Prodígio X Primário escrita por Anne Neville


Capítulo 2
Capítulo 2 - Almoço


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora (1 mês hehe) mas estou postando capítulo dois e se tudo der certo (e vocês comentarem, claro) postarei o próximo capítulo no domingo. Bjs.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/475711/chapter/2

"Me... me desculpe. Eu sou muito distraído." - Levantou os olhos e observou o estranho. Dois olhos furiosos , que iam do azul ao mel, o encaravam de modo ameaçador.

"Você.Sujou.O.Meu.Casaco.Novo." - Falou, entre dentes. O estranho saiu da sala batendo a porta com força e deixando um rastro de fúria pelo caminho.

John virou-se e todos da sala o encaravam. Pareciam que tinham parado de respirar devido à cena. Ele caminhou até o fundo da sala e sentou-se, tirando o suéter manchado de café. A turma ficou quieta, todos absorvendo o que tinha acontecido.

–Você é o John Watson, não é?

–É, eu sou. Mas no momento eu não queria ser.

–Prazer, eu sou o Jim mas todos me chamam de Moriarty. E sobre o Sherlock, não liga não. Ele acordou com o pé esquerdo hoje.

– O nome dele é "Shirlock"?! - John perguntou, arqueando as sobrancelhas.

–"Sherlock", na verdade. Os pais dele gostam de nomes excêntricos.

–Hmmm... entendi.

A conversa foi interrompida pela chegada da professora.

– Bom dia, alunos! Acho que todos vocês já me conhecem! Eu sou a Sra. Hudson, a professora de Matemática do 3º ano do Ensino Médio. Eu queria desejar...

A fala da professora foi cortada pela entrada de Sherlock.

– Bom dia, Sra. Hudson. Perdoe-me pelo meu atraso mas um pequeno incidente acontecei comigo e precisei ir ao banheiro para limpar o meu casaco. Posso me sentar?

– Tudo bem, Sherlock. Pode se sentar.

Foi a primeira vez que John realmente reparou em seu colega. Ele era alto, pálido e magro. Os cabelos negros cacheados caiam no rosto e o seu casaco (o que John sujou) estava intacto e lhe dava um ar sombrio. Ele sentou-se ao lado de Moriarty e olhou para o quadro, impassível. Seu rosto era bonito, os lábios cheios e dois olhos da cor de safiras. Ele não falou nada e encarou o quadro a aula inteira.
A professora se apresentou, sempre de bom humor, e explicou como seria o segundo semestre do ano letivo. John ouvia, mas não entendia nada. Pensava em Sherlock e porque todos tinham ficado tão surpresos e assustados depois do acidente. Por duas vezes olhou para Sherlock e ele continuava na mesma posição do início da aula. Como ele conseguia? Parecia um boneco de cera de tão estático. Ele rasbicava o caderno distraidamente quando o sinal da aula tocou. John pegou suas coisas e observou Sherlock sair da sala, seguido por Moriarty. "Esse ai é bem estressadinho", pensou.

–John, posso falar com você? - Indagou Sra. Hudson

– Claro.

–Sem querer me intrometer, mas o que houve entre você e o Sherlock?

– Eu derramei café nele sem querer.

–Oh, você não fez isso. - A boca da professora fez um formato de "O" e seu rosto enrugou de surpresa

– Por que todos ficam assim quando se trata desse garoto?

–Bom, ele é meio que o "rei" da escola. Ele é o garoto mais popular do colégio, talvez da cidade.

– Então ele é um clichê ambulante? Tipo "As patricinhas de Beverly Hills"?

– Um pouco, mas há diferenças. Ele é um gênio. Ele tira A em todas as matérias e ele consegue reconhecer qualquer substância com apenas o cheiro. Alguns dizem que ele tem contatos com MI6.

–Hmmm... ele parece inteligente. - Um adolescente de 17 anos ter contatos com MI6, o serviço secreto britânico, era bem improvável. Além disso, era estranho uma professora ter medo de seu aluno. - Na verdade, eu preciso ir.

– Claro, você está liberado. Só te peço uma coisa:não provoque o Sherlock.

John saiu da sala sem dizer nada. Essa escola era muito estranha. Sua próxima aula era de química e procurou a sala, andando pelo corredor que agora estava vazio. Achou e entrou no cômodo. O professor já estava na sala. Alguns alunos permaneciam em pé, mexendo em suas mochilas e pegando os livros. Sentou-se no fundo, olhando as pessoas em volta. Ele reconheceu alguns rostos da aula passada mas a maioria era nova para ele.

– Você foi o menino que jogou café na "rainha" da escola?

John assustou-se e arregalou o olhos. Uma menina toda vestida de preto e com um piercing no nariz o olhava, com expectativa.

–Uau, as notícias correm rápido por aqui. - Respondeu

– Cinco pessoas já me mandaram um SMS contando os mínimos detalhes. Ele ficou muito bravo?

– Quase me bateu e o casaco dele saiu intacto. O meu está bem pior. - Mostrou o casaco para a garota de mechas coloridas.

– Cara, você é um máximo. John, eu te declaro o heroi do Conan Doyle. Prazer, meu nome é Molly e essa é Irene. - Falou cutucando a menina que estava sentada em sua frente.

– Oi, John. Não liga para a Molly não. Ela tinha uma queda pelo Sherlock e agora está na fase da raiva.

– Você poderia falar mais baixo? - Molly sibilou

– Como se todo mundo não já soubesse

Molly virou-se para frente, com a cara emburrada e Irene revirou os olhos. John absorveu tudo aquilo e suspirou. Pelo visto aquele pessoal gostava de fofoca.

– Molly é meio emotiva e sensível. Por isso ela usa esse visual gótico.

John aquiesceu, sem saber o que falar.

– Por que todos tratam esse Sherlock assim, como se fosse o dono da verdade?

– O Holmes, o Lestrade e o Anderson são os "reis" do colégio. Eu não sei como e quando tudo isso começou mas é assim desde sempre. Bom, o Sherlock é inteligente e o queridinho dos professores. Além disso, ele sabe o segredo de todo mundo. É sério. Até aquele que você não contou para ninguém. A minha teoria é que ele um vampiro tipo aquele de Crepúsculo, o que lê mentes.

– O Edward? - Irene levantou uma sobrancelha

– Então quer dizer que você assiste Crepúsculo?

– Não, não, claro que não. Eu só ouço falar. - John respondeu, nervoso. - Mas o que esse Lestrade e o Anderson tem de especial - Ele perguntou, tentando mudar de assunto.

– Eles não são tão inteligentes quanto o Sherlock mas os dois são lindos. Não do tipo bonitinhos, mas do tipo modelo de cueca. É sério.

– Entendi. Quer dizer que eu estou bem ferrado, não é?

– Com eles, sim. Mas com os meros mortais você já é um semideus. Acho que a maioria dos alunos do Conan Doyle queriam jogar café no Sherlock Holmes.

– Eu não joguei nele. Eu me esbarrei. Foi um acidente e você sabe disso.

– O que eu sei é que o reinado do Sherlock está enfraquecendo. Primeiro, o namorado dele terminou com ele e agora o casaco Armani importado foi arruinado.

– Namorado?! - John piscou e tentou entender o que ouviu

– É, ele é gay assumido. O ex dele é o JIm. Para falar a verdade, eu até gostei.

– Jim Moriarty?!

– É, esse mesmo. Você o conhece?

– Depois que eu derramei café no Sherlock ele veio falar comigo. Disse que não era para eu ligar e tudo mais. Uau, eu nunca imaginaria que ele fosse gay.

– Ele não é o estereótipo de homossexual.

O professor pediu silêncio e a conversa acabou. O segundo e o terceiro horário foram tranquilos e John, finalmente, prestou atenção na aula. O quarto foi um pouco estranho. Uma menina chamada Mary ficou encarando ele a aula inteira. Foi um pouco desconfortável.

Quando o sinal para o almoço bateu, John seguiu a massa de estudantes que se dirigiam ao refeitório. Entrou na fila para pegar seu almoço. Escolheu pizza, batata frita e um copo de Coca-cola. Chega de pão sírio, arroz e cordeiro. Tudo no Afeganistão era cordeiro. Hamburguer, omelete e tudo que podesse imaginar.

Caminava pelas mesas à procura de um lugar. Avistou Molly e ela acenou para ele, chamando para sentar na mesa com ela. Digiria-se até lá quando escutou alguém chamar seu nome

– John? - Virou-se em direção ao som - Você é o John Watson, não é? Eu sou o Greg e esses são Anderson, e eu acho que você já conhece, Sherlock.

– Olá. - John falou baixinho. Seu coração palpitava de nervosismo.

– Você não quer sentar com a gente? - A pergunta partiu de Anderson, que sorria para ele. Ele olhou para Sherlock que remexia em sua salada, de cabeça baixa. Puxou a cadeira e sentou-se, olhando para Molly e Irene. Elas estavam confusas e acenavam para John ir até a mesa delas. Ele sacudiu os ombros e mandou um olhar "O que eu posso fazer?"

– Olha, é bem difícil nós chamarmos alguém pro nosso grupo então você não poder sentar com elas. - Falou apontando para as meninas - E suéter é só na quinta. Segunda usamos cardigans.

– Ah, claro.- John concordou. Eles combinavam roupas?. Ele olhou para Sherlock e tomou um gole de sua Coca, tentando criar coragem. - Me desculpe, por jogar café em você. Eu, realmente, sinto muito. - Foi a primeira vez que Sherlock levantou os olhos.

– Tudo bem. Eu estava com o café e meu humor também não estava muito bom. - Sorriu, aceitando as desculpas. - Quer dizer que você veio do Afeganistão. Presumo que se mudou para lá após a Invasão dos EUA.

– Sete anos depois, na verdade. Mas o país ainda sofria com as consequências.

–A ideia mais estúpida que já tiveram. E olhe que Hitler invadiu a Rússia, que era sua aliada, no inverno.

– Será que vocês poderiam parar de falar sobre coisas nerds? - Anderson falou, revirando os olhos. - John, você é gay?

Aquele almoço estava ficando cada vez mais estranho.

FIM DO CAPÍTULO 2


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Comentem! Me digam o que gostaram ou o que precisa ser melhorado!