Light, O Amor Nunca Morre escrita por Nynna Days


Capítulo 13
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Quinta feira, noooooooooooooooooooovo capítulo.

E só faltam dois para a história acabar. Mas não se esqueçam que ainda tem Hope. Que eu já estou no capítulo 3. Talvez assim que eu terminar Light, já vá para Hope. O que acham?

Queria me desculpar por não ter respondido os comentários. A faculdade está me sugando e prometo que sábado irei responder a todos. Falta apenas uma semana para acabar Light. Meu Deus, buáááá;

Aproveitem o novo capítulo. Beijos.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/474431/chapter/13

O peso do meu coração se espalhou por todo o meu corpo enquanto eu voltava para a casa do padre. Tive medo de voar. Era como se aquilo não fizesse parte de mim. A amargura estava tão fixada em minha pele, que por um segundo tive vontade de arrancar pena por pena. Meus dedos tremiam e minha respiração era sufocante. As palavras de Nicolas ficavam ecoando e se repetindo em minha mente, como um disco arranhado.

E eu não sou Dareel. Tenho o direito de escolher se devo ou não te amar. E, infelizmente, eu não amo.

Ele não me amava. Eu deveria estar satisfeita, certo? Tinha cumprido meu objetivo. Estava salvando a vida de Nicolas e garantindo que ele tivesse um final feliz. Engoli a seco torcendo os lábios. Estava em estado de torpor. Minha mente tentava aceitar o que meu coração estava sofrendo para admitir. Parei por um segundo, controlando o furacão que me possuía.

Estava tudo perdido.

Sentia-me cega enquanto enxergava a verdade. Nutri um sentimento irreal e uma dor crua. Não fui capaz de seguir em frente por pura teimosia. Quantos humanos viam suas vidas serem destruídas em questões de segundos e conseguem se reerguer? Eu sempre dizia que era o anjo mais humano que existiu, mas a verdade era que os humanos eram criaturas mais superiores do que eu. Eles sabiam lidar com a dor. Sabiam ignorar. Sabiam viver.

O poste de onde eu estava parada embaixo tinha a luz precária. Ela piscou algumas vezes, como um aviso de que eu deveria seguir o meu caminho. Arrastei os pés para longe, sem me permitir olhar para trás. Eu não tinha o direito de fazer isso. Mas tinha a necessidade. Fechei minhas mãos com força, sentindo minhas unhas cravando nas palmas até que a dor física se igualasse á mental.

Não sabia quanto tempo tinha demorada até fechar a porta da casa do padre atrás de mim. Minhas costas se pressionaram na madeira enquanto minhas pernas cediam á gravidade. Passei a mãos pelo rosto até a raiz de meus cabelos e pressionei os lábios juntos, impedindo que aquele lamento saísse em forma de grito. Criador, eu queria gritar. Eu queria poder gritar.

“Caliel?”

Assustada, dei um salto de onde estava e encarei os olhos verdes estreitos de Adriel. Reprimi a vontade de bufar. Não estava pronta mentalmente para aguentar as broncas do cupido. Algo em meu peito se esquentou, se espalhando por todo o meu corpo. E não era uma coisa boa, como a que eu sentia quando Nicolas me beijou.

Eu estava com raiva. Muita raiva.

E essa raiva me fez dizer coisas que eu sabia que iria me arrepender daqui a alguns dias. Só que naquele momento, eu só queria me aliviar. Queria esquecer. Queria ter a chance de argumentar. Era injusto largar tudo aquilo em cima de Adriel, mas eu não tinha culpa. Aquele instinto era mais forte que eu.

“O que aconteceu?”, ele perguntou se aproximando.

Eu era uma bomba relógio e faltava pouco para explodir.

“Nada.”, desviei meu olhar e respirei fundo tentando me acalmar.

Só que Adriel era um anjo bom demais para perceber que eu estava á beira de perder o controle. Faltava muito pouco. Minha respiração saía em alto e bom som. Os passos de Adriel se tornaram hesitante na minha direção, mas ele estava firme na sua decisão em me questionar. Era uma péssima decisão, mas uma coisa racional para os anjos.

“Eu sei que aconteceu alguma coisa.”, ele insistiu e parou bem a minha frente. Sua voz parecia estar carregada de desgosto e tristeza. “E sei que tem haver com o humano. Aquele que é a reencarnação de seu quase pecado.”

Eu explodi.

Parecia que tinham derramado larva por todo o meu corpo. Eu estava fervendo e o meu olhar gélido em Adriel o fez recuar. Mas eu estava em meu piloto automático. Esqueci tudo o que me cercava. Esqueci-me do peso que carregava nas coisas. Esqueci até que o anjo parado á minha frente era meu amigo.

“Eu o beijei.”, as palavras se arrastaram com o mais puro veneno, o que fez o sangue em minhas veias congelar por um segundo. Os olhos de Adriel se arregalaram. “Sinto muito se fugir do seu limite, Adriel. Desculpe por ser mais humana do que você gostaria. Mas essa é minha essência. Fui criada no pecado. O pecado está dentro de mim. Sou o anjo que mais envergonha as asas que carrega. E quer saber de uma coisa? Eu não ligo.”

Quando percebi estava inclinada na direção de Adriel e mesmo sendo uns bons dez centímetros mais baixa que ele, estava assustado e seus ombros estavam encolhidos. Minha voz evoluiu de um sussurrar arrastado para gritos histéricos. Fechei os olhos, me afastando de Adriel e sentindo o arrependimento me tocando. Sorte que o padre tinha sono pesado.

Adriel ficou com a boca aberta diante da minha reação. Suspirei, sentindo-me vazia, mesmo depois de soltar tudo o que estava me atormentando desde o começo dessa missão. Adriel era como um irmão para mim, mas sua obsessão pela perfeição estava desgastando nossa amizade de séculos. Pousei meus dedos ainda trêmulos em seus ombros e tentei demostrar todo meu arrependimento em um simples olhar.

“Não precisa se preocupar comigo e com o humano.”, eu disse o fazendo levantar uma sobrancelha. “Vou abandonar essa missão. Tenho certeza que existem muitos anjos capazes de serem guardiões de Mellany. Mas eu não consigo mais ficar perto de Nicolas...”, pausei, suprindo minha dor. “Não depois de ele dizer que não me ama. Eu perdi o jogo, Adriel”, lhe dei um olhar amargo. “O Céu conseguiu o que queria. Me punir. E estou condenada á isso pela eternidade.”

****************************************

“Será que posso ter a honra de sua companhia em uma dança?”

A conversa ao meu redor se cessou com seu convite. Meu coração se acelerou ao encarar a mão estendida na minha direção. Mantive o olhar nela, sabendo que no momento em que focasse em seu rosto, todos os meus pensamentos racionais iriam se dissipar. Sussurros recomeçaram, fazendo meu rosto se tingir de vermelho. Escutei o seu riso e senti todos os meus pelos se arrepiando.

Contrariando todos os meus instintos angelicais, minha mão se fechou em torno da sua, satisfeita pela eletricidade que se passou naquele pequeno contato. Com cuidado para não tropeçar em meu vestido longo e muito bem costurado, me levantei. Enquanto nos dirigíamos até o centro da pista de dança, pude sentir inúmeros olhares queimando em minha nuca. Mas nada se comparava á sensação de estar nos braços de Dareel.

Eu estava duplamente feliz. Pelo canto dos olhos, vi Elizabeth e Derek abraçados e dançando enquanto comemoravam seu casamento. Missão cumprida. Então, respirei fundo para encarar o segundo motivo da minha felicidade. Na verdade, era a pessoa que tinha me ensinado o que era felicidade.

“Adoro seu sorriso”, ele disse e me girou.

“Você é o motivo dele, na maioria das vezes.”, confessei.

Ele deu um meio sorriso, como se já esperasse que eu dissesse isso. Senti minha pele toda formigar com a visão de seus lábios tão pertos dos meus, mas sem a audácia de aproxima-los. Seus olhos verdes pareciam queimar quando se fixavam em minhas safiras. Sentia sua mão na base de minha coluna, puxando-me contra o seu corpo e sentindo o seu coração batendo com tanta rapidez e força quanto o meu.

“Maioria das vezes?”, ele fez um bico e eu ri. “Estou muito ofendido, Senhorita Crista.”, balançou a cabeça.

Tirei um fio de cabelo escuro de seu rosto e mantive o meu olhar o mais terno e confiante possível. Eu sentia que poderia fazer qualquer coisa. Que eu poderia ser feliz. E que não precisava servir diretamente o céu para isso. Os humanos conseguiam ser independentes sem a nossa ajuda. Dareel aproveitou o breve contato de meus dedos em seu rosto e beijou o interior de meu pulso. Fechei os olhos, sentindo-me quente.

Senti-o se abaixando até que sua bochecha tocasse a minha. O calor que estava focado na palma de minha mão se espalhou por todo o meu corpo, principalmente onde ele tocava. Seu cheiro fez minhas pernas amolecerem. Graças ao Criador suas mãos eram grandes e firmes ao meu redor. Sabia que estávamos sendo vistos por muitos. E que seríamos o comentário do dia seguinte.

Mas, incrivelmente, eu não ligava.

“Vamos fugir?”, ele sussurrou. Passei a língua pelos lábios secos enquanto seu hálito batia em meu rosto. “Estou cansado de ser o centro das atenções. E não estou gostando dos olhares de alguns homens para você. Você é só minha, anjo. Entendeu isso?”

Ele afastou o rosto e deu um pequeno sorriso. Eu só conseguir assentir e deixar que ele me guiasse para longe de tudo e todos que nos julgavam. Afinal, ele era um Lorde e eu era a assistente da professora. Havia muito preconceito nos rondando. Mas era só olhar para Dareel que eu me esqueci de tudo. E quando percebi, estávamos envolvidos pelo perfume das rosas e nos aventurando por entre o roseiral.

Nosso riso era uma coisa em destaque em meio aquela escuridão que nos rondava. Eu estava viva e cada sensação inexplicável que meu corpo experimentava, era uma boa prova disso. Nos separamos apenas pelo prazer de se encontrar novamente entre tanta beleza. E cada vez que eu olhava para Dareel, mais enfeitiçada eu ficava. Não sei quanto tempo ficamos ali, e não me importava.

Dareel deve ter se cansado de me perder de vista, pois envolveu os braços ao redor de minha cintura enquanto eu estava distraída tentando encontra-lo. Aproveitando que tinha me pego com a guarda baixa, ele me puxou para o círculo seguro de seus braços. Mas nos desiquilibramos e caímos em cima de algumas rosas. Ao invés de nos preocuparmos com os espinhos, estávamos rindo como nunca.

“Eu nunca fiquei tão fascinado por alguém antes.”, Dareel disse assim que paramos de rir. Ele estava sério e roçou um de seus dedos em minha bochecha. Fechei os olhos e suspirei, aproveitando aquele toque. “Prometo que farei de tudo para que isso dure, Caliel.”

*******************************

Despertei de meus pensamentos com o som do celular. Estava sentada no telhado da casa do padre. Tinha ficado o menos possível na casa de Nicolas. Esperei Mellany dormir e abri minhas asas. De qualquer modo, sabia que ele não queria me ver. As cortinas fechadas era uma boa dica. Por isso fiquei surpreendida quando vi o seu nome brilhando na tela do celular.

Franzi o cenho e bufei. Sabia exatamente o que ele diria antes que as palavras escapassem de seus lábios preocupados.

“Mellany fugiu.”

***************************************

O som da música vinda da casa de Austin Parker me fez recuar. Ele tinha dinheiro. Isso era visível pelo tamanho do terreno que cercava e abrigava a festa. Meu estômago se revirou um pouco com a visão de todos aqueles pecados acontecendo simultaneamente diante de meus olhos. Mas antes que eu pudesse desistir da ideia de ir atrás de minha pupila, Nicolas tocou meu ombro.

Um choque se espalhou por meu corpo. Como se eu estivesse dormindo e alguém tivesse me jogado um balde de água gelada. Encarei seus olhos cinza preocupados e tentei impedir que a dor me atingisse. Mas foi impossível. Suas palavras me acertaram como uma bala. E dessa vez minha incrível habilidade de me curar não estava funcionando. Ele parecia procurar alguma coisa em mim, então balançou a cabeça e se virou para a festa.

E, infelizmente, eu não te amo.

“Não acredito que Mellany fugiu para isso”, Nicolas fez uma careta e gesticulou para a confusão de hormônios á nossa frente. “Isso é quase uma orgia.”

Parecendo se dar conta que estava falando com um anjo, suas bochecha ficaram roseadas. Eu não pude evitar que o sorriso se espalhasse em meu rosto. Ele ficava muito fofo quando estava constrangido. Passou os longos dedos pelos cabelos despenteados e tentou evitar o sorriso, mas logo ele apareceu. Então, se dando conta da situação, ficou sério.

Entrar na festa foi a coisa mais fácil de fazer. Eu tinha a aparência de uma estudante nos plenos dezoito anos e Nicolas também era novo. Alguns alunos nos reconheceram, mas outros nem ligaram para nossa presença. Ignorei os olhares luxuriosos em nossa direção e quase suspirei de alívio quando encontrei alguém conhecido.

“Loira, o que você está fazendo aqui?”, Jeremy perguntou.

Ele e Aliel estavam em um canto afastado da festa. Aliel tinha o rosto fechado e um pouco assustado. Na verdade, parecia que ela iria vomitar a qualquer momento. Mas o braço de Jeremy em volta de seus ombros lhe dava a força que ela precisava para permanecer. Pelo olhar que seu pupilo dirigiu á Nicolas, eu sabia que ela havia contato toda a história de Quase-Anjo para eles.

“Vocês viram Mellany?”, perguntei.

Aliel franziu o cenho e apenas balançou a cabeça. Jeremy ficou sério.

“Perdeu seu rottweiler, Loira?”, ele questionou. Estava pronta para dar uma resposta á altura, quando ele me interrompeu. “Eu não vi a Maluca. Mas tenho certeza que sua fiel escudeira sabe onde ela está.”

Com isso ele apontou para Harper, que estava sentada a alguns metros, bebendo com alguns jogadores de futebol. A preocupação me abateu com força. Não conseguia ver Mellany e nem Austin em lugar nenhum. Meu instinto despertou. Tinha alguma coisa muito errada. E eu tinha que correr contra o tempo para descobrir o que era.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Ih, o que será que aconteceu com Mellany? Alguém chuta?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Light, O Amor Nunca Morre" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.