se encontrava. Nicolas sofria por não poder fazê-la sentir melhor, ele se sentou no chão e aninhou Lily nos braços a mantendo assim como Scorpius tinha quando eles chegaram.

–Nós vamos achá-lo. Eu te prometo, não vou desistir até que tenhamos o encontrado. Eu prometo. Lily, se acalme, por favor, se acalme. -Nick sussurrava para ela e a abraçava com todas as suas forças, como se isso fosse transferir a dor dela para ele.

Rose estava inquieta, tinha medo de tentar consolar a prima e ser recebida com pedras na mão, olhou para Nick e Lily com lágrimas nos olhos e implorou para que o moreno lhe desse um rumo.

–Eu.. na minha mala. -Ele se calou, lembrou que estava hospedado em outro quarto e isso poderia colocar o plano de Lily em perigo. O plano ainda estava valendo? Era melhor não arriscar. -Diga a Anna que prepare um chá para Lily, com uma erva amarelada e que parece um pózinho, vendi para ela esta manhã, ela vai saber qual é. É um calmante. -Nick disse e Rose assentiu, se virando e saindo do quarto.

Lily queria gritar que não precisava de calmante algum, ela não queria calmante algum, queria apenas seu filho, do seu lado. Porém não tinha forças para protestar. Scorpius observou a cena da ruiva ainda chorando, as palavras dela ainda sussurrando em sua mente e em seguida se levantou para seguir a mulher, ele precisava e queria um pouco do tal calmante.

***

Lucca estava com medo. Ele correra por menos de dois minutos desde que saíra do bar, mas aquilo foi o suficiente para que ele se perdesse. Ele tentou voltar, estava de noite e ele não conhecia Londres, ele poderia conversar com a mãe, sim, ele a convencera em ir para Londres, poderia convencê-la a ficar. Mas, aonde estava o pub? Era um lugar mágico, você precisava saber aonde ele estava para encontrá-lo. Lucca não sabia. Por um curto período de tempo ele andou de um lado para o outro a procura do lugar, nada que o indicasse o caminho. Ele se sentou por um momento, queria chorar e gritar por sua mãe, ela iria o ouvir? Provavelmente não, ele ao menos sabia aonde ele estava, aonde ela estava.

Então ele a viu. No meio de toda a escuridão noturna, a roda gigante tinha suas luzes próprias, brilhando ao longe no horizonte. Ele havia atormentado Lily por um longo tempo durante toda a viagem por Londres para que eles visitassem o brinquedo, uma ideia ocorreu ao garoto e apesar das grandes probabilidades de não dar certo, ele não se importava. Ele acreditava que sua mãe iria se lembrar do desejo dele de ir até lá e que ela assemelharia isso a fuga do garoto, e então ela iria até a roda e o encontraria. Ela iria gritar com ele, brigar, colocá-lo de castigo e provavelmente eles voltariam para os Estados Unidos. Mas tudo bem, ele iria se desculpar e aceitar seu castigo e nunca mais faria isso.

Ele tentou correr, pelos trinta primeiros segundos, mas na primeira esquina ele já estava ofegante e viu que não era seguro correr assim, e se ele passasse direto por uma rua e fosse mandado a quilômetros de distância por um carro? Melhor não arriscar, ou se cansar. Ele já estava cansado, o dia havia sido longo, ele brincou com todos os tios, avôs, correu pela'Toca, aprendeu a jogar quadribol entre diversas coisas. Estava prestes a dormir quando resolveu sair correndo, sabia que assim que deitasse na cama iria dormir sem nenhuma dificuldade.

A roda gigante parecia tão longe... Os olhos do garoto pesaram, ele atravessou outra rua e bocejou, se esforçando para manter os olhos abertos percebeu que estava em um tipo de parquinho, os olhos dele pareciam se fechar; ele sabia que tinha que ir até o brinquedo, era praticamente a única chance que tinha de sua mãe o
achar, mas ele estava com tanto sono... se arrastando até uma árvore, Lucca se sentou e deitou, se encolhendo ali mesmo e dormindo.

***

No fim todos tomaram o chá e se acalmaram um pouco, Anna se disponibilizou para ajudar no que quer que fosse e a pedido de Lily entrou em contato com Harry. A ruiva havia tomado um banho e agora estava sentada na beira da cama encarando o chão enquanto pensava em nada, parecia que sua mente havia se desligado. Scorpius e Rose esperavam pelos Potter no bar e Nicolas fora para seu quarto para também tomar um banho.

–Lily! -Alvo disparou para dentro do quarto e se sentou ao lado da irmã, que continuou olhando vagamente para o chão.

Alice, Laís, James, Harry, Ginny, Scorpius e Rose também entraram no quarto e encararam Lily, apreensivos.

–Pensei que vocês iriam viajar pelo mundo ou sei lá o quê. -Foi tudo o que a ruiva disse, se dirigindo a James e Laís.

–Iríamos só amanhã. -A morena se adiantou e foi até a ruiva, você está bem?
Lily riu sem vontade.

–O que você acha? -Ela disse convertendo o sorriso em uma careta.

–Nós vamos achá-lo, Li. -Alice falou tentando confortar a garota.

–É, nós vamos encontrá-lo. Todo mundo diz isso, mas me fala, Alice. -Lily ergueu o olhar para a loira. -Como vamos encontrar alguém que ao menos estamos procurando? -As lágrimas ameaçavam voltar para os olhos da ruiva e Laís e Alvo trataram de acalmá-la. Nick entrou no quarto e observou por um momento.

–Precisamos saber onde procurá-lo. Somos poucos, não podemos nos dividir entre mundo mágico e trouxa e procurar as cegas. Você tem ideia de onde ele possa estar? -O moreno perguntou olhando para a suposta esposa, Lily suspirou.

–Bem, acho que ele não foi para o Beco... ele estava com... -Ela pigarreou. -Ele estava com pressa, se tivesse parado para abrir a passagem nós teríamos chances de tê-lo encontrado. Já Londres... -Ela não terminou de falar, não tinha ânimo para isso, mas todos sabiam o que ela queria dizer, sair para Londres era fácil e sumir por lá era mais ainda.

–Já entrei em contato com os outros. -Disse Harry que havia deixado o quarto já retornando para este. -Todos virão para Londres para procurar, seus tios, primos, todo mundo. -Ele disse. -Vamos começar já, quanto mais demorarmos, mais longe ele pode ir. -Ele finalizou e deixou o quarto acompanhado por Ginny e em seguida pelos demais.

–Nós vamos em pares. -Disse Harry parando todos na frente do pub. -Eu estipularia um horário para nos reencontramos aqui, mas sei que não volto até encontrá-lo ou que alguém o tenha feito. Quem quiser parar sinta-se à vontade, avise aos demais e pode continuar amanhã, se ainda for necessário. -Após dizer isso entrou em um dos carros e partiu para iniciar sua busca. Como Rose estava grávida, ela e Scorpius foram em outro carro. Laís, Lily, Alice, James, Nick e Alvo resolveram ir a pé, cada par em uma direção.

Assim que começaram a andar, Lily focalizou ao longe a roda gigante. Ela segurou o fôlego por um momento e acelerou atrás do carro que passara por ela. -ROSE! -gritou e o carro parara. -A roda gigante, procure por lá. -A ruiva assentira e Scorpius acelerou, indo na direção do lugar indicado.

***

O sol já surgia no horizonte, Lily e Nick pareciam varrer cada canto da cidade, entravam nos estabelecimentos que estavam abertos e saiam perguntando as pessoas que passavam por eles se alguém havia visto o garotinho, mas ninguém sabia de nada. Quase ou talvez mais de cinco horas de busca e nem sinal de onde o garoto poderia estar.

–Eu não aguento mais, preciso de um tempo. -Lily implorou assim que estavam passando por um parquinho e se sentou. -Eu estou exausta Nick, meus pés devem estar desintegrando. Onde é que ele está? -A ruiva olhou para o moreno ameaçando chorar e este suspirou, sentando ao seu lado.

–Londres é uma grande cidade, Li. Nós já sabíamos que não seria fácil. -Ele puxou uma das pernas de Lily para perto e lhe tirou o sapato, começando a massagear seus pés.

–Difícil sim, mas impossível? Merlin, estamos andando por aí há quanto tempo? Rose disse que não tinha vestígio algum de que ele passou ao menos perto da roda gigante. -Disse cansada mas agradecendo internamente pelo carinho e preocupação do amigo.

–Por que você não vai para a'Toca? Você está cansada, Rose e Victoire também foram, nós vamos continuar a busca e quando estiver se sentindo um pouco melhor você volta.

–Rose e Victoire estão com os filhos delas muito bem seguros na barriga, o meu está perdido sabe Deus aonde, eu não vou parar até encontrá-lo. -Disse e puxou sua perna para longe das mãos mágicas de Nick, tornando a calçar os sapatos e se levantando para continuar a caminhar, ou pelo menos foi o que ela tentou fazer.

–LILY! - o moreno gritou e se adiantou para onde a ruiva havia caído. -Você está bem? -Lily pronunciava todos os xingamentos que ela conhecia e também inventava alguns, Nick reuniu forças e a pegou no colo, tornando a colocá-la sentada no banco em que estavam.

–Me arrume uma cadeira de rodas, esses pés inúteis. -Ela disse resmungando e chutando o ar.

–Não, você precisa descansar Lily, seu corpo não aguenta mais andar. Vamos lá, eu te juro que não vou parar até encontrá-lo, mas você tem que descansar.

–Nick, você não tem que fazer isso. É você quem merece ir descansar, Lucca é o meu filho. Eu fico realmente grata por estar me ajudando, mas eu não posso simplesmente ir descansar e deixar você procurar por ele. Ficar sentada em um sofá sem notícias iria m matar. Eu preciso procurá-lo, eu tenho que fazer isso. -A ruiva suspirou, a dor em seus pés não estava disposta a ajudar que ela continuasse sua busca, mas ela não podia parar, ela tinha que achá-lo. -Ele é tudo o que eu tenho, Nick. -Disse com a cabeça baixa e ameaçando voltar a chorar.

–Lily, me escute ok? Eu posso até não ser o verdadeiro pai de Lucca, mas eu o vi nascer, eu estava lá com você e por incrível que pareça eu não desmaiei nem vomitei e olha que tinha muito sangue lá! - Lily deu uma risada fraca e ele sorriu ao ver que o humor dela havia melhorado um pouco. -Eu vi aquele garoto crescer, eu estive com vocês durante todos os momentos mais importantes da vida dele, se lembra que a primeira palavra dele foi Nick? -Ele disse rindo e Lily fez uma careta. -Ele é como um filho para mim, Lily. E eu te juro que nada vai me fazer parar de procurá-lo até que eu o tenha encontrado, está me entendendo?

Os olhos da ruiva brilhavam conforme Nick falava, ele realmente estava lá, todo o tempo durante, todos esses anos. Quando Lucca entrou na escola, ele estava ao lado dela enxugando suas lágrimas e garantindo que o garoto voltaria em algumas horas para casa. Ele estava lá quando Lucca veio ao mundo e permaneceu lá durante todos os seis anos que se seguiram, e agora ele continuava lá, sofrendo junto a ela pelo desaparecimento do pequeno. Lily poderia não estar respondendo a todas suas faculdades mentais mas o que se seguiu lhe pareceu a coisa mais certa a se fazer.

Ouvindo Nick falar daquele jeito a ruiva se encheu de um sentimento que há muito ela não sentia e, jogando os braços ao redor do pescoço do moreno, o puxou para perto e o beijou.

Os olhos de Nick se arregalaram assim que a ruiva o atacou. Ele foi pego totalmente desprevenido e por um momento não tinha ideia do que fazer, até que percebeu que aquilo era realmente verdade e que ele não havia pego no sono em alguma parte da busca. Seu corpo relaxou e seus olhos fecharam ao mesmo tempo em que seus braços pousavam sobre o corpo de Lily e um beijo tinha seu início.

Pensamentos do tipo que eles deveriam parar e prosseguir a busca sumiram da mente de Nick assim que ele percebeu o quão perfeita era a sensação dos lábios da ruiva nos dele. Suas bocas pareciam ter o encaixe perfeito e conforme os segundos passavam ambos pareciam perceber o quanto ansiavam por isto.

–Mãe? -Uma voz sonolenta e infantil disse fraca há menos de dois metros de distância. Lily soltou os lábios de Nick e olhou o mais rápido que pode na direção da voz. Seu coração, que já batia em um ritmo absurdamente acelerado, parecia que iria rasgar seu peito ao ver o garotinho parado a sua frente.

Lucca estava com a cara amassada aparentando que acabara de acordar, os cabelos e o pijama estavam desgrenhados e sujos mas ele estava lá, inteiro e aparentemente sem machucados. A dor nos pés de Lily se esvaíram e as lágrimas voltaram a brotar em seus olhos, desta vez, por alegria. Em menos de um segundo a ruiva já estava ajoelhada defronte a Lucca.

–Oh Merlin, é você, é você mesmo, você está bem? Está inteiro? Onde é que estava todo esse tempo? Alguém te machucou, fizeram algo com você? -As perguntas eram despejados sobre o garoto enquanto Lily o analisava, este não tinha tempo de responder e mesmo se tivesse não conseguiria, estava em um tipo de estado de choque por encontrar a mãe e o “tio” daquele jeito.

A ruiva o puxou para perto e o apertou tanto que os olhos do garoto se esbugalharam e ele pareceu “acordar” do transe.

–Eu estou bem, mamãe. O que é que voc...

–LUCCA POTTER. VOCÊ ESTÁ DE CASTIGO POR TODA A SUA VIDA! VOCÊ NUNCA MAIS PODERÁ FICAR A MAIS DE TRÊS METROS DE MIM, ESTÁ ENTENDENDO? SE FIZER ISTO COMIGO OUTRA VEZ EU JURO PELO CHAPÉU DE MERLIN QUE EU CORTO SUAS PERNAS! -Ela gritou e qualquer um que visse a cena sentiria medo, assim que Lucca assentiu confirmando que havia entendido o recado, Lily tornou a puxá-lo para perto e o apertar forte contra o corpo.

Nick observava a cena com um sorriso no rosto, estava feliz por finalmente terem encontrado o garoto -ou fora o contrário?- e assim que Lily pudesse despejar todas suas emoções em cima de Lucca seria a sua vez de o fazer. Apesar de acompanhar o que acontecia ali, ele parecia estar dividido entre duas realidades.

Uma delas era a que acontecia naquele exato momento, a que Lily gritava com Lucca e em seguida o puxava para um abraço apenas para o soltar novamente e voltar a brigar com ele. Outra era a que havia acontecido há alguns minutos... ele ainda conseguia sentir o gosto dos lábios de Lily nos dele e o sorriso bobo não deixava seu rosto, ele estava mais feliz do que jamais imaginou estar em toda sua vida.

–Nick? -Lily chamou mais uma vez e ele balançou a cabeça, encarando a ruiva. -Avise aos outros que o encontramos. Vamos nos encontrar n'A Toca, tudo bem? -Ele não respondeu, apenas concordou com a cabeça e Lily sorriu. -Obrigada. -Ela disse ainda sorrindo e em seguida abraçou Lucca, mas desta vez ela sumira dali.

***

–Quem é agora? -Uma voz feminina e cansada ecoou da sala até a cozinha, em menos de um minuto uma senhora miúda e corpulenta chegou até onde Lily havia aparatado e estreitou os olhos para tentar ver melhor quem estava ali. -Lily, é você? -A senhora aparentava se aproximar dos 90 anos, os cabelos brancos haviam substituído todos os fios ruivos que um dia estiveram ali e, apesar da idade, Molly continuava sendo a brava matriarca da família Weasley.

–Sim, vovó. Achamos Lucca e logo o resto volta para cá.

–Ah, então este é o rapazinho que roubou uma noite de sono de todos aqui? -Ela perguntou se aproximando com os punhos no quadril. -Venha cá rapaz, você e a vovó terão uma conversa enquanto sua mãe e seus tios descansam. -Ela disse e logo Lucca estava sendo arrastado pela orelha para fora da cozinha. Lily sentiu pena do filho e tentou atender seus pedidos de socorro mas sabia que se o fizesse, a mão livre da avó pegaria em sua orelha e ela seria arrastada juntamente a Lucca para levar uma bela bronca. Seus olhos pesavam e seu corpo todo parecia implorar para que ela descansasse só um pouco, assim que os protestos de Lucca cessaram. ela suspirou e se arrastou escada acima, entrando no primeiro quarto e se jogando sob a cama.

***

Lily apagou assim que caiu sobre a cama, mas não dormiu por tanto tempo quanto esperava. Por volta do meio dia o cheiro da comida de sua avó “bateu” na porta do quarto em que ela estava e encheu todos os sentidos da ruiva, fazendo-a despertar. Após lavar o rosto e prender os cabelos em um coque malfeito, ela desceu para a cozinha, bocejando e fazendo caretas já que o sono e a dor nas pernas ainda persistiam.

–Mamãe! - Lucca foi correndo em sua direção surpreendendo a ruiva assim que ela desceu o último degrau. As lembranças da última noite inundaram os pensamentos de Lily e ela sorriu, apesar de tudo ele estava em segurança e ao seu lado. Ignorando as dores a ruiva o pegou no colo e o abraçou forte, começando a caminhar na direção do cheiro.

–Não, mamãe! Não me leve de volta para ela. -Ele implorou e Lily riu, o sentando sobre a mesa da cozinha e se virando para a avó.

–Vovó, ele mal te conhece e já tem medo de você.O que a senhora fez?

Molly riu e acenou com a varinha fazendo com que as panelas fossem do fogão para a mesa. -O jardim precisava ser desgnomizado e como todos vocês estavam exaustos, só me sobrou ele. -Ela disse enquanto com outro aceno da varinha fazia as louças sujas começarem a se lavar; -Mas não pense que acabou, mocinho. Mandei você entrar só porque foi mordido e o almoço já estava para sair, mas assim que terminar de comer vai voltar ao trabalho.

–Vovó! -Lily protestou, rindo.

–Se está achando ruim pode ajudá-lo. -Molly disse com uma sobrancelha erguida.

–Não, pensando melhor eu estou bem aqui, ele merece o castigo. -A ruiva disse enquanto apertava as bochechas do filho e o colocava sentado na cadeira. -Onde ele foi mordido?-Perguntou ao começar a reparar nos arranhões que os gnomos provocaram nele.

–Não se preocupe, já cuidei disso, ele está ótimo.

–Onde estão todos? -A ruiva perguntou enquanto começava a servir o garoto.

–Eu estou aqui. -Vick entrou sorrindo na cozinha e se sentou ao lado de Lucca, falando alguma coisa para o garoto.

–Eu também. -Rose disse aparecendo logo após a loira.

–O restante está dormindo, agora chega de papo furado e almocem. -Molly ordenou se juntando as garotas. -Duas grávidas e uma com filho já grande, vocês são as minhas netas mais danadas. Não quero ninguém me chamando de bisavó, ainda estou na flor da idade. -Molly disse fazendo as outras três rirem. -De quantos meses vocês estão? -Ela perguntou olhando o olhar para a ruiva mais velha e a loira.

–Vovó, a senhora não disse que deveríamos parar de papo furado e almoçar?

–Oh Victoire! Está ficando arrogante assim como sua mãe!

–Sinto muito, vovó, estava apenas brincando. Ruby virá ao mundo mês que vem, se tudo der certo. -A loira disse com um sorriso no rosto.

–Pelas minhas contas na próxima semana já completo quatro meses. -Rose respondeu após fazer algumas contas.

–E para que ambos nasçam com muita saúde vocês precisam se alimentar direito, almocem , almocem, vou preparar para vocês uma receita que minha mãe me passou quando eu estava grávida de Bill. -A senhora Weasley exclamou animada, se levantando da mesa e começando a remexer os armários, fazendo com que as garotas ali presentes e Lucca tornassem a rir.

***

O resto da tarde passou tranquilo, Lily observou Lucca terminar sua tarefa e conversou com Vic sobre a bebê que estava para chegar. Já no fim da tarde, pouco antes do sol começar a se por, o restante das pessoas começou a acordar e, conforme o faziam, um por um depositava sua bronca ou sermão sobre Lucca.

–Mas tia Domi! Vovó já me fez desgnomizar todo o jardim. -O garoto protestou e Lily riu, os castigos pioravam a cada pessoa.

–Sinto muito por você. Acontece que meus pés estão cheios de bolhas e a culpa é sua, então pode pegar essas suas mãozinhas e começar a massagea-los. -Domi não parecia estar brincando, e não estava. Lucca fez uma careta de choro e quando estava prestes a obedecer as orderns da tia, Lily riu alto.

–O deixe em paz, Domi. O pobrezinho já sofreu demais por hoje. -Por um momento Lucca se alegrou e já se preparava para agrader a mãe quando ela continuou. -Até porque as massagens serão reservadas a mim, meus pés devem estar piores que os seus e isso vai dar muito trabalho para ele. Pense em alguma outra coisa e amanhã ele fará. -Lucca tornou a murchar, de braços cruzados e
cara emburrada e as ruivas riram. -Vá brincar e se lembre, não fique muito longe! -Lily gritou enquanto Lucca já estava longe dali.

–Hum... Lily? -Scorpius apareceu quase imediatamente após Lucca ter deixado a sala, tão imediatamente que Lily e Domi nem tiveram tempo de iniciar uma conversa. -Podemos conservar?

–Eu... eu vou atrás do Lucca, vocês sabem, não quero passar outra noite correndo atrás dele. -Dominique disse após alguns segundos e saiu aos tropeços da sala.

–Olha Malfoy, eu fico realmente grata que tenham me ajudado noite passada, mas isso não mudou nada, ok? Eu ainda odeio vocês. -Um sorriso forçado se formou nos lábios de Lily e Scorpius apertou as têmporas, suspirando.

–Lily, é importante...

–Se fosse tão importante assim acho que alguém já teria morrido nesses sete anos, como não aconteceu eu prefiro continuar sem saber das suas desculpas esfarrapadas. -A ruiva se levantou e já saia do local quando Scorpius a agarrou pelo pulso. -Tire as mãos de mim. -Ela avisou olhando para o pulso que o loiro agarrava. -Aonde está sua esposa, ou eu terei que ouvir depoimentos separados? -Perguntou cruzando os braços e Scorpius voltou a suspirar.

–Não é sobre isso, não agora..

–Nem nunca. -Ela o interrompeu e o loiro conteu até 10 para manter a calma

–É mportante, Lilian, você poderia me ouvir? -A voz dele estava um pouco descontrolada, havia falado entre dentes e encarando a ruiva. Seus olhos pareciam confirmar a gravidade do assunto e se Lily não o conhecesse bem, poderia dizer que ele estava assustado.

–Estou ouvindo. -Ela disse ainda de braços cruzados tornando a se sentar.

–Você... -Ele pigarreou e passou as mãos pelos cabelos. -É...ontem a noite, depois que voltamos do beco, bem... -Ele começou a andar de um lado para o outro. Estava com medo de fazer a pergunta e ouvir uma resposta que não lhe agradasse. -Você... você me fez prometer que... que eu acharia Lucca...

Lily bufou e revirou os olhos, se levantando. -Sim, eu já fiz isso. Agradeço pela ajuda mas seus serviços já foram dispensados, com licença. -Ela começou a caminhar, passando pelo loiro e indo na direção da cozinha.

–Você me disse para encontrar nosso garoto. -Ele disse dando um destaque maior a palavra “Nosso”.

Lily cessou a caminhada e um arrepio percorreu a espinha de Scorpis. A ruiva agradecia por estar de costas pois do contrário sua expressão a entregaria imediatamente. -O que você quer dizer com isso, Malfoy? -Perguntou lutando para manter a voz firme e as mãos quietas.

–Lily, eu preciso saber. -Ele pigarreou, precisava mesmo? -Lucca... Lucca é meu filho? A voz dele o entregava, ele não sabia, apenas mantinha a desconfiança que tivera desde o primeiro momento que vira o garoto. Lily suspirou aliviada, qualquer um no lugar dele já teria juntado as peças e estaria gritando com Lily, como ele podia ser tão burro? Lily se virou para encará-lo e riu. Provavelmente pelo nervosismo ou pelo susto, mas riu.

–Isso...isso é.... isso é a coisa... a coisa mais -coerente- estúpida que eu já ouvi. -A ruiva disse as gargalhadas, parando com as mãos no joelho e respirando fundo. Scorpius se mexeu desconfortável, alterando o peso de uma perna para outra. Ele deveria estar aliviado com a resposta. Por que não estava?

–Me desculpe. -Ela riu outra vez. -Sinto muito eu não queria... -A ruiva ergueu a cabeça e tornou a respirar fundo, conseguindo cessar a crise de riso. -Isso é tão ridículo. Malfoy, você realmente pe...

Scorpius havia a puxado pelo braço e a colocado contra a parede, ficando a centímetros dela.

–Ridículo? Estranho, você não parecia pensar desta maneira ontem quando ficou agarrada a mim por um bom tempo.

Agora as risadas de Lily não voltariam de jeito algum, o ódio parecia borbulhar dentro da ruiva e ela empurrou Scorpius com tamanha força que este caiu sobre sofá. Ela respirou fundo, desta vez contendo a vontade de cuspir no loiro ou então matá-lo e se aproximou dele, fazendo da mesma maneira que ele fizera e mantendo seu rosto a centímetros do dele.

–Escute bem porque eu só vou falar uma vez. Ontem a noite eu não estava no meu mais normal estado, eu estava fraca e desesperada porque o meu. -Ela deu um grande destaque a última palavra. -filho estava desaparecido, então eu ao menos devo ter reparado que fiquei “agarrada” com você e tenha uma certeza, eu sei que você provavelmente gosta da sensação do meu corpo sobre o seu, mas isto é algo que você perdeu há muito tempo. -Ela disse se afastando e olhando para o loiro que
parecia desconcertado com um sorriso vitorioso.

–E sejamos coerentes, Malfoy. Você não acha que se eu estivesse esperando um filho seu naquela época eu não teria me aproveitado disso para fazer cada dia da sua vida e da minha querida prima um inferno por terem me traído em um momento que eu mais precisaria do meu namorado? -Ela riu fria, mantendo as sobrancelhas erguidas e, pela careta que o loiro fizera, ela estava cogitando que não seria muito ruim ter um oscar em sua prateleira. -Se quer tanto um filho aconselho ficar perto de sua esposa, se não me falha a memória ela está grávida, não está? -Perguntou fingindo pensar por um momento e Scorpius se levantou, bufando, porém Lily o empurrou de volta para o sofá.

–Eu não terminei. -Disse deixando a voz mais grave colocando o indicador sobre o peito de Scorpius. -Se você ousar tocar em mim outra vez, ou fazer qualquer coisa parecida com a que fez há alguns minutos, seu futuro herdeiro nascerá órfão de pai e se não está levando a sério minha ameaça, vamos apenas te lembrar que eu passei sete anos aprendendo um tipo de magia diferente, um que o ministério não pode rastrear. -Ela sorriu fria e cruzou os braços. -Agora se me dá licença, tenho coisas melhores para fazer do que perder meu precioso tempo com você.

Lily se virou e , finalmente, deixou a sala, passando como um furacão por um Alvo recém-acordado no caminho para fora da casa. Alvo olhou confuso para a irmã e para o lugar de onde ela saíra, caminhando até lá e franzindo o cenho ao chegar.

–Scorpius? -Ele olhou confuso para o amigo. -O quê? Quem? Como? Que merda aconteceu aqui? -Disse por fim olhando para o loiro e para a direção em que a irmã havia ido. Scorps balançou a cabeça, ainda estava atordoado com os últimos mais do que recentes acontecimentos e uma vozinha dentro de sua cabeça insistia em gritar que Lily não fora sincera em relação a paternidade de Lucca. Ele olhou para o amigo e suspirou, passando as mãos pelos cabelos em uma falha tentativa de arrumá-los.

–Como é que sua irmã não foi para a sonserina? -Perguntou e saiu logo em seguida, deixando Alvo ainda mais confuso.

***

Suas mãos tremiam. Na realidade ela tremia da cabeça aos pés. Não fazia a menor ideia de como havia conseguido lhe dar com aquilo daquela maneira. Apesar de ter se saído bem, pelo menos assim ela julgava, sabia que a verdade não fugiria das mãos de Scorpius por muito tempo e ela estava assustada.

Já havia deixado a propriedade há algum tempo e não parou de caminhar até se sentir cansada. O sol já se punha no horizonte e Lily deu uma rápida olhada para trás, enxergando a'Toca mais distante do que ela imaginava ter ido e percebendo que estava no topo de uma montanha. O vento soprou forte e Lily se abraçou suspirando e decidindo sentar para observar o sol indo embora e a noite chegando.

Algumas estrelas já marcavam sua presença no crepúsculo do céu e a mistura de cores que se fazia no horizonte hipnotizaram Lily por um tempo, varrendo de sua mente todos os pensamentos e preocupações.

–É algum tipo de lugar especial ou algo assim? -O moreno alcançou o topo ofegante, parando com as mãos nos joelhos e a respiração pesada.

–Nick! -Lily se virou de sobressalto. -Você quase me mata de susto! -Disse levando a mão ao coração.

O moreno riu e se sentou ao lado dela, ambos pararam para observar a paisagem e Lily, inconscientemente, deitou a cabeça sobre o ombro de Nick.

–É lindo, não? -Ela sussurrou, tinha medo de falar um pouco mais alto e estragar tudo.

–De tirar o fôlego. -O moreno concordou, também suspirando e passou um dos braços sobre as costas de Lily.

Eles permaneceram daquela maneira por um longo tempo, apenas quando o sol desapareceu por entre as montanhas e mais estrelas apareceram, fazendo com que a escuridão fosse quase total, a não ser pelo brilho prateado da lua.

–Lily... -Ele começou e a ruiva tirou a cabeça de seus ombros para encará-lo, ainda perdida na vista de alguns minutos atrás. -Acho que precisamos conversar.

A ruiva se mexeu inquieta e olhou para todos os lados, procurando uma saída. Estava tão bom, eles poderiam permanecer daquela maneira e então eles iriam deitar e começariam uma conversa sobre qualquer coisa até que ambos se rendessem ao sono e dormissem abraçados para que nenhum dos dois sentisse frio. Por que os homens nunca seguiam o script? Ela suspirou e olhou para baixo, começando a arrancar algumas graminhas do chão.

–É... acho que sim. -Disse com a voz rouca devido a recente falta de uso.

–Sobre hoje de manhã.

–Nick, me escuta. -Ela se sobressaltou e encarou o moreno. -Me deixe falar, eu posso explicar, ou ao menos tentar, mas por favor, me escute. -Ela disse rápido e quase desesperada e Nick a encarou, fazendo com que as atenções da ruiva voltassem para a grama. -Eu... essa manhã... ah Nick, eu não estava em meu estado normal, estava tão preocupada com Lucca que não estava agindo como agiria se estivesse com a cabeça no lugar. Você viu que eu estava abraçada ao Malfoy e até mesmo conversando com Rose, isso...aquilo não era eu, não era algo que eu faria normalmente. -Ela suspirou.

–Quando você... quando eu te vi falando daquele jeito sobre o Lucca... eu não sei o que deu em mim. -Agora arrancar gramas do chão não satisfaziam seu nervosismo, ela havia trocado a atividade para dar nós nos próprios dedos e estava quase ficando sem dedos quando suspirou e pousou as mãos sobre o colo, encarando o moreno. -Eu sinto muito, Nick. Não quero perder meu melhor amigo por uma bobagem..

–Lily...

–Por favor, por favor, foi um -ela exitou. -Um acidente. Eu prometo que nunc...

Nick não queria ouvir suas desculpas, não queria que ela se desculpasse e muito menos que ela disesse que tudo fora apenas um acidente. Quando a promessa começou a ser pronunciada por Lily ele entrou em desespero e, impulsionado por este sentimento, ele a beijou, conseguindo a calar a tempo.

Lily teve a frase cortada ao meio assim que fora calada, demorou um pouco para ela perceber como isto havia acontecido e quando percebeu arregalou os olhos e virou o rosto para o lado, mesmo que contra sua vontade, impedindo o beijo de acontecer.

Ela estava tentando se desculpar por aquilo e ele não estava ajudando. Por que seu coração estava batendo tão forte? O que estava acontecendo com ela? Ela sabia exatamente o que era isso, mas isso a assustava mais do que qualquer probabilidade de Scorpius descobrir que Lucca era seu filho, era algo que ela aprendera a lutar contra e descobriu da pior forma que não fazia bem.

–Nick...

–Eu não quero ouvir desculpas, Lily. -Ele informou segurando o rosto da ruiva delicadamente e fazendo ela o olhar.

“Droga! Porque você está batendo tão rápido? É só o Nick, você convive com ele há mais de seis anos, ele é seu melhor amigo. E daí que aparentemente ele corresponde ao que você está sentindo? Você não sente isso, Lilian Potter! Você está desnorteada, aconteceram muitas coisas hoje e você ainda não se recuperou. Amor é para os fracos!”

A voz gritava na cabeça de Lily, a respiração da ruiva ficou pesada e ela não conseguia encarar Nick nos olhos, mas que merda era aquela?

–Me... me desculpa, Nick. -Ela se esforçou para dizer tais palavras, seu coração batia tão rápido no peito que ela poderia sofrer um ataque a qualquer momento, ela se levantou e saiu correndo, descendo a colina e quase caindo em diversos momentos.

–Lily! Lily espera! -Nick gritou começando a correr atrás dela. -Nós precisamos conversar!

–Eu sinto muito, Nick. Eu estou tão confusa.

A voz da ruiva estava chorosa, assim que Nick terminou de descer a colina viu que Lily já estava a meio caminho da' Toca e suspirou derrotado. O moreno chutou o chão, depositando sua raiva ali e em seguida se deixou cair e depois deitou, encarando o céu. Por um momento ele a teve tão perto, estava confiante que finalmente conseguiria aquilo que esperou por tanto tempo, mas agora ela estava correndo, correndo dele e provavelmente chorando. Nick passou as mãos pelo rosto e tornou a suspirar, quando ela passaria a enxergar aquilo que estava bem a sua frente?


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Notas finais do capítulo

Grandão esse capítulo, sim? Os próximos também serão