Todos entraram no portal e rapidamente apareceram no lugar mostrado. Olharam em volta procurando a garota e para a surpresa de todos, não era uma, mas sim duas. Gêmeas completamente idênticas, até mesmo as roupas. A única diferença era que uma delas segurava uma abóbora com uma vela dentro e a outra não.

– Podemos ajudar? – A garota com a abóbora perguntou.

– São os espíritos do Halloween? – A Fada perguntou.

– Não. Nós somos o Cupido. – A garota sem a abóbora respondeu sarcástica.

– Não precisa ser tão agressiva. – Jack falou um pouco irritado.

As garotas nada mais disseram, apenas ficaram olhando para os guardiões. As duas tinham cabelos pretos e ambas eram tão pálidas quanto Jack. Tinham olhos laranja vibrante e usavam roupas pretas.

– Seus nomes. – Norte pediu.

– Jackeline Halloween’s Lantern. – A com a abóbora respondeu. – Minha irmã me chama de Jacky.

– Ótimo, como se já não bastasse um. – O Coelho falou baixo, olhando sugestivamente para o espírito do inverno.

– Jennete Halloween’s Lantern. – A sem a abóbora falou. – Ou apenas Jenn.

– Garotas, precisamos que venham conosco. - Norte declarou.

– Por que iríamos? – As duas perguntaram juntas. Jack Frost achou incrível como suas vozes eram idênticas.

Os cinco guardiões se entreolharam. Ainda não era o momento para contarem o que aconteceu, pois ainda precisavam saber qual delas era a ameaça e qual era a aliada.

– Porque estamos dizendo que vocês vão. – O Coelho falou, sendo autoritário.

Jackeline soltou uma gargalhada e Jennete um sorriso assustador. Um segundo depois, as duas alçaram voo, subindo até ficarem alguns metros em cima das árvores. Depois começaram a se distanciar do lugar numa enorme velocidade.

– Elas vão fugir! – O Coelho exclamou, bateu o pé no chão duas vezes e saltou no túnel recém-aberto.

– Não vão não! – Jack também alçou voo e começou a segui-las.

A fada e Sandman o imitaram, embora não conseguissem se comparar à velocidade de Jack ou das meninas, então logo ficaram para trás. Norte usou outro globo de neve e este trouxe seu trenó. Assim ele começou a seguir as fugitivas.

Jackeline olhou para trás e sorriu um pouco ao notar a fada, o guardião dos sonhos, o espírito do inverno e o trenó do Papai Noel as seguindo.

– Olha Jennete. – Jacky apontou para seus perseguidores.

– Eles realmente acham que podem nos pegar? – Jenn gargalhou alto o suficiente para os guardiões ouvirem.

Jackeline deu a volta e voou em direção aos guardiões, passando por eles e seguindo na direção oposta à sua irmã.

– Mas o que...?! – Jack Frost também girou e começou a seguir a garota.

– Jack você pega ela e nós cuidamos da outra! – Norte gritou, sem parar em nenhum momento seu trenó.

Jack sequer escutou e continuou seguindo Jackeline a toda velocidade, mas quando viu que não poderia vencer a garota na velocidade, optou por usar o cajado e lançar raios de gelo nela.

– Assim não vale. – Ela gargalhou enquanto desviava de todos os raios lançados. – Mas já que você quer assim...

Antes que Jack percebesse, a garota simplesmente desapareceu de vista. Ele olhou em volta, procurando-a, mas ela simplesmente havia sumido.

– O que está procurando? – Uma voz conhecida e nem um pouco agradável soou atrás de Jack.

– Breu! – Jack se afastou de seu lugar ao encontrar o antigo inimigo.

– Você é mesmo um idiota. – O Bicho-Papão respondeu, transformando-se em Jackeline. – É bem fácil enganar você.

Ela gargalhou e novamente retornou à sua fuga e Jack, após se recuperar da surpresa, começara a persegui-la novamente.

Em outro lugar...

– Vocês são muito lentos! – Jennete gritou para eles divertida.

Os guardiões a ignoraram e continuaram a persegui-la. Jenn era mais rápida do que eles e aos poucos ia se distanciando.

Cansada de voar, a garota desceu e começou a correr. Na terra era tão rápida como no ar, não diminuindo a velocidade em nenhum minuto.

– Você é rápida! – Uma voz soou vinda debaixo dela.

– O Canguru também não é lento. – Jennete respondeu, sabendo que era o coelho correndo por um de seus túneis. – Você não deveria estar na Austrália.

– Pare! – Ele ordenou.

– Quem vai me obrigar?! – Jennete gargalhou e aumentou a velocidade.

– Volta aqui! – O Coelho exclamou, saindo de seu túnel e correndo acima da terra.

O Coelho tinha quase a mesma velocidade de Jennete e estava há apenas quinze centímetros dela.

Jennete abriu a mão e jogou algumas bolinhas luminosas no coelho. Estas explodiram e o coelho caiu no chão com as mãos nos olhos.

– Ninguém conseguiu me pegar em quinhentos anos e não vai ser um canguru da páscoa que vai conseguir! – Jennete gritou, sem parar de correr.

Em outro lugar...

– Por que você está fugindo?! – Jack perguntou.

– Porque é divertido! – Jackeline sorriu.

Mesmo lançando raios de gelo nela, Jack não conseguiu alcança-la. Eles mantinham entre si uma distância de apenas um metro, mas Jack não conseguia diminuí-la.

– Só queremos conversar! – Jack falou insatisfeito por ter que depender que ela parasse.

– E por que eu iria querer conversar com vocês? – Ela perguntou curiosa.

– É importante!

– E eu com isso? – A garota revirou os olhos e fez cara de desinteressada.

– Deve ter alguma coisa que você queira, talvez possamos fazer um acordo. – Jack sugeriu.

Ela se virou para ele, mas continuou voando apesar de estar de costas para o lugar para onde ia.

– Não tem nada. – Jackeline o olhou de maneira tristonha.

– Tem sim! – Jack percebeu. – Me diz o que é?

– Não importa! – Ela exclamou. – Nada pode mudar isso!

– Mudar o que...? – Jack tentou perguntar, mas ela desapareceu antes que o fizesse.

Em outro lugar...

– Aquela menina me paga. – O Coelho falou, esfregando os olhos doloridos.

– Acalme-se coelho, ela pode ser a guardiã afinal. – A Fada tentou acalmá-lo.

– Eu preferia a Marmota! – O Coelho exclamou irritado.

Norte riu. Apesar de ainda estar preocupado em ter que pegar um dos espíritos do Halloween, ele achou engraçado o horror que o coelho tinha pela marmota e mais ainda, por Jennete.

– Então é isso? – Ouviram uma voz vinda da sombra das árvores.

Quando olharam, Jackeline estava encostada em uma árvore com os braços cruzados e Jennete estava deitada no chão de pernas cruzadas e um dos braços cobrindo os olhos.

– Onde está o Jack? – Norte estranhou a falta do espírito do inverno, afinal era ele quem estava perseguindo Jackeline.

– Estou aqui. – Jack chegou insatisfeito por ter sido deixado para trás.

– Querem que uma de nós seja guardiã? – Jennete perguntou ainda deitada no chão.

– Bem... – Norte pensou, mas não adiantaria mentir já que elas sabiam. – Sim.

Ao mesmo tempo, Sandman afirmou com a cabeça e passou vários desenhos feitos de areia rapidamente pela cabeça, mas a velocidade deixava impossível de distingui-los.

– Não vai rolar. – Jackeline respondeu, lançando aos guardiões um sorriso de deboche.

– Por quê? – A Fada parecia confusa.

As irmãs se entreolharam. Jennete com uma cara de desinteressada e Jackeline com um sorriso presunçoso.

– Porque não. – Jennete se levantou.

– É uma honra ser um guardião... – Norte começou, mas foi interrompido por Jackeline.

– O que vocês fazem é bem diferente do que nós fazemos. – Ela ficou um pouco irritada por ter que explicar. – Vocês protegem as crianças do medo enquanto tudo que fazemos é assustá-las na noite de Halloween.

– É o que fazem? – Jack perguntou.

– É claro. – Jennete respondeu, revirando os olhos. – Jacky assusta, eu roubo ou dou doces, dependendo do meu humor, e apronto algumas travessuras com elas.

– Não sirvo para proteger crianças. – Jackeline declarou.

– Muito menos eu. – Jennete concordou.

– Mas o Homem da Lua escolheu. – A Fada lembrou.

– Qual de nós? – Jackeline perguntou, desafiando-os.

Os cinco lembraram-se da imagem da garota que tinha a abóbora, mas esta era a mesma que Sandman havia mostrado. As duas eram exatamente iguais, então não havia como saber qual delas era a certa.

– Não sabemos. – O Coelho respondeu insatisfeito e ainda com raiva de Jennete.

– Eu sabia. – Jennete sorriu para o “Canguru”.

– Mas precisamos que venham conosco. – Norte finalmente falou. – Uma de vocês deve ser a nova guardiã, só precisamos descobrir qual.

– Não mesmo. – As duas disseram juntas e sumiram.

Norte suspirou e o Coelho começou a praguejar. A Fada olhou para o chão, desanimada e Sandman fez cara de Zangado.

– Tá na cara que isso vai dar trabalho. – Jack suspirou.