Light, O Amor Nunca Morre escrita por Nynna Days


Capítulo 10
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

OIIIII, flores. Sei que hoje é sábado e que eu deveria postar o capítulo amanhã, mas só que segunda começa a faculdade e meu namorado resolveu me raptar amanhã. Fofo, não é? kkk. Então, vi que vocês adoraram o beijo e algumas pessoas ficaram em duvida do que iria acontecem.

Acho que está na hora de Caliel encarar as consequências de seus atos. Aproveitem.



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Minhas mãos tocaram o vidro frio da janela enquanto os meus olhos se mantinham fixos em Nicolas arrumando as malas dentro do carro. Suspirei, encostando minha testa na janela e sentindo como a ausência mínima do seu toque já havia me afetado. Eu tinha dado um passo mais perigoso do que há 450 anos. Passei a noite rezando, pedindo perdão e observando minhas penas caindo e se prateando.

Eu só esperava que o céu não me punisse novamente. Mordi os lábios e fechei os olhos, deixando que a apreensão tomasse totalmente conta do meu corpo. Era apenas um dia de viagem e amanhã de noite ele estaria de volta. Mas eles só precisavam de segundos. Um ataque cardíaco no meio da estrada deserta. Um pneu furado e uma distração perto de algum barranco. Um assalto mal sucedido.

Minhas unhas deslizaram pela janela, tentando me despertar daquele pesadelo. Abri os olhos, alerta ao som do motor sendo ligado. Vi os olhos de Nicolas se focando na entrada da casa. Ele suspirou e passou a mão pelos cabelos parecendo querer espantar algum pensamento. Talvez fosse o mesmo pensamento que eu. Dei um sorriso amargo. Boa sorte com isso, querido. Estou tentando por mais de 450 anos e sem sucesso.

Assim que ele acelerou, fechei os olhos novamente fazendo mais uma prece. Fiquei surpreendida por nenhum Arcanjo ainda ter aparecido e me levado á julgamento. Tantos haviam sido repreendidos por tão pouco. Tinha certeza que Gabriel estava vendo o que estava acontecendo. E que estava escutando minhas orações. Mas, por algum motivo, não estava me respondendo.

Eu não sabia se isso era um bom sinal ou não. Olhei para o relógio, percebendo que daqui a pouco Mellany iria se levantar para ir á escola. Como eu não tinha que dar aula á ela, fiquei preocupada em como ela iria. Catei meu celular na bolsa que trouxe e procurei o número de Jeremy. Ele me atendeu no terceiro toque com a voz sonolenta.

“Esse negócio de anjos não dormem é sério mesmo, hem.”, Jeremy reclamou. Revirei os olhos. O escutei dando uma risada rouca. “Mas, seu pedido é uma ordem, Loira. Pode falar.”

“Preciso que leve Mellany para a escola.”, disse pegando uma muda de roupa da bolsa. “Não tenho carro e não posso leva-la voando.”

“O.K.”, ele disse devagar parecendo analisar as opções. “Acho que é pecado negar algo á um anjo e como eu quero ter uma chance de ir para o céu, vou aceitar levar a delinquente mirim. Mas se ela fizer alguma coisa com o meu carro, eu á carrego pro quinto dos...”

“Tudo bem, Jeremy.”, o interrompi. “Ela irá se comportar.”

“Espero mesmo.”, ele limpou da garganta. “Aliel deve estar chegando. Passo por aí daqui á meia hora. Me passa o endereço, Loira.”

Passei o endereço e repeti apenas que ter certeza. Escutei o arfar dele do outro da linha e constatei que Aliel havia chego. Me despedi dele e desliguei, descendo para preparar o café. Nicolas havia me dito que Mellany sempre acordava atrasada e com a fome de cinco mendigos. Um pequeno sorriso surgiu em meus lábios com essa lembrança e suspirei sentindo meu peito se apertando de saudades.

Peguei algumas coisas e comecei a misturar. Tinha uma leve noção do que estava fazendo, por ter sido cozinheiro há 90 anos. Minhas mãos estavam no piloto automático enquanto minha mente revia as cenas de ontem. Fechei os olhos, como se aquele simples ato pudesse me fazer voltar no tempo mais do que superficialmente.

“Eu-eu sinto muito”, disse dando um passo para trás. Meus olhos estavam arregalados com tudo o que tinha acontecido. Toquei em meus lábios com a ponta dos dedos e balancei a cabeça. “Isso não poderia ter acontecido.”, estreitei os olhos. “O que você viu?”

Nicolas apenas me encarava como se tentasse encaixar as peças de um complexo quebra cabeça. Isso não se comparava ao que eu estava sentindo. Todo o meu corpo tremia de medo. Ele não poderia lembrar. Não tinha o direito de lembrar. Ele deveria esquecer-se de tudo. Assim poderia seguir uma vida normal. Ao lado de sua noiva.

Um lamento escapou de meus lábios. Seus olhos estavam dilatados, como se ele ainda estivesse preso naquela lembrança. Criador, o que eu faria? Passei a mão pelos cabelos e suspirei. Nicolas piscou algumas vezes e focou em mim. Então balançou a cabeça e deu um passo na minha direção. Por reflexo, dei um passo para trás.

“Eu...”, ele hesitou. “Devo estar cansado.”, esticou o braço na minha direção e roçou os dedos por meu rosto. Fechei meus olhos instintivamente. “Vou subir. Sinto muito por isso, Caliel.”

Sua voz era baixa e doce. Parecia preencher a minha alma. A ausência repentina de seu toque me fez abrir os olhos de súbito. Ele nem olhou para trás enquanto subia para o quarto. O observei se afastando de mim, mas sabia que tínhamos aberto uma perigosa porta.

A porta de sua alma imortal.

Quando percebi, estava parada de olhos fechados com os dedos nos lábios. Ainda conseguia sentir seu hálito fazendo minha língua coçar em expectativa. Meu corpo todo se arrepiou com a lembrança e eu sorri por meu sentir assim. Tão humana. Os passos na escada me despertaram e me fizeram terminar de arrumar a mesa de café da manhã rapidamente.

“Hey.”, Mellany me cumprimentou entrando na cozinha. Hoje ela estava com uma saia preta, uma blusa vermelha sem alças com uma jaqueta preta por cima e botas de cano médio. Seus cabelos estavam soltos e suas mechas em destaque com seus olhos azuis maquiados. “Caramba, que cheiro bom. Você quem cozinhou?”

“Sim.”, sorri ao vê-la comendo com satisfação. Enxuguei minhas mãos no pano de prato e recostei na pia. “Só coma um pouco mais rápido, porque Jeremy e Aliel logo estarão aqui.”

Isso fez com que Mellany parasse de comer de repente e me encarasse com os olhos arregalados. Dei de ombros, me virando para lavar a louça.

“Eu vou para a escola com Jeremy Read?”, Mellany perguntou, como se não tivesse acreditado em minhas palavras. “Jeremy Famoso-Pra-Caralho Read? Que é o principal jogador de futebol e namorado de sua prima, além de ser um gato?”, escondi um sorriso e assenti ainda de costas com ele. “Ah, obrigada, maninho. Por ter me deixado com essa fada.”

Me virei, encarando-a sério.

“Primeiro, não gosto de palavrões e você nem deveria dizê-los.”, o meu estômago deu uma volta ao me lembrar de suas palavras, mas mantive uma expressão séria. “Segundo, não faça nenhuma gracinha com Jeremy. Ele está com Aliel e apenas me fazendo um favor.”

Mellany levantou as mãos, como um sinal de rendição e tomou o suco de laranja em uma velocidade surpreendente. Nicolas tinha razão sobre o apetite de sua irmã. Era assustador. Ainda mastigando, ela sinalizou que iria escovar o dente. Assenti e comecei a tirar á mesa. Parei, olhando para toda aquela comida á minha frente e suspirei. Apenas algumas xícaras de chá e meu estômago não suportava mais nada.

Escutei o barulho de uma buzina soando e o grito de Mellany. Ela veio até mim como um raio, carregando a mochila e me deu um beijo na bochecha. Fiquei estática apenas a observando sair. Ainda com os olhos arregalados, toquei onde ela havia beijado e sorri. Gostava de cuidar de Mellany. E, pelo visto, ela também gostou de ser cuidada por mim.

Uma ideia começou a se moldar na minha mente.

***************************

Recostei-me no carro de Jeremy e esperei pacientemente que o sinal tocasse. Assim que a multidão de estudante começou a passar pelo portão e se dispersar para casa, consegui enxerga-los. Jeremy e Aliel caminhavam de mãos dadas e sorrindo. Mas Jeremy mantinha um braço ao redor dos ombros de Mellany, enquanto minha pupila tinha um sorriso sonhador e os olhos brilhantes.

Vi Harper caminhando um pouco atrás com a expressão fechada. O ciúme de sua amiga era uma coisa que eu conseguia enxergar sem nenhum esforço. Não vi nenhum sinal de Austin, o que me deixou aliviada. Harper foi a primeira a me ver. Cutucou Mellany e apontou para mim. Minha pupila levantou uma sobrancelha, curiosa com o motivo do meu aparecimento surpresa. Os quatro caminharam até onde eu estava e eu ampliei meu sorriso.

“Pensei que hoje fosse o seu dia de folga, Loira.”, Jeremy disse. Então limpou a garganta dando um olhar discreto para suas companhias não convencionais. “Quero dizer, Senhorita Crista.”

“E é.”, eu afirmei passando as mãos em minha calça jeans. “Apenas pensei se as Senhoritas Brown e Moore não gostariam de dar um passeio.”, me aproximei deles abaixando minha voz, como se fosse contar um segredo. “Afinal, seu irmão não proibiu que nós nos divertíssemos.”

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“Um karaokê?”

Mesmo com o tom de desaprovação na voz de Mellany, seus olhos vagavam pelo lugar com curiosidade e um pequeno sorriso brincava no canto de seus lábios. Ela queria se fazer de dura, mas a vontade de expor o seu talento era maior. Harper estava silenciosa, como sempre, apenas esperando o veredicto da amiga sobre o lugar.

“Sei que gosta de cantar.”, dei de ombros e nos sentamos em uma mesa esperando um garoto de descendência asiática terminar de cantar. Fiz uma careta. Mesmo não conhecendo a música, tinha certeza que ele estava fora do ritmo. “Então pensei que pudesse querer mostrar o que sabe.”

Mellany apenas assentiu devagar ainda observando o lugar. Tinha pedido para Daniel me indicar. Pelo canto do olho, vi que existiam mais três Guardiões ali. Eles sorriram e acenaram para mim, também me reconhecendo. E mesmo não lembrando seus nomes, eu acenei de volta, feliz por saber que não era única que tinha tido aquela ideia.

“Ok.”, Brown finalmente disse assentindo e pegando a pastas com todas as músicas disponíveis enquanto escolhia qual iria cantar. Olhou para Harper. “Você não vai me deixar sozinha nessa, hem. Estou escolhendo uma para nós duas.”

Harper sorriu.

“Sou sua segunda voz. Você acha mesmo que eu te deixaria levar todo o crédito, sozinha?”, Harper bateu com seu braço no de Mel, que riu. “Escolha uma coisa agitada. Quero ser memorável.”

Dei um pequeno sorriso, ao perceber o quanto aquelas duas se pareciam ansiosas com a ideia de cantar um público. Demorando um pouco mais que o esperado, elas finalmente optaram pela música You Give Love A Bad Name – segundo elas me falaram o nome. Então esperaram pacientemente a vez delas e subiram no palco.

Cruzei as mãos na frente do meu rosto e vi como elas pareciam confortáveis na frente de todas aquelas pessoas. Como se tivessem nascido para fazer aquilo. E suas vozes combinadas eram incríveis. E mesmo com a batida agitada, eu pude fechar os olhos por alguns segundos e aproveitar. Mellany e Harper dominavam o pequeno palco como se fosse o show de suas vidas. Era maravilhoso ver os olhos delas brilhando e seus sorrisos joviais.

Fez minha aura ficar leve. Mesmo que meu coração ainda estivesse pesado.

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“Caliel, posso te perguntar uma coisa?”

Parei meu caminho no corredor e voltei até a porta do quarto de Mellany. Ela estava sentada no computador com fones de ouvido que prontamente retirou para poder prestar atenção no que eu diria. Passei a mão por minha roupa de dormir e entrei no quarto, sentando-me em sua cama.

Tinha parte de mim que gostava daqueles momentos com Mellany. Lembrava-me como tivemos um início difícil. Mas, naquele momento, eu me sentia tão ligada àquela garota que tentava não pensar que era apenas uma missão e que em breve teria que sumir de sua vida.

Mellany era uma garota carente de carinho maternal e eu era carente de carinho de um filho. Depois de tanto ver o milagre do nascimento acontecer á minha frente, eu comecei a me sentir depressiva por não ter essa possibilidade em minha vida imortal. Do que adiantaria existir para sempre, se a noite tudo que restava era apenas a companhia das estrelas e da lua. E mesmo assim, eles sempre dividem a sua atenção com milhares de humanos.

“Não gostou do karaokê?”, perguntei.

Ela riu, virando sua cadeira na minha direção. Seus cabelos estavam trançados e as mechas azuis estavam começando a sumir. Ela passou a mão pelo pijama, procurando as palavras certas para se expressar. E, com espanto, reparei que ela estava corando.

“Eu adorei.”, ela admitiu. Balançou a cabeça e levantou os grandes olhos azuis para mim. “Mas não é disso que eu quero falar.”, ficou em silêncio novamente, hesitando. “O que você acha do meu relacionamento com Austin? Se é que pode chamar aquilo de relacionamento. Já que a maioria das vezes que estamos juntos, ele sempre tenta me embebedar e me levar para a cama. Não que eu seja virgem, mas fica chato depois de um tempo.”

Minha respiração ficou presa e meus olhos se arregalaram. Mellany ficou com o rosto mais vermelho ainda por ter revelado aquela detalhe tão intimo de sua vida. Perguntei-me se Nicolas sabia que sua irmã de apenas 16 anos – que bebia e fumava – já havia feito sexo. Criador. Pigarreie e o ar voltou a entrar e sair normalmente. Tentei não fazer uma expressão rígida e peguei em sua mão. Mellany observou aquele movimento com estranheza.

“Você é jovem, Mellany. Ainda errará muitas vezes.”, eu disse devagar, enquanto minha cabeça tentava achar mais algumas palavras que a ajudasse. “Austin não é um exemplo de bom garoto, ainda mais disso que me disse. Sei que você gosta dele, mas não deve se achar obrigada a fazer... coisas.”

Mellany deu um sorriso amargo.

“Eu não gosto de Austin.”, ela desviou o olhar por um segundo e soltou um riso irônico. “Apenas comecei a sair com ele para fazer ciúmes em outra pessoa. Mas agora é tarde demais. Ele já está comprometido e feliz.”

Demorei alguns segundos para entender as suas palavras. E quando o fiz, arfei. O rosto de Mellany estava tão vermelho que rivalizava com a blusa que ela havia vestido hoje. Ela ainda estava encarando a parede, como se estivesse esperando uma represália. Apertei sua mão levemente para chamar a sua atenção. Ela, contra a vontade, voltou a me encarar. Seus olhos estavam tristes e fiquei com medo que ela chorasse.

“Você gostava de Jeremy?”, perguntei lentamente. Ela assentiu. Suspirei. “Sei que vai parecer que estou defendendo Aliel, mas não. Mellany, Jeremy Read não foi feito para você. Muito menos Austin. Sei que vocês têm muitos pontos em comum, mas como disse antes, você é nova. Então se você não gosta de Austin, termine. Não é justo que você o iluda e o use apenas para chamar atenção de uma pessoa que só te vê como...”

“Uma estranha”, ela completou, assentindo consigo mesma. “Todos naquela escola me veem assim. A estranha rebelde que pode colocar fogo em qualquer um á qualquer momento. Eu só queria que ele prestasse atenção em mim.”

“Você não é estranha.”, eu discordei mexendo em uma mecha de seu cabelo. “Você é engraçada, bonita e muito inteligente. Jeremy apenas não te vê. Ele só tem olhos para Aliel. E logo você achará um garoto que te olhará exatamente desse jeito. Como se você fosse única.”, dei um pequeno sorriso. “Porque realmente é única.”

Mellany deu um sorriso forçado.

“Você está parecendo uma lésbica falando isso.”, riu e eu sorri junto. “Mas eu entendi o seu ponto. Mesmo que essa paixão ardente por Jeremy não passe de um dia para o outro, vou tentar procurar alguma coisa melhor. E irei terminar com Austin.”

********************************

Eram dez da noite de quinta quando Nicolas voltou. Assim que escutei o barulho de seu carro estacionamento do outro lado da rua, meu coração se acelerou em um ritmo avassalador e leve. Mas, a expressão que o acompanhou enquanto tirava as malas do carro me fez repensar toda a calmaria. Tive que me segurar para não descer as escadas correndo, como fiz quando Dareel voltou da cidade ao lado de Marienne.

Assim que pisei na sala, vi Nicolas e Mellany abraçados e ele mexeu no cabelo de sua irmã mais nova. Interrompeu a pergunta de como foi os dias sem ele quando me viu parada no último degrau com a mão no corrimão. Minhas pernas tremiam de vontade de correr até ele. Meus braços formigavam de vontade abraça-lo. Mas tudo o que eu fiz foi sorrir e ajeitar minha bolsa nos ombros.

“Espero que Mellany não tenha te dado muito trabalho.”, ele comentou enquanto me levava para casa em seu carro. Eu tentava não ficar inebriada com o seu cheiro que parecia ser puxado diretamente para mim. “Mas julgando pelo fato de não tê-la amordaçado e amarrado, acho que correu tudo bem.”

Um riso involuntário escapou de meus lábios, fazendo Nicolas sorrir e a tensão se dispersar. Seus olhos pararam em meu rosto por alguns segundos, mas foi o suficiente para me fazer corar. Diferente de sempre, ele havia prendido os seus cabelos em um rabo de cavalo, o que me deixou inquieta. Mas ficou bom nele. Seus olhos azuis pareciam as mais brilhantes estrelas da noite. Ele realmente deveria estar animado para o seu casamento.

“Então, correu tudo bem?”, perguntei, mesmo que no fundo não quisesse realmente saber a resposta.

Meu estômago se apertou já esperando a resposta. Encostei minha cabeça no vidro gelado da janela, que talvez ajudasse meu rosto a parar de esquentar. Vi as mãos de Nicolas apertando a volante com força, fazendo com que os nós de seus dedos ficassem totalmente pálidos. Tão subitamente que eu nem reparei, Nicolas freou. Quando eu iria perguntar o motivo daquilo, vi que já estávamos em frente a casa do padre Joseph. E que ele ainda estava tenso.

“Nicolas...”, hesitei antes de tocar em seu ombro. Mas fiquei aliviada com o calor que inundou minha pele, fazendo que o ato de respirar voltasse a ser algo fácil de fazer.

“Eu não consegui, Caliel.”, ele balançou a cabeça, fazendo com que alguns fios se soltassem de seu rabo de cavalo. Aquilo me atingiu mais do que eu gostaria. “Não consegui marcar a data.”, ele fechou os olhos. “Sempre tive tanta certeza do que eu queria, mas depois daquele beijo...”, ele suspirou e eu tirei minha mão de seu alcance, fazendo-o abrir os olhos e me encarar. “Pode parecer insano, mas a mulher dos meus sonhos ganhou um rosto. E é o seu rosto, Caliel.”

A tonteira tomou conta de mim e me senti claustrofóbica. Comecei a massagear minhas têmporas, impedindo que imagens invadissem minha mente sem permissão. Um lamento escapou de meus lábios e eu sabia que meu autocontrole estava no limite. Antes de Nicolas pudesse perguntar qualquer coisa, abri a porta e saí apressada. Tinha medo dos sentimentos que me inundaram. Porque eram mais intensos do que eu já havia sentido com Dareel.

“Caliel, espere.”

O barulho da porta de seu carro sendo fechada e seus passos atrás de mim deveria me fazer correr e me trancar na casa do padre. Mas sua voz tinha um poder sobre humano em mim. Minhas pernas ficaram tensas e meus passos acelerados se cessaram. Ele parou ao meu lado respirando com força. A intensidade de seu olhar deveria me fazer recuar, mas causou o efeito contrário novamente. Dei um passo à frente.

“O que está acontecendo comigo, Caliel?”, ele passou a mão por seu cabelo, soltando-o totalmente. Sua expressão era tão confusa quanto a minha era desesperada. “Sinto que você sabe de alguma coisa e não quer me contar. Sei que dei a entender que perdi minha fé ao longo dos anos, mas desde aquele beijo, eu...”

“Eu não posso.”, o interrompi. Balancei a cabeça com raiva de tudo o que estava sentindo. “Eu não posso dizer nada. Não posso fazer nada. Não posso sentir nada. Nicolas me desculpe, mas você não entenderia. Sou uma escolha errada.”, dei um passou, mas me detive olhando-o por cima dos ombros. “Na verdade, nem sou uma escolha.”

“Isso já passou do fato de escolher, Caliel.”, ele disse parando á minha frente novamente. “O que importa é que eu não consigo te tirar da cabeça, droga.”, ele passou o braço em minha cintura e me puxou contra o seu corpo. Eu arfei ao sentir seu coração tão acelerado quanto o meu batendo na palma de minha mão que estava em seu peito. “Não consigo esquecer seu beijo. E não consigo lembrar o porquê disso. É como se eu estivesse esperando isso pela minha toda.”, tirou uma mecha de cabelo do meu rosto. “Então, me perdoe se você não pode. Mas eu tenho que ter isso novamente.”

E meu corpo relaxou totalmente ao toque suave de seus lábios contra os meus.


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Notas finais do capítulo

Mais uma vez, Caliel cedeu. O que vai acontecer? E por que os céus não interferiram? Comentem e digam suas suposições.



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