A semana passou e Castiel retornou aos Estados Unidos sem uma resposta, pois Larissa sequer sabia o que realmente queria. Tinha medo de se entregar e ser traída. Tinha medo de se machucar novamente.

– Vamos, vai ser legal! – falou Nathaniel empolgado – E se ficar muito tarde, você pode dormir lá em casa.

Ela ficou em silêncio e pensou melhor sobre a proposta, dizendo ao final:

– Ok, ok. Eu vou. Te encontro às 21:00h, pode ser?

– Claro, Lari.

– Então, até daqui a pouco.

Ela ia saindo da sala quando lembrou-se de algo e falou:

– Ah, vou levar uma amiga, ok?

– E essa sua amiga por acaso seria minha ex? – ergueu uma sobrancelha.

– Hum, quem sabe? – deu de ombros e saiu.

No caminho para casa pensava nos avanços que Melody fazia em relação a Nathaniel. Ela não o incomodara mais, porém sempre dava um jeito de entrar em contato. Uma ligação “por engano”, uma mensagem de bom dia, conversas cordiais pelo Facebook. Ela estava agindo como uma amiga e já havia pedido perdão a ele. Ambos conheciam seus reais sentimentos, porém Nathaniel fazia-se de difícil. “É pra ela me dar valor”, sorria ao falar isso. Era como se estivessem de volta à adolescência, apesar de não ter muito tempo que a deixaram. Para Larissa até que era divertido, pois tinha ciência do ponto de vista dos dois e sempre que podia, dava um empurrãozinho, como o que estava fazendo.

– Shadows settle on the place, that you left. Our minds are troubled by the emptiness. Destroy the middle, it's a waste of time, from the perfect start to the finish line. And if you're still breathing, you're the lucky ones, 'cause most of us are heaving through corrupted lungs. Setting fire to our insides for fun. Collecting names of the lovers that went wrong. The lovers that went wrong…

(Sombras apareceram no lugar que você deixou. Nossas mentes estão preocupadas com o vazio. Destruir o meio, é uma perda de tempo, desde o início perfeito até a linha de chegada. E se você ainda está respirando, está entre os sortudos, porque a maioria de nós está ofegando com pulmões danificados. Incendiando nosso interior por diversão. Colecionando nomes de amantes que deram errado. Os amantes que deram errado...)

Haviam combinado de se encontrarem num barzinho novo, que tinha uma parte para as pessoas cantarem, um karaokê, sem contar que não era um lugar caro. E enquanto Larissa fazia sua performance, Nathaniel e Melody estavam sentados a mesa observando a amiga.

– Ela ainda o ama. – Melody ponderou – E a conhecendo como eu conheço, eu realmente nem sei se um dia vai deixar de amar...

– Eu sei, mas ela tem que decidir se vai lutar ou não pelo relacionamento deles.

– Eu espero que ela dê outra oportunidade a ele. – Melody bebeu um pouco de seu suco – Castiel errou, mas pelo o que ele conversou comigo, ele está muito, muito arrependido.

– Você conversou como ele? – perguntou – Quando?

– Eu encontrei com ele no hospital, acho que ele foi pegar um exame ou estava esperando alguém ser consultado, não me lembro muito bem... Por quê? Está com ciúmes? – brincou.

– Não... – Nathaniel mentiu – É que vocês não são muito de conversar.

– Ele me perguntou como Larissa estava. Eu não falei muita coisa, porque ela ainda está um pouco confusa. Ela precisa de um tempo para pensar melhor no que quer.

– Ela tem que pesar os prós e os contras pra ver se realmente vale a pena. Não adianta nada a gente ficar colocando pilha sendo que depois, quem arca com as consequências é ela.

– E nós? – ela olhou para Nathaniel e perguntou diretamente – Nós valemos a pena?

Ele pegou seu copo e o sacudiu, fitando seu conteúdo girando.

– Eu não quero ser chata e sei que concordamos em ir com calma, mas eu não quero mais ficar assim com você. Eu quero mais.

– Assim como queria da última vez? Me queria só pra você?

– Sim... Não... Ai Nath, você entendeu. Eu quero você só pra mim, mas eu sei que ciúme tem limite, eu vou me esforçar ao máximo para não me deixar levar por ele. E também, não vou descontar em você minhas frustrações. – encolheu-se um pouco na cadeira.

Ele não disse nada e tomou um gole de sua bebida.

– Volta pra mim. – ela pediu.

Por fim ele suspirou e olhou para ela. Sem nada dizer, tocou em sua mão que estava sobre a mesa, entrelaçou seus dedos, beijou o dorso de sua mão e disse contemplando-a:

– Eu volto. – sorriu.

Melody passou os braços ao redor do pescoço de Nathaniel e inclinou-se sobre ele.

– Eu te amo. – sussurrou.

– Eu te amo também, Melody. – tocou em sua franja.

Não podia conter a felicidade que transbordava nela e o beijou sem cerimônias. Nathaniel também sentia o mesmo e correspondeu ao beijo e às carícias com a mesma intensidade.

– Well I've lost it all, I'm just a silouhette, a lifeless face that you'll soon forget. My eyes are damp from the words you left ringing in my head, when you broke my chest. Ringing in my head, when you broke my chest. And if you're in love, then you are the lucky one, 'cause most of us are bitter over someone. Setting fire to our insides for fun to distract our hearts from ever missing them. But I'm forever missing him. And you caused it.

(Bem, eu perdi tudo, sou apenas uma silhueta, um rosto sem vida que você logo esquecerá. Meus olhos estão úmidos pelas palavras que você deixou tocando na minha cabeça, quando você partiu meu peito. Tocando na minha cabeça, quando você partiu meu peito. E se você está apaixonado, então você é um sortudo, porque a maioria de nós está sofrendo por alguém. Incendiando nosso interior por diversão para distrair nosso coração de qualquer saudade. Mas eu sempre sentirei falta dele. E você causou isso.)

Assim que terminou de cantar, recebeu os aplausos um pouco sem graça. Ela não sabia cantar direito, mas lá todo mundo estava para se divertir e aplaudir os que cantavam, que assim como rir deles, fazia parte do processo. Larissa voltou para a mesa e antes mesmo de sentar-se, pôde sentir o clima do casal. Sorrindo, acomodou-se na cadeira. Encarou-os com um sorriso bobo e esperou que eles falassem.

– O que aconteceu? – Nathaniel perguntou.

– Eu que pergunto. – Larissa respondeu – Vocês aí que estão num clima casalzinho...

Melody riu e falou para amiga:

– Adivinha!

– Nem é preciso... Está na cara o que aconteceu. Vocês voltaram.

Eles ficaram ali por mais um tempo, cada um cantou mais duas ou três músicas e depois, foram embora. Como a casa de Larissa era perto do barzinho, ela insistiu para que Nathaniel levasse Melody para casa e após despedirem-se, ela foi andando para sua. Estava tarde, mas as ruas estavam bem movimentadas, o que a deixava um pouco mais segura.
Faltavam cerca de dois quarteirões e ela pegou o celular. E enquanto alimentava seu Pou, não percebeu o carro que se aproximava vagarosamente, somente quando ele parou, ela o notou. Assustada, olhou para o veículo. O vidro abaixou e ela viu o motorista. Estreitou os olhos e o reconheceu.

– D-Dake? Aconteceu alguma coisa?

– Não… Entra aí que te deixo em casa. – falou ao abrir a porta.

– Eu moro ali,– indicou com a mão – não precisa...

Ele continuou parado e uma pequena fila começou a se formar e antes que alguém buzinasse, ela optou por entrar. Não disse nada e Dake pôs o carro em movimento. Quando passaram pelo prédio que Larissa falou.

–M-meu prédio é aquele ali atrás.

– Eu sei. – disse sem tirar os olhos da rua.

– Dake, o que é isso? Que brincadeira sem graça...

Ele não disse nada, o que fez Larissa sentir o desespero crescer em seu interior. Cerrou o punho para que ele não visse suas mãos tremendo.

– Eu só quero conversar com você num lugar calmo... Relaxa.