The tears of a broken heart escrita por Ayane
Sempre fui uma rapariga alegre, animada e extremamente feliz.
Estava no segundo ano do secundário e tinha começado a dar os pequenos passos no amor. Apaixonei-me por um rebelde. Um rapaz de cabelo negros como a noite e olhos cinza como a lua. A química entre os dois foi instantânea. Mas claro que nada é fácil na vida. Mara, a amiga de infância dele, detestava-me. Bastava olhar para mim para eu sentir calafrios pelo corpo todo.
– Qual é o problema daquela miúda? – perguntou-me a minha melhor amiga na altura, a Cláudia. – Ela não para de olhar para aqui com aquela cara de raiva. Só me apetece ir lá e perguntar se quer uma foto. Sempre dura mais tempo.
– Não lhe ligues – disse eu. – O melhor que podemos fazer é desprezá-la.
– Pois, mas ela não é a única a olhar para cá. O Nuno está a olhar para cá outra vez. Eu acho que ele gosta de ti Ana.
A Cláudia sempre foi uma romântica incurável. Para ela tudo se resumia ao amor. Claro que tinha namorado, e para mim, ele era perfeito. Até demasiado perfeito. Começaram a namorar há 1 ano e até agora nunca se tinham zangado. Era só mel.
– Não me interessa nada. Vamos embora? Quero ir às compras.
– Hoje não posso. Não te lembras de te ter dito que tenho um encontro?
– Ah sim, é verdade. Já nem me lembrava.
Ora aqui estava uma mentira. Eu sabia perfeitamente que ela tinha um encontro hoje. Mas eu precisava de um alibi. Sim, eu tinha segredos que nem a minha melhor amiga sonhava.
– Tu tens andado estranha. Parece que nunca te lembras de nada.
– É por causa dos testes. Ando um pouco preocupada.
– Hum. Ok então. Nesse caso, vou andando porque tenho de me ir preparar. Vais às compras sem mim e depois contas-me tudo sobre as roupas incríveis que não vou poder comprar?
Sorri para ela. Um nos nossos passatempos sempre foi passear, ver montras, experimentar roupa e não comprar nada. Sem dúvida uma boa forma de libertar o stress acumulado.
– Claro, vai lá. Diverte-te. Eu também já vou andando. – abraçei-a. Sem dúvida uma grande amiga.
– Adoro-te. Amanhã falamos ok?
Ela saiu da sala e eu fui buscar as minhas coisas. Sim, mentir é feio, principalmente aos melhores amigos. Mas há segredos que não se podem partilhar. Sorri e comecei a sair da sala em direção à biblioteca.
Não precisava de nenhum livro em especial. Estava à procura de algo diferente. Quando senti uma presença atrás de mim, sorri. Sim, há procura de algo muito diferente de um livro, algo vivo e real.
– Ah, estavas aqui. – uns braços agarraram-me por trás despejando pequenos beijos na minha nuca. – Andei doido à tua procura. Já não aguentava nem mais um segundo.
– Hum. A sério? Não parecia. Estavas todo animado a falar com os teus amigos que pensei que já nem te lembravas de mim.
Com rapidez, ele virou-me de frente para ele. O olhar dele transbordava desejo e um pouco de raiva. Sem dúvida o olhar de quem deseja muito a pessoa que tem à sua frente. Eu sentia-me da mesma maneira. Eu desejava-o e era igualmente desejada.
– Achas mesmo que era capaz de me esquecer de ti? Nunca! – beijou-me timidamente os lábios. Um toque suave mas tremendamente doce e quente. – Eu nunca me irei esquecer de ti, nunca.
– Espero bem que não. – coloquei os meus braços em redor do pescoço dele e aproximei os meus lábios aos dele e beijei-o.
O desejo suprimido durante o dia rebentou e o beijo tornou-se um selvagem, puro desejo. Estávamos colados um ao outro e nenhum tinha vontade de se separar.
Quando estávamos demasiado perto do abismo, ele separou os nossos lábios e eu só pensava: mais, beija-me mais.
– É melhor pararmos aqui. Não quero que as pessoas que estão na biblioteca vejam a minha namorada com essa cara de desejo. Apenas eu quero ver-te assim.
– Nesse caso, vamos para minha casa? Os meus pais não estão lá.
– Hum. Não tinhas de ir as compras? Eu vou contigo.
– Neste momento, a última coisa que me apetece é pensar em compras. – voltei a aproximar-me da boca dele. Um simples toque conseguia desencadear uma grande quantidade de choques elétricos pelo corpo todo. Mas ele voltou a separar-se se mim.
– Mesmo assim vamos as compras. Não faças essa cara – sorriu enquanto me limpava os lábios com o polegar. – Logo à noite eu compenso-te. Apetece-me passear contigo. Não estamos juntos muitas vezes e também me apetece levar-te a passear.
– Eu tinha outros planos muito mais interessantes. – desisti de o convencer e afastei-me um pouco dele.
– Acredito. – ele voltou a sorrir. Um sorriso digno de um deus, simplesmente perfeito. – Acredita que não me vou esquecer desse teu desejo. – deu-me um beijo rápido nos lábios húmidos e piscou-me um olho. – Fico à tua espera no lugar do costume. Não demores.
Sim, nós temos um lugar onde nos encontramos sempre, longe de tudo e de todos, porque não queremos que ninguém descubra o nosso pequeno segredo. O Nuno sempre foi um rebelde e um dos rapazes mais desejados na escola. Eu também tenho a minha fama com os rapazes, mas nunca nenhum deles me deixou louca apenas com um simples beijo.
Conhecemo-nos desde o início do ano letivo. Ele estava a ser repreendido pela professora e eu estava a sair da biblioteca. Pelos vistos, não tinha sido boa ideia pregar partidas tão perto da sala de professores, mas ele não parecia se importar. Ele estava a sorrir de forma matreira enquanto ouvia um longo sermão da professora de História. Eu passei por ele e sorri, mas fui parada pela professora.
– Ana, como está? Por acaso não precisa de ajuda a organizar os livros? Acho que lhe arranjei um voluntário.
Parei e olhei para ele. Ele não tinha vontade de me ajudar, muito pelo contrário. Ora, mas toda a ajuda é bem-vinda.
– Obrigada professora, gostaria muito de aceitar a ajuda. Recebemos livros novos e com ajuda despacho-me muito mais depressa.
Ele não gostou nada da ideia e fez questão de me fazer aperceber disso. A mim não me fez diferença alguma, ele podia olhar-me com raiva à vontade.
– Nesse caso, vá com a menina Ana. E não se volte a meter em problemas!
A professora foi-se embora e eu comecei a andar até à biblioteca. Ele seguiu-me impaciente e assim que lá chegamos eu fechei a porta e comecei a explicar o que ele tinha de fazer. Escusado será dizer que o tempo que estivemos a arrumar os livros foi pouco. Bastou estarmos os dois fechados numa sala sozinhos para que a química começa-se a aparecer. A partir desse dia soube que estava condenada.
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Espero que tenham gostado! Digam-me o que acharam ;)