Because of You escrita por Lia Galvão


Capítulo 11
Abra os olhos, bela adormecida.


Notas iniciais do capítulo

Eu juro que não queria encher isso aqui de desculpas pela demora a postar, mas vocês merecem uma explicação. Não vou colocar a culpa na falta de tempo, mas sim na de inspiração e também no fato de eu ter quebrado meu teclado e ter ficado um tempinho sem conseguir escrever em nada. Espero que me perdoem por isso e queria dizer que a fic está tomando rumo para o fim e não irá demorar muito a ser concluída :c Dito isso, uma boa leitura a todos vocês



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–E então ele me pediu em casamento. -Os olhos de Mellody brilhavam enquanto ela contava a história para a amiga. -Sabe, já estamos juntos há tanto tempo! Nunca me passou pela cabeça que ele iria propor isso algum dia, já moramos juntos, vivemos uma vida de casads já há alguns anos, então ele realmente conseguiu me surpreender! -Ela encarou a ruiva deitada na cama, sem reação alguma a sua história e suspirou. -Vamos lá, Lily. -Ela pediu tocando a mão da amiga.

Por um momento ela pensou que a ruiva respondeu a seu toque, mas no momento seguinte ela se encontrou desesperada demais para dar atenção a isto. Três segundos de agonia fora o tempo que Mellody sentiu sua respiração fugir de seus pulmões. A máquina que media os batimentos cardíacos da ruiva zerou, durante três longos segundos. Quando a loira pareceu perceber o que estava acontecendo, os batimentos voltaram, e ela soltou o ar que prendia sem perceber.

–Acorde, Lily, por favor.

***

Scorpius Malfoy estava desesperado.

E não existia alguma outra palavra para definí-lo naquele momento. O suor começava a se acumular em sua testa e seus olhos estavam arregalados já há alguns minutos, mostrando o quão surpreso ele estava ao ver o barulho que ela produzia.

Carina Malfoy, no auge de seus quatro meses de idade estava berrando a plenos pulmões há cerca de meia hora. A face da garota, normalmente branca como neve, estava em um tom de vermelho intenso, o que apenas desesperava o loiro ainda mais enquanto este continuava pensar em algo para acalmá-la. E ele estava tentando com fervor.

Inicialmente ele pensou que poderia ser fome e tentou silenciar a garotinha com a mamadeira de leite materno deixada por Rose, mas isto falhou miseravelmente visto que, quando Scorpius fizera a simples menção de levar a mamadeira aos lábios da garotinha ela conseguiu gritar ainda mais alto do que fez inicialmente. Pensou então que poderia ter algo a incomodando e, mesmo que resmungando e com uma dificuldade fora do comum, ele trocou as fraldas sujas da criança, mas isso também não resolveu. Ele tentou brinquedos e brincadeiras, feitiços, fotos da mãe e até se arriscara com um dos logros da loja da família da esposa, mas nada, absolutamente nada que ele tentava a fazia se acalmar.

Quem em um milhão de anos diria que a garotinha era capaz de protagonizar um show como aquele? Até ele mesmo não conseguia acreditar que sua filhinha, tão pequena e indefesa, conseguia causar tamanho alvoroço. Se uma hora antes alguém ousasse se aproximar dele para alegar que sua filha era birrenta e chorona ele com certeza mandaria a pessoa de volta para casa com um olho roxo. Mas não pensem que ele é do tipo de pai ausente, antes pelo contrário, segundo Rose as vezes ele é presente demais, mas Carina é um verdadeiro anjo quando está com a mãe por perto, nesses quatro meses ele se lembrava de pouquíssimas vezes em que a filha chorou e, quando chorou, os protestos se assemelhavam a melodia de um violino.

Rose! As palavras brilharam na mente do loiro de forma óbvia enquanto ele balançava a filha para baixo e para cima. Mas é claro que tudo que a garota queria era a mãe. Qualquer garotinha de tão pouca idade prefereria ao confortável colo da mãe ao desajeitado colo do pai. Mas Rose não compartlhava desse pensamento, pensava de forma completamente diferente, na verdade, e para provar a oposição de ideias entre as suas e a do marido ela pontuou antes de sair “Vocês precisam passar um tempo de pai e filha, e eu preciso de um descanço.”

Ele se sentou derrotado na poltrona, segurou a garota em um dos braços e com o outro pescou sua varinha, conjurando um patrono logo em seguida que rodeou a pequena e começou a se aventurar pelo quarto. Carina cessou o choro por um momento, Scorpius deixou a cabeça cair sobre o encosto da poltrona e já sorria vitorioso quando o grito dela veio ainda mais alto que todos os anteriores. Cedo demais para comemorar.

Sem mais ideias, força ou sanidade para qualquer outra coisa, o loiro se viu ao ponto de se juntar a garota no choro quando a campainha soou. Ele se levantou o mais rápido que pode, acelerando na direção da porta e dando leves palmadas nas costas da filha durante o percurso, enquanto agradecia Merlin que, finalmente, parecia ter atendido seus pedidos.

No entanto, ao abrir a porta, seus olhos se arregalaram surpresos ao ver as imagens de Nicolas Mason e, seu também Filho, Lucca Potter, ou Lucca Malfoy, como vinha chamando o garoto nos últimos tempos. Se lembrando de que dia era, Scorpius fechou os olhos e suspirou derrotado, Rose tinha que voltar o mais rápido possível!

–Com problemas, Malfoy? -Nicolas perguntou com uma sobrancelha erguida e um ar levemente divertido. Carina ainda esgoelava no colo do pai e o comentário sarcástico de Nick não lhe rendeu um olhar amigável de Scorpius.

–Péssimo dia para brincadeiras, Mason. -O loiro avisou e indicou para que Lucca entrasse com a cabeça.

–Permita-me. -Nick disse rolando os olhos e avançando na direção da garotinha, antes que Scorpius fechasse a porta.

–O que pensa que está fazendo? -Ele perguntou se negando a ceder a filha ao moreno e este revirou ainda mais os olhos,

–Te ajudando. E garantindo que sua filha tenha o mínimo de fôlego quando Rose voltar. -Ele explicou e pegou a garota no colo. -Aonde fica o quarto dela? -Perguntou entrando na casa sem cerimônias.

–Lá em cima, segunda porta a direita. -Scorpius informou e Nick não esperou por mais nenhuma informação, indo na direção indicada.

Em um segundo não se ouvia mais choro algum e Scorpius encarou o filho mais velho, que apenas deu de ombros e seguiu direto para a cozinha.

–O que é que ele faz? -O loiro mais velho perguntou inconformado enquanto seguia o menor até a cozinha, que apenas deu de ombros enquanto arrastava uma cadeira na direção do pote de doces.

–Tia Alice disse que ele tem um jeito assustador com crianças. -O garoto explicou começando sua escalada para a terra prometida. -Quando Jo começa a chorar ele é o único que a consegue fazer parar. -Disse em relação a prima mais nova e seus olhos brilharam ao alcançar o pote.

Para a infelicidade do garoto, Nicolas alcançara o cômodo no exato momento em que ele se preparava para fisgar um doce e o tirara de suas mãos.

–Chega de açucar por hoje, mocinho. -Ele alertou com um olhar intimidador e Lucca murchou.

–Como você consegue? -Scorpius se viu perguntando, perplexo demais para conseguir falar qualquer outra coisa.

Nick esbanjou um ar superior e sorri de canto, como se nunca fosse revelar seu segredo. -Ela só precisava dormir um pouco. -Explicou e, antes que Malfoy se defendesse alegando ter tentado essa tática, ele terminou. -E não conseguiria fazer isto nunca com você a balançando feito um chocalho. A expressão rabugenta de Scorpius garantiu uma certa diversão para Nick. -Bem, se não se importam eu já vou indo, volto para te buscar domingo a noite. -Avisou ao rapazinho antes de dar as costas e deixar o local.

***

Nick tentava assimilar o que acabara de acontecer. Ele havia mesmo ajudado Scorpius Malfoy? Não era algo fácil de acreditar. A verdade é que quando Lily fora internada, ambos travaram uma guerra de gigantes.

Scorpius estava atordoado com todos os acontecimentos que eram jogados em seu colo como uma bomba, mas apesar de todos os pesares ele tinha certeza de uma coisa: queria passar todo o tempo perdido com o filho. Enganou-se a pensar que conseguiria aquilo de maneira fácil, já que Lily não estava em condições para impedí-lo.

Nick odiava Scorpius cada segundo mais e mais. Se não fosse por ele, Lily ao menos estaria em coma e isto era uma certeza que ele tinha. Não era tolo e sabia que a ruiva errara ao tentar fugir, mas, visando que ela só fez aquilo para manter o filho longe do pai, ele lutaria até seu último suspiro para defender os princípios da ruiva.

Não deixando de mostrar também que fora ele quem, tecnicamente falando, criou Lucca e era ele quem sempre estava ao lado do garoto durante todos os curtos anos de sua vida, então ele não se intimidava na hora de estufar o peito e gritar aos quatro ventos que ele era mais pai de Lucca do que o Malfoy.

Scorpius nunca enfrentaria tal acusação de cabeça baixa. Sua ausência na vida do garoto não era culpa sua, e se ele tinha alguma parcela de culpa naquilo, era muito menos que um por cento. Lilian fugiu ainda grávida, Lilian optou por omitir a gravidez, Lilian nunca havia o contado que ele seria pai! E ele queria e iria aproveitar com o seu filho o tempo que perdera sem ao menos desconfiar.

E assim eles permaneceram, por meses e meses, batalhando sobre quem tinha o direito de ficar com o rapaz, até que Ginny resolveu intervir. Eles estavam insanos e não se preocupavam com mais nada além daquilo. Sua filha e a mãe de Lucca estava em coma e os dois ao menos pensaram em se sensibilizar sobre como o garoto estaria se sentindo com aquilo. Lucca ficou sobre a responsabilidade da avó por um longo período, apesar de que ambos faziam visitas regulares a ele. Não havia nem quatro meses em que eles entraram em um acordo, no qual Lucca dividiria seu tempo igualmente entre seus “pais”.

Apesar de terem entrado em consenso eles não passaram a se gostar mais por isso, e era por esse motivo que Nick não entedia porque diabos ele ofereceu ajuda ao loiro. “Foi pela pobre garota, ela não tem culpa do pai que tem” Ele concluiu quando estacionou o carro em frente ao hospital. Mas, por mais que negasse, a verdade é que ele sentiu pena da expressão desesperada de Scorpius, até porque, um dia ele passara pela mesma situação.

Nick balançou a cabeça se livrando de tais pensamentos e suspirou, enquanto fazia o tão conhecido caminho até o quarto aonde Lily se encontrava, desde que fora transferida para Londres, treze meses atrás. Durante o percurso uma das enfermeiras que acompanhava o caso da ruiva passou por ele esbanjando um largo sorriso, fazendo o moreno pensar sobre o que Ginny dissera há um mês atrás. “Ela gosta de você, rapaz, chame-a para sair!” Ele se lembrou da ruiva mais velha dizer, mas não era algo que ele pudesse fazer, não é? Sair com outra mulher seria o mesmo que trair Lily e as coisas estavam dando tão certo antes de tudo acontecer..

–Mell! -Ele disse surpreso ao alcançar o local e ver a cabeleira dourada sentada ao lado de Lily e a olhando com pesar. -Está tudo bem?

–Nick.. -Ela virou o olhar para ele e projetou um meio sorriso enquanto confirmava com a cabeça. -Tudo como sempre. -Ela respondeu omitindo o fato de que a ruiva esteve, tecnicamente falando, morta por alguns segundos. -Eu vou buscar um café e deixar vocês a sós um pouco? Tudo bem? -Ela informou com um sorriso fraco enquanto deixava o quarto.

Nick esperou a loira sair e se sentou no lugar antes ocupado por ela, encarando Lily por alguns segundos.

–Como tem sido seu dia? -Ele perguntou enfim e balançou a cabeça em negativa, rindo pelo nariz. -Lucca perguntou por você hoje. -O moreno baixou o olhar e se acomodou na cadeira. -Na verdade ele acordou no meio da noite procurando por você. Disse que tinha tido um sonho ruim mas não quis me contar. Ele sente sua falta, até mais do que eu.

***

Uma luz forte bateu nos olhos de Lily fazendo-a os fechar com rapidez e sentir uma leve pontada na cabeça. Ela ouvia um bipe incômodo ali perto, o barulho agoniante de uma máquina que parecia constantemente sugar algo e uma voz que parecia muito distante a sua percepção. A ruiva virou a cabeça para o lado e, lentamente, abriu os olhos de novo.

O lugar era estranho, as paredes eram brancas, o barulho das máquinas era alto, o cheiro de remédios era quase intorpecente e a voz havia se silenciado. Ela piscou algumas vezes para se acostumar com a visão e então percebeu o rapaz petrificado sentado em uma cadeira ao lado.

–Olá. -A ruiva chamou mas a falta de uso era tanta que mal ela conseguiu se escutar. -Oi. -Ela tentou mais uma vez e pigarreou. Dessa vez sua voz saiu um pouco mais alta, mas ainda assim o moreno ficou sem reação. -Tem alguém aí? -Ela chamou com um sorriso desenhando seus lábios.

–Lily… Lily? -Nick a olhava sem conseguir acreditar no que via. Seria aquilo possível?

–Oi. -Ela cumprimentou e se mexeu um pouco desconfortável na cama. -Aonde eu ‘tô? -A ruiva olhou ao redor do quarto e voltou o olhar para o rapaz que a encarava com uma visível expressão de choque. -E quem é você? -Ela franziu o cenho e tentou buscar qualquer resquício que a lembrasse do moreno, mas nada indicava que ela o conhecia.

Enquanto Nick estava perplexo demais pra dizer qualquer coisa e Lily se ocupava na tentativa de adivinhar o porquê de um desconhecido estar ali, onde quer que ela estivesse, uma exclamação junto a um barulho de algo caindo foi ouvida e os olhos castanhos da ruiva se focaram na loira parada na porta.

–Mell! -Ela exclamou com um sorriso de trinta e dois dentes para amiga.

Os olhos da loira estavam arregalados e suas mãos cobriram sua boca em sinal de surpresa, aquilo era possível? Ela estava ali minutos atrás, o único sinal diferente apresentado pela ruiva fora negativo, aquilo… era mesmo possível?

–Lily?! -Fora tudo que ela conseguiu pronunciar.

–Acho que sou eu. -Ela deu de ombros e sentou de maneira mais confortável na cama.

–Isso… isso é… -Mell tirou os olhos da amiga e encarou Nicolas, que aparentava a mesma incredulidade que ela. -Você está acordada! -Ela ainda não conseguia acreditar nas próprias palavras. Nick passou a encará-la também e um perguntava ao outro se aquilo não passava de um sonho.

–Eu... eu acho que vou chamar o médico. -O moreno afirmou se levantando da cadeira e deixou o quarto em um movimento automático.

–Então.. o bonitão ‘tá contigo? -A ruiva perguntou com um olhar malicioso.

–O quê? -A atenção de Mell voltara para a ruiva mas aquilo ainda parecia muito irreal para ela. Haviam mais de um ano e sete meses que Lily entrara em coma, ela não poderia acordar assim, de repente, agindo normalmente, certo?

–Vocês estão saindo? -Lily mantinha as sobrancelhas arqueadas e Mellody piscou várias vezes, sem conseguir entender.

–Do que é que você ‘tá falando?

–Deixa pra lá. -A ruiva revirou os olhos um tanto impaciente e só então percebeu que tinha um fio amarrado rente ao nariz. -E o que é isto? -Ela perguntou arrancando o fio com uma certa impaciência.

–Lily, não. -Mell se adiantou mas ela já tinha arrancado o aparelho e o jogado longe, coisa que ela não deveria ter feito, já que no minuto seguinte ela sentiu o ar deixando seus pulmões com rapidez. -ENFERMEIRA! -A loira apertou o botão para chamá-la e tentou ir atrás do instrumento, mas tudo que ela conseguiu fazer foi correr pelo quarto nos segundos que demorou até que a enfermeira chegasse.

–O que aconteceu? -Ela perguntou e, assim que viu Lily ansiando por oxigênio compreendeu o que estava acontecendo. -Senhorita Wood, a senhora precisa sair. -Ela informou enquanto avançava na direção da ruiva e apanhava o aparelho que foi jogado na cama o colocando de volta nas narinas da ruiva. -Doutor Marshall, a paciente Potter acordou, por favor venha o mais rápido possível para o quarto dela. -Ela falou em um tipo de walk-talk e observou a frequência cardíaca de Lily. -Senhora Wood, saia. -Ela disse um pouco mais severa e no instante seguinte a sala foi invadida por dois médicos e mais um enfermeiro, que cuidou de tirar Mellody lá de perto.

–Ela vai ficar bem? -Mell perguntou um tanto exasperada tentando enxergar através das persianas que eram abaixadas. -Pelo amor de Deus, me responda!

–Se acalme, senhora. -O enfermeiro pediu se desviando dos tapas da loira.

–Hey, hey! -Nick agarrou Mellody pela cintura e a afastou do homem. -O que está acontecendo aqui? -Ele perguntou lutando para fazer a loira parar de se espernear.

–Ela vai ficar bem? -Ela tornou a perguntar mas agora lágrimas molhavam seu rosto.

–Em breve receberá notícias, senhorita, tente se acalmar. -O rapaz disse e depois se virou indo na direção do quarto.

–Vamos. -Nick a soltou assim que a loira mostrou calma e caminhou com ela em direção a sala de espera.

***

Passaram-se vários minutos desde que Nick e Mell foram para a sala de espera. A loira encarava um ponto fixo no chão enquanto o moreno tentava assimilar o que havia acontecido. Eles pensaram em ligar para a família de Lily, mas a reação dos médicos havia deixado Mell preocupada demais para dar qualquer tipo de falsa esperança para os pais ou irmãos da garota.

–Hoje mais cedo… antes de você chegar, para ser mais específica, ela… ela perdeu os batimentos por um tempo. -Os olhos da loira ainda estavam fixos no chão mas Nick havia erguido a cabeça para olhá-la. -Eu pensei que ela… ela… na verdade quando a ideia tomou forma, ela voltou, como se nada tivesse acontecido. -Ela fungou e olhou para o lado. -Você acha que…- As lágrimas ameaçavam cair mas Mell se mantia forte e as impedia ao máximo, a frase permanecera incompleta e quando percebeu o que ela sugeria o moreno se sobressaltou.

–O quê? Não. Não podemos pensar assim, Mell. Apesar de tudo ela sempre esteve bem, ela não pode… -O moreno também não conseguiu terminar a frase mas a loira havia entendido o que ele quis dizer e balançou a cabeça confirmando. -Ela vai ficar bem. -Ele concluiu mesmo sem ter certeza disso e a abraçou, deixando com que ela deitasse a cabeça em seu ombro.

***

–Tira isso da minha cara! -Lily protestou para o médico mas não fez movimento algum indicando que tiraria por si própria.

–Se acalme, senhorita Potter. Você passou um tempinho respirando com a ajuda disso e vai ter que esperar um pouco até reaprender o fazer por conta própria. -Ele disse calmo enquanto checava os aparelhos e uma prancheta.

–Aonde eu ‘tô? Por que eu estou aqui? O que é isso ? O que aconteceu? Ah meu Deus! -Lily ficou ainda mais pálida e seus batimentos cardíacos aumentaram.

–O que aconteceu, Lily? -O médico ergueu os olhos preocupados para a ruiva.

–Meu… meu bebê. Como está meu bebê? Aconteceu alguma coisa com ele? -Os batimentos da ruiva aumentaram ainda mais, ela instintivamente levou a mão sobre a barriga e pensou em tudo de ruim que acontecerá com ela nas últimas vinte e quatro horas.

–Lily, seu bebê está bem. -O médico a tocou no braço e a garota respirou fundo. -Agora, antes que eu possa lhe responder, você tem que fazer isso por mim, ok? -Ele puxou acadeira ao lado da cama para perto e se sentou ao lado da ruiva, dispensando os demais ajudantes. -Senhorita Potter, do que você se lembra?

–Como? -A frequência cardíaca da loira já voltara ao normal e agora ela encarava o doutor com o cenho franzido.

–Preciso que me conte quais são as últimas coisas das quais se lembra, com o máximo de detalhes possível.

–Ahm… -Lily fechou um olho e fez uma careta enquanto revirava a mente. -Bem.. semana passada nós tivemos as provas finais, recentemente eu descobri estar… bem, você sabe e.. -Ela mordeu os lábios e suspirou. -Não lembro de muita coisa, caramba, parece que isso foi há anos. -Ela riu e o médico sorriu com ela, se levantando.

–Senhorita Lily eu vou ter que falar com seus familiares, volto em breve. -Ele informou e Lily assentiu compreensiva, se focando na televisão.

O doutor apertou os olhos quando deixou o quarto e caminhou em direção a sala de espera, não conseguiu conter o suspiro assim que alcançou seu destino e viu os dois que o esperavam apreensivos.

–Aonde ela está? Está bem? Ainda está acordada? Por Deus, me responda! -Mellody pulou do banco aonde estava assim que viu o médico se aproximar e o bombardeou de perguntas, sem ao menos dar ao homem tempo de respirar.

–Senhora Wood, ela está acordada e aparentemente tudo está bem. Terei que pedir alguns exames para comprovar mas, pelo que parece, ela… perdeu parte da memória.

–Ela o quê? -Nick foi o primeiro a se pronunciar após a fala do médico, as perguntas feitas pela ruiva voltaram a sua mente e uma delas passou a fazer sentido. “E quem você é?”

–Como disse teremos que fazer alguns exames para comprovar, mas quando a perguntei sobre as últimas coisas que lembrava ela pontuou provas finais e ter descoberto uma gravidez. -Ele suspirou e avaliou a prancheta que segurava. -Existe alguma possibilidade de ela ter estado grávida antes do acidente e ter perdido o bebê no impacto?

Ambos balançaram a cabeça em negativa. Desde que se mudara para a vila em Manhatam Lily não se envolvera com ninguém, nem amorosamente, nem fisicamente. Sabiam disso com certeza pois o impacto da traição de Scorpius fora imenso sobre ela e a ruiva jurou nunca mais se envolver com homem algum e, apesar de estar confusa com tudo durante sua volta para Londres, eles sabiam que estar grávida não era uma opção. Mell revisou a frase do médico e então franziu o cenho.

–Você disse provas finais? -A loira perguntou um tanto quanto receosa e suspirou, balançando a cabeça em negativa quando o médico afirmou. -Eu posso ir vê-la?

–Eu quero ir junto, se possível. -Nick se adiantou e a loira o encarou com pesar.

–Nick, me escute. Se Lily realmente tiver perdido a memória a este ponto, ela vai achar que ainda deveria estar em Hogwarts. Eu sei que você deve estar desesperado para vê-la, mas… -Ela parou a frase e mordeu o lábio, alterando o peso de uma perna para outra. -Ela provavelmente não se lembra de você, não vai saber quem você é.

As palavras atigiram o moreno com um soco no estômago, no fundo ele sabia que aquela poderia ser a realidade, mas vê-la tomar forma em palavras foi uma grande surpresa. Ele se sentou, um pouco desnorteado com a rapidez que os fatos aconteciam e então encarou Mellody.

–E Lucca? -O moreno perguntou em um sussurro e a expressão da loira se tornou dolorida.

–Ela provavelmente não se lembra dele também.

***

O médico permitiu que Mellody retornasse ao quarto acompanhada por ele e alegou que o que ambas conversassem poderia ser bem revelador sobre o estado da memória da ruiva, mas que os exames ainda seriam necessários. Assim que alcançaram o quarto, Mell exitou antes de entrar, se lembrando dos últimos um ano e sete meses nos quais sempre que ia visitar a amiga a encontrava deitada sobre aquela cama, do mesmo jeito, com a mesma expressão. O médico a encorajou com uma palmada gentik nas costas e a loira entrou no local, acompanhada dohomem.

Lily tinha uma visível expressão de tédio no rosto enquanto trocava os canais compulsivamente, sem nem mesmo parar para ver o que estava passando. Quando ouviu a porta se abrir se virou na direção da entrada e sorriu para os que chegavam.

–Então, agora vocês podem me explicar o que ‘tá acontecendo aqui? -Ela ergueu uma sobrancelha e largou o controle de lado, encarando a amiga e o médico.

–Na verdade, não. -Mellody disse forçando um sorriso e colocando na cabeça que esteva nas gravações de uma série de TV.

–E posso saber o por quê? -A ruiva cruzou os braços e adquiriu aquela expressão atrevida que a loira conhecia bem.

–Na verdade, não. -Ela repetiu e forçou para não rir ao ver a expressão da amiga.

–Ah Mell, qual é! -A ruiva reclamou emburrada. -Me conta logo, acho que já sei que estou em um hospital, agora quero saber como e por que. -Ela pousou as mãos sobre a barriga, apesar de não saber o que estava acontecendo, sabia pela boca do médico que seu bebê estava bem e isso a acalmava. -Eu preciso contar para Scorpius… -Um sorriso bobo e apaixonado surgiu nos lábios da ruiva.


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Notas finais do capítulo

Realmente espero que tenham gostado e, independente do que acharam, o que acham de me contar aqui nos comentáris? Li em alguma matéria por aí que reviews fazem bem a saúde '3' q