Percabeth:Aventuras e desafios a caminho de Atenas escrita por CarlaAn


Capítulo 6
Percy




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Procurar por alguém numa cidade desconhecida era como procurar uma agulha no palheiro. Leo ensinou o caminho até o restaurante em que almoçaram. Era um bistrô aconchegante que àquela hora estava repleto de turistas, casais de namorados, pessoas que riam alto, onde tocava uma música que a mãe de Percy e o padrasto gostavam de ouvir quando estavam juntos. Ele pegou a namorada pela cintura e a abraçou.

__ Um dia, ainda vou te convidar para um lugar destes. E a gente vai dançar até o amanhecer!

Ela sorriu tristemente. Percy compreendeu o pensamento dela. Para a realidade deles, aquilo era um sonho mais do que distante, parecia algo impossível de acontecer.

__ Vamos! __disse ele, já arrependido do que falara__ ainda há milhares de lugares por onde eles podem ter passado.

__ Percy, pense comigo. Se nós fôssemos um casal apaixonado, e tivéssemos a oportunidade de ficar sozinhos, onde iríamos?

Percy não pode deixar de ficar surpreso com a pergunta dela

__ Annabeth, onde você quer chegar? Nós somos um casal apaixonado!

Ela riu.

__ O que estou querendo dizer, Cabeça de Alga, é que precisamos pensar com a cabeça de Piper e Jason. Só assim teremos alguma chance de saber onde eles podem ter ido.

__ Acho melhor eu pensar com a cabeça de Jason e você com a de Piper.

__ Tá bom. E para onde você acha que ele iria?

Percy mordeu os lábios. Pensou na conversa que tivera com Jason na noite anterior que por sinal parecia há séculos. O amigo havia confidenciado que ainda não havia transado com a namorada porque ela não se achava preparada. Não sabia se deveria contar aquilo para Annabeth. Mas depois de pensar um pouco, achou que naquele momento não poderia esconder nada dela.

__ Annabeth, preciso te contar algo que Jason me confidenciou ontem...

Ele relatou a conversa que tiveram. Annabeth não ficou brava por saber que Percy contara sobre o relacionamento deles a Jason, pois entendeu que o namorado só estava tentando achar uma solução para o problema. Ao contrário, ficou orgulhosa de Percy.

__ Bem, se ele queria e ela não, temos um impasse. __ constatou ela desanimada.

__ Só se... se eles chegaram a um acordo? __ falou Percy esperançoso.

__ É isso! Nós temos que raciocinar a partir de um ponto. Especular não vai nos levar a lugar nenhum. Vamos partir do princípio de que eles planejaram ficar a sós em algum lugar, um hotel, assim como nós fizemos hoje.

__ Então vamos procurar nos hotéis da cidade. Graças aos deuses, nós perguntamos e agora já sabemos que são apenas cinco.

__ Quatro. __ ela falou enfática __ Acho que se eles tivessem se hospedado no Nostro Hotel, nós teríamos nos encontrado.

__ A não ser que tivessem ficado trancados no quarto durante toda a tarde. Lembra que nós só almoçamos depois que nos avisaram que o restaurante ia fechar?

Percy percebeu que o semblante de Annabeth se iluminou quando ele falou aquilo.

__ Nem me fala!__ ela suspirou__ Mas o que você falou tem sentido. Vamos perguntar em todos.

E assim continuaram. Perguntaram nos hotéis, nos bares e nas lojas que ainda estavam abertas, mas eram poucas. Depois de quase três horas andando pela cidade, estavam exaustos e sem nenhuma perspectiva de encontrar os amigos. Parecia que Jason e Piper tinham se desmaterializado, nenhuma das pessoas com quem conversaram disseram ter visto um casal com as descrições que Percy e Annabeth fizeram. Sentaram no meio-fio cansados e famintos. Resolveram então entrar em um dos bares que tocava música ao vivo e pediram algo para comer e beber.

__ Agora já posso raciocinar. __ disse Percy depois de comer o último pedaço de pizza.

Annabeth parecia distante.

__ Ah! Tá. Eu também. __ ela olhava fixamente para os músicos que tocavam instrumentos típicos da região.

__ O que você tanto olha?

__ Acho que gostaria de aceitar aquele seu convite.

__ Convite?

__É de dançar... só não até o amanhecer, pois temos que continuar com a busca.

Ele não conseguiu esconder o susto que levou. Mas levantou-se imediatamente antes que ela desistisse.

__ Quer dançar senhorita? __ disse oferecendo-lhe a mão.

__ Adoraria.

Ele a conduziu até o pequeno salão onde dançavam apenas dois casais. Uma fraca nuvem de fumaça e um globo colorido que girava no teto davam ao lugar uma atmosfera de discoteca dos anos 70. No palco, uma cantora de voz muito doce entoava canções românticas, mas o engraçado é que as letras das canções retratavam exatamente o que Percy estava sentindo naquele momento.

De repente, a mulher começou a falar com os dois semideuses:

__ Então meus queridinhos, gostaram da musica?

Annabeth e Percy se olharam abismados, pois reconheceram a dona daquela voz.

__ Afrodite! __ disseram.

__ Como não a reconhecemos antes? __ Quis saber Percy __ Ah! Já sei, a névoa!

A deusa se aproximou dos dois. Ela usava um vestido vermelho com uma abertura que deixava a mostra um belo par de pernas, além do decote é claro para o qual era impossível não desviar o olhar. A deusa estava tão à vontade dentro dele que mais parecia uma roupa do dia-a-dia. Ela sabia que deixava qualquer homem desconcertado e apreciava vê-los constrangidos. Entretanto, Percy era, naquele momento, a única vítima de Afrodite, pois devido à névoa todos os outros estavam alheios ao seu charme.

__ Como vão vocês? Sei que estão a procura de minha filha. Espero poder ajudar. __ ela os conduziu a uma mesa perto do bar.__ Bebem algo? Uma vodka com limão talvez?

Annabeth balançou a cabeça incrédula, mas limitou-se a agradecer.

__ Não, já bebemos e comemos o bastante por hoje. Mas... Que bom que você veio para nos ajudar, pois já procuramos por toda a cidade e...

__ Eu sei, querida, acompanhei a busca de vocês, estava esperando o momento ideal para falar-lhes.

__ Por que não apareceu antes? Por que só agora? __ indagou Percy, tentando não fixar os olhos no decote da deusa.

Annabeth percebeu e não gostou.

__ Será que você poderia vestir algo mais... natural, Afrodite?

__ Ah! Desculpe-me __ disse fingindo arrependimento__ Esta realmente não é a melhor roupa para uma mãe usar. Deixe-me ver ...

Naquele instante um verdadeiro desfile de roupas sem corpos começou a passar na frente deles: tailers de vária cores, pantalonas, tubinhos pretos básicos, shorts de tamanho duvidoso, etc. Afrodite pegou um terninho preto com uma saia também preta com uma fenda lateral é claro e uma blusa de tricô lilás. Obviamente caiu como uma luva.

__ E agora? Estou mais discreta? O que acha, meu docinho? __ perguntou tocando de leve o queixo de Percy.

Ele quis responder, mas Annabeth adiantou-se.

__ Você sabe que está. Agora, por favor, fale logo o que tem de falar, pois não temos muito tempo.

__ Tudo bem, querida, não seja tão ciumenta.

Percy queria perder a paciência com aquela deusa. Como ela poderia brincar de sedução naquele momento em que a vida da filha estava em risco. Mas depois se lembrou de que aquela era a natureza de Afrodite, ela não podia evitar, assim como Ares que irritava a todos com os quais se encontrava. Respirou fundo e prosseguiu.

__ Você tem ideia de onde eles podem estar?

A deusa revirou os olhos.

__ Ah! Ideia não, meu bem, eu sei onde eles estão!

__ Então por que não nos disse logo? __ perguntou Percy indignado.

__ Fale logo, Afrodite! __ ordenou Annabeth. Percy lhe dirigiu um olhar de advertência e ela mudou o tom. __ Por favor!

__ Meu bem, ninguém quer mais ver Piper em segurança do que eu, que sou mãe dela.

Percy duvidava disso e sabia que Annabeth também.

__ E então? __ perguntou ele.

__ O problema é que eu não posso interferir...

__ É nós sabemos. Vocês, deuses, nunca resolvem seus problemas sozinhos, pois sempre precisam de nós, semideuses. __ constatou Percy. __ Então fale onde eles estão que nós vamos lá libertá-los.

__ O problema não é chegar até lá onde eles estão. O problema é vocês conseguirem sair de lá.

__ Como assim? __ disseram ambos.

__ Veja bem, docinhos, Piper e Jason não saíram de lá porque não podem. E se vocês forem a esse lugar, também não poderão sair.

__ Mas... __ quis falar Percy, mas a deusa interrompeu.

__ Eu sei, vocês são heróis. Ninguém conhece melhor os heróis do que nós deuses que convivemos com vocês há uma eternidade! Vocês são corajosos, impulsivos, temperamentais! Orgulhosos! __ ela olhou para Annabeth__ E quase sempre lindos! __ olhou para Percy.

__ Ham, __ Percy pigarreou desconcertado. __E o que isso tem a ver com...

A deusa interrompeu novamente.

__ O problema é que vocês acham que podem enfrentar tudo, conseguir qualquer coisa... Mas existem certas forças da natureza, principalmente agora que Gaia desperta, que vocês não conhecem e que estão despertando com ela. Por isso vão, mas lembrem-se de que às vezes é necessário aceitar sua vulnerabilidade, esta pode ser a saída.

Percy tinha a impressão de que sua cabeça ia explodir. O tempo estava passando, e ele ainda tentava entender o sentido profundo das palavras de Afrodite. Por que as coisas não poderiam ser mais fáceis? Olhou de relance para Annabeth. Se havia alguém ali que conseguiria interpretar claramente aquelas palavras era ela. Entretanto a namorada parecia tão confusa quanto ele. Afrodite pareceu compreender isso pela expressão dos dois e solidarizou-se.

__ Olha, meu querido, __ disse dirigindo-se a Percy com ternura __ Você tem um defeito que eu considero uma qualidade: a lealdade. Isso nada mais é do que Amor, no verdadeiro sentido da palavra. Deixe que este sentimento te guie. Quando mais precisar, pergunte a seu coração e ele será seu melhor conselheiro. Não é isso que sua mãe sempre disse para você fazer? E ele já te falhou alguma vez?

__ Não. __ respondeu Percy pensativo.

__ Então vá. Alguém o espera lá fora.

Percy parecia hipnotizado. Virou-se e saiu. Com certeza, Afrodite estava usando o charme.

__ Agora você, minha querida. __ e começou a falar com Annabeth.

Percy ainda quis ficar para ouvir o que Afrodite diria a sua namorada, mas uma força estranha o puxava para fora e qual foi a surpresa quando se deparou com um pégaso negro estacionado ao lado dos carros.

"E aí chefe! Mais uma missãozinha, hem!" cumprimentou o animal.

__ Cara, que bom te ver aqui! __ alegrou-se Percy alisando o pêlo do amigo.

Depois de algum tempo, viu Annabeth que naquele momento saía do bar.

__ Olha quem veio nos ajudar! __falou ele com animação.

__ Blackjack! __ ela disse entusiasmada.

O pégaso inclinou a cabeça numa espécie de mesura para cumprimentá-la.

__ Concordo com você, amigo. __ falou Percy, deixando Annabeth curiosa.

__ O que ele te disse? __ quis saber ela, aceitando a mão do namorado para montar no animal.

__ Que você está cada vez mais bonita. __ sussurrou ao ouvido dela que sentara logo atrás dele.

Annabeth deu um sorriso e o beijou. Em seguida acariciou Blackjack em sinal de agradecimento.

O pégaso parecia já saber para onde os levar. Alçou vôo alto por sobre a cidade, passando pelas praias, quando começou a baixar. Percy conseguiu ver a mudança de paisagem com um calafrio. Blackjack os levava a um local que mais parecia um pântano. Olhou para Annabeth, ela não demonstrava nenhuma expressão. Talvez estivesse pensando no que Afrodite lhe dissera. Resolveu perguntar:

__ Você demorou lá dentro do bar. O que Afrodite te falou?

O vento soprava forte, Annabeth tentava, sem sucesso, prender os cabelos revoltos com uma das mãos, pois a outra segurava firmemente na cintura de Percy.

__ Hã? O que você disse?

Percy entendeu que era difícil conversar naquela situação, em pleno voo, com o vento apitando no ouvido deles.

__ Deixa pra lá. __ murmurou.

Em seguida, tiveram que se segurar forte, pois Blackjack fez uma curva e inclinou para aterrissar.

__ Eeee garoto! Com calma, senão vai nos derrubar! __ alertou Percy tentando segurar-se ao mesmo tempo em que agarrava a namorada com uma das mãos.

"A atmosfera aqui é pesada, Chefe. Até aterrissar é difícil. Tem certeza de que não quer voltar?" advertiu o amigo alado.

__ Ela não mandou você nos trazer até aqui? Ela deve saber o que está fazendo não é?

"É, mas não quero nem pensar no que pode acontecer com vocês nesse lugar."

Nesse momento, o pégaso abaixava numa clareira para que eles pudessem descer. O local era mesmo um pântano.

__ Muito animador, amigo.

" Só estou sendo sincero, Chefe. Gosto de vocês."

Percy acariciou o focinho do animal.

__ Também gostamos de você. __ Ele estava emocionado.

"Quando estiver pronto para sair, é só me chamar"decolou Blackjack, deixando os dois semideuses a sós.

Percy e Annabeth permaneceram alguns instantes parados lado a lado, olhando Blackjack sumir no céu escuro.

Era difícil acreditar que depois da experiência no Tártaro, eles estavam ali naquele lugar tão tenebroso quanto. Percy colocou a mochila que continha água, um pouco de comida, ambrosia e néctar no chão e sacou contracorrente para que a luz do bronze celestial iluminasse o local. Depois de analisarem bem, perceberam que se tratava de um pântano bem fechado, a lua não aparecera naquela noite, portanto a espada era a única fonte de luz que tinham. Caminharam alguns metros sem falar nada. Depois Annabeth resolveu quebrar o silêncio.

__ E agora? Para onde vamos? Nunca estive tão sem ideia.

Percy percebeu que ela estava mentalmente cansada.

__ Acho que a única coisa que podemos fazer é andar e procurá-los, devemos chamar?

__ Creio que não. Não devemos fazer barulho, por que... Ai! __ ela pisou em alguma coisa.

__ O que foi?

__ Acho que pisei em algo cortante.

__ Tão cortante que furou o seu sapato? __ Percy tentava iluminar o local para encontrar o tal objeto. __ Ah, encontrei. Ele pegou algo tão brilhante quanto sua espada.

Annabeth olhou-o com cara de espanto.

__ A adaga da Piper!

__Parece que sim.__ ele olhou para a namorada com preocupação. __ Você pode andar?

__ Sim. O corte foi superficial.

__ Mesmo assim é melhor olharmos. Venha. Sente-se aqui. __ ele conduziu-a para um pedaço de tronco de árvore no chão.

Annabeth tirou a sapatilha que estava com a sola totalmente rasgada.

__ Essa adaga é afiada.

__ É. E por pouco não causou um corte mais profundo. Droga! Esquecemos a mochila com a ambrosia e o néctar lá trás. Vamos ter de buscar.

Percy deu a mão para Annabeth, mas percebeu que ela fazia uma careta quando pisava com o pé machucado.

__ Está doendo não está?

__ Um pouco. __ falou.

Percy percebeu que ela não queria admitir.

__ Está bem. __ ele a pegou no colo. __ Vamos. Deixar você aqui é que eu não vou.

Annabeth não pode deixar de dar um sorriso. Acariciou o rosto dele e o beijou.

__ Meu herói! __ disse brincalhona.

De repente, ouviu-se um barulho como um estalo. Percy percebeu que pisara em alguma coisa. Sentiu a sua perna sendo puxada, perdeu o equilíbrio e soltou Annabeth que caiu e rolou pelo chão. Percy desesperou-se ao ver a namorada caída sem reação. Ele estava de cabeça para baixo.

__ Annabeth! __ gritou.

Ela foi virando de vagar acompanhando o som da voz de Percy, mas a principio sem saber exatamente onde ele estava

__ Annabeth! Aqui. Você está bem?

Ela o viu perto de uma árvore, de ponta cabeça com um dos pés amarrados por uma corda em um dos galhos. Levantou-se e tentou andar até ele, mas parecia que o pé tinha piorado com a queda .

__ Ande devagar. __ aconselhou Percy. __ Estou bem.

Annabeth não pode deixar de rir.

__ Percy, você está de cabeça para baixo! E ainda diz que está bem!

__ Pelo menos estou vivo. Com o tornozelo torcido, mas vivo.

Annabeth analisou a situação.

__ Bem, agora temos três problemas. O meu pé está machucado, seu tornozelo está torcido e você está preso nesta armadilha.

__ Quatro. __ corrigiu ele. __ Ainda temos que buscar a mochila.

__Pois é, mas primeiro tenho que tirar você daí. Dê-me contracorrente.

Ele olhou-a apreensivo.

__ Você mal consegue ficar em pé!

__ Você tem ideia melhor?

__ Infelizmente não. Mas como você vai cortar? A corda está muito alta. __ perguntou tateando os bolsos para pegar a caneta

Ela deu de ombros.

__ Eu vou ter de arremessar! E não me olhe deste jeito. O máximo que pode acontecer é a lâmina atingir você, mas isso não vai acontecer porque eu sou boa em arremessos, você se esqueceu? Vamos Percy, me dê logo essa caneta!

Percy sabia que Annabeth era muito boa em tudo o que fazia e que já havia participado de todo o tipo de treinamento no Acampamento, e confiava cegamente na destreza dela, mas só de imaginar aquela espada com a qual ele já matara tantos inimigos vindo para cima dele, fez um calafrio percorrer todo seu corpo.

__ Tudo bem. __ disse ele tentando aparentar segurança, __ Confio em você.

Annabeth olhou-o como se duvidasse das palavras dele.

__ Uma vez você me disse que se tivesse de escolher alguém para colocar a sua cabeça no lugar, esse alguém seria eu. __ Ela pegou a caneta da mão dele.__Então, embora a situação não seja a mesma, ___ tirou a tampa que a transformou em espada. __ exige o mesmo tipo de confiança. __ e arremessou contracorrente com uma força calculada que cortou a corda em um único golpe.

Percy ficou tão impressionado com os gestos e também com as palavras de Annabeth que se esqueceu de se proteger para amortecer a queda. Caiu de cabeça e desmaiou.

__ Percy! __ gritou Annabeth, jogando contracorrente no chão e correndo para ajudá-lo.

Ela se sentou e colocou a cabeça do namorado em seu colo. Verificou a respiração dele. Estava fraca, mas estava vivo.

__ Meus deuses, Percy, me desculpe! Acorde! __ disse dando tapinhas no rosto dele.

Percy começou a se mexer.

__ Ai! Minha cabeça! Annabeth! É você? Ou estou sonhando?__ falava com dificuldade.

__ Você não está sonhando, Cabeça de Alga! Sou eu que estou aqui. Perdoe-me __ falava beijando os lábios roxos dele.

Anabeth olhou em volta. O pântano era tão silencioso que dava medo. Não se ouvia nem mesmo barulho de bichos, apenas o som do vento que como silvos na noite, tornavam o ambiente sombrio, algo realmente arrepiante.

__ Percy, me escute. Você vai ficar aqui enquanto eu vou buscar a mochila, não se mexa.

Ele ainda quis retrucar levantando a cabeça e falando algo, mas ela apenas fez sinal para que ficasse quieto. Foi mancando até o local onde Blackjack os tinha deixado. Não era muito longe dali, o que tranquilizou Percy. Entretanto sua cabeça doía e ele não conseguiu abrir direito os olhos. Permaneceu então com os olhos fechados até que alguns minutos depois ouviu a voz de Annabeth.

__ Aí está você. O que pensa que está fazendo? Você me deixou preocupada! Nunca mais faça isso?

Percy achou estranho Annabeth falar daquela forma como se não soubesse o que tinha acontecido com ele. Mas pensou que fosse confusão da sua cabeça, devido à queda. A cabeça, por sinal, doía muito e ele fez um esforço para falar.

__ Ambrosia, por favor!

__ Você se machucou? Deuses! Sua cabeça! Tome. __ ela pegou a ambrosia na mochila e ofereceu-lhe. Em seguida acariciou os cabelos dele e o beijou. __ Você vai ficar bem.__ Agora faça um esforço pra se levantar. __ disse segurando-lhe pelo ombro. Enquanto te procurava, encontrei um lugar melhor para ficarmos. Não é longe daqui.

Percy obedeceu, mas não pode deixar de achar estranho a forma como Annabeth falava, como se não soubesse como ele se machucara. E que história era aquela de que estava procurando por ele? Ora, o lugar onde se acidentara não era tão longe assim do local onde estava a mochila para que ela tivesse se perdido dele. Entretanto a namorada já o ajudava a se levantar e o estava guiando para o tal local. Percy estava ainda se sentindo fraco para falar então deixou por isso mesmo.

Realmente o lugar para o qual se dirigiram era bem mais agradável. Perto de um riacho, embora de águas escuras, mas com poucas árvores e uma grama baixa que dava para deitar e descansar. A garota improvisou um travesseiro para ele com a mochila.

__Deite-se aqui. A ambrosia já vai fazer efeito.

Ela deitou ao lado dele e o abraçou. Estava frio, o barulho do vento parecia imitar vozes, às vezes de crianças, gemidos e até risadas, mas era tudo muito assustador. Percy na confusão mental em que estava, pensou que estivesse de volta ao Tártaro. Eles se abraçaram mais apertado.

__ Está se sentindo melhor?__ ela perguntou.

__ Estranho.

__ Como assim?

Ele já estava realmente se sentindo melhor. A dor na cabeça diminuíra e já conseguia abrir os olhos, mas Percy sentia que algo não estava correto. Olhou para a menina. Ela continuava deitada ali ao lado dele. Mal podia ver seu rosto na escuridão do pântano, então tateou os bolsos procurando por contracorrente, mas um enxame de vaga-lumes se aproximou deles iluminando o local. Os insetos voavam ao redor deles como se brincassem de pega-pega. Ele viu que a garota se sentou tentando afastar alguns que insistiam em pousar no seu nariz e isso fez seu rosto se iluminar de forma engraçada. Percy riu.

__ Do que está rindo? __ perguntou ela contrariada com aqueles visitantes insistentes.

Percy ficou feliz de poder enxergar o lindo rosto da namorada, mas ajudou-a a afastar os brilhantes amigos. Eles, entretanto, permaneceram nos arredores iluminando aquele ambiente sombrio.

__ Pronto! Não precisa mais reclamar! __ disse ele com ternura, acariciando os cabelos dela. Em seguida, ele a beijou.

Permaneceram assim por alguns minutos, beijando-se enquanto os vaga-lumes faziam a festa em volta deles. Entretanto, Percy não conseguia se libertar daquela sensação de que algo não estava certo, quando de repente ouviu passos entre as folhagens e o murmúrio de alguém. Afastou delicadamente a namorada e fez sinal para que não falasse. Em seguida sacou contracorrente.




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