Fire & Desires escrita por Pear Phone


Capítulo 23
Warning Sign


Notas iniciais do capítulo

Oi. Então, desculpem. Então, eu demorei pra caralho. Então, escrever caralho nas notas não é elegante. Mas, caralho, vocês me devem umas boas desculpas.

OBRIGADA POR CADA REVIEW E PELA RECOMENDAÇÃO, EU REALMENTE AMO QUANDO VOCÊS SÃO TÃO AMÁVEIS!

Caralho, que tenham uma ótima leitura. E, antes de outro palavrão: só quero lembrar que o capítulo anterior teve uma cena adiantada no início, mas esse capítulo faz parte do que antecedeu aquela cena. É como se fosse um flash back enorme, mas não um flash back, porque na verdade a ordem cronológica da fic só foi alterada por causa do adiantamento que vocês já leram no piano e... enfim, nos próximos capítulos vai ficar muito claro.

BEIJOS!!!

OBS.: quase todos os capítulos são inspirados por músicas, esse também. O de hoje foi principalmente pelo álbum A Rush Of Blood To The Head, do Coldplay. Mas não posso descartar Moonlight Sonata, que inspirou a fic inteira, e o resto da minha playlist que eu não vou expor aqui por puro orgulho. Hue.



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Quando olhei de novo para as paredes onde antes encontravam-se esparramadas as vestes criticamente postas sobre o corpo da tal figura encapuzada, já não podia concluir nada. Eu havia acabado de perder uma grande oportunidade de não deixar que aquele casaco provavelmente feito de retalhos costurados escapasse, mas acenava para mim sob a névoa assim que ousava fechar meus olhos e lamentar. As vestes tinham desaparecido do meu campo de visão por culpa de uma garota rica e metida — a Alicia, uma dessas que me lembro até hoje de ouvir minha companheira domiciliar descrever detalhadamente. Alicia sorria com umas sardas cintilando por trás da maquiagem, estendendo um tipo de convite ao baile que estava sendo organizado pelos alunos do Ensino Médio.

Acontece que, queira o Universo ou não, eu jamais perderia meu tempo calçando sapatos.

— Ei, Samantha, o que faz sentada aí? Não tem aula pro terceiro? Estamos distribuindo os convites, sabe, o baile vem chegando... talvez quisesse comparecer, sei lá, bom pra tentar se enturmar com o resto do pessoal.

O resto do pessoal... que mal sabia que eu tinha média suficiente para terminar de cursar aquele inferno e não precisaria encarar um indivíduo sequer de lá quando tudo acabasse definitivamente, incluindo a menina de cabelo castanho acobreado na minha frente, achando ser muito bondosa em oferecer um daqueles papéis decorados. Se prestei atenção em alguma aula ou teoria da qual já fui forçada a participar, então tinha certeza de que células vegetais tinham sido muito mal aproveitadas, desperdiçadas num convite.

— Meu nome é Sam. — E peguei o papel das mãos dela, com arrogância.

Dois minutos depois, qualquer um que seja sensato poderia presumir que eu censurei a mim mesma por pensar tão profundamente sobre odiar aquela patricinha quando podia muito bem pensar em comida, por exemplo. Ou até mesmo comprar alguma coisa — mas isso só se fosse possível, uma vez na história do planeta, a discussão do porquê de seres humanos não terem capacidade de materializar dinheiro toda vez que, por acaso, precisassem dele, ao invés de julgar o parlamento inglês ou sequer elogiá-lo... afinal nada daquelas ladainhas intermináveis tinha a ver com comida.

Infelizmente, estendi as mãos para debaixo do banco, onde estava um papel que eu acreditava ser de Alicia. Me surpreendi quando exerguei a foto de Carly, a que eu e Freddie imprimimos nos dias em que ela permanecia dasaparecida. Era um panfleto indêntico ao que vi dois dias antes. No verso, era possível perceber que estava escrito algo.

"Já experimentou perguntar a si mesma se não é a fumaça que anda cegando quem quer que se atreva a entrar no caminho?"

A mensagem não parecia fazer relação a mim. Mas como e por que céus uma pessoa escreveria no verso de um panfleto? E, pelas forças!, quem mais guardava panfletos e ameaçava contar segredos sujos, senão a velha solitária que me trancou?

Não fazia sentido. Ligar os pontos... ligá-los não estava fazendo sentido. Por incrível que parecesse, eu não era quem estava do outro lado.

Corri para respirar, passeando distraída e dando de cara com os organizadores da festa para o final do ano letivo. Estavam dispersos pela quadra esportiva, decidindo a decoração entre si, o que percebi pelas dezenas de artigos do gênero.

Havia, dispersa entre as demais, uma silhueta que despertava minhas atenções em particular.

O sangue subiu à cabeça. Alicia manuseava os enfeites, e os encarregados da música... viraram-se de frente para mim. Nenhum deles acenou ou expressou algo, exceto o dono da silhueta tão familiar. Me escondi atrás da lixeira grande e laranja que ficava ali perto, depois fingi andar até o corredor principal, o que dava para as classes. Ouvi o sinal bater, não estava nem um pouco encrencada ou com medo de ser dedurada pelos alunos lá da quadra esportiva. Ao contrário de qualquer outro sentimento, nunca descartei a raiva. Era descomunal.

Mais à frente, vi outra coisa muito suspeita. Um homem. Num olhar superficial, era possível decifrar que já passara da meia idade havia algum tempo. Ele carregava, jogado num dos ombros e revelando-se pelas costas, um casaco preto com capuz largo. Não percebeu que era observado, mas minha própria mente não permitiu que eu o seguisse. Era arriscado... e, pela primeira vez, eu ligava.

Senti que havia bem mais a ser descoberto ali. As respostas para o primeiro panfleto anônimo recebido não precisavam estar tão longe.

Pela primeira vez no ano, quando poderia estar pelo menos arrumando um jeito de me infiltrar de novo no refeitório, rumei até o setor mais silencioso e vazio da biblioteca. Rumores apontavam que era um tipo de compartimento onde ficavam bem guardadas as biografias entediantes de matemáticos sem sucesso.

Num talvez bem carregado de talvez, procuraria pelo setor de ciências sociais algum exemplar de umas vinte e cinco páginas, no máximo, que citasse a respeito de "perseguição" (mas só quando terminasse meu cochilo).

Não pretendia e nem me lembro de verificar, antes de ouvir a porta abrir lá no extremo oposto da sala, se a observação feita a respeito das tais biografias estava correta. Ninguém menos que o pianista atravessou as portas velhas com dobradiças tortas, tudo em péssimo estado, que causavam uma barulheira decepcionante.

Quando ele saiu andando até chegar às estantes de livros próximas de mim, pude enxergar que estava, por dentro, estático e tentando assimilar o que eu fazia ali. Só soube disso porque fiquei acompanhando seu olhar andar junto com cada passo. Só dei alguns passos, a distância que nos separava. Passei as mãos pelo terno dele, ajeitei a gravata, observei com cuidado seu semblante. Ele gesticulava como se estivesse querendo dizer alguma coisa que não conseguia formular direito.
Ele fechou os olhos para lembrar de uma forma sensata para dizer seja lá o que fosse aquilo que estava prestes a dizer. Mas foi interrompido pelos próprios lábios, que selaram os meus por alguns breves segundos.

Joguei o pianista numa parede daquele corredor. Tive consciência de verificar qual não estava completamente tomada por livros enfileirados em estantes, usando uma força proposital ao empurrá-lo ali.

Gostaria de ressaltar que, mesmo selecionando uma parede menos carregada de retângulos pouco luminosos e ainda empoeirados, uns seis livros que nos rodeavam sofreram com o impacto de nossos corpos colidindo. Aquilo já não era necessariamente proposital, mas merecido. Depois, ajoelhei, fazendo com que prestasse atenção em mim.

Tocar num baile? Desde quando sua música tinha se tornado tão contemporânea assim?

No meio da situação em que estávamos, ele agarrou meu cabelo. Cheguei bem perto de seu rosto. Parte daquilo me fez pensar em perdoá-lo de uma vez. Quase esqueci que, acima de todas as coisas, tinha herdado um senso cruel e impiedoso.

— É ótimo usar a desculpa de que vai a velórios — disse, sem ter a preocupação de manter uma distância segura entre nossas respirações — quando, na verdade, fica passando as manhãs aqui, não é? Eu imagino que seja muito.

Em seguida, o silêncio. Ele estava estranhamente calado e com expressões confusas sobre o que é que eu tinha começado a discutir sobre.

— Por que você não podia só se oferecer pra matar aula comigo, pianista? É amargo o gosto da traição, não acha?

Meu tom estava baixo até que eu aumentasse, e o dele, inaudível.

Logo, logo, estaria bem aparente uma vontade de fazê-lo morrer de morte súbita bem ali, mesmo que isso não fosse relativamente possível.

Nós já tínhamos discutido sobre o quanto eu odiava ser direta. Eu sempre era respondida — pelas minhas acusações a mim mesma — com algo que justificasse, de uma maneira que impressionava pela quantidade de sobriedade no tom dele, que, antes de mim, não teve o prazer de conhecer alguém tão desconfortável sobre relacionar as coisas com a denotação da qual elas mereceram ser originadas.

Eu não entendi uma palavra sequer, mas presumi que fazia algum sentido. Claro que aconteceu bem depois de relacionar isso a todas as outras palavras que já tinha ouvido dentro daquele cemitério.

— Olha pra mim, pianista. E isso significa olhar nos meus...

Não terminei a frase. Lá estavam os castanhos, faiscando escurecidos.

— Me deixa te beijar, Sam. E isso significa ficar quieta, por gentileza.

[...]

Panfletos. De todos os tipos. Exibindo todos os tipos de mensagens ou acusações. Todos aqueles panfletos que, de início, eu tentei juntar. Pensei que as mensagens estavam só fragmentadas, mas não era a intenção. Provavelmente, a intenção era que eu as tornasse mais completas. Panfletos por todos os lados, e eu ainda não tinha contado uma palavra sequer ao pianista sobre minhas suspeitas de que alguém estava por trás daquilo. E havia mais de uma hipótese.

Estávamos no canal, o que eu gostava de visitar; a brisa me envolvia por algum tempo que eu mal pude contar nos dedos. Havia pássaros no céu. Imaginei como se dirigisse rápido, sozinha, à meia noite. Com pouco a viver e muito a pensar, uma guerra em mente. Foi a primeira vez em que eu senti a juventude correr pelas minhas veias, e aconteceu sem necessariamente acontecer.

Pensei no fogo... dessa vez, imaginei como se houvesse combustível nas águas no lugar do frescor e fumaça no lugar da brisa.

"Pegar um copo transparente, andar até o canal e encher com água fresca... é muito bom sentir a corrente gélida descer pela sua garganta. Eu vinha quando as pessoas já tinham ido embora, e essa era a melhor parte do dia: beber a água na beira do canal... era realmente diferente de qualquer tentativa de suicídio que eu já tenha experimentado."

Ele desviou o olhar de alguma parte do horizonte para finalmente prestar atenção no que eu falava.

— Você é mudo, Freddie? Puta que pariu!

— Eu já devo ter ouvido ameaças de suicídio de algumas adolescentes muitas vezes, mas nunca vi alguma que realmente estivesse determinada a fazer isso. É lindo como você confia nas próprias palavras, Sam, e também é lindo como se engana.

— Acabei de me enganar, achei que você ouvisse o que eu digo. — O horizonte voltou a parecer mais atraente do que eu. — Às vezes eu acabo achando, também, que seria bem melhor se você fosse viciado em esportes ao invés de música, se quer saber.

Ele bufou e ficou brincando com uma folha caída no chão. Soava como o outono.

— Mas eu entendo perfeitamente por que não quer subir — e apontou para a grande casa um pouco acima do relevo onde estávamos situados —, entendo que tenha deixado o seu passado pra trás.

Ele parecia ter sido irônico durante todo o tempo, exceto no fim.

— Mas eu estava dizendo — e aumentei o tom de voz pela décima vez — que você, pianista, é um grande babaca por não se ligar que jamais existiria sensação melhor do que essa de confrontar a água que desce pela garganta devagar, como se delineasse um caminho. E é melhor do que beijar você.

— Então eu já posso ir embora, é isso?

Tudo que aconteceu em seguida foi que me viu levantar e mudar minha feição despreocupada, mesmo que essa nunca fosse a intenção.

— Você não pode ir, não. Não depois da... última vez que você foi.

— Sua capacidade de se traumatizar com tudo vai bem além de surpreendente. Há alguns segundos ficaria tudo melhor se eu morresse ou, por obséquio, entrasse para fã clubes de futebol americano, certo? E, de repente, já não é uma boa ideia. — O pianista virou para mim, observando cada traço meu.
Pensei no que significaria a expressão obséquio para ele.

— Freddie, você não entende. É muito sério.

Nada me impedia de abraçá-lo repentinamente, e foi o que fiz. O abracei com muita força e senti seus braços movimentarem-se num vaivém pelas minhas costas.

— O que pode ser tão sério a ponto de pôr um fim no orgulho de Samantha Puckett? — o tom de dúvida na sua voz evidenciava minhas suspeitas de que, naquele momento, se estivéssemos encarando um ao outro, ele estaria com as sobrancelhas arqueadas.

— Você me deixar e ser atingido por um caminhão desgovernado, talvez. — O trouxe para ainda mais perto.

E só mergulhei em mais reflexões enquanto ficamos abraçados, minha cabeça apoiada no ombro dele.

Quando eu frequentava o consultório do meu antigo psicólogo, perguntei se não era só uma maníaca que tinha uma vida completamente imaginária... porque já pensei em estar na qualidade de alguém incapaz de sentir remorso pelas coisas dolorosas que faz.

Carregando palavras.

Carregando o tempo.

Carregando as cinzas.

— Você acha que eu poderia ser uma maníaca? — perguntei. A pergunta mais estranha que já tinha feito.

— Se você fosse uma maníaca, não perguntaria isso, ou perguntaria? — Ele deslizou as mãos pelas minhas costas num ritmo mais lento, depois afastou meu corpo parecendo prestar atenção aos seus impulsos para que não estragasse a suavidade daquela ocasião... e, claro, porque queria olhar nos meus olhos. — Todo mundo é louco, Sam. Não tem ninguém, nesse Universo todo, que não fique louco em alguma parte da vida. Loucura é a natureza humana, simplesmente. E eu sei que pensamos diferente, mas eu não me importo com o nível de loucura que alguém apresenta ou deixa de apresentar.

Eu sorri e olhei para o gramado curto que havia ali embaixo dos meus pés descalços.

— Sabe o que o meu psicólogo disse? Que uma menina de cinco anos ser abandonada por conta de um incêndio, que uma tia-avó insana ficar com a guarda da menina e ela acabar recorrendo às agressões físicas... ele simplesmente respondeu a verdade: era uma testemunha de que não houve nada mais real. — Freddie fez uma cara de espanto com a sobriedade que eu estava passando para se referir àquilo. — Aliás, sabe o que mais o velho de óculos quadrados me ensinou? Nas únicas duas vezes em que prestei atenção no que ele dizia, foi que o elemento mais relevante da psicanálise é entender que, de fato, é um desafio compreender a mente alheia, mas nem mesmo o maníaco mais estratégico desse planeta poderia inventar o sofrimento que me fazia recorrer à mutilação.

Amor é uma coisa da qual os psicopatas sentem falta eternamente... e, quase me esqueci, a falta também é um remorso do qual estão sempre fugindo, mas não necessariamente afastados.

O luar, iluminando as teorias que sobrevoavam minha mente, fazia com que o anseio de viver resplandecesse. A minha estrela ainda não tinha desvanecido por inteiro.

O pianista parou de olhar nos meus olhos e, como numa partitura que eu jamais conseguiria assimilar, desviou os castanhos para o horizonte outra vez. Eu estava esperando que ele fixasse suas atenções nos meus lábios, considerando que ainda estávamos meio abraçados. Em seguida, simplesmente desfez o contato do qual eu andava desfrutando desde que a discussão começara, para depois se convencer de que sua decisão tinha sido completamente equivocada.

Eu segurei seu pescoço quase da mesma forma que tinha feito na biblioteca e, na sequência, perdemos o equilíbrio e caímos no gramado.

Mais de vinte e quatro horas que eu tinha deixado de experimentar. Ele tinha um gosto gelado toda vez que estávamos ali, fosse manhã ou tarde, fosse noite ou madrugada. Ninguém podia dizer que odiava café depois de provar amargura e doçura se fundindo num gosto só. Era algo além de sentir sua boca massagear a minha, ou sua língua umedecer meus lábios. Era algo que só ele tinha: cafeína. Ah, a cafeína... entendi bem o porquê de apontarem que ela viciava tanto quanto uma substância alucinógena, e também sabia qual era a razão de eu estar pensando em drogas sem ter alucinações.

E não fomos mais longe do que aquele beijo. Eu ajoelhei e disse, o mais indiretamente possível, olhando bem fixamente para o pianista, tudo que tinha visto de estranho na outra manhã em que fui assistir as aulas e nos encontramos na biblioteca. Bem no momento em que ele começou a raciocinar comigo, perguntando a respeito de todos os lugares em que eu vi a mulher que guardava panfletos intermináveis pela casa e se já reparei alguma vez na caligrafia dela, li a mensagem do verso. Para a maior surpresa de todas, o entusiasmo dele evaporou totalmente. Num segundo, a expressão curiosa converteu-se em apreensão.

Caminhamos de volta, não para o cemitério, mas para o meu apartamento. Pedi ao pianista que ficasse ali e tomasse um banho, já que andava reclamando dos reparos mal feitos no chuveiro que tinha improvisado. Poderia tomar banho ali por quanto tempo quisesse, estava tudo bem para mim. Tudo perfeitamente bem, até eu conferir todos os outros panfletos em cima da minha cama.

Lá estavam os papéis impressos com a menina pálida de cabelos negros, que roubavam meu sono.

Peguei um deles, o que tinha seu lugar no topo. Havia um endereço suspeito e, abaixo, um horário. Com a outra mão, peguei um envelope qualquer e comecei a abri-lo, lentamente, observando o selo meio apagado.

Era evidente que eu estava sendo convidada a comparecer no tal lugar na manhã seguinte. Mas, não, arriscar não era um dos objetivos...

Não desde que aprendi a jogar do jeito errado. A esperar, a confiar, a não desesperar-se.

Eu não imaginava. Não imaginava que seguraria meus impulsos, deixando de comparecer ao endereço, simplesmente para entender exatamente qual era o jogo: o jogo era que, caso eu recebesse aquele convite para encontrar a figura encapuzada, então eu teria plena certeza de que não deveria sair. Eu acabaria ficando em casa. Certamente, não iria telefonar, nem iria assistir aulas... ou ao cemitério.

A forma mais implícita de marcar um encontro subentendido.

O remetente queria me encontrar.

O remetente tinha mais do que garantia de onde poderia me encontrar.

O remetente queria que Freddie, naquele exato horário, estivesse enfurnado nos preparativos de um maldito baile.

O remetente queria que nem mesmo um ser vivente recordasse da minha existência.

O remetente queria que eu estivesse totalmente sozinha.

E, bem, eu nunca estive tão sozinha quanto naquelas sete e cinquenta da manhã.


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