Trainee's life escrita por Bilirrubina, Auria


Capítulo 3
Capítulo 2




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– Eu vou fingir que não ouvi isso, Melody. – disse Nathaniel ao franzir o cenho.

– Bom, eu espero que não esteja se referindo a mim, Melody... – Larissa completou, um pouco sem graça.

Melody nada respondeu enquanto andava a passos largos, com seus olhos azuis faiscando de ciúme. Muito ciúme. Antes que o vexame começasse, Larissa saiu furtivamente, em direção ao metrô e pensava no casal de amigos no caminho para casa. Eles se amavam, porém Melody sentia um ciúme descomunal por Nathaniel. Não que o loiro não valesse a pena, até pelo contrário, Nath era uma ótima pessoa. Porém ele não dava motivo algum para a atitude da morena. Apesar de Castiel sempre ter feito sucesso entre o público feminino, Larissa nunca se comportara como Melody. Sentira ciúmes sim, mas não dessa forma tão exacerbada.

Como esperado tanto o metrô quanto o ônibus estavam lotados e Lari não pode sentar nem por um momento. Já em seu apartamento vestida com uma camiseta branca e shorts jeans velhos, depois de ter tomado um banho bem relaxante, ela pegou o celular para verificar mensagens e chamadas perdidas. Nada. Nem uma ao menos. Discou o número de Castiel e não obteve resposta. Estava começando a ficar preocupada, pois já fazia dois dias que não se falavam. Ele avisara que ficaria muito, muito ocupado pelos próximos dias, mas ela ainda tinha esperanças de trocar algumas palavras com ele. Ah, como sentia sua falta...


Na manhã seguinte, ao entrar em sua “sala”, percebeu que era a primeira a chegar. Isso era estranho, pois conhecia bem Nathaniel e ele era do tipo que chegava primeiro que todos. Talvez a briga dele com Melodytinha sugado suas energias. Larissa não ligara para o amigo, porque sabia e muito bem que depois de brigas o melhor era ficar um pouco sozinho, para por a cabeça no lugar.

– Bom dia Lari... – disse um esgotado Nathaniel.

– B-bom dia. Você tá bem?

– Na medida do possível... – disse ao se jogar em sua cadeira, pondo sua maleta em cima da mesa.

– Foi tão feia a briga? – ela levantou-se e foi para perto dele, apoiando-se em sua mesa.

– Pelo o que já fiquei sabendo, foi horrível... – disse Dakota ao passar pela porta – Poxa, eu não sabia que “aquele” tipo de garota fazia seu estilo. Para mim as quietinhas combinavam mais com você, Nathaniel.

Larissa olhou curiosa para os dois e como se pudesse ler sua mente, Nathaniel falou:

– Melody fez um escândalo em frente à empresa e durou algum tempo até que eu entendesse que não adiantaria nada conversar com ela.

– E depois de vários gritos histéricos, – continuou Dake – ele a deixou falando sozinha, o que eu já teria feito há muito tempo...

– V-você deixou Melody falando sozinha Nath?! – Larissa não podia acreditar na atitude dele.

Ele era extremamente gentil, mas para tudo havia um limite e para Nathaniel ter alcançado o dele, significava que Melody fizera uma cena digna de um Oscar.

– Larissa... – ele levou a mão esquerda à testa – Você não imagina o ataque de ciúmes que ela teve... Começou insultando a secretária e foi parar na Kim...

– Na Kim! Como assim? Kim e você nunca...

– Pra você ver... Pra você ver... Melody tem se tornado muito ciumenta ultimamente. Temo que isso beire a obsessão.

– Mas vamos deixar isso de lado – disse o chefe – Temos muito trabalho pela frente e você, – apontou para Larissa – ainda tem coisas pendentes de ontem a fazer.

– Sim, Dakota, irei terminar o quanto antes...

E assim a manhã toda passou. Lari e Nath atarefados, sem contar o celular dele que insistia em tocar. Era Melody, talvez queria lhe pedir desculpas, porém ele ainda estava muito irritado com o que acontecera no dia anterior, optando por não falar com ela por enquanto.

– Vamos almoçar, Larissa? Depois terminamos isso... – disse com uma expressão de cansaço.

– Claro, Nathaniel, estou morta de fome.

Dakota tinha saído alguns minutos antes, deixando os dois sozinhos na sala. Eles também saíram e escolheram comer em um restaurante a três quadras da empresa. Com certeza o chefe não comeria ali, não pelo lugar ser de má qualidade, mas por Dakota preferir frequentar lugares mais requintados e consequentemente, mais caros. Larissa e Nathaniel ainda não podiam desfrutar desse luxo.

– Vai pedir o quê? – perguntou o loiro ao visualizar o cardápio.

– Hum... – colocou o dedo no queixo – Não sei... Talvez esse combinado 2. Será que é bom?

– Sim é uma delícia, o filé de frango é bem macio, sem contar que as batatas ficam no ponto. Eu vou pedir o combinado 5.

O garçom apareceu e pegou os pedidos, levando embora os cardápios. Nathaniel estava um pouco aéreo, olhando para a rua através das grandes janelas.

– Você acha que vai ficar tudo bem entre vocês? – Larissa interrompeu seus devaneios.

– Sim, espero que sim. – voltou a atenção à amiga – Mas antes, temos que ter uma longa conversa e... Seu queixo está sujo de caneta, Lari.

– O quê? Mas como?

Olhou para as mãos e viu manchas de caneta azul nos dedos.

– Mas como eu não percebi? Ai droga, minha caneta estourou... – falou ao passar um guardanapo no queixo – Saiu?

– Não.

Ela repetiu o gesto.

– E agora? Saiu?

– Ainda não, me dá isso aqui...

Ele tomou o guardanapo de suas mãos e limpou seu queixo.

– Agora sim, tá limpinho.

– Muito obrigada, meu herói. – Larissa gracejou e ambos riram.

Foi então que notaram a presença de uma morena de olhos azuis nenhum um pouco feliz olhando-os pela vidraça. Enquanto Melody dava a volta para entrar, Lari pôde ouvir Nathanielxingar baixinho.

– Agora entendo porque você não me atende... – disse com o celular em mãos – Você simplesmente arrumou alguma coisa mais importante pra fazer. – completou com desgosto na voz.

– Melody, sem show, por favor. – Nathaniel falou ao levantar a mão esquerda para ela.

– Sem show?! O meu noivo não atende minhas ligações e tem um encontro com uma qualquer – apontou para Larissa – e eu não posso falar nada?!

– Epa, espera um pouco ai Melody! – Lari controlou-se para não se pôr de pé – Você sabe muito bem que não sou uma “qualquer”!

Nathaniel olhou para ela e fez um sinal para que se acalmasse e que ele iria resolver a situação com Melody, afinal a briga era entre eles e Larissa não tinha nada a ver com isso, infelizmente por um capricho de destino ela estava ali e teria que presenciar tudo.

– Melody, – ele ficou de pé e tocou em seu braço esquerdo – vamos conversar em outro lugar.

– Não! – ela se livrou-se dele – Eu vou falar tudo o que tenho pra falar e vai ser aqui e agora!

Ela beirava as lágrimas e surpreso com sua atitude, Nathaniel não fez nada. Não que ela tivesse agido de forma diferente no dia anterior, mas ele esperava, no fundo, que ela não fizesse mais aquilo. Estava errado.

– Eu estou cansada! – ela continuou – Nathaniel, eu não sei se você é ingênuo e não percebe ou se realmente você gosta. Todas essas mulheres dando em cima de você e você aí... Agindo como se fosse o tal! Você não tem ao menos respeito por mim? Eu que durante todo esse tempo estive ao seu lado, te apoiando, te encorajando, desperdiçando meus dias contigo. Não! A Melody aqui só serve mesmo para ouvir suas reclamações e para servir de sua amante. O pior é que nem sei se sou a única a fazer isso... Desde o começo do nosso namoro eu venho achando que era apenas coisa da minha cabeça, mas a cada dia que passa eu vejo outra mulher correndo atrás de você! E tem essa aí. – olhou com raiva para Larissa – Ela nunca largou do seu pé! E mesmo tendo um namorado. Garota, você não se toca?! Não fique andando que nem um cachorrinho atrás do homem dos outros. Vai atrás do seu! Você nem sabe o que ele anda fazendo e fica aí monopolizando o meu.

– Já chega. – Nathaniel finalmente interrompeu a verborreia de Melody – De todas as asneiras que você falou, uma você tem razão. Você está cansada e eu também. De tudo isso. Chega do seu ciúme doentio, estou farto disso. Vamos embora daqui, Larissa.

Ela levantou e foi andando com ele em direção à saída.

– Então é assim?! – Melody gritou de onde estava, já chorando copiosamente.

– Melody, você é quase uma médica, você devia saber que precisa se tratar.

Nathaniel e Larissa deixaram o restaurante e caminharam um tempo sem falar muito. O clima estava pesado e o esgotamento era visível em seu rosto.

– E-eu sinto muito, Nath. – ela quebrou o silêncio.

Ele nada falou, apenas sorriu de forma triste. Ela sabia que nada que pudesse dizer poderia fazê-lo sentir-se melhor. E ela sentia muito mesmo, pois tanto Melody quanto Nathaniel eram pessoas muito especiais para ela e mesmo que aquelas coisas tivessem sido ditas num momento de fúria, ela sentia um pouco de culpa por seu relacionamento com o loiro ser do jeito que era. “Irmãos com pais diferentes”, era o que sempre diziam quando perguntavam se eram namorados. Ela não percebia, mas Melody quando ouvia isso, ficava um pouco triste. Se ela tivesse percebido antes...

– Não se culpe,Lari. – ele leu seus pensamentos – A culpa é minha e da Melody, você nada tem a ver com isso.

– Mas Nath... Sei lá, estou me sentindo como o “pivô”. Eu não imaginava que ela pensava que eu e você...

– Nem precisa completar. Melody mudou de uns tempos pra cá, no fundo ela só queria alguém em quem por a culpa, que de certa forma é um pouco minha por não ter tomando uma atitude antes que acabasse assim.

– Não, Nath, não teria como adivinhar. Melodynão – parou de falar de repente.

Larissa deu dois passos em direção à banca de jornal em que estava perto e com a mão direita pegou um exemplar de um tabloide de fofocas. Ela não poda acreditar no que via. Não era a manchete, mas era uma notícia em destaque na primeira página. Viu a página da notícia e abriu o jornal avidamente. Não podia ser... Aquela foto não mentia e ela não podia acreditar no que via.


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