Trainee's life escrita por Bilirrubina, Auria


Capítulo 4
Capítulo 3




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– Ei, se quiser ler, vai ter que comprar! – disse o dono da banca, mal-humorado.

– Eu pago. Quanto é? – Nath perguntou, ao notar que a amiga estava petrificada.

O homem disse o preço, que Nathaniel prontamente pagou, enquanto isso, Larissa procurou um banco na rua para sentar-se. Olhava para aquela notícia diversas vezes, como se isso a fizesse acreditar no que via. Aquelas fotos não mentiam e segundo o jornalista, Castiel tinha um novo affair, uma atriz americana que ela não conhecia. Ela era loira, era a única coisa que consegui ver com aquela foto infame dos dois se agarrando. Segundo a reportagem, eles se conheceram num dos shows da turnê e foi “amor à primeira vista”.

Larissa não pode mais aguentar aquilo, dobrou o jornal e o colocou de lado. Nath já estava sentado ao seu lado e sem dizer nada, passou o braço direito por seus ombros. Ela escondeu o rosto entre as mãos e inclinou-se sobre ele chorando, até soluçava. As pessoas que passavam na rua olhavam para os dois, mas ambos pouco se importavam com isso. Ela olhou para sua mão e viu a aliança prateada reluzir. Com raiva, tirou-a de seu dedo o mais rápido que pôde e a jogou no meio da rua.

– Eu sou uma idiota! – disse.

– Calma, Lari... – ele queria poder dizer algo mais, porém ele também não estava num bom momento.

– Uma otária que caiu no papinho desse safado por tanto tempo. “Não se preocupe, eu te amo, logo vou estar de volta”. – disse imitando a voz de Castiel – Cachorro! Pegou a primeira desclassificada que viu pela frente!

Nathaniel apenas olhava para ela, sem dizer nada.

– Não teve consideração alguma comigo! – continuou – Eu fiquei aqui, esse tempo todo me mantendo fiel e aquele safado passando o rodo nos States. Ai que raiva! – fechou os punhos – Se eu pudesse eu dava um tiro nele! Um não... Vários! Aí sim ele sofreria da mesma forma que eu tô sofrendo.

As lágrimas voltaram a cair enquanto ela o amaldiçoava e falava das coisas poderia fazer contra ele, a maioria delas impróprias e que a levariam para cadeia. Obviamente que não faria nenhuma delas, mas a simples imagem de Castiel agonizando lhe dava uma sensação de superioridade. Ela sabia que estava sendo infantil e fantasiando coisas demais, ao menos era o que poderia fazer no momento, já que não poderia dar uns tapas nele e muito menos gastaria seu suado dinheiro para viajar para aonde ele estava.

Enquanto Larissa expressava sua raiva, Nathaniel pensava em Melody. Não sentia raiva dela a ponto de querer mata-la ou coisa do tipo, apesar do papelão que fizera por causa dela. No fundo, ele não sabia se sentia pena ou frustração. Pena por ela ter ficado num estado tão lastimável e ter deixado o ciúme dominá-la. Frustração por não ter percebido que ela estava afundando e não tê-la ajudado a tempo. Esperava que um dia ela voltasse ao normal. Ele não a odiava, porém não tinha condições que ter um relacionamento com ela, não com ela daquela forma.

– E-eu sinto muito, Nath. – falou ao endireitar-se e passar o dorso das mãos no rosto. – Acho que arruinei seu terno. Sem contar que você mesmo não deve estar se sentindo muito bem...

– Sem problemas... Não tenho intenção de voltar para o escritório.

– Mas e o Dakota? Não podemos simplesmente fugir, apesar de não ter a mínima vontade de voltar pra lá... Eu queria me esconder num buraco até isso passar, tenho tanta vergonha por ter sido tão burra!

– Ei, acalme-se! Quem errou foi ele e você não tem que ter vergonha de nada.

– Mas não é fácil assim... Eu sei que não devia me sentir assim, mas... Não duvido nada que eu sou a última a ficar sabendo. Eles deviam estar rindo de mim esse tempo todo! – voltou a cobrir o rosto.

– Vou ligar para o Dakota e avisar que não vamos voltar.

Ele pegou o celular e discou para o chefe. Não foi preciso muitas explicações e ele os liberou. Nathaniel segurou Larissa pelos ombros e juntos foram para o metrô. Os dois precisavam de um tempo para por a cabeça no lugar, para ficarem sozinhos e pensarem no que fariam dali em diante, mas isso seria difícil demais. Por mais que não falassem nada, apenas estar um na companhia do outro os fazia sentirem melhor, um pouco.

Eles foram para o apartamento do loiro, por ser mais perto. Larissa jogou-se no sofá enquanto Nath ia para cozinha.

– Quer beber alguma coisa? – perguntou.

– Qualquer coisa forte o bastante pra me fazer esquecer sete anos da minha vida...

– Também queria a mesma coisa... – murmurou para si enquanto tirava duas cervejas da geladeira.

Não era muito de beber, mas sempre tinha uma bebia ou outra caso tivesse vontade. Voltou para a sala e entregou a garrafa verde para a amiga.

– Acho que só essa não vai fazer efeito. – falou ao pegar a garrafa.

– Eu sei... Mas é o que tenho em casa. Se acabarmos com minha “adega”, é só ligar pro bar aqui em frente que eles entregam.

– Nath cliente VIP. – ela riu e deu um leve tapa em seu braço.

Ela ergueu a garrafa e esperou que Nathaniel fizesse o mesmo para então bater uma contra a outra, fazendo um barulho agudo.

– A nossas vidas miseráveis!

Como Nathaniel previra, seu estoque foi embora e tiveram que pedir para entregarem mais bebidas. Eles passaram a tarde e a noite todas murmurando sobre seus relacionamentos e falando mal de seus ex-namorados. Isso não mudaria em nada a situação, porém de alguma forma isso permitia que eles tirassem o peso sobre seus corações.


Na manhã seguinte, acordaram na sala em meio a várias garrafas vazias e com uma forte ressaca. Nathaniel olhou para o relógio e viu que tinha tempo. Como se o mundo estivesse em suas costas, levantou-se e foi pegando o lixo. Larissa fez o mesmo e enquanto Nathaniel passava um café, ela foi tomar banho. Teria que usar as mesmas roupas do dia anterior. Voltou para a cozinha alisando a manga de sua blusa e disse:

– Sua vez agora, Nath.

Ele olhou para ela e constatou o péssimo estado de suas roupas.

– Se quiser, tem algumas roupas da Melody aqui.

Ela fez uma careta.

– Bom, – ele continuou – pelo menos você não parecer que dormiu na rua...

– Estou tão mal assim?

Ele fez que sim com a cabeça.

– Ok, eu aceito, só não espero encontrar com ela. – fez uma careta.

– Pode ficar tranquila, porque nessa hora ela já está chegando no hospital.

Nathaniel disse onde Larissa iria encontrar as roupas e depois foi tomar seu banho. O café preto ajudou-os a ficar um pouco mais despertos, mas suas expressões de derrota ambulante não mudaram nenhum pouco. E ao chegar à empresa, todos perceberam que tinha algo errado com eles.

– Vocês estão bem? – Dake perguntou ao entrar na sala – O que aconteceu ontem?

Larissa e Nathaniel entreolharam-se desanimados e ela começou a falar:

– Bom, estamos solteiros. – forçou um sorriso – E não foi uma separação amigável. Mas vamos deixar isso de lado, pois temos muito que fazer hoje, não é chefe?

Dakota olhou para ela por um tempo e depois saiu, meneando a cabeça.


Os dias passaram-se e aos poucos os ânimos foram voltando ao normal. Bom, era o que eles deixavam transparecer, porque por dentro estavam destroçados. Ninguém tinha alguma coisa a ver com isso e para evitar mais comentários e olhares com pena, tanto Nath quanto Lari colocaram suas máscaras. Continuavam sorrindo e levando a vida como se tudo estivesse em seu devido lugar, só eles sabiam o quão difícil era chegar em casa e encarar-se no espelho. As situações eram distintas, no entanto isso não impediu que saíssem igualmente feridos.

Era sexta-feira e foi Dake que quis por um fim naquela farsa.

– Olha, eu sei que é cedo, principalmente para vocês que sempre foram tão certinhos... Mas tá na hora de se animarem. Bola pra frente, gente!

Larissa tirou os olhos do computador e fitou para o chefe por cinco segundos, depois voltou a atenção para o que estava fazendo.

– Não sei o que quer dizer com isso, – Nathaniel sequer tirou os olhos dos papeis – mas não vamos fazer sei lá o que você quer.

– Você é muito chato. – disse ao dobrar um dos papeis e jogar um aviãozinho nele – Nem sabe o que vou dizer.

– Então diga logo, porque você nos passou bastantes coisas pra fazer, chefe. – Larissa ironizou a última palavra.

– Meu aniversário é semana que vem, mas quero comemorar hoje. Estou convocando vocês para irem.

– Hum... – ela olhou para o amigo – Não vejo problema passarmos na casa dele, né?

– Sim, só pra marcar presença mesmo. – falavam como se Dake não estivesse ali.

– É só dizer onde você mora, chefe. – ela finalmente olhou para ele por mais que cinco segundos.

Ele iluminou seu rosto com um sorriso.

– Não vai ser na minha casa. Vai ser no The Glow.

Dessa vez foi Nathaniel que olhou para o chefe. Aquela era a balada mais cara da cidade e só receberiam no fim do mês. Nathaniel e Larissa suspiraram.

– Ai meu cartão de crédito... – falou baixinho.

– E como já disse, – o chefe continuou – é uma convocação e vocês não podem faltar. Vejam pelo lado bom, vocês vão poder se divertir, prestigiar o meu aniversário e ainda consolidar as relações entre as outras pessoas da empresa.

– E você chamou todo mundo... – disse um desanimando Nathaniel , já sabendo as reais intenções do chefe.

– Claro, incluindo da Gabriela do RH. – piscou o olho direito.

No aniversário do ano anterior Nathaniel foi sozinho à festa porque Melody teve prova no dia seguinte e essa Gabriela não o deixou só por um segundo sequer. Mesmo ele dizendo que não era solteiro e que amava a namorada.

– Claro, como ela poderia faltar? – ironizou.

Larissa riu, pois sabia da história muito bem.

– E eu, também vou ter um “prêmio de consolação”? – brincou.

– Para você... Vamos ver o que o destino aguarda. – ele riu e entrou em sua sala.

Esperaram um pouco e falando baixo confirmaram mesmo se iriam. Não estavam no clima, porém não poderiam fazer essa desfeita com Dake, que ao seu modo estava tentando animá-los um pouco.


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