Do Silêncio, as Consequências escrita por GiTS
A semana passava e Mel se assustava sempre que o telefone tocava, quase com medo de atender. Mas as semanas iam e vinham sem um telefonema de Amélie. Mel pensou em telefonar-lhe muitas vezes, mas sempre conseguia controlar a vontade e largava o telefone.
-- "Se ela precisar de mim, ela vai ligar. Nós duas precisamos de um tempo sozinhas. Eu não quero influenciar ela em nada e não sei se estou pronta pra sentir algo novamente." Outra semana passou e o silencio estava começando a incomodar Mel. Em uma madrugada de sexta-feira ela se viu na cozinha, porque não conseguia dormir.
Mel sempre teve a cozinha como seu lugar favorito quando estava estressada. Ela arrumava a cozinha enquanto esperava a pizza terminar de assar. A campainha tocou quase ao mesmo tempo em que o cronometro chegou a zero.
Mel se apressou pra tirar a pizza do forno, e, na pressa, abriu o forno com a mão desprotegida. Ela imediatamente sentiu a dor e começou a assoprar aquela marca vermelha em sua mão. A campainha tocou novamente e ela pegou a pizza, dessa vez com a mão enluvada, colocou em cima do balcão e fechou o forno.
Apertando a sua mão queimada, ela correu pra sala, praguejando.
-- Que droga, eu ja estou indo! - ela empurrou a porta com a outra mão, perguntando, antes mesmo de ver quem era -- O que foi?!
Amélie ficou parada na entrada, espantada com aquela súbita explosão de raiva.
-- "Talvez ela soubesse que era eu e não queria me ver...?"
-- Amélie, o que foi? O que você tá fazendo aqui tão tarde? - a raiva de Mel virou preocupação.
-- Eu... só precisava te ver, mas se não for uma boa hora, deixa. - Amélie balbuciou.
-- Não! - Mel respondeu, gritando e Amélie se afastou. Vendo a incerteza naqueles olhões, Mel continuou calmamente -- Eu quis dizer que não tem problema. Me desculpe se eu fui tão rude. Eu estava cozinhando e sofri um pequeno acidente - disse, mostrando a mão queimada.
Amélie segurou a mão pra olhar melhor.
-- Deixa eu ver isso. Dessa vez você se superou!
-- Não foi nada. - Mel respondeu, num tom defensivo.
-- Você tem algo pra por nisso? - Amélie perguntou, empurrando sua amiga pra dentro da própria casa.
-- Sim, no armário do banheiro. - Mel respondeu, deixando Amélie puxá-la pelo corredor.
Mel sentou-se na beira da penteadeira enquanto Amélie cuidava de sua mão. Nenhuma das duas falava nada, com exceção dos resmungos de Mel, quando Amélie tocava algum ponto mais delicado. O rosto de Amélie estava a poucos centímetros dos de Melissa, enquanto cuidava de sua mão. Mel sentiu emoções que permaneceram dormentes por tanto tempo e queria envolver sua amiga em seus braços e abraçá-la pra sempre.
Amélie podia sentir a respiração de sua amiga em seu rosto, enquanto aplicava a pomada em sua mão queimada. Ela sentiu uma vontade irresistível de beijar aquela mão machucada e continuar dalí. Livrando sua mente de tais pensamentos, ela percebeu o cheiro que vinha da cozinha e aquilo só poderia significar uma coisa. Enfaixando a mão da amiga, Amélie finalmente falou.
-- O que está te afligindo?
-- Como você sabe? - Mel questionou.
-- Por que eu conheço você. É quase 1 hora da manhã e você está na cozinha, então algo está aborrecendo você - ela respondeu presunçosamente, olhando para sua amiga.
-- Você se acha tão esperta, né?! - Mel revidou, e andou de volta em direção a cozinha -- Você ta com fome?
-- Eu não estou sempre faminta? - Amélie respondeu, seguindo sua amiga.
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