Trainee's life escrita por Bilirrubina, Auria


Capítulo 2
Capítulo 1




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Ela teria que correr muito... Era seu primeiro dia e havia acordado atrasada. Se perdesse o ônibus que estava do outro lado da rua seria sua ruína.

– Espera!!! – gritou para o motorista.

Ele ouviu e Larissa atravessou a rua correndo e dessa mesma forma entrou no ônibus. Pagou a passagem e de pé ficou apoiada numa barra de metal. Como esperava, estava lotado, mas isso pouco importava, ela finalmente estava indo para a D'Alembert Enterprises. Larissa formara-se em Administração no final do ano passado e depois de um longo processo de seleção, finalmente começaria na empresa. Sua empresa dos sonhos.

Era isso que mantinha em mente enquanto era amassada e jogada de um lado a outro no ônibus. Desceu na parada e imediatamente atravessou a rua e entrou no metrô. Como não morava perto do trabalho, tinha que pegar ônibus, depois o metrô e andar mais 200 metros até chegar ao seu destino. Era uma odisseia, porém com a mente focada, Larissa deixava tudo de lado e pensava em como trabalhar para o Sr. D'Alembert seria uma experiência rica e gratificante. Com o tempo compraria um carro ou quem sabe uma moto, como Castiel preferia.

Ah Castiel... Não o via há três meses e apesar de se falarem sempre que ele podia, a saudade era tanta que Larissa sentia um aperto no peito toda vez que se pegava pensando nele. E algumas vezes ela sequer podia suportar isso sozinha. Nessas horas Nathaniel e Melody estiveram com ela para ajudar. Apesar de eles serem namorados, Larissa não se sentia mais só por isso, porque eles sempre sabiam como animá-la.

Finalmente ela chegara ao seu destino e agora, observava o imponente arranha-céu com todas suas janelas de vidro brilhante, bem como o nome “D'Alembert Enterprises” gigantesco no topo do prédio. Era impossível não conter a alegria de finalmente trabalhar ali, mesmo sendo uma simples trainee. Alisou sua saia cáqui e depois levou a mão aos fios alaranjados, que estavam presos num coque simples. Segurou firmemente a bolsa e voltou a andar, dessa vez em direção à entrada. Seus sapatos não faziam o costumeiro toc toc que tanto lhe irritava, o que a deixou um pouco mais confiante.

Apresentou-se na recepção e recebeu seu crachá. De lá, rumou para uma antessala, onde outros colegas já estavam esperando. Pelo o que pôde perceber, estavam todos ansiosos por estarem ali. A porta abriu-se e ela viu um loiro conhecido.

– Bom dia. – ele começou – Meu nome é Nathaniel e assim como vocês, sou trainee das D'Alembert Enterprises. Antes de qualquer coisa, vou apresentar o lugar a vocês.

O pequeno grupo seguiu o rapaz, que calmamente dizia as informações pertinentes a cada setor. Ele tinha a mesma formação de Larissa e ela sentia-se um pouco mais segura ao saber que o amigo estava por perto. As instalações eram típicas de escritórios, com aquelas divisões e várias mesas com computadores, porém Larissa estava achando tudo aquilo lindo demais. Ela estava encantada e a cada novo ambiente que Nathaniel mostrava, seus olhos brilhavam um pouco mais.

– Então estes são os novatos? – disse um loiro com cabelos um pouco mais compridos, ao sair da uma sala.

Larissa olhou bem para ele e pareceu conhecê-lo de algum lugar. De algum lugar do passado... Foi então que percebeu seus olhos sobre ela. Ele mantinha um sorriso e olhar sedutores. Ela olhou para trás e viu que era a única mulher naquela direção. As outras já tinham ido para perto dele e puxavam assunto com o “senpai”. Nathaniel observava tudo com uma nítida expressão de desaprovação.

– Vamos continuar de onde paramos. – Nathaniel falou mais alto.

A visita continuou por mais meia hora e ele os levou até uma sala de conferências. Nathaniel, através de uma apresentação de slides, explicou a eles como seriam divididos e que ficariam em determinados setores principais da empresa, sendo observados e orientados por profissionais mais experientes. Ele mostrou a foto de cada um dos “preceptores” e Larissa ficou chocada quando reconheceu o loiro de cabelos compridos. Ele se chamava Dakota D'Alembert e só de ver “Dakota”, ela lembrou-se de onde o conhecia.

Há muito tempo que não o via e dava graças a Deus por isso. A primeira vez que se encontraram, foi um dia numa praia. Ela tinha ido com Nathaniel e sua irmã, naquela época ainda não namorava Castiel e Dake, como ele preferia ser chamado tinha dado insistentemente em cima dela. Depois, foi numa corrida da escola. Ela já estava namorando, mas a história continuou a mesma. Nessa ocasião Castiel foi um tanto rude com o loiro e nunca mais eles se viram. Até agora.

Larissa tirou uma foto das divisões projetadas na parede e quando abaixou seu smartphone, notou que ela estaria no setor de Coaching, o setor de Dakota. Não seria profissional deixar que assuntos pessoais influenciassem sua vida ali. Respirou fundo e contou até mil mentalmente, esperando a apresentação de Nath terminar, já que não foi mais capaz de prestar atenção em nada. Isso não era bom. Todos ficaram de pé e foram indo em direção aos seus devidos lugares. Nathaniel desligava o projetor e Larissa foi até ele.

– Você vai ficar comigo, Lari. – disse Nathaniel – Ou melhor, Larissa.

Ele sorriu de uma maneira serena e ela fez o mesmo.

– Vai ser um pouco difícil não te chamar de Nath, mas vou tentar...

– Não se preocupe, você vai ter tempo. – ele abriu a porta.

– Eu sei, você disse que escolheu coaching e por isso, sei que estou com você, mas quem mais está na equipe com a gente?

Enquanto eles andavam, Larissa percebeu que o amigo pareceu um pouco hesitante, o que a fez levantar uma sobrancelha.

– Você vai ver quando chegarmos à nossa sala...

– Nath, você parece estar pisando em ovos, não vai me dizer que é ele?

Com um sorriso tímido, ele deu sua resposta. Larissa parou um pouco e passou a mão nos cabelos. Ela não estava acreditando, se não bastasse trabalhar no mesmo lugar, agora teria que ser da mesma equipe? Bom, ao menos seria temporário. “Temporário”, repetia a si mesma mentalmente.

– Você está bem? – perguntou Nathaniel ao tocar em seu cotovelo.

– Sim... – disse desanimada – Nem todos nós podemos escolher com quem trabalhar...

– Espero que isto não seja direcionado a mim...

Ambos olharam para trás e viram Dakota caminhando em sua direção.

– Espero que nos demos bem. – ele continuou, olhando para Larissa – E é melhor vocês dois pararem de papo e irem logo trabalhar.

Ele passou pela dupla e tomou o elevador. Nathaniel fez um gesto com a cabeça, indicando que teriam que acompanha-lo. Os três tomaram o mesmo elevador e o silêncio se fez entre eles. Atrás dele, Larissa observava as costas de Dakota. Ele ficava bem com aquele terno grafite, que na certa era de alguma grife famosa, ao contrário de Nath, que estava na mesma situação que ela. Estavam formados, porém o salário ainda não era tão bom assim. Seu amigo era um pouco menor e tinha um semblante mais ameno do que o chefe, que claramente parecia impetuoso.

Os anos fizeram bem ao seu chefe, concluiu. Ele perdeu um pouco do bronzeado e de peso, dando-lhe um ar mais elegante. Ele sempre fora bonito, só que conversar com ele estava fora de cogitação de tão egocêntrico que era. Agora, pelas poucas palavras que trocaram, ela notou que Dakota amadurecera, ao menos um pouco e pelo visto, nem fizera menção ao passado. Isso era ótimo.

Depois de passarem pela sala da secretária, finalmente chegaram à sua própria. Dakota tinha uma sala, ela e Nathaniel não. Aliás, eles tinham uma, mas a dividiam. Havia duas mesas num mesmo ambiente e Lari percebeu que seriam apenas eles a trabalharem ali. Era um ambiente bem decorado num estilo moderno com várias cores nos quadros e alguns objetos espalhados pelo local, como o peso de papel pink sobre sua mesa, pelo qual ficou apaixonada. Era de vidro e dentro havia várias florezinhas que davam cor a ele.

– Sabia que você ia gostar desse... – comentou Nathaniel.

– Foi você que comprou, né? – ela pegou o objeto para vê-lo mais perto.

– Sim, eu e Melody. Eu paguei, mas ela que me ajudou a escolher.

– Sério que você deu um peso de papel para ela? – Dake, que havia entrado em sua sala, apareceu à porta – Ainda bem que você é “casado”, porque se ainda tivesse que conquistar alguém...

– É melhor eu nem retrucar, é perda de tempo... – disse Nathaniel depois de revirar os olhos.

Larissa ateve-se a rir dos comentários. Ambos estavam certos. Nathaniel era um amor, mas no quesito sedução ou entendimento de mulheres, um fracasso. Conheciam-se há muito tempo e ela podia garantir que ele dera sorte em encontrar Melody, que era bem parecida com o namorado. E sobre Dake, pelo visto discutir com ele ainda era inútil.

– Bom, vamos ao trabalho...

Dakota explicou superficialmente como funcionava o departamento e de sua importância vital. Ele tinha na equipe apenas quem ele achava capaz, no caso Nathaniel e de quebra, Larissa. Ela se sentiu importante com isso e deixou escapar um sorriso. A equipe era reduzida porque ela funcionava como o “olheiro” da empresa e por isso somente pessoas de sua confiança faziam parte dela. No começo, era apenas ele, Dakota, mas como o trabalho tornou-se grande demais para ele sozinho, Nathaniel estava ali. Pelo o que ela entendeu, os dois queriam que ela permanecesse com eles. Ainda era muito cedo para ela decidir se realmente queria ser desse ramo, mas ficava feliz que os outros pudessem reconhecer sua competência.

No final do dia, Larissa estava a mil com o que tinha que fazer. Nathaniel estava guardando suas coisas e ela percebeu que teria que ir, por mais que deixasse trabalho para amanhã. Afinal, era humanamente impossível fazer tudo que o Dake lhe pedira em um dia.

– Ok, – suspirou – vamos embora, Nath.

Ela organizou sua mesa e juntos, deixaram o prédio da empresa. Era um fim de tarde lindo e o Sol pintava o horizonte com os mesmos tons alaranjados de seu cabelo, que era bagunçado por uma leve brisa. Nathaniel mexia no celular enquanto ao longe ela viu uma mulher correndo. Era a secretária.

– Nathaniel! – gritou para que parassem.

E assim fizeram.

– O senhor esqueceu estes documentos que o Sr. D’Alembert pediu para que revisasse.

– Oh... Me desculpe. – pegou a pasta de suas mãos – E muito obrigado, Clarisse.

– Por nada. – ela sorriu e foi embora.

Nathaniel guardou a pasta em sua maleta e antes que continuassem seu caminho, ouviram:

– Muito bonito, Sr. Nathaniel. É só deixar você solto que já fica cercado por piriguetes.


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