Prodígio X Primário escrita por Anne Neville


Capítulo 1
Capítulo 1 - Retornos


Notas iniciais do capítulo

Fiz um AU de Sherlock em Meninas Malvadas. Parece um pouco louco mas prometo que fará sentido. Decidi escrever essa história porque estava cansada dessas fics misteriosas de Sherlock e resolvi escrever uma fic mais leve e engraçada. Música do capítulo: http://www.youtube.com/watch?v=bpOSxM0rNPM



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/475711/chapter/1

O dia já começou difícil. O alarme irritante começou a tocar às 7h em ponto. "Não" - John mumurrou, naquele estado que só os preguiçosos que não gostam de levantar cedo. Na verdade era muito mais do que preguiça. Ele sentiu tudo de uma vez: o voo de 12 horas, o cansaço da viagem, a diferença de fuso-horário e, principalmente, o nervosismo de um primeiro dia de aula.

– Bom dia, meu amor. Eu fiz ovos com bacon.

– Já estou descendo, mãe.

– Que falta de animação é essa John? Uma cidade nova, uma escola nova e amigos novos! Você não quer conhecer novas pessoas?

– Eu não sei, mãe. Tudo é um pouco diferente agora. - John olhou para sua mãe. Ela tinha umsorriso no rosto e olhava para seu filho com ternura. - Não se preocupe, eu vou me encaixar. - Ele sorriu, esperando tranquilizar sua mãe.

Rolou na cama e tirou o cobertor, inspirando profudamente para ganhar coragem. Seu quarto ainda estava com as caixas da mudança que ele não teve forças para abrir. Caminhou até suas malas e cavou entre suas roupas bagunçadas algo que pudesse usar. Achou um suéter creme e uma calça jeans escura.

Olhou pela janela e viu que ainda não nevava, mas iria. Pegou seu único casaco de inverno, uma jaqueta militar verde musgo com quatro bolsos e um capuz que protegia da neve, e seu all-star de cano médio preto e branco. Correu para o banho, já preocupado com o horário pois suas aulas começavam às 8h.

Tomou um banho quente e lavou os cabelos, deixando a água correr pelos finos fios loiros. Pensou em seus pais, que tiveram que largar todas as suas pesquisas no Afeganistão pois o dinheiro tinha acabado; pensou em como poderia ajudá-los; pensou se deveria ir para faculdade ou trabalhar. Pensou em tantas outras coisas que quase se afogou em preocupação. Afastou os pensamentos ruins, secou-se e vestiu a roupa, olhando-se no espelho. Tinha olheiras debaixo dos olhos, devido ao cansaço, e estava ficando mais forte. No Afeganistão, estudava em um colégio interno e era obrigatório a prática de esportes. Ele fazia de tudo: futebol, corrida, natação, boxe... Até se sentia um pouco mais alto pois sempre fora o menos entre seus amigos.

Oh, seu pronto fraco. Seus amigos. Saira de Londres e fora para a capital do Afesganistão, Cabul, devido ao trabalho dos pais (os dois eram arqueólogos) e chegou na escola no meio do ano letivo. O estrangeiro. O inglês. Passara o primeiro dia sozinho e almoçou no banheiro. A situação mudou completamente no segundo dia. Todos queriam falar com ele, ouvir suas histórias sobre a Inglaterra e como era sua vida na Europa. Seus dois anos no Afeganistão foram muito bons e felizes e esperava que sua volta à Inglaterra fosse ótima.

Mas, novamente, entraria no meio do ano letivo e nesse caso era ainda pior. Scotland Yard era uma pequena cidade perto de Londres, ou seja, todos se conheciam e só havia duas escolas na região. Era pequena, com alguns bairros e um grande shopping que era imã para turistas e compradores compulsivos. Não teve tempo de visitar nada, de perceber nada, apenas se jogou na cama e dormiu.

Já pronto, desceu as escadas e sentiu o cheiro do café-da-manhã preparado por sua mãe (que, por sinal, só sabia cozinhar ovos, bacon e macarrão instântaneo). Seu pai estava sentado à mesa, lendo o The Guardian e tomando uma xícara fumegante de chá.

"Bom dia" - Falou, desanimado.

"Bom dia, filho. Preparado para o primeiro dia de aula?" - Perguntou seu pai, sempre animado.

"Acho que sim." - John falou. Mordeu um pedaço do bacon e suspirou profundamente.

"John, você sabe que não teriamos indo embora do Afeganistão se não fossem a falta de recursos, não sabe?"

"Eu sei pai. Não se preocupe. Eu só estou com jet lag." - Mentiu. Ele se importavam sim. Sentia falta de tudo. Dos amigos, do clima, da escola, das viagens. Mordiscou um pedaço do bacon, deixando seus pensamentos o levarem para longe.

"Eu fiz seu lanche e tem dinheiro para o almoço ao lado da sua mochila."

"Obrigada, mãe."

Olhou para o relógio. Já eram 7h45min. John levantou-se, pegou a mochila, o lanche e o dinheiro em cima da bancada e saiu, se despedindo dos pais.

Caminhou pela rua tranquila, olhando as casas típicas do subúrbio e os jardins bem cuidados. Dentro do colégio interno, ele não conseguia perceber a pobreza do Afeganistão. As crianças pobres que não podia pagar a escola estudavam em prédios em ruínas e o ambiente em volta delas era hostil. Ele deu graças a deus por não ser um desses casos. O choque ao ver que a cidade que ainda estava destruída devido a invasão dos EUA foi tamanho que, depois daquele dia, ele nunca mais saiu do colégio interno. Mas, na época, ele era um menino de 14 anos que não sabia de nada. Hoje, aos 16, ainda não sabe muitas coisas mas entendi melhor o mundo.

O tempo começou a esfriar e a neve caiu aos poucos. Ele vestiu seu casaco, já sentindo frio. Bastou andar mais um pouco para avisar um prédio de dois andares, todo de ladrilhos com um letreiro dourado que dizia "Conan Doyle High School". Ao redor, já haviam grupinhos de adolescentes conversando, encostados em seus carros, tirando o atraso das férias de inverno.

Quando passou por eles, sentiu todos os olhares voltando-se para si e as conversas cessando. "Lá vamos nós de novo", pensou. O intruso. O estrangeiro. Reparou em algumas pessoas que estavam lá. Um grupo estava ao lado de um belo carro esportivo, todos com um iPhone na mão. Outros tinham livros no colo e já estudavam para as provas e alguns estavam encostados nas pilastras e nos bancos, dormindo.

Pegou seu iPod, ligou e colocou os fones de ouvido, ignorando os olhares. Tocava uma música do Arctic Monkeys e aumentou o volume. Teve que passar na diretoria, para pegar seus horários e a chave do armário. Ao entrar no cômodo uma senhora estava sentada, digitando algo no computador.

– Com licença. Eu posso pegar o meu horário aqui mesmo?

– Você é o menino que veio do Afeganistão? John Watson?

– Sou eu.

Ela pegou um pasta e jogou todos os papeis em cima da mesa, fazendo uma bagunça. Remexeu na pilha e puxou um pequeno papel.

– Aqui está. Seu primeiro horário é matemática. É na sala 25C, no final do corredor. O seu armário é o 221B. Boa sorte.

Ele sorriu e saiu da sala. Andou pelo corredor, procurando seu armário e sentindo os olhares ainda pousados sobre ele. Pegou seu caderno e uma caneta, enfiando a mochila descuidadosamente no pequeno espaço.
O sino tocou e ele caminhou distraidamente até a sua sala. Tirou o casaco e levou sua mão à maçaneta da porta. A música continuava a tocar no seu iPod.

"Do I wanna know? If this feelings flows both ways."

Pegou o iPod para pausar a música e abriu a porta.

"It's sad to see you go."

Entrou na sala, sem olhar o que fazia.

"Sort of hoping that you stay"

Quando percebeu, bateu de frente com alguém e sentiu um líquido quente atravessando o seu suéter e manchando o tecido.

"Baby we both know."

– Seu idiota! Você não olha por onde anda não?

"That the night were mainly made for saying that you can't stay tomorrow day."
FIM DO CAPÍTULO I


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Comentem e eu vou postar o próximo capítulo!