Trainee's life escrita por Bilirrubina, Auria


Capítulo 8
Capítulo 7




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Melody e Larissa ficaram naquele café por um bom tempo conversando. Melody contou a ela o quanto estava se sentindo pressionada com as coisas que estavam ocorrendo tanto em sua vida acadêmica quanto em casa. Não estava sendo fácil para ela e infelizmente ela acabou descontando em quem nada tinha a ver com isso: Larissa e Nathaniel. Larissa também contou a Melody sobre Castiel e a celebridade, incluindo o que ocorrera na última noite. As duas fizeram uma promessa de que quando uma estivesse prestes a “explodir”, a outra estaria lá para impedir isso. Eram amigas e entre outras coisas, amigos apoiam e ajudam em momentos difíceis. Quando Larissa deu-se conta do horário, voltou para o escritório. Chegando à sua sala, sentou-se a mesa e voltou a trabalhar, curioso, Nathaniel olhou para ela e falou.

– Pelo jeito vocês fizeram as pazes...

– P-por que acha isso?

– Por causa desse seu sorriso bobo.

– É tão nítido assim? – ela perguntou.

Ele fez que sim com a cabeça e ela deu de ombros. Não havia como negar, sentia-se muito feliz com a reconciliação.

– O que posso fazer, ela é minha amiga. As pessoas erram e eu até a entendo um pouco. Último ano de faculdade, ela estava se sentindo muito pressionada com as provas de residência e com a cobrança da família. Ela “apenas” precisou de uma válvula de escape.

– E tinha que ser eu? – Nath perguntou ao apontar para si – E você também... – meneou a cabeça – Mesmo depois do que aconteceu você fica aí defendendo a Melody.

– Não estou defendendo, estou dizendo que a entendo. Eu falei que ela estava errada e tal. Só estou dizendo, em outras palavras, para sermos um pouco mais compreensíveis.

– Ela não foi compreensível aquele dia no restaurante.

– Eu sei, Nath. Meu Deus! Quantas vezes vou ter que explicar. Ela estava errada, ponto. Ela estava estressada, ponto final. Só isso.

– Aham... sei, Lari.

– Eu gosto dela, ela é minha amiga... E só mais uma coisa. Você a ama.

Ele não disse nada diante sua declaração.

– Por que você não dá a ela outra chance. É nítido que vocês dois se amam...

– E por que você não dá ao Castiel outra chance? É nítido que vocês dois se amam. – usou as palavras dela.

– É diferente, Nath...

– Não é.

– Claro que é, Nath... eu fui traída. É diferente, Melody só fez um escândalo.

– Você que não vê as semelhanças. Ele errou, quer pedir perdão e voltar. Melody errou, quer pedir perdão e voltar. Simples assim.

Ela ponderou as palavras deles e viu que estava certo, porém não quis se dar por vencida.

– E desde quando minha vida amorosa entrou na conversa? Eu comecei falando da Melody e agora, eu e Castiel viramos o assunto principal.

– Desde quando, Lari, você resolveu meter o bedelho na minha vida. O mesmo direito que você tem de se intrometer, eu também tenho. – ele sorriu.

– É só eu sair para vocês dois brigarem? – falou Dake ao chegar à sala – Dá pra ouvir vozes desde o corredor.

– Estamos apenas discutindo amigavelmente alguns quesitos. – Nathaniel respondeu.

– Então o que acham de voltarem ao trabalho? – perguntou.

– Claro, “papai”. – Larissa comentou, ironicamente.

– Eu vou falar apenas uma vez. – falou, sério – Não há qualquer possibilidade daquela mulher maluca estar esperando um filho meu, ok?

E irritado, entrou em sua sala. Na hora do almoço, Nath saiu primeiro e quando Dakota passou pela mesa de Larissa, convidou-a para almoçar, porém ela rejeitou o convite alegando que ficara fora durante a manhã. Ele não insistiu e saiu. No fim do expediente, quando Larissa juntava seus pertences, Dake também estava saindo e lhe ofereceu uma carona.

– Eu agradeço, mas hoje tenho que passar numa livraria aqui perto... – mentiu.

–Hum, entendo. E que tal a gente sair amanhã para jantar? – ele perguntou.

Larissa, mais uma vez inventou uma desculpa ao falar que estaria durante toda a semana ocupada. Ele sabia que não era verdade, mas preferiu dizer nada e saiu. Ela esperou alguns minutos e também deixou as D’Alambert Enterprises. Ela não tinha intenção de ir à livraria, mas antes de descer as escadas da estação do metrô, ela entrou num pequeno sebo. Saiu de lá com dois livros seminovos dentro da bolsa.

Ela tomou o metrô e o ônibus para casa e durante o caminho pensava em sua situação. Fora traída e quando finalmente estava dando uma chance ao destino, um Castiel arrependido aparecera. Na mesma noite acabou descobrindo outra faceta de Dake, que lhe agradou bastante. Por um breve momento imaginou-se com ele e aquela ideia não era ruim. No entanto, para completar sua maré de azar, no dia seguinte descobrira que ele seria pai. Eles não tinham nada um com outro e, teoricamente, a gravidez não estava confirmada, mas isso não a impediu de sentir-se triste.

Ao chegar em frente ao seu prédio viu uma moto que bem conhecia estacionada perto da entrada e próximo à porta principal, seu dono, recostado na parede com um pé apoiado nela enquanto segurava o capacete.

– Lari, precisamos conversar. – disse quando ela chegou mais perto.

– Não tenho mais nada pra falar com você. – ela sequer o olhou, abriu a porta e entrou.

Ele ignorou o que Larissa dissera, impediu com o pé que a porta se fechasse e também entrou. Como ela não queria fazer uma cena, não o expulsou nem gritou com ele. Na verdade, no fundo, ela queria ouvir o que ele tinha a dizer. Larissa chegou ao seu apartamento e sentou-se no sofá. Castiel colocou o capacete sobre a mesa de centro e sentou-se ao seu lado.

– Eu não sei por onde começar...

– E eu não tenho todo tempo do mundo, Castiel. – cruzou as pernas.

Ele engoliu em seco e passou alguns momentos escolhendo as palavras corretas.

– Eu, eu sinto muito. Eu não queria de ferir.

– Então por que você... me traiu? – era difícil para ela, falar sobre isso.

– Não foi bem assim...

– Não? – descruzou as pernas – E como você me explica aquela foto de vocês dois se engolindo? Sem contar a reportagem dizendo que você era o novo affair daquela mulher?

– Nem tudo o que aparece no jornal é verdade. – Castiel explicou – Ainda mais nesses tabloides de fofocas. A verdade nem sempre é muito rentável, como foi no meu caso.

– No “seu caso”? – ela ergueu uma sobrancelha.

– As coisas não aconteceram exatamente como estavam escritas ali, Lari. Nós nunca tivemos um caso. Chloe apareceu um dia depois de um show da banda e fizemos amizade. Ela ia a todos os shows que podia. Nós da banda e ela sempre saíamos para comer ou ir a algum lugar. A princípio eu não sabia suas reais intenções. – ele baixou o olhar – Na verdade eu desconfiava, mas estava fascinado de mais com todo aquele mundo. É tudo muito diferente do que estava acostumado, lá eu era tratado como uma super celebridade e confesso que essa sensação me subiu um pouco a cabeça. E sobre Chloe... eu deixei que ela fosse se aproximando e um dia, ela me beijou. Nada mais aconteceu depois disso, porque eu não permiti. Porque não era certo com você. E contar que uma atriz famosa tem um novo namorado estrangeiro vende muito mais do que falar a verdade, que foi apenas um beijo sem significado algum.

– Muito boa essa sua história de menino iludido com a fama. Só não explica porque você não estava atendendo as minhas ligações e nem porque você não deu uma explicação sequer ou ao menos um “aviso prévio”. Você achou mesmo que a otária aqui não perceberia nada? Você realmente achou que eu fosse tão idiota assim? – no final, sua voz ficou esquisita.

– Eu estive realmente ocupado aqueles dias e... – olhou para ela – não achei apropriado dizer isso pelo telefone.

– Então deixar que eu ficasse sabendo por um tabloide é bem melhor, né? – não pôde conter as lágrimas que escoriam pelos cantos dos olhos – Eu sou tão sem importância assim pra você? E-eu achei que era especial, mas pelo visto estava enganada. Em nenhum momento você pensou em como eu reagiria, em como eu me sentiria sendo trocada por aquelazinha. E agora vem me dizer que não era certo comigo?

Ele abaixou a cabeça e não falou nada naquele momento. Ele sabia que estava errado e se falasse mais alguma coisa, a situação só pioraria.

– Eu sinto muito, Larissa, o que eu fiz foi horrível. Me perdoe.

Desta vez, ela não falou nada e depois de um longo tempo em silêncio, ele continuou:

– Eu amo você, Lari. Eu prometo...

– Não prometa nada. – o interrompeu – Olha o que aconteceu na última vez... – secou as lágrimas com o dorso da mão – Castiel, eu já ouvi o que você tinha para falar, agora vá embora, por favor.

Ela levantou-se e foi em direção à porta, abrindo-a. Castiel pegou o capacete e também foi em direção à saída. Antes de deixar o apartamento, ele a fitou por um tempo e aproximou-se um pouco. Ela não se moveu e fechou os olhos, o que Castiel entendeu como uma permissão. Ele beijou Larissa de forma terna e gentil, como um pedido de desculpas. Ele colocou o capacete no chão e depois segurou o rosto de Larissa entre as mãos, suavemente. Seus olhos estavam vermelhos por causa das lágrimas, o que fez mais uma vez o ruivo se sentir ainda mais culpado.

– Eu sinto muito. – sussurrou ao encostar sua testa na dela – Me perdoe...

Larissa pôde sentir o perfume que emanava dele, misturado ao aroma do cigarro. O perfume era um presente que ela havia dado no último natal e isso fez emergir nela lembranças de momentos felizes que viveram juntos, como viagens, encontros, caminhadas de mãos dadas, noites que passaram abraçados sussurrando bobagens e coisas comuns, que com a presença dele, tornavam-se extraordinárias. Momentos que ela sentia falta. Muita falta.

Ela repetiu seu gesto, acariciou seu rosto e ficou na ponta dos pés para que alcançasse sua boca. Calmamente Larissa tocou seus lábios com os dela uma vez, depois outra e na terceira vez ela os entreabriu, como um convite, que ele prontamente aceitou. Enquanto se beijavam, Larissa pode sentir as mãos de Castiel em seu dorso, tocando-a leve e carinhosamente, despertando sensações que há muito estavam adormecidas. Mãos que conheciam seu corpo há tanto tempo e ele sabia muito bem o que fazer para que Larissa perdesse a capacidade de raciocinar perfeitamente. Sentiu sua mão tocando o fecho de seu sutiã e abriu os olhos, vendo a outra mão fechar a porta. Foi então que lembrou que aquelas eram as mesmas mãos que tocaram Chloe.

– Por favor, pare. – disse bruscamente.

Surpreso, o ruivo não pode esconder sua expressão confusa, porém ao ver que Larissa afastara-se dele, pegou o capacete do chão abriu a porta, e saiu. Ela fechou a porta e jogou-se no sofá, tampando os olhos com o antebraço. Deixou as lágrimas fluírem o quanto pôde. Nunca estivera tão perdida em toda sua vida. Depois da conversa e dos beijos, ela tinha certeza de que ainda o amava, e como o amava! Porém estava ferida e não conseguia esquecer o que ele fez. Amor é confiança e se toda vez que estivessem juntos ela se lembrasse de Chloe, sabia que a relação deles não iria durar.


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