Trainee's life escrita por Bilirrubina, Auria


Capítulo 5
Capítulo 4




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– Vamos ficar só um pouco. – disse Larissa ao passar pela segurança da boate.

Ela vestia uma saia preta curta de cintura alta e uma camiseta dourada folgada. Em seus pés, saltos altos, seus cabelos soltos e levemente ondulados.

– Sim, só pra marcar presença. – respondeu Nathaniel.

Ele estava com um blazer azul claro, blusa branca, calças jeans escuras e sapatos claros.

– Olha só quem veio!

Nathaniel sentiu um frio percorrer por sua espinha. Virou-se vagarosamente para ver Gabriela, quem gritara. Ela não era feia, muito pelo contrário. De pele morena e um corpo bem feito. Olhos amendoados e castanhos escuros, assim como os longos cabelos. E pelo que percebeu, já estava sob efeito do álcool, pois praticamente jogara-se sobre ele. Larissa riu e foi caminhando com dificuldade para o bar. Estava lotado e depois de algumas mãozadas e de quase ter caído, finalmente sentou-se num banquinho. Pediu um daqueles drinks coloridos ao barman e assim que o copo lhe foi entregue, bebeu o conteúdo sem cerimônias. Era adocicado e sem muito álcool, do jeito que gostava. Fez um sinal com a mão e pediu mais um.

– Não acha que é melhor ir com calma?

Ela olhou para o lado e viu o chefe.

– Oi Dake, parabéns adiantado. – sorriu.

Ele lhe olhava de uma forma diferente e instintivamente ela levou a mão ao rosto, arrumando o cabelo e procurando alguma coisa que poderia estar errado com ela.

– O que foi? – ela perguntou, pois ele insistia em olhar para ela daquela forma – Tem algo no meu rosto?

– Não... – ele riu – É que faz tempo que você não me chama assim.

Ela olhou para o chão, desconcertada.

– V-você se lembra...

Ele colocou a mão em seu joelho, o que a fez imediatamente fitar seus olhos.

– Como eu poderia esquecer de você? Sinceramente eu nunca pensei que você pudesse ficar mais linda, mas estava enganado. Você me surpreendeu.

– Como assim? – ela bebeu o drink.

– Desde aquela época que a gente se encontrou na praia, eu já te achava bonita, mas agora posso ver que é maravilhosa.

– Obrigada... – colocou o copo sobre a bancada e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

Alguns fios enrolaram-se no brinco e ela tentou tirá-los.

– Deixe que eu te ajude.

Ele inclinou-se para frente e Larissa pôde sentir sua respiração quente em seu rosto. Com cuidado ele livrou o brinco de seu cabelo e ao invés de retornar à sua posição inicial, ficou ali bem perto, a poucos centímetros dela, como se esperasse algum sinal para que a beijasse.

Larissa estava confusa, ela não tinha ido à festa com intensão de beijar ninguém e infelizmente sempre era pega pensando no canalha do Castiel. Só que agora seu coração batia descompassadamente e a única coisa que lhe vinha à mente era se o que estava prestes a fazer comprometeria seu emprego. “Castiel que se dane”, pensou. Enquanto ele estava com aquela vadia, ele sequer pensava nela, sem contar que Larissa também tinha direito de curtir a vida.

Olhou em volta por um segundo e recuou. Todo mundo do escritório estava ali e não queria cair na boca do povo por ter ficado com o chefe. Ele também recuou, entendendo a mensagem. Dake ainda sorria, pois ao contrário das outras vezes, ele podia perceber que ela o queria e que quando uma oportunidade melhor surgisse, ela não o impedira de beijá-la. Estendeu-lhe a mão esquerda e assim que Larissa colocou a sua sobre a dele, puxou-a para junto das outras pessoas que dançavam. Eles dançaram juntos até que foram interrompidos por uma convidada bêbada que veio dar os parabéns ao anfitrião. A mulher aproveitava toda chance que tinha para tocar o loiro, o que deixou Larissa um pouco incomodada.

No que ela estava pensando? Afinal Dake ainda era “o Dake” que conhecia, porém agora as mulheres iam atrás dele e não ao contrário. Quando uma amiga da mulher chegou e comportou-se da mesma forma, Larissa deu as costas e voltou para o bar. Pediu mais um drink ao barman. Afinal era a festa dele e ele teria que dar atenção aos convidados.

– Acho que você devia ir com calma... – disse Nathaniel.

Ela levou um pequeno susto e quase cuspiu a bebida.

– De onde você surgiu? – perguntou – Você está fugindo da menina?

– Na realidade não, vim pegar uma bebida pra gente.

– Ah tá... então tá. – deu de ombros.

Ele saiu e voltou para onde estava. Ao longe ela pode ver Gabriela, que sorria debilmente. Ela já estava bêbada e bebeu o drink todo quase num gole só. Larissa olhou para o copo vazio e como se pudesse ler sua mente, o barman o trocou por um cheio. Lari sorriu para ele, que piscou o olho direito.

Enquanto ela sorvia a bebida, um homem sentou-se ao seu lado e não tirava os olhos dela. Ela ficou um pouco constrangida e sorriu timidamente para ele. Ele fez um sinal para que o barman trouxesse mais um drink para ela.

– E aí, gostando da festa? – ele perguntou.

– Sim, bastante.

Os dois jogaram conversa fora e Larissa não pôde deixar de reparar que o estranho era lindo. Tinha os olhos na cor cinza e negros cabelos curtos, jogados de lado. Ele estava sentado, mas ela poderia jurar que deveria ter por volta de 1,80m. Num dado momento ele colocou a mão sobre sua coxa, o que a fez dar um pulo no banco. Ele sorriu da mesma forma que Dake sorria e logo Larissa percebeu o que ele queria. Ele inclinou-se para frente e pela intensidade em seus olhos, ela também percebeu que ele queria mais do que ela imaginara a princípio. Ela não estava pronta para isso. Estendeu a mão e tocou em seu peito, para que ele parasse, porém ele não entendeu o gesto e puxou Larissa para si.

– A-acho melhor pararmos por aqui... – disse ao tentar desvencilhar-se.

– Por que gata? Achei que você tivesse gostando, não quer ao menos experimentar?

– Cara, até eu vi que ela não tava querendo... – Dake falou ao colocar uma mão no ombro do homem – Acho que você tá perdendo o jeito, hein? – piscou o olho para Larissa.

Sem graça, o rapaz falou qualquer coisa e saiu, deixando o lugar vago. Dakota sentou-se ali e ficou olhando para Larissa.

– Se você não queria, não devia ficar dando papo pra ele... – disse, um pouco irritado.

– Mas a gente só tava conversando... – franziu o cenho – Peraí, você tava me observando?

Ele deu de ombros e sorriu.

– Apenas fique mais atenta, ok? – ele falou.

– Ok, chefe. – ela bateu continência.

Dakota riu e voltou para a pista de dança e Larissa bebeu mais um drink. Seria melhor parar por enquanto, pois não queria dar trabalho a Nath, já que era daquelas que sempre vomitava, ficava chorando e reclamando da vida. Procurou rapidamente por Nathaniel e não o encontrou. Ele devia estar com Gabriela em algum lugar. Ela também foi para a pista e ao encontrar uma colega de faculdade, conversou um pouco enquanto dançava com ela, na medida do possível, porque a música estava bem alta.

Ao localizá-la, Nathaniel e Gabriela foram até onde Larissa estava. O loiro lhe entregou um copo de plástico, que Larissa logo viu que era cerveja. Ela aceitou o copo e agradeceu ao amigo. O grupo ficou junto por um tempo e de vez enquanto Nath e Gabriela “desapareciam” e um ou outro saía para pegar bebida. Fazia um bom tempo que Lari não ia a uma balada e apesar de não ter ficado com ninguém, sentia-se bem por estar ali se divertindo com quem ela gostava.

Já perdera a noção de tempo e um pouco da sobriedade, quando começou a tocar Wake me up.

So wake me up when it's all over

When I'm wiser and I'm older

All this time I was finding myself

And I didn't know I was lost

( Então, acorde-me quando tudo estiver acabado

Quando eu for mais sábio e mais velho

Todo este tempo eu estava procurando por mim mesmo

E não sabia que eu estava perdido)

Larissa e Nathaniel cantavam a música segurando seus copos para o alto. Aqueles versos encaixavam-se perfeitamente no momento que viviam. Com certeza se fossem mais maduros, saberiam lidar melhor com os últimos acontecimentos, porém eles só esqueceram-se de que através de experiências como essas é que se adquire a maturidade e crescimento pessoal, afinal era a forma de ensino da vida.

Como não teriam que trabalhar no dia seguinte, eles aproveitaram o máximo que puderam e no fim da noite, ou melhor, no começo da manhã, dividiram um táxi e foram para casa. O final de semana passou devagar, sem muito que fazer. Ambos esforçaram-se para não se sentirem deprimidos.

Na segunda-feira Larissa chegou antes de Nathaniel e de Dakota. Sentou-se a sua mesa e começou a trabalhar. Mais tarde, Nath faria uma apresentação sobre Coaching e ela teria que distribuir alguns formulários para que de acordo com o preenchimento deles, os novatos, assim como ela, fossem distribuídos melhor. Ela acabara de finalizá-los e só faltava enviar para imprimir.

Dake chegou e antes mesmo de entrar em sua sala, pediu que Larissa o acompanhasse. Um pouco tensa, ela levantou-se e seguiu-o. Assim que entrou na sala, por pouco não se chocou contra o chefe, pois ele havia parado pouco depois da porta.

– Feche a porta. – ordenou.

E assim ela o fez e virou-se para frente. Ele agora estava virado para ela e perigosamente perto.

– O que tem para falar comigo? – ela desviou o rosto para baixo.

Dake encostou o antebraço esquerdo na porta e com a mão direita ergueu o rosto de Larissa, para que ela pudesse encará-lo.

– Falar... – ele disse – Não tenho nada a falar com você...

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