A Revolução dos Vampiros - Versão Antiga escrita por Goldfield


Capítulo 7
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/4750/chapter/7

Capítulo 6

O plano dos resistentes.

–         Isso tudo é... Inacreditável!

Fernando disse isso após terminar de ouvir as explicações de Isabela, Adams e os outros vampiros.

–         E o pior não é isso! – exclamou Luíza. – Eu sou a reencarnação de Mara Juklinsky, a primeira vítima de Drácula! Para que o levante dos radicais possa se espalhar pelo mundo, eu devo ser oferecida em sacrifício a ele!

–         Por isso levamos Luíza embora hoje cedo – disse Jorge. – Para protegê-la dos radicais! Alguns de nós sairemos para deter os vampiros, e alguns ficarão aqui protegendo Luíza!

–         Radical! – exclamou Juca. – Senhor Adams, você é mesmo um agente do FBI, assim como no “Arquivo X” e “Desaparecidos”?

–         Sim, eu sou, filho! – respondeu Adams num sorriso. – Precisamos deter os vampiros!

–         Como? – berrou Vitor, sempre o mais desanimado de todos.

Adams colocou a mala preta no chão e a abriu, explicando o conteúdo conforme o retirava:

–         Aqui há dez crucifixos de vários tipos, alguns de metal, outros de madeira! – disse o agente do FBI, retirando da mala um pequeno baú verde cheio de cruzes, que foi aberto por Fernando. – Será mais que suficiente para nós, já que os moderados não podem usá-los, ou serão afetados!

–         Que mais há nessa mala? – indagou Jorge.

–         Estacas! – disse Adams, pegando uma caixa de dentro da mala cheia de pontiagudos pedaços de madeira, cerca de trinta. – Finquem-nas no peito dos vampiros e eles virarão pó!

–         Que maneiro! – exclamou Juca. – Parece “Castlevania”!

–         Ajudem-me aqui com estas garrafas! – disse Ernest, pegando com as duas mãos quatro das várias garrafas de plástico transparentes que estavam dentro da mala, contendo água.

–         Beleza, já estava ficando com sede! – riu Vitor, abrindo uma das garrafas e se preparando para beber a água contida nela.

–         Não faça isso, é suicídio! – interveio Adams. – Isso é água benta, preparada para mim por um reverendo amigo meu em Boston!

O moderado imediatamente deteve-se, devolvendo a garrafa a Adams, enquanto as outras eram descarregadas por Alfredo e Fernando.

–         Hei, o que é isto? – perguntou Juca, tirando uma pequena embalagem do tipo spray de dentro da mala.

–         Isso é spray de alho! – respondeu Adams. – Espirrem nos olhos de um vampiro para cegá-lo!

–         Você veio mesmo preparado, não? – riu Luíza.

Jorge e Vitor tiraram mais latas do spray antivampiro de dentro da mala, enquanto Isabela perguntava ao agente do FBI:

–         Mais alguma coisa?

–         Sim, vocês precisam de armas! – respondeu Adams.

O norte-americano retirou uma espingarda calibre 12 de baixo do casaco, perguntando:

–         Quem sabe manusear uma destas?

–         Eu! – respondeu Jorge. – Vou ficar aqui protegendo Luíza!

–         OK!

Adams jogou a arma para o moderado, que a pegou no ar e engatilhou-a.

–         Não entendo! – disse Luíza. – Pra que armas se os vampiros não imunes a elas?

–         Não se perderem temporariamente a imunidade! – explicou Ernest. – Afetados pelos crucifixos, alho ou água benta, os vampiros ficam temporariamente vulneráveis a qualquer tipo de ataque!

O homem do FBI tirou também uma pistola Desert Eagle de baixo do casaco e perguntou:

–         Quem quer esta?

–         Eu! – respondeu Isabela.

–         Nossa, amor! – espantou-se Alfredo. – Não sabia que era tão perigosa!

–         Você também quer uma, Alfredo? – perguntou Adams.

–         Tenho um revólver com munição no carro! E você, Adams?

–         Tenho minha fiel 45! Fernando, é melhor se armar!

–         Meu pai me deixou este revólver agora há pouco, caso alguém tentasse me seqüestrar! – explicou o rapaz, mostrando um 38.

–         Luíza?

–         Posso me proteger com o que há na mala!

–         Muito bem. Vitor?

–         Não preciso de armas! Vou ficar aqui! Se aparecer algum radical enfio-lhe uma estaca!

–         OK, a escolha é sua! – disse Adams. – Fique então tomando conta do irmão de Fernando e de Luíza!

–         Ah, eu também quero ir! – exclamou Juca.

–         Não, pirralho! – rejeitou Fernando. – É muito perigoso!

–         Mas...

–         Olha, irmãozinho: isto não é um jogo de videogame! Há mesmo vampiros lá fora, e eles tentarão matar a todos nós! Fique aqui com o Vitor e a Luíza, está bem? É mais seguro!

–         OK, então... Vamos jogar videogame, Vitor!

–         Vamos lá! – riu o moderado.

O irmão de Fernando mais Vitor seguiram para o quarto do garoto. Adams disse, após dar mais uma olhada dentro da mala:

–         Um último detalhe! Os moderados devem usar máscaras para se protegerem do cheiro do alho!

O agente do FBI pegou de dentro da mala algumas máscaras de plástico para a boca e o nariz, dessas que encontramos nos hospitais. Jorge, Alfredo e Isabela as colocaram imediatamente, e para a curiosidade de todos, Adams também.

–         Por que você também está colocando, Ernest? – perguntou Fernando, intrigado.

–         Tenho alergia a alho! – respondeu o homem do FBI.

Houve uma breve risada dos presentes, e nisso Fernando correu até a cozinha, voltando com dois colares de alho. Ele colocou um em seu pescoço e o outro no da namorada, dizendo:

–         Ainda bem que a mamãe usa alho no tempero!

–         Bem, lembrem-se que nossa missão lá fora não é matar todos os vampiros radicais! – alertou Adams. – Eles são muitos, por isso mataremos apenas aqueles que estiverem em nosso caminho! Estarão todos usando preto, procurando vítimas pela cidade. Nossa prioridade será encontrar o coração de “Manuel Maligno”, pois com ele em mãos os radicais não conseguirão fazer um dos rituais necessários para que o levante se espalhe pelo planeta, e também poderemos pensar numa maneira de destruí-lo. Eu tenho quase certeza de onde esse maldito órgão possa estar, e é melhor averiguarmos antes da meia-noite, quando terá início o levante!

–         Eu então fico aqui, certo? – perguntou Luíza.

–         Exato! Jorge e Vitor a protegerão, mas não se preocupe. Os radicais nem suspeitam que esteja aqui! Se tudo der certo a prioridade deles será o coração, não você!

–         Cuide-se, amor! – exclamou Fernando, abraçando a namorada. – Eu voltarei logo, OK?

–         Ficarei te esperando...

E se beijaram ardentemente. Nisso o perdido olhar de Jorge ganhou os olhos de Isabela, e após um breve instante de contemplação, ela disse, num sorriso:

–         Tome cuidado!

–         Pode deixar!

Todos então pegaram crucifixos, estacas e latas de spray de alho. Adams exclamou, se dirigindo até a porta:

–         Ao trabalho, senhores!

Fernando, Alfredo e Isabela o seguiram.

Na Bloody Dance o agito era total. Os radicais dançavam como nunca, embalados pelos ritmos vampiros da DJ. Basílio e Natália estavam no escritório, enquanto a impressora botava no papel o discurso de Basílio. Uma obra-prima radical.

Nada poderia deter aqueles obstinados vampiros. A hora era aquela para tomarem o poder e eles fariam o melhor possível para triunfar. E com a falta de vontade dos moderados em resistir, aquilo seria como roubar doce de criança. Um apetitoso doce azul e redondo chamado planeta Terra.

O conversível vermelho de Alfredo seguia velozmente pela Rua Florêncio de Abreu, dirigido por Ernest Adams. O dono do veículo perguntou:

–         Para onde estamos indo?

–         Para o lugar no qual tenho quase certeza que o coração de “Manuel Maligno” esteja! – respondeu o norte-americano.

–         E que lugar é esse? – indagou Fernando.

–         O Mosteiro de São Bento!

–         É mesmo, faz sentido! – exclamou Isabela. – Como “Manuel Maligno” foi queimado na fogueira pelos monges do mosteiro, na época em que este ainda estava em construção, pode ser que algum monge o tenha guardado lá dentro!

–         E foi isso mesmo que aconteceu! – disse Adams. – Um frei chamado José Mendes era perito em vampiros e escondeu o coração nas catacumbas do mosteiro, após a conclusão da obra. Na época ele escreveu diversas cartas ao Vaticano relatando o ocorrido, mas ninguém lhe deu crédito!

–         A Igreja Católica sempre foi omissa ao vampirismo! – explicou Alfredo.

–         Eu apenas espero que esse coração ainda esteja lá... Os radicais não sabem desse segredo!

–         Mas como vamos fazer? – perguntou Fernando. – Não podemos ir chegando assim e levando embora o coração do mosteiro!

–         Nós temos vampiros conosco – sorriu o agente do FBI. – Se não acreditarem em nossas palavras...

–         Acreditarão em nossos dentes! – riu Isabela.

E lá estavam: Largo de São Bento. Adams, Fernando e o casal de vampiros saíram do veículo, enquanto o agente do FBI dizia:

–         Vamos mostrar todo nosso poder de persuasão!

No apartamento de Fernando, enquanto Juca e Vitor jogavam videogame no quarto do garoto, Luíza e Jorge estavam sentados no sofá da sala, assistindo TV. Porém não conseguiam se concentrar no programa, pois tinham mil pensamentos diferentes em mente. A jovem perguntou:

–         Jorge, posso fazer uma pergunta?

–         Você já está fazendo! Do que se trata?

–         O que você sente pela Isabela?

–         Eu?

–         Sim, você! Eu já reparei como você fica quando ela está por perto...

–         Nós só somos bons amigos, Luíza! Conheço a Isabela desde quando viajei para a Europa em 2001. Ela estava estudando lá e acabamos nos conhecendo num café. Dois anos depois ela começou a namorar o Alfredo e fiquei amigo dele também.

–         Acho que há algo maior que amizade entre você e a Isabela...

–         Que nada! Impressão sua!

Era duro para Jorge mentir daquele jeito. O que ele mais queria era beijar aqueles lábios doces e vermelhos de Isabela, acariciar todo aquele corpo de musa, e depois se recolher com ela num sedutor ninho de amor. Ela era uma vampira inteligente e meiga, além de belíssima, tudo com que Jorge sempre havia sonhado. Mas antes que aquela bela amizade pudesse virar amor, Isabela caiu nos braços de Alfredo, moderado de dotes muito inferiores aos de Jorge. E isso o deixava triste e angustiado.

–         Oito e meia! – exclamou Luíza, olhando para um relógio na parede.

–         Tomara que nossos amigos estejam se saindo bem lá fora...

As palavras de Adams e os outros pareceram entrar por um ouvido do abade e sair pelo outro. O religioso exclamou, irritado:

–         Eu nem sei como vocês sabem do segredo desse coração, mas não podem levá-lo embora! Nós estamos escondendo esse órgão desde o século XVII! Se a mídia ficar sabendo disso, será o fim!

–         A mídia estará entretida com uma revolução de vampiros lá fora se não nos deixar levar o coração! – disse Adams. – Muitas vidas estão em risco, abade! Elas valem mais que um segredo monástico!

–         E como posso confiar nesses dois que se dizem vampiros?

–         Somos vampiros moderados, senhor! – disse Isabela. – Queremos a paz com os humanos! Apenas os radicais desejam uma guerra!

–         Ora, vocês não são vampiros coisa nenhuma!

Isabela, nervosa, deixou que o abade visse seus dois caninos pontiagudos. Este gritou, apavorado:

–         Meu Deus!

–         Nós não queremos fazer nenhum mal! – disse Alfredo. – Apenas leve-nos até o coração!

–         Vejo que não tenho escolha...

O religioso levantou-se, tirando uma chave da cintura.

–         Vamos, então!

E os demais o seguiram.

Basílio checou o plano de ação mais uma vez, e outra, e mais outra. Estava realmente inseguro com tudo aquilo. Nunca comandara algo tão grande. Aquilo era uma honra para ele, mas ao mesmo tempo um fardo. E Natália percebia isso na feição do namorado, tensa e preocupada. Na pista de dança era só alegria, mas o clima era pesado dentro do escritório. Medo do fracasso. Ambos sentiam que alguém estava trabalhando para que aquele levante não tivesse sucesso.

Agora Adams, Fernando e o casal de vampiros seguiam o abade pelas catacumbas sob o mosteiro, passos tímidos. O religioso estava de péssimo humor, não queria fazer aquilo. Um beneditino não podia contribuir com vampiros, mesmo se fossem “moderados”.

–         Aqui está!

A marcha parou na frente do armário com a inscrição “Manuel Maligno – 1605”. Após um breve instante de silêncio, Fernando tomou coragem e abriu o compartimento, fitado por todos com grande curiosidade.

–         Mas o quê? – berrou o jovem.

–         Sei que é impressionante! – resmungou o abade. – Não era isso que queriam?

–         Mas não há nada aqui!

O abade estremeceu. Imediatamente ele olhou para dentro do armário e averiguou que realmente estava vazio. Suas pernas, então, começaram a tremer como nunca.

–         Isso não pode estar certo! – exclamou.

–         De fato, o coração deveria estar aqui! – afirmou Adams.

–         E estava! Estava até ontem!

Foi aí que o abade se lembrou do que havia ocorrido no dia anterior, e de toda a preocupação que havia tomado...

–         Frei Gonçalves!

Gabriel seguia caminhando pelo centro, e de vez em quando parava para olhar o coração de “Manuel Maligno”, que pulsava junto ao seu preso num suporte de pano sob a jaqueta. Não deveria ter levado embora o órgão sem consultar o abade, mas sabia que ele não aceitaria. E era preciso tomar uma atitude drástica. Aquilo não podia cair nas mãos dos vampiros.

De início o frei pensara em sair da cidade o mais rápido possível, levando o coração para longe do foco da rebelião, mas aí se lembrou que o levante ocorreria onde o órgão estivesse, não havendo maneira de evitar o pior. Como Gonçalves não tinha condições de fugir para um lugar sem vampiros, como a Antártida, teria que encontrar uma maneira de destruir aquela coisa, tentando algo que os monges em São Bento não haviam tentado.

Desde os tempos de José Mendes muitos artifícios haviam sido usados para tentar fazer o coração parar de pulsar, mas nenhum obtivera resultado: adagas, banhos sucessivos em água benta e chá de alho, estacas, perfurações com crucifixos, espadas, caldeirões ferventes, fogueiras, esmagamento, e, mais recentemente, balas de revólver. Se o coração sofresse algum tipo de dano com alguns desses métodos, o que era muito difícil, se regenerava imediatamente.

Mas Gabriel, enquanto bebia aguardente no barzinho, acabou tendo uma idéia fenomenal, digna do intelecto de São Bento: e se apenas outro vampiro pudesse destruir o coração?

Sim, era coerente. Talvez um humano não pudesse destruir um coração de vampiro. Mas como o pobre frei conseguiria que um vampiro destruísse aquele coração repugnante?

Alfredo foi o último a entrar no carro, furioso, batendo fortemente a porta. Exclamou, enquanto Adams dava partida:

–         E agora? Vamos fazer o quê? Está tudo perdido!

–         Não é assim! – disse Isabela. – Temos apenas que encontrar esse tal frei Gabriel Gonçalves, que provavelmente levou o coração embora!

–         Provavelmente? Nós nem temos certeza! Tudo está perdido! Além disso, como encontraremos esse cara?

–         Calma, Alfredo! – exclamou Fernando. – Não vai adiantar nada ficar com todo esse pessimismo! Temos que ao menos tentar!

–         Ele está certo! – concordou Adams. – Vamos dar uma procurada nos hotéis!

O conversível desapareceu pela Rua Boa Vista.

–         Mas o que é isso?

Escondido atrás da lixeira na saída do beco, Gabriel começou a observar os vários casais vestidos inteiramente de preto que entravam na boate. Lá de dentro vinha uma música contagiante e ao mesmo tempo mórbida, sinistra.

–         Um reduto de vampiros!

Sem dúvida ali era um dos esconderijos dos sugadores de sangue na cidade, aqueles malditos conspiradores assassinos. Seria melhor se o monge saísse imediatamente dali, antes que fosse visto por alguns deles e tivesse o pescoço mordido, mas algo prendia seus pés ali, não conseguia ir embora.

Gabriel sentia que Deus lhe encarregara de uma missão ali. De alguma forma deveria permanecer escondido, pois o plano divido para nós é...

–         Hei, você!

Gonçalves virou-se para trás e viu dois vampiros fitando-lhe. O primeiro era alto e forte, com uma cicatriz no rosto, e o outro usava óculos e tinha um piercing na língua.

–         Esperem, eu posso explicar... – balbuciou Gabriel.

Mas a resposta dos vampiros foi abrir a boca e mostrar os caninos. O monge imediatamente correu para dentro do beco, desviando dos dois inimigos.

–         Vamos atrás dele! – berrou o vampiro alto.

E seguiram o religioso pela penumbra da viela.

O conversível de Alfredo seguia por uma rua do centro, a poucas quadras da Praça da Sé, com seus passageiros pensando numa maneira de encontrar o frei Gabriel Gonçalves:

–         Nós podemos ir até o hotel onde estou hospedado, talvez ele esteja lá! – disse Adams.

–         Ora, caia na real! – irritou-se Alfredo. – Há milhares de hotéis nesta maldita metrópole! Isso se o cara não tiver fugido da cidade!

–         Odeio essa sua atitude pessimista, Alfredo! – exclamou Isabela.

–         Mas é a verdade, amor! Temos que encarar os fatos!

–         Hei, o que é aquilo ali? – indagou Fernando, apontando para a entrada de um beco.

Um sujeito de jaqueta e camiseta com o rosto de Cristo estampado tentava correr para fora da viela, mas próximo da rua tropeçou numa caixa de madeira e veio ao chão sobre uma poça d’água, olhando amedrontado para trás.

Logo surgiram dois sujeitos vestidos de preto, correndo na direção do indivíduo no chão exibindo os caninos monstruosos. Fernando exclamou:

–         Radicais!

Adams parou imediatamente o carro, e todos saltaram para fora, correndo na direção dos vampiros radicais. Nisso o sujeito no chão tirou algo de baixo da jaqueta, mas desesperou-se ao ver apenas um pedaço de madeira em mãos. O crucifixo que tinha havia se partido em dois com a queda, e agora não surtiria efeito algum contra os vampiros.

–         Adeus, mundo cruel! – berrou o pobre homem, enquanto os dois radicais se aproximavam de seu pescoço.

Mas algo inesperado por Gabriel ocorreu. Os dois agressores começaram a recuar pelo beco, aos gemidos, enquanto alguém lhes apontava um crucifixo de ferro. Em seguida ouviu-se dois tiros, e os vampiros caíram fulminados, contorcendo-se aos berros no chão. Gonçalves, levantando-se, teve tempo de ver seus corpos virarem pó, evaporando como água.

–         Do pó viestes, ao pó retornarás! – riu o homem do crucifixo de ferro, que usava óculos escuros.

Virando-se, o monge viu que havia sido uma mulher quem atirara nos dois vampiros. Também fitou dois jovens caminhando para dentro de um conversível vermelho, enquanto um deles dizia:

–         Vamos sair daqui! Esta região é perigosa! A propósito, como se chama?

–         Frei Gabriel Gonçalves, beneditino!

Os dois jovens trocaram um estranho olhar de triunfo, enquanto o monge entrava no carro junto com o sujeito de óculos escuros e a mulher.

++++++++

Trecho do “Livro de Profecias dos Vampiros”, escrito pelo Conde Drácula:

Todo vampiro terá imortalidade. Porém, após quatrocentos anos de existência, o vampiro terá que renovar seu pacto para viver mais quatro séculos, sugando o sangue de uma mulher virgem. Assim continuará vivendo, mas se não fizer isso estará condenado a quatrocentos anos de sono infernal. Todo aquele que não me seguir e achar errado sugar sangue de humanos, portanto, viverá apenas quatrocentos anos, não aproveitando a dádiva que apenas os vampiros possuem. Por esse motivo todos esses traidores são amaldiçoados desde já por mim, esses covardes sem brilho.

++++++++

Continua... 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!