Light, O Amor Nunca Morre escrita por Nynna Days


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Penúltimo capítulo amores. E quero agradecer a todos que acompanharam e espero que tenham gostado. Hope está chegando com Mellany assumindo o controle. Enquanto isso, aproveitem. E sinceramente, eu ADORO esse capítulo por causa de .....

Ah, leiam que irão descobrir.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/474431/chapter/14

Nunca fui um anjo agressivo.

Nunca mesmo. Nem quando toda a raiva queimava em minhas veias, fazendo meu sangue engrossar e ficar viscoso. Eu apenas fechava os olhos e respirava fundo. Apenas aceitava. Não discutia nem nada do tipo. Quero dizer, a solução deveria estar bem debaixo do meu nariz e eu nunca perceberia se desse a voz á raiva. Esse sempre foi o meu pensamento.

Mas não naquele momento.

Meu instinto protetor gritava em meus ouvidos, me fazendo surda á tudo a minha volta. Sentia a presença de Nicolas logo atrás de mim e tinha a leve noção de que Jeremy e Aliel também estavam me seguindo. Estava no piloto automático. Poderia culpar meus instintos de Guardiã se reavivando, mas sabia que era algo á mais. Era algo que vinha se reavivando desde que conheci os Brown. Algo que crescia cada dia que eu convivia com eles.

Era amor.

E só de pensar nessa possibilidade, ficava amedrontada e preenchida por algo que eu não sabia que era possível. E junto com esse amor, vinha um instinto protetor ampliado, que subjugava o de Guardiã. Poderia arriscar dizer que era um instinto maternal. Por isso que, mesmo nunca tendo sido um anjo agressivo, segurei o antebraço de Harper com a firmeza e a força que jamais pensei ter.

“Senhorita Crista?”, ela gaguejou. Seus olhos azuis se arregalaram mais ainda quando viram que eu não estava sozinha. Todos ao seu redor se afastaram rapidamente. “O-o que todos estão fazendo aqui?”

Só que eu não tinha tempo.

“Harper, deixe tudo isso para depois.”, larguei seu antebraço, consciente da marca avermelhada que deixei ali. “Onde está Mellany?”, levantei meu dedo, interrompendo sua blasfêmia. “Não me venha com mentiras, Moore. Sei que ela está aqui. E com Austin. Então se você não quer que essa festa acabe com uma denuncia de consumo de bebida alcoólica por menores de idade, é melhor me contar. Ou eu juro por Deus que vou denunciá-la.”

Todos ao nosso redor ficaram em silêncio. Vagamente percebi a música abaixando. Meus olhos estavam fixos em Harper. Fiz uma careta com a dor em meu peito. Harper passou os olhos pela festa, analisando as suas limitadas opções. Por fim, ela suspirou e apontou para a escada no canto da sala. Saí de lá batendo os pés, não ligando para os olhares curiosos na minha direção. Subi as escadas rapidamente dando de cara com uma fileira de portas e inúmeros casais se agarrando.

“Tenho certeza absoluta que Mellany nunca mais vai ser chamada para nenhuma festa.”, Jeremy comentou tentando aliviar o clima.

“Tenho certeza absoluta que Mellany nunca mais vai sair de casa depois de hoje.”, Nicolas disse. Ele pôs uma mão em meu ombro. “Caliel”

Seu toque e sua voz. Bastou apenas isso para o fogo que queimava em minhas veias diminuir. Fechei os olhos, saboreando aquele momento tão precioso. Senti minhas costas coçando, evidenciando que minhas asas estavam dispostas á sair e me proteger. Mas, naquele momento eu desejei não tê-las. Sabia que não precisava delas. Eu só precisava daquele toque para me manter focada. Precisava saber que tudo ficaria bem com Mellany.

Contra toda minha vontade, me afastei dele e a vagar pelo corredor atrás de qualquer vestígio da presença de Mellany. Jeremy, com seu descaramento, batia em cada porta e perguntava por Mellany. E quando via que havia interrompido algum casal desavisado apenas se desculpava e dizia para que eles usassem camisinha. Revirei os olhos, mas tive que admitir que me ajudou. Pois no final, estávamos de frente á uma última porta.

Antes que qualquer um pudesse bater, escutei alguém gritando e o barulho de algo se quebrando. Foi o bastante para que Nicolas arrombasse a porta e encontrasse sua irmã segurando sua blusa de banda rasgada contra o corpo, enquanto Austin a segurava pelos antebraços. Todos os olhares no corredor se focaram em nós e na cena que se seguiu.

Austin largou Mellany e levantou as mãos, como se dissesse que não tinha nada a ver com aquilo. Surpreendendo á todos, Mel me abraçou e manteve os braços ao meu redor. Pus meus braços ao redor dela, sentindo meu peito se acalmando lentamente ao ver que não tinha nenhuma marca visível em sua pele.

“Você!”, Austin apontou para mim e seus olhos se estreitaram. “Sempre me atrapalhando.”, deu um passo na minha direção. Senti Mellany se encolhendo. A apertei mais. “Te juro que será a última.”

Os sinais de embriaguez de Austin eram visíveis. O jeito que suas palavras saíam enroladas e lentas. Seus passos inseguros. Ele não sabia ao certo o que estava fazendo. E eu sabia que ele me bateria se pudesse. Mas, Nicolas parou á nossa frente de maneira protetora, fazendo-o pausar seus movimentos. Austin passou á mão por seus cabelos loiros e gargalhou.

“O que você vai fazer, Brown?”, ele perguntou abrindo os braços. “Sou menor de idade. Se me bater vai para a cadeia. Não posso fazer nada se não consegue segurar a irmã vadia que tem. Ela não sabe nem me pagar um...”

Nicolas deu um passo ameaçador na direção dele, fazendo-o calar a boca. Então, se lembrando de que não poderia ser tocado, voltou á rir. Tive uma leve noção das pessoas se aglomerando para ver o que a confusão se formando lentamente. Fiquei apreensiva. A raiva estava se acumulando em Nicolas lentamente, mas qualquer movimento precipitado, ele seria demitido, preso ou coisa pior.

Só que a necessidade de defender a honra da irmã era maior. Eu estava com vontade de bater em Austin. Mas não podíamos. Vi Nicolas abaixando os ombros, em sinal de desistência e se virando para nós com os olhos tristes. O volume do riso de Austin aumentou. Vi que Nicolas estava decepcionado. Ele queria provar para a irmã que poderia defendê-la, mas naquele momento estava engolindo o orgulho apenas para garantir que não sofressem com as consequências futuramente.

“Covarde.”, Austin gritou. “Não passa de um professor de merda e a irmã vadia.”, Seus olhos dilatados se fixaram em mim. “E aposto que está comendo a professora gostosa de Religião.”, riu mais ainda. “Será que ela aguenta ficar muito tempo de joelhos, Brown?”

Aquilo foi a gota d’água.

Quando eu pisque, Austin já estava no chão com as mãos no nariz. E Jeremy mantinha o punho levantado, preparado para o segundo golpe. Os olhos escuros de Aliel estavam arregalados e suas pequenas mãos na boca. Nicolas e Mellany sorriram, agradecidos. Austin gemeu e Jeremy passou a mão ensanguentada pela calça, lentamente.

“Você não sabe quanto tempo eu queria fazer isso, otário.”, ele estreitou os olhos azuis perigosamente. “Se falar dos meus amigos desse jeito mais uma vez, vou garantir que não jogue nunca mais. Nem xadrez.”

Mellany suspirou e eu sorri. Mesmo em meio á aquela confusão, eu sorri. Por finalmente perceber que Jeremy, com todos os seus defeitos, era exatamente o que Aliel precisava. Ele a protegeria, assim como ela estava incumbida de protegê-lo. Aliel deu a mão á seu pupilo e ele sorriu, beijando o interior de seu pulso. Nicolas arfou, mas se manteve em silêncio.

Minha pupila se livrou de meus braços e se ajoelhou ao lado de Austin, que ainda mantinha á mão no nariz ensanguentado. Mellany, voltando á sua pose de Bad Girl, deu um meio sorriso carregado de veneno e piscou os olhos, docemente.

“Amor.”, passou os dedos pelo braço de Austin. Então ficou séria. “Vai se foder. Está tudo acabado, seu filho da puta. Nunca mais fale comigo, ou eu juro que arranco suas bolas fora, entendeu?”. Os olhos se Austin se arregalaram, mas ele assentiu. “Que bom.”, sorriu.

Meus ouvidos queimavam, mas tive orgulho.

****************************

Observei Mellany respirando levemente enquanto caía em um sono profundo. Ela demorou um pouco á dormir por conta da culpa que carregava por deixar todos preocupados. Mas a garanti que estava tudo bem. Nicolas garantiu que o castigo dela duraria pouco. Passei os dedos por seus cabelos escuros e sorri, agradecida por estar tudo bem com ela.

Um barulho na porta fez meu sorriso diminuir. Levantei meus olhos até onde Nicolas estava e suspirei. Ainda estava com a mesma roupa de antes, mas isso não o fazia menos perfeito. Tive que desviar o olhar antes que a dor de suas palavras me atingisse novamente. Ele não me amava e eu teria conviver com isso. Levantei, passando as mãos por minha saia.

“Meu trabalho acabou.”, disse mantendo os olhos em Mellany. Meu peito se aperto. “Estou indo embora, Nicolas. Vou me certificar que Mel tenha um Guardião experiente ao seu lado e irei assumir minha posição de Sub Arcanjo no céu. Não deveria ter descido.”

Encarei-o, não conseguindo segurar o impulso. Seus olhos cinza estavam arregalados diante da minha declaração desistência. Dei um sorriso amargo. Tinha que admitir que fosse um anjo fraco. Antes, estava perto de desistir de minhas asas, agora estava desistindo de minha missão. Desistência era uma palavra doce aos meus ouvidos, naquela situação. Não iria conseguir conviver com Nicolas e saber que seu coração – e sua alma – nunca iriam me pertencer novamente.

Passei por ele, que ainda parecia congelado e desci as escadas em direção á saída. Só voltei a escutar os seus passos quando eu estava á poucos passos da porta. Minhas costas ainda estavam coçando. A liberdade queria tocar minhas penas. E eu queria libertar meu coração daquela dor. Não estava perdendo, como há 450 anos. E sim, abrindo mão. Pausei, de frente para a porta e solucei, deixando que as lágrimas tomassem conta de meu rosto.

O barulho da chuva dominou meus ouvidos, assim como o torpor dominou meu peito. Minhas mãos apertaram minhas roupas querendo alcançar meus órgãos e fazê-los funcionar novamente. Sabia que ele estava atrás de mim, mas não tinha coragem de encará-lo. Estava tudo desmoronando diante de meus olhos. Anos de existência tinham perdido á razão. Solucei novamente.

O gosto salgado das lágrimas imperou o meu paladar. O barulho da chuva reinou em meus ouvidos. E o choro comandou minha visão. Mas, meu tato era totalmente de Nicolas. Por isso que não o impedir de me puxar para o círculo de seus braços e me beijar com força. Eu merecia aquilo. Fechei os olhos e deixei que os flashes tomassem conta de minha mente, mesmo que o meu corpo estivesse atado ao presente.

“Poderíamos nos casar também.”

Olhei para Dareel que mantinha o olhar fixo nas estrelas acima de nós. Seu braço em meu ombro transmitia o calor de seu corpo para o meu. E minha cabeça estava em seu peito, então foi fácil escutar seu coração se acelerando com a proposta. O meu estava em velocidade similar.

“Dareel...”

Ele sorriu e pousou os olhos verdes em mim. Bastou apenas aquilo para que eu me calasse. Mas, em minha mente se passava tanta coisa ao mesmo tempo. Casar? Com Dareel? Eu queria ser feliz igual á Elizabeth? Meu Criador, eu queria muito. Mas, as asas que faziam minhas costas arderem era um bom lembrete que eu não poderia. Estaria privando Dareel e o deixando fadado á uma vida infeliz.

Eu tinha que largar minhas asas ou largar Dareel.

E a julgar pelo jeito que meu coração acelerou com o simples e casto beijo que ele depositou em minha testa, minha decisão era óbvia.

“Caliel”

Nicolas me puxou novamente para os seus braços, mas apenas para me abraçar enquanto nossas respirações se estabilizavam. A chuva cessou, assim como as minhas lágrimas. Eu me sentia segura, mesmo que por pouco tempo. Passei meus dedos por suas costas, sentindo os músculos se contraindo e ele suspirou.

Antes que a confusão me tomasse, Nicolas se segurou pelos ombros e me afastou o suficiente para olhar em meus olhos. Os seus estavam completamente carregados com desespero e apreensão. Mordi o lábio inferior. O que estava acontecendo com ele? Era assim que demonstrava a falta do seu amor? Me segurando com força? Beijando-me com paixão? Me fazendo cada dia mais humana?

“Desculpe, mas não posso te deixar partir.”, ele sussurrou e eu arfei. Meu coração acelerou e ele encostou nossas testas. Um pequeno sorriso escorregou por seus lábios. “Minha alma está se quebrando sem você.”, franzi o cenho, confusa com suas súbitas mudanças de sentimentos. “Eu estou cansado de mentir. Eu te amo. Mais do que deveria. Mais do que poderia. E mesmo que não fosse a reencarnação de seu antigo amor, tenho certeza que te amaria.”, ele passou um dedo por meu rosto, colocando uma mecha loira atrás de minha orelha. Fechou os olhos. “Isso é mais forte do que eu. Não me deixe. De novo, não.”

Ele abriu os olhos e eu fui tomava por todos os seus sentimentos. Era como se fôssemos ligados. Uma alma compartilhada entre dois corpos. Eu queria dizer que o amava. Desde que havia posto os meus, humanamente, inexperiente olhos nele, eu havia o amado. Queria que ele me beijasse e disse que iria ficar tudo bem. Mas era eu que tinha que lhe dar aquela certeza. Era eu quem estava indo embora. Era eu quem o estava abandonado pela segunda vez.

Era eu quem estava desistindo.

Dessa vez queria fazer diferente. Eu já estava na beira do precipício. Tinha a escolha de pular e ficar sempre na beirada. E queria pular sem asas. Toquei o rosto de Nicolas, forçando um sorriso e soube que tinha pendências antes de me deixar ser feliz. E eu seria feliz. Ele juntou a sobrancelhas, incomodado com o meu silêncio. Pressionei os meus lábios nos dele levemente e suspirei.

“Tenho que ir.”, disse.

Nicolas deu um passo para trás, como se tivesse levado um tiro.

“Depois de tudo o que eu disse você vai embora?”, questionou passando os longos dedos pelos cabelos desalinhados e balançou a cabeça. “Caliel, por favor. Não fuja de mim. Estou cansado de te ver fugindo.”

A tristeza me tomou.

“Nicolas, eu...”

“Vá.”, ele virou as costas e me encarou por cima dos ombros. “Resolva o que você quer. Estarei esperando por você, Caliel. Mas não para sempre.”

************************************

Fiz o sinal da cruz assim que pisei na igreja e andei até a imagem de Jesus, me ajoelhando. Juntei as mãos na frente de meu rosto e mantive minha mente focada. Tudo o que se passou nessas semanas, tomou conta de mim. Eu estava decidida. E não estaria fazendo nada de errado. Apenas terminando uma coisa que estava pendente há 450 anos. Eu tinha esse direito e iria cobrá-lo.

“Caliel”

Me levantei rapidamente encarando os olhos azuis de meu supervisor. Suas asas estavam ocultas, assim como as minhas. No fundo, eu gostava de Gabriel. Ele respeitava os humanos e os admirava, assim como eu. E o sorriso complacente que ele deu ao se aproximar de mim, me deu a certeza que ele era o Arcanjo certo á me orientar.

“Admito que você demorou para me chamar.”


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E o que acharam da atitude de Jeremy? E o que Mellany fez? kkkkk. E o que será que Caliel irá fazer.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Light, O Amor Nunca Morre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.