Nossa Hogwarts, Nosso Mundo escrita por Giullia Lepiane


Capítulo 7
Chegada à escola


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Gente, como prometi, fiz uma nova parte de trem com todos os personagens que não consegui encaixar no último capítulo. Mas também, além disso, fiz a parte dos barcos, eles chegando em Hogwarts... E consegui incluir todos os trinta e dois alunos nisso!
Bom, como sempre, desejo-lhes uma boa leitura :D



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Depois que Adelie McGloven conseguira expulsar aquelas duas meninas, Merody Hoddie e Atenna Grace, do vagão onde queria sentar-se, tinha ficado com o compartimento inteiro só para si. Contudo, aquilo não durou muito: Logo, um menino louro surgira na porta do vagão, e olhou para ela desconfiadamente.

– Nome? – Perguntou. Adelie respondeu de queixo erguido, ao que ele pareceu aliviado. – “McGloven”. Finalmente uma puro-sangue. Já estava cansado de entrar em vagões cheio de sangue-ruins.

Uma simpatia instantânea surgiu entre os dois naquele momento – não uma pessoal, todavia, e sim uma relacionada ao sangue. Mas não era apenas o sangue que importava?

O garoto se apresentara como Jeremy Krieger, e se sentara com Adelie. E não muito tempo depois, mais outro garoto e outra garota apareceram perguntando se poderiam se sentar lá. O garoto, Jeremy já conhecia – era Doug Myers – e a garota, Arleen Hafno, Adelie também já tinha visto. Foram bem-vindos ao vagão.

Descobriram que tinham outras coisas em comum, além do sangue, como terem, os quatro, certeza de que entrariam para a Sonserina.

– É a melhor casa, sem dúvidas. – Disse Arleen.

– E a melhor no Quadribol. – Jeremy completara, puxando uma pequena discussão sobre o esporte, mesmo que ele fosse o que mais entendesse do assunto.

Doug foi o que mais se manteve em silêncio, olhando para fora da janela. Até que, em certo momento do caminho, Adelie o questionou:

– Está com algum problema, Myers?

– Nenhum. – Respondeu. – Só pensando em Hogwarts.

– E quem de nós não está? – Jeremy retrucou.

*********

Manuella Brown estava satisfeita. Durante muitos anos estivera somente com seus pais e sua gata de estimação, sem ter outras crianças de sua idade para brincar, e agora tinha se sentado na mesmo vagão que duas meninas que também estariam entrando em Hogwarts naquele ano, Sophie Mercure e Marie François, e se dado bem com elas. Logo mais, uma outra menina chegou, apresentando-se como Elizabeth Anderson, e também logo provou-se por ser legal. Elas tiveram bastante assunto para conversar.

– Então, você é uma nascida-trouxa? – Perguntou Elizabeth para Marie, algumas horas mais tarde.

– Sou, sim. – Marie sorriu.

– E você já morou na França. Que legal! – Disse Manuella, e Marie não comentou sobre as más-lembranças que tinha do país, especialmente o fato de sua mãe e sua irmã ainda morarem lá, depois de ela e o pai terem de ir embora para a Inglaterra para Marie poder ir para Hogwarts, sendo que a mãe e a irmã não aceitavam ter uma bruxa na família.

E sentada ao lado de Manuella, Sophie parecia alegre por ninguém estar fazendo perguntas para ela. Evidentemente, as outras garotas não entendiam muito de Quadribol, para não associarem seu sobrenome ao jogador Carlisle Mercure, seu pai.

A gata de Manuella miou em seu colo, e no instante seguinte, entrou no compartimento uma mulher idosa sorridente, empurrando um carrinho de doces. As quatros meninas comemoraram – estavam famintas.

– Vocês têm alguma sugestão de algo que eu possa comprar? – Perguntou Marie, não familiarizada com doces bruxos.

– Eu realmente gosto de bolos de caldeirão. – Disse Manuella, escolhendo um para si.

– Gosto de Feijõezinhos de Todos os Sabores. – Sophie também tinha acabado de pagar e abrir uma caixinha, que estendeu para Marie. – Aqui, prove um.

A menina pegou o primeiro feijãozinho que alcançou na caixa e o levou para a boca. Tinha uma bonita coloração vermelha, mas seu gosto foi mais ardido do que qualquer outra comida que Marie tinha provado. Ela o cuspiu, seus olhos enchendo-se de lágrimas.

– Ah, que pena. Você pegou logo o de pimenta extraforte. – Sophie comentou.

– Então – Elizabeth parecia estar tentando segurar o riso –, acho melhor você provar um gole do meu suco de abóbora, agora.

*********

Melinda Williams não podia ficar de mau-humor, não no dia de sua primeira ida à Hogwarts. Mas se não fosse por aquilo, ela certamente estaria – tinha chegado tarde na Estação King’s Cross, e não restavam muitos vagões, o que a fez sentar-se com um garoto chamado John Miller, que estivera desde o começo com a cara enfiada em um livro, e um Ethan Johnson, que parecia mais aberto para conversas, embora visivelmente não houvesse sobre o que ele e Melinda conversarem.

Foi uma boa notícia a chegada da mulher dos doces no compartimento, quebrando a tensão desconfortável que lá se instalara. Ethan e Melinda foram comprar doces, mas John permaneceu onde estava. Só após a mulher ir embora e o barulho de embalagens sendo abertas preencher o ambiente, ele ergueu a cabeça e olhou em volta.

– Vocês já estão comendo?

– É o que parece, não é? – Melinda retorquiu, com o tom frustrado.

– Droga. Acho que agora é melhor eu ir atrás da pessoa com a comida...

– Não precisa. – Ethan disse, fazendo um gesto de pouco-caso. – Eu divido meus doces com você.

– Não, você os comprou para você. Posso comprar para mim. – E com isso, John saiu do vagão, abandonando o livro aberto sobre o assento.

Ethan inclinou-se para ver a capa do livro e Melinda ergueu uma sobrancelha. O garoto deu de ombros ao notar a expressão dela.

– Parecia uma leitura bem interessante.

– Hm. – Melinda fez. Continuava achando tudo aquilo exatamente o oposto de interessante.

*********

– Devemos estar chegando em pouco tempo. – Disse Jason Taylor para os dois garotos com quem estava dividindo o vagão, Theodore Bones e Matthew Campbell.

Os três meninos tinham passado a viagem de trem inteira conversando sobre suas expectativas sobre a escola. Tinham visões bem diferentes – afinal, Jason era puro-sangue, Theodore era mestiço e Matthew, nascido-trouxa – mas ainda assim se identificaram em diversos aspectos. No final do dia, quando o céu começou a tingir-se de azul-escuro, já podiam até se dizer amigos.

– Nem acredito. – Falou Matthew, sorridente.

– Que já estamos chegando? – Jason questionou.

– Que não vou ter de aprender Álgebra neste ano. – O outro corrigiu.

– “Álgebra”? – A voz de Jason era de quem nunca tinha escutado a palavra na vida, e provavelmente não tinha, mesmo.

Matthew começou a explicar-lhe a disciplina, e Theodore – que tinha estudado em uma escola trouxa até então – ajudou. No final, Jason parecia ainda mais confuso (talvez por outros termos trouxas terem sido citados), então Theodore mudou de assunto falando:

– Bem, mas se daqui a pouco estaremos na escola, é melhor irmos nos arrumar. Temos de vestir nossos uniformes, ainda.

– É verdade. – Disse Jason, pegando e abrindo sua mala. – Argh. Coloquei minhas vestes bem no fundo.

Matthew e Theodore riram, e pegaram suas próprias coisas.

Em menos de uma hora, estariam em Hogwarts. Veriam como seria os próximos sete anos de suas vidas, e aprenderiam o que usariam até a hora de suas mortes. Estavam vestindo seus uniformes naquela hora pela primeira vez, mas seria o que vestiriam por um bom tempo.

E estavam muito contentes com aquilo.

*********

Laura Jane acordara insegura no dia de sua ida à Hogwarts. E se ninguém gostasse dela lá? E se caçoassem dela por estar acima do peso, como faziam na antiga escola?

Por causa desse medo, não tinha querido sentar-se em um vagão já cheio no trem, preferindo adiar o momento em que teria de se enturmar. Quando a locomotiva começara a andar, ela ainda não tinha encontrado onde sentar.

Até que, por fim, entrara em um vagão onde só havia um menino, de cabelos escuros e uma expressão estranha no rosto, e foi com ele – Ken Drakon, como se apresentou – que Laura decidiu se sentar.

O resto da viagem foi, no mínimo, esquisita. Laura tinha certeza de que vira a mala de Ken se mexer mais de uma vez, sempre com ele tentando disfarçar depois. Para não arranjar confusão, ela também não fez perguntas, mesmo que sua gata Circe ficasse tentando pular do colo dela e ir até a mala de Ken. Praticamente, passou o tempo inteiro tentando segurá-la firme.

O cair da noite trouxe também a aproximação de Hogwarts. Quando o trem começou a parar e Laura e Ken se preparam para descer, Laura ainda sorriu para ele.

– Tchau, então.

– Tchau. – Respondeu Ken, aparentemente ocupado demais com a bagagem para sorrir também.

Despedida desnecessária: Os dois seguiram juntos para fora da Expresso de Hogwarts.

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– Primeiranistas! Primeiranistas aqui! – Gritava um grande homem, que tinha o rosto oculto pela barba e o cabelo e segurava um guarda-chuva cor-de-rosa, embora não estivesse chovendo.

Mesmo que já estivesse escuro e fosse difícil ver as coisas, o homem parecia ameaçador. Os alunos do primeiro ano, ao descerem do Expresso de Hogwarts, hesitaram ao vê-lo. Por que todos os alunos dos outros anos estavam seguindo até carruagens, e eles tinham de ir com ele?

Olivia Chapman, cujos quatro irmãos mais velhos já tinham passado pelo primeiro ano e estava totalmente esperando aquilo, foi a primeira a seguir até o homem, parecendo tranquila. Alguns dos outros alunos entreolharam-se, mas começaram lentamente a ir atrás dela.

– Quem é esse? – Matthew Campbell perguntou para Jason Taylor em um sussurro, supondo que ele saberia daquilo também, por ser sangue-puro.

Jason abriu a boca para responder, mas fechou-a em seguida porque haviam acabado de chegar à onde o homem estava, e ele mesmo começou a se apresentar:

– Eu sou Rúbeo Hagrid, guarda-caça de Hogwarts. Podem me chamar de Hagrid, todos chamam. – Ele balançou o ombro, em sinal de descaso. Os alunos mais próximos recuaram um passo, assustados com o movimento casual que parecia gigantesco ao ser feito por uma pessoa daquele porte. – Vou levar vocês até a escola, e...

– Por que não vamos de carruagem como os alunos mais velhos? – Questionou Lorenzo Albini, interrompendo-o. Hagrid pareceu um pouco desnorteado, e foi Olivia quem respondeu:

– Porque é tradição do primeiro ano ir para Hogwarts de barco.

Alguns sussurros foram trocados pelos alunos. Iam para a escola de barco? Apenas alguns puro-sangues – inclusive Lorenzo, que apenas tinha se esquecido e fez uma cara emburrada por precisar de que alguém o lembrasse – não se surpreenderam.

– É, isso. Obrigado. – Hagrid disse para Olivia. – Então, todos os primeiranistas estão aqui? – Ele olhou para eles rapidamente, como se os estivesse contando. Nenhum dos alunos respondeu sua pergunta, mas ele não parecia estar esperando que respondessem. – Muito bem, vamos lá. O lago fica aqui perto...

A caminhada realmente foi curta, e diversos barcos já estavam esperando por eles lá. No horizonte, as luzes de um castelo contrastavam com o céu escuro.

– Lá é Hogwarts? – Marie François perguntou, entrando em um dos barcos com Manuella Brown, Sophie Mercure e Elizabeth Anderson. Foi Sophie quem respondeu:

– Aqui mesmo já é Hogwarts.

– O lago faz parte do terreno da escola, não é? – Elizabeth disse.

– Sim, os meus pais me falaram sobre ele. – Falou Manuella. – Inclusive sobre a Lula Gigante.

No barco ao lado, onde Dante Rosso, Nicolas Cooper, Olivia Chapman, Elliot e Augustus Geoffrey e Andrew Skyful tinham se sentado, Dante sem querer ouviu o que Manuella disse e pareceu alarmado.

– Aquela menina falou sobre lulas gigantes? – Perguntou ele em voz baixa, para que as garotas não saberem que ele estava falando de algo que uma delas tinha comentado.

– A Lula do lago? Ah, sim. – Nicolas deu de ombros.

– Imaginem agora se ela emergisse e nos atacasse? – Falou Elliot. Andrew e Dante pareceram ainda mais impressionados, e Augustus teve de dizer:

– Isso não vai acontecer. Elliot, pare.

Hagrid, conferindo que todos os alunos já estavam nos barcos, foi até o que tinha menos alunos – apenas três deles, Laura Jane, Ken Drakon e Ethan Johnson – e falou:

– Deem licença... Vou sentar aqui com vocês...

Ethan foi mais para o lado, e Hagrid sentou-se ao lado dele, fazendo a embarcação tremer em um primeiro momento. Pouco depois, os barcos começaram e se mover através do lago, em direção ao castelo.

– Se fossemos de carruagem, acho que até já teríamos chegado. – Adelie McGloven disse, logo quando a viagem começou. Estava sentada com Arleen Hafno, Jeremy Krieger e Doug Myers como no trem, mas com Melinda Williams como acréscimo.

– Não veja nada de errado em ir de barco dessa vez. Iremos de carruagem nos próximos seis anos, afinal de contas. – Melinda opinou.

– A questão não é o barco, Williams. – Falou Jeremy. – E sim termos de ser levados por aquele Hagrid.

– Ele é estranho. – Disse Arleen. – Tão grande. Eu não duvidaria se alguém me dissesse que ele é um gigante.

– Mas gigantes são muito maiores que ele. – Disse Melinda.

– Meio-gigante?

– Dumbledore não deixaria um meio-gigante ser guarda-caça da escola. – Doug falou, embora incerto.

– Eu não duvido de nenhuma burrada que Dumbledore possa fazer. – Jeremy cruzou os braços, decidido.

O resto do trajeto foi quase silencioso. Os alunos, ocupados em assistir ao castelo parecendo ficar maior a cada centímetro a mais que percorriam, não falaram muito, salvo por Rosemary Le’Leukën apertando o braço do irmão Demyan e repetindo:

– Estamos chegando, estamos chegando...

– Eu sei, Rosie. – Ficava respondendo o garoto, pacientemente.

Como Adelie tinha suposto, os alunos mais velhos tinham chegado antes deles, pois não havia nem sinal das carruagens quando os barcos pararam. Rosemary quase se desequilibrou quando foi sair do barco, mas Demyan conseguiu segurá-la antes que caísse na água. Morgana Albini, que estava no mesmo barco, deu uma risadinha.

– Você é meio descuidada, não é? – Perguntou, com certa maldade na voz. Rosemary corou.

Hagrid guiou os primeiranistas do lago até o castelo. Antes de entrarem, Charlotte Solar perguntou para Atenna Grace:

– É hoje mesmo que decidirão nossas casas?

– Ahn, não tenho certeza. – Respondeu ela. – Eu acho que sim, mas apesar de meus pais terem sido bruxos, eu cresci em um orfanato trouxa. Não lembro de muita coisa.

Anne Jones, que andava por perto e ouvira, sorriu solidariamente para Atenna antes de se dirigir à Charlotte:

– Sim, a seleção é hoje mesmo.

Ela engoliu em seco.

As grandes portas do castelo foram abertas por Hagrid, e o menor vislumbre do lado de dentro foi o suficiente para Theodore Bones murmurar um “incrível”. Os alunos entraram, e uma mulher de meia-idade com os cabelos presos os esperava do lado de dentro. Parecia menos ameaçadora do que Hagrid, embora sua expressão fosse bem mais rígida.

– Vocês todos, comigo! – Disse, alto, antes de seguir até uma outra porta. Mais uma vez, os alunos trocaram olhares, certos de que seriam levados para onde quer que fosse que ocorreria a seleção... e no final, apenas foram deixados em uma câmara vazia. – Esperem aí até eu vir buscar vocês. – E a professora saiu.

Conversas altas começaram em todos os cantos da câmara, em vozes ansiosas. O ambiente era pequeno para todos os trinta e dois ficarem, de modo que Alec Wings teve de se encostar em uma parede. Ele suspirou e olhou para cima a tempo de ver dois fantasmas passarem por cima das cabeças dos estudantes. Duas meninas que estavam próximas a ele – Merody Hoddie e Amy Smith – soltaram gritinhos agudos, e um dos fantasmas pareceu ofendido.

– Ora essa! É assim que novos estudantes se apresentam, hoje em dia?

– Sinto muito. – Disse Merody, se recuperou do susto. Amy assentiu e o fantasma, bufando, atravessou uma parede e se foi.

– Fantasmas. Que interessante. – John Miller disse, para ninguém em particular, e em seguida sentiu um empurrão. Olhou rapidamente para trás para ver quem tinha sido e se surpreendeu ao não encontrar ninguém. Sentiu um cutucão no ombro esquerdo e também não encontrou nada ao se virar. Foi então que se deu conta da pegadinha e virou-se para o outro lado, vendo uma espécie de outro fantasma, que soltou uma risada.

– Você caiu na brincadeira mais velha do mundo! Que novos alunos burros! – E saiu voando pela câmara, empurrando vários outras crianças e berrando “alunos burros” repetidamente.

– Pirraça! – Gritou alguém da porta. Era a professora que os trouxera até ali. Ela estava de volta, e falava olhando diretamente para o poltergeist. – Dê um tempo! O ano acabou de começar! – Pirraça mostrou-lhe a língua, sem parecer interessado em dar tempo algum, mas nisso a professora já não olhava mais para eles, e sim para os alunos. – Primeiranistas, venham. Vou levá-los ao Salão Principal para a seleção das casas.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo é o do Chapéu Seletor! Finalmente saberemos quem será de qual casa... embora já tenha visto alguns palpites certos nos comentários ;)
Até mais!