Trainee's life escrita por Bilirrubina, Auria
– Dake... isso não parece correto...
– Por quê? Por causa do seu namoradinho que te chifrou?
– Claro que não! – explodiu – Quero mais que ele fique bem longe de mim! É p-porque estamos em nosso ambiente de trabalho...
– E você acha realmente que seríamos os únicos nesta empresa a cometermos “este pecado mortal”? – ironizou – E eu sei que você quer tanto quanto eu...
Enquanto ele falava, Larissa pesava os prós e contras, mas num dado momento decidiu jogar tudo para o alto. Não era hora de ser cautelosa, era jovem e não poderia rejeitar as chances que o destino lhe dava para dar a volta por cima. Sim, que se fosse para arrepender-se, seria por algo que ela fez e não por algo que deixou de fazer.
Ela sorriu e passou as mãos pelo pescoço de Dake e fechou os olhos. Ele se aproximou ainda mais e sorriu. Por alguns segundos ele fitou Larissa, como se quisesse guardar aquele momento em sua memória. Ele então lhe beijou no canto da boca e vagarosamente foi saboreando seus lábios, numa doce tortura. E quando ele aprofundou o beijo, Larissa não pode deixar de sentir um calor crescente. Aquilo já estava ficando perigoso, porém ela havia abandonado o bom senso quando permitira ser beijada. Dake com uma mão acariciava sua cintura e a outra estava em sua nuca. E ela, já estava perdida em pensamentos desconexos sobre os dois e o que tinha vontade de fazer enquanto as mãos moviam-se pelos botões da camisa dele.
Larissa sentiu a porta sendo empurrada atrás de si e ficou paralisada. Mais uma vez a porta foi empurrada e desta vez ela se abriu. Por sorte era Nathaniel e ela tinha certeza que ele não sairia fazendo fofocas sobre eles. Após o susto inicial, ele estreitou os olhos e fitou Dake, numa atitude ameaçadora. Dake se fez de desentendido e passou o braço direito pelos ombros de Larissa, que a essa altura estava bastante corada.
– O que você quer? – perguntou num tom irritado ao subordinado.
Nathaniel respirou fundo para não dar uma boa resposta e disse:
– Eu pensei que a sala estivesse vazia, só queria deixar estes documentos na sua mesa. – entregou uma pasta para ele – Desculpe se interrompi alguma coisa... – olhou para Larissa.
Ela estava um pouco desarrumada e engoliu em seco. Onde estava com a cabeça? Agora estava morrendo de vergonha.
–E-eu tenho que imprimir os questionários... – com essa desculpa, saiu dali o mais rápido que pôde.
Nathaniel esperou um pouco depois que ela saiu e falou com Dake, sério.
– Você sabe que ela acabou de sair de um relacionamento longo e que está ferida. Só não piore ainda mais a situação, ok?
– O sujo falando do mal lavado... – sorriu – Ou você não fez o mesmo com a Gabriela?
– Não vem com essa, eu te conheço, Dake e sei muito bem que tipo de pessoa você é. É só um aviso, não machuque Larissa.
Tendo dito isso, saiu da sala do chefe e sentou-se à sua mesa, para revisar a apresentação de slides.
Nathaniel estava falando sobre Coaching e enquanto isso, Larissa permitiu-se divagar sobre o que ocorrera mais cedo. De longe tinha sido uma experiência ruim, porém havia algo que não sabia dizer o quê, que lhe incomodava. Talvez fosse por ele ser seu chefe e poder traçar alguma impressão errada a seu respeito ou talvez fosse por causa dele ser um “ímã de mulheres”. E pelo o que pudera ver na sexta, pareciam ser um bando de periguetes. Mas o que estava fazendo agora? Desde quando virara juíza da humanidade? Ela tinha sido “boazinha” e o que lhe ocorreu? Chifre. Quem sabe ser má não fosse tão ruim assim...
– Posso saber por que está sorrindo assim? – Dake perguntou perto de sua orelha.
Ela conteve-se para não pular.
– Nada de mais... Só se eu deveria por as coisas do Castiel numa caixa ou jogá-las pela janela.
Dakota riu baixinho e cruzou os braços.
– Acho que a segunda opção seria mais divertida, mas acho que você poderia se arrepender depois.
– Por quê? Você acha que eu vou voltar pra aquele cachorro? – ergueu uma sobrancelha.
– Não disse isso, só acho que depois você poderá se arrepender de um comportamento infantil como esse.
Ela pareceu pensar na possibilidade por alguns segundos e disse:
– É você tem razão. Não vou me rebaixar. Vou é sambar na cara dele mostrando que vou muito bem e obrigada.
Ele riu novamente e sussurrou ao seu ouvido:
– Você não existe, Lari.
A apresentação terminou e sem ter como responder ao comentário, ela distribuiu os questionários. Passados alguns minutos ela os recolheu e junto com Nathaniel, voltara para sua sala. Como já era hora do almoço, não mexeram naqueles papéis e saíram. Não voltaram mais para o restaurante que Melody aparecera e fizera um escândalo e agora, já haviam escolhido outro lugar para almoçarem. Era um negócio familiar com preços bons e comida muito saborosa.
Depois de o garçom ter pegado de volta os cardápios, Nathaniel encarou Larissa por um longo tempo, até que ela interrompeu o silêncio.
– Ok, pode falar,Nath. Eu sei que você tá se coçando pra falar.
– Eu não quero te julgar, você é livre pra fazer suas escolhas, mas...
– Sabia que ia ter um “mas”. – apoiou o rosto na mão esquerda.
– Mas... – ele continuou – Eu não sei se Dake é a pessoa certa pra você.
– Peraí, Nath, foi só um beijo. Eu não tô falando que vou casar com ele. Ou você vai me dizer que pensa em se casar com a Gabriela?
– Claro que não!
– Ué, por que você negou assim? Tão categoricamente. O que aconteceu entre vocês? Achei que estavam se dando bem...
– Não aconteceu nada de mais, o problema é que ela deu em cima de mim mesmo quando eu tava com a Melody. Isso pra mim é falta de caráter.
– É...
– Mas voltando a você, eu te conheço muito bem e temo que se envolva com ele, Lari. Eu só não quero te ver sofrer.
– Eu sei, Nath e agradeço sua preocupação... Mas pode deixar que eu sei o que tô fazendo. – sorri de maneira doce – Eu não vou deixar que ele me fira, ok?
O almoço deles chegou e comeram enquanto conversavam sobre a apresentação de Nathaniel e o que poderiam fazer para a avaliação dos questionários ocorresse de uma forma rápida e simples. Voltaram para o escritório e passaram a tarde toda analisando aquelas folhas. No final do expediente, Nath foi o primeiro a ir embora e enquanto Lari desligava o computador, Dake apareceu e apoiou-se em sua mesa.
– Você sabe que dia é hoje? – perguntou.
– Sim, segunda-feira. – respondeu ao guardar suas coisas na bolsa.
–Tsc tsc... Errado. É meu aniversário.
– Ah desculpa, eu não sabia... feliz aniversário! – falou com um sorriso amarelo.
– Hum... Vou pensar numa forma de você se redimir...
Larissa cruzou os braços e esperou o que ele diria.
– Que tal jantar comigo hoje?
– Era pra ser uma punição? – ela riu.
– Não, era apenas uma desculpa mesmo... – inclinou-se – Mas fico feliz que você não encare como uma punição. Vou me esforçar para que sejam momentos muito prazerosos.
Larissa desviou o olhar e corou um pouco.
– E você vai me buscar que horas? – ela perguntou.
– Pode ser às 20:00h?
Ela confirmou com a cabeça e passou seu endereço a ele.
– Você não prefere que eu te leve em casa de uma vez?
–T-tá... – ela sorriu ao pensar que se livraria dos transportes lotados.
Eles deixaram a sala juntos e ainda havia alguns funcionários, que descaradamente olharam para os dois. Com certeza no dia seguinte haveria algum comentário maldoso correndo na empresa. Ela respirou fundo e continuou a andar. Infelizmente onde tivessem pessoas, haveria fofocas. Era só ela ignorar, afinal não estava fazendo nada de errado e não tinha uma cláusula no contrato que assinara, impedindo qualquer tipo de relacionamento entre os funcionários.
Era por volta de 20:10h quando o interfone tocou, era Dake pedindo para subir. Larissa informou seu apartamento e destrancou a porta. Enquanto esperava ele subir, foi para o banheiro terminar de passar o batom vermelho, do mesmo tom do vestido simples que usava. O único detalhe era um cinto fino marfim de fivela dourada que marcava a cintura. Com comprimento no meio das coxas e de manga três quartos, Larissa achava que não era nem recatado demais, nem indecente. Foi para o quarto e calçou os saltos da mesma cor cinto e antes que pudesse pegar a bolsa, a campainha tocou.
Ela foi abrir a porta o mais rápido que pôde. Dake estava ali parado e vestia um terno preto com um leve brilho. Ao contrário de como se vestia todo dia no trabalho, ele estava sem gravata e sua camisa preta tinha um botão aberto, revelando um pouco de sua pele.
– Maravilhosa. – disse sorrindo enquanto ela dava uma voltinha – Tudo isso é pra mim?
– Claro... É seu presente de aniversário. – brincou – Hoje você vai terá honra de desfrutar da minha companhia e com o bônus de estar num vestido lindíssimo.
– Mas tenho certeza de que você fica melhor sem ele.
– Que tal irmos logo? – desviou o olhar e tentou desconversar.
– Mas eu só disse a verdade, Larissa. Mas que seja como você quer... – deu de ombros – Vamos então, apesar de que eu preferia que ficássemos por aqui mesmo.
Larissa lançou lhe olhar de censura e pediu que esperasse um pouco para que fosse pegar a bolsa. Ele entrou e esperou sentado no sofá, com a porta entre aberta. Cruzou as pernas e abriu os braços no encosto do sofá. Por mais que ela disse que só iria pegar a bolsa, ele sabia que se tratando de uma mulher, não seria apenas isso.
Ela demorou alguns minutos ajeitando a trança lateral e dando os últimos retoques na maquiagem. Voltou para a sala e Dake colocou-se de pé. Ele passou o braço em sua cintura e beijou seu rosto, pois Larissa o virara para não borrar o batom. Estavam prestes a sair quando a porta foi aberta. Larissa não esperava mais ninguém e segurou forte no braço de Dakota.
Quando a porta abriu-se por completo ela ficou sem reação.
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