Elas continaram se provocando enquanto comiam e Mel só conseguiu tocar no assunto depois que elas acabaram de comer.

-- Então, o que te traz à minha cozinha a essa hora da noite? Não que eu esteja reclamando - ela perguntou e começou a limpar a mesa.

-- Eu só precisava ver você. Eu senti falta disso. - Amélie respondeu.

-- Eu também - Mel sorriu para sua amiga.

-- Alexis levou embora as últimas coisas dele essa semana. Isso foi mais simples do que eu imaginei. Primeiro ele pareceu ter ficado tão nervoso e no outro dia voltou pra casa calmo. E estranho, mas bom. Nós conseguimos continuar amigos.

Mel percebeu que Alexis não contou a Amélie sobre a conversa que tiveram. Ela imaginou se deveria dizer algo, mas decidiu que talvez diria outra hora.

Já que nenhuma das duas sentiu vontade de dormir com o estomago cheio, elas decidiram assistir TV. Relaxadas em cantos opostos do sofá, elas tentaram ficar acordadas tempo suficiente pra terminar de assistir o filme. Finalmente, cansadas de lutar contra o inevitável, elas adormeceram.

Mel acordou 30 minutos depois e viu que Amélie havia caido num sono profundo. Em vez de acordá-la, ela pegou um cobertor do guarda-roupa e a cobriu. Ela assistiu sua amiga dormir por uns instantes e tirou uma mexa de cabelo que cobria um de seus olhos. Mel abaixou-se e beijou gentilmente a cabeça de Amélie e foi pra cama.

Algum tempo depois, Mel sentiu algo empurrando ela. Ela abriu um dos olhos e encontrou Amélie, muito sonolenta e vestindo apenas uma camiseta cutucando o seu ombro.

-- Chega pra lá. O sofá é desconfortável!

Mel, também sonolenta, rolou pro lado e deu espaço pra Amélie deitar. Amélie arrastou-se para a cama e aconchegou-se, encostando suas costas nas de Mel. Suspirando pacificamente, ela voltou a dormir.

Durante a noite, Amélie havia virado para Mel e colocado seu braço em seu corpo. Mel acordou com um peso apoiado sobre seu estomago. Por um momento, ela entrou em pânico, tentando lembrar o que acontecera noite passada. Mas depois de recobrar a consciencia totalmente ela lembrou de que era somente a Amélie.

"'Somente a Amélie!?' Isso é algo totalmente subestimado!" - pensou.

Sentindo seu corpo quente, ela sabia que tinha que sair dessa situação o quanto antes. Ela não queria acordar sua amiga, então, lentamene, tentou deslizar sob o braço de Amélie. Ela não chegou muito longe, até Amélie suspirar e puxar ela de volta.

"Ótimo!" - pensou - "Ela acha que eu sou um travesseiro!"

Quando ela achou que tinha esperado tempo o suficiente para que sua amiga voltasse a dormir, ela tentou sair novamente.

-- Indo a algum lugar? - uma voz silenciada perguntou, surpreendendo Melissa

-- Eu achei que você estivesse dormindo - Mel respondeu

-- Não... - a voz respondeu. -- Eu só estou muito confortável.

-- Que bom que eu posso lhe oferecer um lugar pra descansar o braço. - Mel respondeu, rindo disfarçadamente.

Amélie podia sentir as vibrações da risada de Mel sob seu braço e moveu sua cabeça perto dela, para que pudesse vê-la.

-- Bom Dia - Mel disse, quando viu aqueles olhos azuis a olhando por cima de seu ombro.

Amélie sorriu e deitou sua cabeça no braço de Mel, abraçando mais forte a sua cintura. Mel suspirou e se conformou de que não poderia sair de lá tão cedo.

-- Confortável? - Mel perguntou sarcasticamente.

-- Quase - Amélie respondeu do mesmo jeito

Mel só sorriu e tentou relaxar nessa intimidade que as duas estavam compartilhando. Não era uma sensação estranha, mas não era algo que ela havia compartilhando com sua melhor amiga antes.

Amélie cochilava enquanto Mel se arrependia ter-se permitido ficar na situação em que se encontrava. Ela sabia que foi um erro se deixar levar, mas ela não conseguiria impedir, mesmo se tentasse. Mel se concentrava em acalmar seu coração acelerado até que Amélie ficou insone.

Ela se mexia o tempo todo, inquieta, e seu braço subia mais e mais pelo corpo de Mel, até que ele finalmente se acalmou encostado em seu peito. Mel podia sentir seu corpo respondendo, e sabia que ela teria que se mexer, antes que seu corpo a traisse. Ela tentou fazer com que seu corpo parasse de reagir, e quase conseguiu, até que Amélie mexeu o braço, roçando em seus mamilos.

Mel quase pulou da cama e Amélie abriu os olhos inocentemente. Se Melissa ainda tinha dúvidas antes, um olhar no rosto de Amélie respondeu todas elas.

"Ela arquitetou tudo isso!" - Mel exclamou pra si mesma. Amélie estava tentando ela de propósito.

-- O que foi? - Amélie perguntou, fingindo inocencia.

-- Nada. Eu só tenho que ir ao banheiro - Mel respondeu, cansada de tentar fazer sua voz parecer indiferente.

Levantando-se, ela rezava para que a traição de seu corpo não fosse tão evidente através da sua blusa.

Enquanto via Mel sair da cama, Amélie não não deixou de perceber aquelas duas inconfundíveis projeções em sua blusa.

"Então você sente mais do que quer admitir?" - Amélie pensou presunçosamente.

Ela permaneceu na cama, até que ela ouviu Mel na cozinha. O cheiro de café sendo preparado tirou ela da cama e a fez ir em direção à cafeteira.