As Aventuras do Pequeno Eryk escrita por Neryk


Capítulo 67
66 – Círio de Nazaré


Notas iniciais do capítulo

CHEGOOOOOU!!! Mais um capítulo caprichado. Só o titulo do capítulo já é um grande cartão postal, mais leiam para entender melhor (para quem não conhece esse evento).

Estou tendo problemas de colocar minhas fanfics em dia. Como quero organizar e caprichar, não está sendo fácil devido a falta de tempo. Mas isso não quer dizer que não vai ter. Só que se houver aquele contratempo basico da vida, vai demorar um pouquinho, mas sai! Aham!

Bom, agora que disse tudo o que queria dizer, vamos continuar com essa história!

Tenham uma Boa Leitura!



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É Outubro. Estamos no inicio do mês. E todo domingo, nessa mesma data, ocorria um dos maiores eventos importantes e religiosos do mundo, na cidade de Belém do Pará:

O Círio de Nazaré.

Com a cidade que carrega o mesmo nome do local do nascimento de Jesus, Belém sempre era visitada por turistas do mundo inteiro só para comparecer nesse evento. Rádio, TV, até mesmo a internet parava na região quando se tratava da tradicional Caminhada do Círio, onde a cidade inteira participava para prestar homenagem a Virgem de Nazaré.

Maior que o Carnaval, maior (talvez) que a Copa do Mundo, a cada ano nunca existiu tamanha quantidade de gente no mesmo lugar. Era tanta que as ruas eram dominadas de pessoas de todas as partes, e sem discriminação. Por isso os pais nunca largavam a mão de seus filhos, não importando a idade. Se perdeu de vista, já motivo o suficiente para se alarmar. Mas quase nunca não era necessário, embora nem era necessário dizer que era para ficar de olho, já que o empurra-empurra da multidão já dizia por si só.

Eryk e seus amigos também estavam presentes. Não poderiam ficar de fora dessa. Principalmente Eryk, que adorava quando esse dia chegava. Ainda mais nesse ano que sua prima veio com ele.

— Noooossa...! Quanta Gente...! – Falou Jessy impressionada como a rua do Ver-o-peso lotada de gente.

— A Santa deve estar bem perto. Vamos lá ver! – Convida Eryk.

— Ei garotos. Por aqui! – Chamou o pai de Eryk numa distancia segura dos menores para ficar de olho nos dois.

Eryk e Jessy seguem o mais velho e adentram na caminhada. É a mesma coisa de estar em um ônibus cheio. Ficavam um atrás do outro formando uma espécie de corrente. Só que, quando se trata do Círio, ninguém reclama. É uma coisa normal para quem pretende fazer parte da caminhada. E foi isso que fez Jessy levar em conta, já que se incomoda de ficar em pé num ônibus cheio. Mas ficar no meio da caminhada do círio era outra história. Fazia parte. Todos seguiam a pé, mesmo se seus pés doessem. Por sorte sempre passa por perto alguém que entrega água de graça, como forma de participar e respeitar o evento religioso. E por coincidência um desses doadores de garrafinha d’água trazia consigo um conhecido amigo.

— Hey Junior! Tá ajudando com a água? – Cumprimenta Eryk feliz ao se encontrar com Junior. Uma das coisas muito difíceis de acontecer no Círio é se encontrar com um conhecido por acaso. A menos, é claro, se combinarem um local de encontro.

— Meu tio ficou encarregado disso. Ele me convidou para vir e eu aceitei. Água? –Oferece Junior após explicar sua presença. Jessy nem perdeu tempo e já tomou da mão dele e bebeu goela abaixo.

Junior estava sentado em um carro de mão com vários isopores cheios de garrafinhas d’água encostado numa rua do bairro do comercio onde não ocorria a caminhada. Só usavam como uma rota para chegar até a corrente humana.

— E então? Sabe se a galera vem mais tarde? – Pergunta Eryk enquanto tomava um gole de água.

— O Jeová falou alguma coisa de se ficar quebrado da caminhada ele não vinha. E a Luane parece que foi chamada para fazer um coral depois. – Informou o amigo.

— O Jeová está fazendo parte da caminhada? E a Luane? Ela está aonde agora?– Pergunta Jessy.

— É... Que tal você dá uma olhada? – Sugere Eryk apontando para a prima na direção de um carro lento, onde Luane estava lá toda reluzente vestida de anjo.

— E alá! E não é que é a Luane, cara? – Comentou Junior colocando as mãos na cintura surpreso por encontrar Luane ali.

— Ela está tão linda... – Elogiou Jessy alegre pela amiga.

— Haha eu sempre quis saber como é que chamam para ir vestido de anjo ali. Mais tarde vou perguntar para ela. – Falou Eryk por curiosidade, mas alegre pela amiga também.

Luane estava normal parada na parte de trás da picape. E como o carro andava lentamente devido às pessoas no meio da rua com a caminhada, não tinha problemas de estar ali. Com ela também tinha um pequeno banquinho pro caso de dar vontade de sentar, enquanto sua tia estava acompanhando a garotinha a pé.

— Ah! Olha os meus amigos! – Quando Luane avista um pouco mais pra longe, ela encontra Eryk, Jessy e Junior acenando para ela, e a garota retribui com o mesmo gesto como resposta.

— Falou Junior! A gente se encontra mais tarde, tá? – Se despediu Eryk e Jessy o segue até o responsável dos primos, deixando Junior continuar ajudando seu tio com o serviço.

A rota da Caminhada do Círio começa na igreja da Catedral da Sé do bairro da Cidade Velha até a famosa Praça Santuário no bairro de Nazaré como linha de chegada. O objetivo da caminhada é transportar ao lado dos fieis a estátua original da nossa senhora de Nazaré até sua Igreja localizada na Praça Santuário, com as pessoas fazendo promessas para a Santa em busca de milagres, e pagavam realizando sua caminhada a sua própria maneira. Tem pessoas que se locomovem de um município para o outro só andando de joelhos por exemplo. E quando as pessoas ficam cientes de algo assim, quando menos se espera já está recebendo suporte e toda a ajuda precisa, lhe entregam água, colocam vários papelões no chão para não machucar os joelhos, até um policial numa moto acompanha para garantir que a pessoa cumpra com a sua promessa sem que passe mal no meio do caminho ou alguma outra coisa a importunar. Era tão incrível quando acontecia. Todas as barreiras do preconceito são quebradas quando se trata do Círio de Nazaré, ou das suas promessas realizadas.

E para chegar até a Praça do Santuário, tem que passar pelo ver-o-peso, o viaduto do comercio, logo em seguida a Praça Batista Campos (local usado como descanso durante a peregrinação), e daí é só percorrer alguns quilômetros até a praça.

Como Outubro também ocorre o dia das crianças, bem do lado da Praça Santuário é aberto o Parque Ita todo ano por uns dois ou três meses. Lá não tem somente brinquedos e tendas de jogos, como também tem várias lanchonetes espalhadas ao redor do parque para as pessoas da região e os turistas para um evento de grande porte como o círio, por exemplo, no caso do estomago roncar.

E foi nesse parque que os nossos pequenos combinaram de se encontrar.

— Nossa! O Círio hoje foi tão incrível... – Afirmou Eryk sentindo até agora a magia da peregrinação da caminhada do círio. É como se não estivesse cansado mais, embora ainda sentia os efeitos de ficar a manhã inteira de pé andando na rua.

— É tão bonito ver as pessoas acompanhando a Santinha... Quando eu crescer, vou fazer parte da organização do Círio só para ficar bem pertinho dela. – Dizia Luane sonhadora.

Os cinco estavam sentados numa mesa de uma das lanchonetes só pra eles, enquanto o pai de Eryk, a tia de Luane e o do Junior, com a mãe de Jeová estavam em outro não tão longe deles para ficar de olho. Era umas 7 horas da noite. E ficariam aí até as 9.

— Vocês fizeram alguma promessa para nossa senhora? – Pergunta Jeová.

— Eu prometi que, se um dia eu entrar para a seleção brasileira, vou fazer 100 embaixadinhas pela santa. – Falou Junior.

— Eu acho que não é assim que se paga uma promessa, Junior. – Apontou Jessy.

— Mas eu vou fazer isso enquanto faço a caminhada. – Completou o moreno.

— Aí eu pago para ver! –Disse Jeová empolgado só de imaginar.

— Ei Eryk! Você prometeu alguma coisa para a santinha? – Jessy pergunta para o seu primo curiosa. Os outros três aproximam seus rostos pro garoto para prestarem mais a atenção.

— Eu? Bem... Eu ia fazer uma promessa, mas acabou que não precisando.

— Hã? Como assim? – Perguntou Luane tão confusa quanto seus amigos.

— Vocês sabem. Depois que eu me mudei, passei por maus bocados por um tempo. E era sempre doloroso, de vários sentidos. Então eu ia prometer para a Santinha que, se algum dia eu fizesse amigos, eu ia me entregar de coração para os outros. Seria um menino mais obediente e... pelo menos tentar me esforçar nos estudos. – Explica Eryk.

— Que bacana... – Sorriu Luane animada.

— Que tosco, isso sim. – Falou Jeová. – Isso podemos cumprir sem pedir para a santa. Porque não promete algo como se dar bem na vida, ou ganhar muito dinheiro, qualquer coisa assim?

— Delicado você hein Jeová. – Revirou os olhos Luane decepcionada com o amigo.

— Isso me lembra. – Interrompe Jessy. – Desde que morávamos juntos, vivíamos brigando não é? – Recorda a prima de quando ela e Eryk moravam na Sacramente.

— Haha eu era terrível. Eu tinha que fazer tudo por você e isso me aborrecia. Minha mãe falava toda hora: “Eryk, empresta seu brinquedo para a sua prima!” “Eryk, deixa sua prima ir primeiro que você!” “Eryk, ela não teve culpa de nada! Você que vai apanhar!” E o pior é que ela fazia isso toda hora. Às vezes tudo bem, eu até entendia. Mas quando a Jessy tava por perto ela sempre não deixava eu fazer alguma coisa. E era isso que me aborrecia. Às vezes a Jessy era mais humilde que eu, mas a mamãe não igualava as coisas. – Revela Eryk imitando a sua mãe em alguns momentos ao se desabafar como forma de esclarecer as coisas.

— A famosa birra de criancinha. Sua mãe só queria ver como você lidaria. – Esclareceu Jeová.

— O pior é que eu sei disso. Quero dizer, agora. Eu até resolvi entrar na onda. Mas mesmo assim ela nunca parou. Eu não queria tudo pra mim, só queria igualar as coisas para todo mundo sair feliz, mas nunca adiantava para a mamãe. Eu ficava triste com isso. E ela faz isso até hoje. –Explica Eryk.

— Até sabíamos brincar juntos, mas hora ou outra fazíamos um ou outro chorar. Mas quando brigávamos... – Contava a prima.

— Nossa. Nem me lembre disso. Eu fico mal só de lembrar. Eu sempre me sentia horrível quando isso acontecia. – Falou Eryk com uma cara triste só de lembrar.

— O que? O que vocês faziam? – Pergunta Junior ansioso de curiosidade.

— Bem... digamos que... – Iniciou Jessy em duvida se dizia ou não.

— Ela me maltratava e eu pegava mais pesado com ela. – Completou Eryk não querendo entrar em detalhes.

— Mas agora eu o entendo. Não fazíamos isso por sermos primos, malvados ou por eu ser uma garota. Tínhamos acabado de chegar no mundo e tratávamos um ao outro de forma iguais. – Esclarece Jessy.

— Agiríamos assim mesmo se fossem outras pessoas. Mas eu só fazia coisas ruins para ela porque ela sempre fazia comigo. – Se justifica Eryk em sua defesa.

— Claro! Papai dava mais bronca em mim que sua mãe em você! Como se você fosse o certinho. – Retrucou Jessy explicando seu lado da históra.

— Cá entre nós, eu era o mais certinho de nós dois. Bastava uma vez comigo e eu já aprendia a lição. Mas você sempre pisava na mesma bola. Mas os nossos pais davam a bronca do mesmo jeito. Com cinto...

— E chineladas... – Jessy completou a frase de Eryk jogando seu corpo deitando de barriga na mesa, desanimada.

— Ei! Águas passadas, lembra? – Junior fez questão de lembrar para dar um animo para os amigos.

— Exatamente! – Reforçou Jeová sentindo na pele as coisas que esses dois passaram.

— Eu nunca apanhei da minha mãe. O máximo que ela fazia era chamar minha atenção. Mas eu sei como é. – Falou Luane.

— Haha embora eu confesso. Eu aprontava de proposito, enquanto com o Eryk era sem querer. – Dizia Jessy.

— Hey! Estamos no Círio! Não deveríamos falar dessas coisas! Vamos brincar no parque, bora? – Convida Eryk se pondo de pé pronto para ir para algum brinquedo do parque.

— Bora! – Aceitou Jeová, assim como os outros se levantando da mesa atrás de Eryk.

Passaram o resto da noite se espalhando pelo enorme parque central Ita. Junior e Jeová curtiram o bate-bate batendo seus carros um no outro. Jessy e Luane se divertiam no carrossel. Eryk tentava ganhar algum prémio na barraquinha de pescar peixes de brinquedo. E os cinco também se reuniam no tapete mágico gigante, na montanha russa mais radical do parque (menos a Jessy. Ela não gosta), e para fechar com chave de ouro, os cinco fecham a noite na incrível roda gigante.

— Olha só essa vista...! – Falou Luane se apoiando na beira da cabine aberta e redonda. O legal dessa cabine é que, se todos nela se segurarem no centro, podem fazer girar para a direita ou para a esquerda, tornando a roda gigante mais divertida ainda.

— Belém é tão linda de noite... – Disse Jessy contemplando as luzes da noite na cidade de Belém.

— Haa... Hoje foi tão incrível... Não vamos perder o do ano que vem, não é galera? – Pergunta Eryk recostado na cabine e todos concordam animados.

E quando eles chegam ao topo da roda gigante, o brinquedo para de funcionar, balançando todas as cabines bruscamente.

— Mamãe! O que foi isso? – Exclama Junior tentando se segurar em alguma coisa.

— Acontece sempre. Às vezes ele para de girar para aproveitarmos a vista ou para alguém lá em baixo descer. – Explica Eryk fazendo o mesmo que o amigo.

— Não. Essa parada não foi normal. – Afirmou Jessy. – Olhem lá para baixo.

Os quatro escutam a amiga. Eles olham para baixo e notam uma movimentação estranha por lá.

— O que está havendo? – Se pergunta Eryk.

Nesse momento o parque inteiro é coberto pela escuridão. Todas as luzes dele se apagam. E não só do parque. A praça, a igreja, até mesmo os prédio e casas ao redor ficaram escuros, o que dava a impressão da cidade inteira também ter sofrido um apagão. Mas não era isso. Somente um 4/10 da cidade foi afetada. Mas para não se perderem na escuridão total, as únicas luzes que são acessas no meio de tudo isso são luzes vermelhas, criando um clima de arrepiar os pelos do nariz.

— Mais hein? – Eryk olha ao redor e consegue enxergar a multidão lá em baixo ficar agitada. Nesse momento explosões começam a ocorrer uma após a outra nos arredores. Primeiro começou no parque, depois foi no meio da praça, em seguida foi num prédio mais próximo e a partir daí vieram vez ou outra se distanciando do parque em várias direções.

— Os portes de energia! Estão sofrendo uma sobrecarga tão grande que estão explodindo!Mas não são todos de uma vez! Tem... Um padrão! – Analisava Jessy alarmada.

— Como assim?! – Questiona Eryk tentando entender as palavras complicadas da prima.

— Essas explosões foram programadas! Alguém está fazendo isso só para nos dar medo! – Tentou esclarecer a menina.

— Mas quem tá fazendo isso?! – Pergunta Jeová.

E como resposta a sua pergunta, mais uma explosão acontece. Mas dessa vez era uma explosão de fumaça. E dela, quatro pessoas aparecem de forma impotente, roubando os olhares e atenção de todos ali.

— Saudações, povo de Belém. – Começou a discursar o responsável entre os quatro. – Espero que tenham aproveitado seus momentos lindos de liberdade. Porque eles acabaram! A partir de hoje, todos vocês irão se curvar diante de mim!

— Nós.

— Ah, er, quero dizer, nós, sim! É, eu disse que eu seria a cabeça, mas eles prometeram me ajudar se tivessem autoridade, então aturem eles também. – Se auto corrigiu o homem após seus companheiros chamarem sua atenção.

— Não... Não pode ser... – Dizia Jessy reconhecendo uma das figuras.

— Perae! Aquele é quem eu penso que é? – Se pergunta Junior passando pela mesma coisa que a morena.

— O-o que?! O que ela está fazendo alí?! – Começa a entrar em pânico Luane horrorizada.

— Eryk... Aquele é... – Chamou Jeová também reconhecendo mais uma das figuras.

— O que? Eu não consigo ver nada daqui. Deixa eu ver! – Falou Eryk tentando aproximar mais a visão.

Foi quando ele reconhece dois deles.

— José?! E aquele cara que a Jessy gosta! – Afirmou o pequeno não se lembrando do nome do homem que falava entre os quatro.

— Doutor Mauricio... – Pronunciou Jessy com a voz fraca.

— Poderoso... – Jeová faz o mesmo falando em voz baixa o apelido de José.

— Meme... meme... memeMega Musa... – Gaguejava Luane.

— E o lendário corredor Otávio... – Junior é o ultimo a falar, mas pra baixo assim como os outros três.

— Como assim cara...? – Pergunta Eryk para ele mesmo não entendendo nada do que está acontecendo aqui.

Continua...


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Notas finais do capítulo

As coisas vão agitar nos próximos capítulos! Ah, e antes que eu me esqueça: não pretendo fazer nenhum tipo de desfeita com o Círio. Por se tratar de um fato real religioso da minha região, já aviso que não quero causa desrespeito algum. Minha intenção é mostrar uma história religiosa e transmitir a mesma fé que ela conta. Acho que posso adiantar que a história vai focar na fé de Deus contra as forças do mal. Mas acho que posso sair da linha disso. Então qualquer coisa, digam o que acham. Falou?

E se for para adiantar mais coisas do que vem por aí: Drama. Drama e tretas. Muuuuitas tretas.

Muito obrigado por terem lido até aqui!

Fiquem com Deus e Até a Próxima!