Caminhamos pelo extenso jardim até a entrada da casa. Por ali haviam alguns jovens bebendo e conversando. Em sua maioria alunos do colégio em que nós estudávamos, o Ross Academy. Ao entramos na casa, fiquei espantada com a suntuosidade de local. Pelo que eu podia ver, afinal estava escuro e a decoração de dia das bruxas (em pleno mês de agosto) cheias de teias de aranhas falsas, cabeças de abóboras e outras objetos igualmente ridículos atrapalhava a visão, a decoração era de primeira classe, cheia de obras de arte caras aqui e ali.

Assim que me avistou Danny veio ao nosso encontro. Estava vestido com um terno roxo e os seus cabelos castanhos claro estavam soltos. Também usava uma maquiagem toda borrada. Quando se aproximou eu arrisquei um palpite.

–Coringa. Acertei?

Ele alisou o terno com uma mão num gesto orgulhoso que me fez querer rir.

–Exato minha cara – respondeu ele – tenho que confessar que estou bastante surpreso pelo fato de você estar aqui.

–Pois é, eu também – admiti.

–E então – disse ele se virando para falar com Kate e July – aposto que vocês tiverem que arrastar ela até aqui não é?

–Mais ou menos isso – riu July.

–Exatamente isso - corrigiu Kate.

–Imaginei - disse ele rindo e mostrando as covinhas no rosto.

–Vocês são ótimas amigas – comentei sarcasticamente.

–Olha gente – interrompeu Kate – a conversa está muito boa mas eu estou com sede e a fim de dançar muito.

–Pode ir – declarou Danny – fique à vontade. Eu quero levar a Sue para conhecer umas pessoas – voltando-se para July – cuida dessa maluca.

–Pode deixar – respondeu July – toma cuidado com o nosso tomatinho hein?

–Tomatinho? – disse indignada.

–Aí, gostei, tomatinho – disse ele passando um braço ao redor dos meus ombros.

–Ah é? Pois eu não – resmunguei.

–Pois agora que você não gostou é que vamos te chamar disso o tempo todo – disse Kate apertando as minhas bochechas e puxando July em direção a massa de corpos que dançava freneticamente.

–Você é minha agora “tomatinho” – brincou Danny me arrastando com ele.

Apesar de todo o meu medo inicial, a verdade é que eu estava me divertindo naquela festa. Estar com Danny era sempre muito divertido. Inteligente, educado e sempre prestativo tinha a maioria das garotas da cidade aos seus pés e nunca ficava com uma namorada por muito tempo. Um verdadeiro “Don Juan”. Para minha sorte com os amigos ele era muito fiel.

Ele me levou para fora da casa pelos fundos, até a piscina.

–Vem, quero que conheça umas pessoas.

O segui até a beira da piscina onde haviam três jovens sentados. Eram dois garotos e uma garota que tinham aproximadamente a minha idade. Ao nos ver chegar a garota gritou, provavelmente embriagada:

–Danny!! Vem cá docinho!!

–Quem é a animadinha? – perguntei disfarçando o riso.

Ele me puxou pelo braço:

–Pessoal essa aqui é a Sue – disse ele apontando pra mim.

–Oi gatinha – disse um dos garotos com um sorriso malicioso.

–Ei Eric , pode tirar o cavalinho da chuva – disse o outro garoto– ela é bonita demais para você.

–Ai – respondeu o tal Eric colocando uma mão no coração fingindo sofrer – você partiu meu coração.

–Não liga para ele não – ele disse com um gesto desdenhoso – a propósito eu sou o Roger.

–Susan – respondi.

–-Dan!! – gritou a garota – você não está namorando com ela também está?

Também?? Pensei. Don Juan perde de dez a zero para ele.

–Não Amanda – ele riu tomando o copo de sei lá o que que a garota bebia – ela é uma amiga tá legal?

–Muito bom – afirmou ela sorrindo – você é só meu gatinho.

Danny se aproximou dela segurando-a para que ela não caísse afinal, ela parecia ter sérios problemas de equilíbrio.

–Você é nova na cidade? – disse Roger tentando tirar minha atenção daquela cena cômica que se desenrolava na minha frente.

–Não –respondi sem olhá-lo.

–Jura? –ele disse surpreso – eu nunca te vi antes.

–Ela não é de socializar muito – declarou Danny tentando se livrar dos beijos babados da sua “namorada” não muito sóbria.

–Que pena – falou Eric que havia se sentado de novo – mas não se preocupe benzinho podemos socializar só você e eu se quiser.

Eu olhei para ele pasma.

–Como?!

Eric riu. Danny olhou para Eric fazendo uma careta.

–Pode parar por aí Eric.- disse ele ríspido – não banque o engraçadinho com a minha amiga ou vai se arrepender.

–Foi só uma brincadeira – ele se defendeu.

–Quem não foi nada engraçada - completou Roger.

–Bom se é assim, eu peço desculpas.

Eu não acreditei que aquelas desculpas eram sinceras, mas o ignorei. Passado alguns minutos ninguém dizia nada além da Amanda, se bem que ela não dizia nada exatamente, só dava uns resmungos incompreensíveis. Constrangida com a situação disse:

–Vou dar uma volta por aí, ver se encontro as meninas.

–Tudo bem – disse Danny.

Roger deu um aceno, e Eric piscou para mim.

Levantei indo em direção ao interior da casa. Lá dentro circulei por entre as pessoas procurando por Kate e July. De repente meu celular vibrou confirmando a chegada de um SMS da minha mãe. Estava tão distraída lendo-o que acabei esbarrando em alguém e deixando o celular cair. Abaixei-me para pegar o celular torcendo para que ele não tivesse quebrado no entanto alguém o alcançou antes de mim. Quando levantei os olhos para ver quem era, quase tive um ataque cardíaco. Diante de mim estava simplesmente o cara mais lindo da face da terra. Uma mistura perfeita de Leonardo Di Caprio e Brad Pitt alto, com uma pele pálida e cabelos dourados como o sol. Os olhos eram de uma azul metálico tão profundo que deveriam parecer estranhos mas só o tornavam mais atraente.

Percebendo minha cara de boba ele sorriu... o que só o fez parecer ainda mais bonito, coisa que eu não achava possível.

–Então – ele disse com uma voz baixa e rouca – a senhorita vai pegar o seu celular de volta ou pretende ficar mais tempo me admirando?