Percabeth:Aventuras e desafios a caminho de Atenas escrita por CarlaAn


Capítulo 8
Annabeth




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Annabeth não sabia quantos quilômetros já tinha corrido. Estava exausta, o pé machucado sangrava, mas não sentia mais a dor. Não aquela, pois agora havia uma dor maior, uma dor lancinante que apertava seu peito a ponto de Annabeth pensar que não iria aguentar. Jogou-se no chão sujo do pântano, sem fôlego.

__ Água! __ conseguiu falar com a garganta apertada.

Mas não havia água ali por perto, pelo menos não que ela soubesse e Annabeth já não tinha forças para procurar. Ficou então deitada ali, encolhida e soluçando até que adormeceu.

No seu sonho, viu uma forma humana feminina, coberta com uma espécie de túnica preta que deixava a mostra somente a parte dos olhos, nariz e boca. Os olhos estavam cerrados como se fossem abrir a qualquer momento. Annabeth estava colhendo morangos no pomar do Acampamento. A mulher apareceu como um fantasma.

"O que quer?" Annabeth perguntou assustada.

"Onde está ele, querida?" A mulher falava com uma voz arrastada.

"Ele quem?"

"Ora quem? Seu namorado!"

"Ele já vai chegar. O que quer com ele?"

"Eu? Tenho planos para ele, mas creio que você não estará incluída neles, pois sua amiga já se adiantou."

Nesse momento, Annabeth se virou e viu Percy e Piper vindo em sua direção abraçados e sorrindo como felizes namorados. Ela os olhava assustada, mas eles nem pareciam perceber a presença dela. Enquanto isso, a mulher dava gargalhadas ao seu lado.

Annabeth abaixou-se, colocou a cabeça entre as mãos e começou a gritar.

"Não! Não! Pare com isso! Percy, me ajude! Não me abandone!"

Mas ninguém se incomodava com ela, ninguém parecia ouvi-la. Annabeth acordou se debatendo e gritando. Levantou-se assustada. Não poderia ter dormido ali, era muito perigoso, poderia ter sido atacada por animais ferozes ou monstros que, com certeza, deveriam estar a espreita. Lembrou-se de que ainda tinha a adaga de Piper, sua única arma. Pegou-a e olhou para a lâmina e o que a garota viu a apavorou ainda mais. Um lugar que parecia mais uma caverna escura, iluminada por apenas uma tocha que deixava entrever a figura de um rapaz pendurado pelas mãos com correntes muito grossas. Ele estava com o corpo coberto de feridas, as roupas rasgadas e parecia desmaiado. Annabeth reconheceu-o de imediato.

__ Jason! __ falou com pavor.

A adaga mostrava ainda que a caverna era guardada por um monstro, um cão de duas cabeças com cauda de serpente. Annabeth estava cansada demais para raciocinar, mas tentou se recordar das lendas que conhecia e lembrou: era Ortro, o cão de guarda mais feroz da antiguidade, filho de Equidna e Tifão e irmão de Cérbero, que guardava o Hades. Respirou fundo e pensou que aquele que tivesse sequestrado Jason tinha muito interesse de que ele não fosse libertado a ponto de colocar logo Ortro como vigilante.

__ Onde fica esta caverna?__ perguntou para si mesma.

A adaga pareceu entender sua pergunta e refletiu a imagem de uma clareira iluminada por tochas que formavam um caminho até a entrada de uma caverna. Annabeth coçou a cabeça. Como encontrar aquele local naquele pântano escuro, cansada como estava e com fome. Sentou-se novamente e vasculhou a mochila.

__ Ah! __ suspirou aliviada.

Ficara tão perturbada que se esquecera das provisões que Percy havia colocado: água, dois sanduíches de queijo, néctar e ambrosia. Abriu a garrafa e quase bebeu toda a água de um gole só, mas lembrou-se de guardar um pouco para Jason, caso conseguisse encontrá-lo, assim fez também com os outros itens. Sentindo-se fisicamente recuperada, levantou-se e seguiu caminhando em qualquer direção, rogando aos deuses que pudessem ouvi-la e lhe dessem a direção exata da tal caverna onde Jason estava prisioneiro. Considerou fazer uma prece em especial a Zeus, pai de Jason, para que a ajudasse a encontrar e salvar o filho, entretanto faltava-lhe fé naquele momento, então deixou pra lá.

O pântano era realmente sombrio. Annabeth tentava iluminar seu caminho com a adaga, mas esta não era igual a espada de Percy, era pequena, não iluminava muito, mas era a única fonte de luz que tinha, por isso agarrou-se a ela como sua tábua de salvação. Mas o fato de precisar tanto daquela adaga incomodava Annabeth, afinal a arma pertencia a Piper, a amiga traidora. A lembrança daquela cena de Percy e Piper se beijando não saía da cabeça dela. Antes de saber que Jason estava em perigo, preso como um animal e semimorto naquela caverna, Annabeth tinha pensado inclusive em jogar-se ao chão e ficar deitada naquele pântano esperando para morrer tão grande era a dor que estava sentindo. Entretanto naquele momento não podia se dar ao luxo de sofrer, sobretudo porque sabia que Jason, assim como ela, fora enganado e precisava ser salvo.

Caminhou uns dois quilômetros entre árvores secas até que percebeu a pouca distância uma claridade. Aproximou-se devagar por entre as folhagens e qual foi a surpresa quando se deu conta de que aquele era o lugar refletido na adaga. Ficou ainda escondida entre os arbustos temendo estar sendo observada por monstros, mas o lugar estava aparentemente vazio. Como já sabia, havia um caminho iluminado por tochas que levava até a entrada da caverna. Annabeth pensou se deveria seguir por ele, sabia que Jason estaria lá e certamente precisando de ajuda, mas, ao mesmo tempo, temia que fosse uma armadilha. Ponderou os prós e contras por uns instantes e decidiu que deveria entrar, afinal se não fosse como conseguiria salvar Jason? Tinha de tentar, pelo menos. Entretanto, antes seguiu sua intuição. Não sabia por que pensara naquilo, afinal tinha dúvidas se Percy e Piper estariam a procura dela ou de Jason, uma vez que foram pegos por Annabeth em flagrante, mas mesmo assim resolveu deixar algo que pudesse remeter a presença dela naquele lugar em caso de precisar ser resgatada. Tirou o colar do acampamento e pendurou em um galho de árvore que se estendia bem no começo do caminho de tochas.

__ Bem, __ disse a si mesma__ agora já posso ser encontrada. __pensou e continuou__ por amigos, inimigos e traidores.

De repente estranhou sua ironia, mas àquela atura, tinha que contar com algo que pudesse ajudá-la e o senso de humor era o que lhe restara. Tentou caminhar devagar para não fazer barulho, mas as folhas secas faziam ruídos estridentes e isso decididamente não colaborava com os planos de Annabeth de passar desapercebida. Finalmente chegou à entrada da caverna. Era extremamente escura. Annabeth não conseguia ver um palmo a sua frente. Sacou a adaga e a luz do bronze celestial a ajudou a entrar sem desabar, pois uma descida íngreme se apresentou bem diante dela.

__ Ufa! __suspirou aliviada.

Em seguida considerou a seguinte hipótese: se descesse por ali, não sabia como poderia terminar, talvez com uma ou duas costelas quebradas e isso certamente não a ajudaria em nada; se não descesse, como poderia encontrar Jason? A primeira vista, aquela era a única forma de chegar lá embaixo, onde Annabeth pôde perceber uma pequena claridade, talvez produzida por uma tocha como refletido na imagem da adaga. Resolveu então arriscar. Lembrou-se da parede de escalada do acampamento, onde tantas vezes esteve. Olhou para baixo e considerou.

__ É uma escalada para baixo. A julgar pela minha falta de sorte hoje, isso parece absolutamente normal.

De repente recordou-se da mochila. Se não estava errada, lembrou-se de ter visto uma corda quando a abriu para procurar comida. Sentou-se e começou a vasculhar. Os olhos de Annabeth se iluminaram quando viu um rolo de corda no fundo da bolsa. No mesmo instante ficou triste. Ela não tinha arrumado a mochila daquela vez, tinha sido Percy, que rapidamente, colocou algumas coisas que ele achava que poderiam precisar na expedição e realmente ele acertou em cheio. Annabeth sentiu vontade de chorar. Pensar em Percy trouxe a tona todos aqueles sentimentos que ela estava tentando esquecer desde que se deparara com aquela cena, do contrário temia não ser capaz de seguir adiante. Levantou-se e enxugou uma lágrima que caía. Pensou em Jason, amarrado, ferido e precisando da sua ajuda. Isso lhe deu forças para continuar. Preparou a corda e desceu fazendo um rapel.




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