“Por que você tem que ser a coisa mais fofa andando nessa Terra?” Dimitri perguntou para a criança na sua frente. Franziu o cenho. “Onde está a sua mãe? Por que você está sozinho na sala?” Jogou a maleta do trabalho no sofá e saiu andando pela casa, segurando o não tão pequeno bebê no colo. Ouviu o barulho do chuveiro no quarto e sorriu, decidindo não atrapalhá-la.

Dimitri se jogou no sofá junto com o menino de 10 meses, que abriu um sorriso desdentado e arregalou os grandes olhos castanhos, como sempre fazia quando o via. “Você não vai falar? Já devia falar Igor.” Igor colocou o punho fechado na boca, fazendo pequenas bolhas de baba, que escorria pelo queixo. Rindo, ele pegou o controle remoto e ligou a TV, passando os canais. Não demorou muito até que uma morena apareceu vestida apenas com um roupão.

“Sério Dimitri?” A mulher colocou as mãos nos quadris em desaprovação. “Por que você continua fazendo isso?” As pequenas fendas nos olhos da morena deixaram Dimitri desconfortável.

“Richard me ligou dizendo que iria se atrasar, perguntou se eu poderia pegar vocês. Ele vai nos encontrar na casa de mama em uma hora.” Dimitri murmurou, alisando a cabeça do pequeno Igor. “E, vamos lá Karo, quando eu não tenho carta branca para entrar na sua casa?” O sorriso que ele deu desarmaria qualquer mulher, menos, é claro, sua irmã. Então, com mais um olhar mortal, ela se virou e voltou para o quarto, para se arrumar.

“Você sabe, está na hora de construir uma família.” Karoline disse, quando já estavam a caminho. Igor brincava animadamente em sua cadeirinha. Dimitri endureceu. “Não adianta fazer essa pose, eu sei que você adora crianças, e Dimitri, nos últimos 2 anos tudo o que você faz é levar todas essas meninas para sua casa. Nem Tasha você teve coragem de apresentar como sua namorada para mama e babushka.” Usaria Tasha como argumento mesmo que não gostasse dela.

“Eu prefiro que você não vá por esse caminho, Karo.” A voz de Dimitri estava dura, tensão irradiava de seus poros. “Eu estou bem vivendo assim, as meninas também e não estou quebrando nenhuma regra ou lei.” Ligou o rádio, finalizando a conversa. Karoline revirou os olhos para a atitude do irmão.

Chegaram a grande casa 20 minutos depois, toda a família estava reunida, Karoline pegou Igor da cadeirinha e o carregou para dentro, enquanto Dimitri caminhou mais devagar, tentando recuperar o fôlego, não era com frequência que ele era pressionado por alguém de sua família sobre esse assunto, mas quando acontecia, tinha a sensação de estar se afogando.

Ouvindo as vozes de suas irmãs e sobrinhos, Dimitri colocou um sorriso no rosto e cumprimentou todos antes de ir a cozinha pegar uma bebida. Sentou ao lado de sua avó, que estava calma.

“Espero que no próximo jantar você traga sua mulher, meu neto.”

Dimitri arregalou os olhos, cuspindo a cerveja. Ou não tão calma assim.