Castiel estava sentado no chão, apoiado na parede segurando sua guitarra. Ela não estava ligada a nada, mas mesmo assim ele dedilhava uma música.

– Here I am waiting, – cantava baixinho – I'll have to leave soon. Why am I holding on? We knew this day would come, we knew it all along. How did it come so fast?

(Aqui estou eu esperando, tenho que ir embora logo. Por que eu estou esperando? Sabíamos que este dia chegaria, sabíamos o tempo todo. Como chegou tão rápido?)

Ele parou de cantar e segurou o braço de sua guitarra, fechando os olhos logo a seguir. Respirou fundo e completou a canção:

– This is our last night but it's late and I'm trying not to sleep. 'Cause I know, when I wake I will have to slip away… And when the daylight comes I'll have to go, but tonight I'm gonna hold you so close. 'Cause in thedaylight we'll be on our own.

(Essa é a nossa última noite, mas já está tarde e estou tentando não dormir. Porque sei que quando eu acordar vou ter que ir embora... E quando a luz do dia chegar eu vou ter que ir, mas essa noite vou te segurar bem perto. Porque quando a luz do dia chegar nós estaremos separados.)

– But tonight I need to hold you so close. – Larissa completou.

(Mas essa noite eu preciso te segurar bem perto.)

Ela vestia uma camiseta vermelha, a preferida de Castiel. Com passos lentos aproximou-se dele e inclinando-se, ofereceu uma das latinhas que carregava. Ele colocou a guitarra de lado e ao invés de pegar a lata, puxou sua namorada pela mão, fazendo com que Larissa sentasse entre suas pernas. Ele a abraçou e apoiou a cabeça na curva de seu pescoço.

– Here I am staring at your perfection, in my arms, so beautiful…

(Aqui estou eu olhando para a sua perfeição, em meus braços, tão linda...)

Larissa nada falou e não era preciso dizer palavra alguma, ambos sabiam o que sentiam e por mais que fosse uma separação temporária, era dolorosa. Seriam apenas cinco meses de turnê e logo Castiel estaria de volta para ela. Cinco meses nos quais ele viveria seu sonho de mostrar a outro país seu talento e que Larissa não poderia participar porque também estaria vivendo parte de seu sonho aqui no Brasil.

Castiel levantou-se e foi até perto da mesinha de cabeceira. Abriu a gaveta e começou a procurar algo e como não achou de primeira, sentou em sua cama. Curiosa, Larissa o seguiu e sentou-se ao seu lado.

– O que está procurando?

– Isso. – mostrou-lhe um saquinho de veludo azul marinho – Eu comprei pra nós dois.

Ele abriu o saco e despejou o conteúdo na palma de Larissa, que olhou emocionada para ele quando notou do que se tratava.

– Eu não poderia viajar antes de lhe dar isso. – ele pegou o menor dos anéis e colocou no dedo anelar direito de Larissa – Namoramos há tanto tempo e eu nunca...

– Está tudo bem… – ela sorriu e repetiu o gesto – Antes tarde do que nunca, né? – piscou o olho.

– Idiota... – Castiel sorriu e beijou o dedo dela.

– Eu também te amo.

Ela segurou o rosto do ruivo entre suas mãos e beijou seus lábios com afeto. Castiel inclinou-se sobre ela, fazendo-a deitar sobre a cama. Por um momento ele ficou a observá-la e disse:

– This is my last glance, that will soon be memory…

(Este é o meu último olhar, isso em breve será uma memória...)

A luz do dia chegou e como ele cantou, teve que ir embora. No aeroporto, Larissa observava seu avião levantando voo e o levando para longe. Não pôde impedir que grossas lágrimas caíssem de seus olhos. Inutilmente acenava para Castiel enquanto seu melhor amigo passou o braço por seus ombros.

– Você vai ver, daqui a pouco ele já está de volta. – ele sorriu.

Larissa suspirou enquanto secava os olhos com os dedos e disse:

– Espero que sim, Nath. – sorriu de maneira triste – E vamos indo que temos que pegar sua namorada no hospital.

Ela olhou mais uma vez através das grandes janelas e viu o avião sumindo no horizonte. Sorriu e pôs-se a andar, pois sabia que da próxima vez que estaria ali, veria Castiel novamente.