O Irmão de Annabeth escrita por João Bohrer


Capítulo 26
Não me chame de Caçadora!


Notas iniciais do capítulo

E aí gente, mais um capítulo em pouco tempo... Estou empolgado com esse início, e espero que vocês gostem também!

Até lá embaixo!



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Prata? Cadê o meu cinza?!

Ártemis havia provado que era uma idiota... Bem, pelo menos comigo, e que alguns deuses já deviam ter sido esquecidos há muito tempo. E eu provei, que sou um idiota lerdo, que não consegue fazer um juramento direito.

Sadie estava assustada com o que havia ocorrido, eu estava mais nervoso, não conseguia aceitar, eu era um inútil contra Ártemis, aquilo era mais uma fraqueza.

O ambiente ao redor estava silencioso, a lua iluminava o jardim de Baco, e eu me sentia completamente diferente. Antes a noite para mim era diferente, mais escura e muito, mas muito mais silenciosa, agora era como se tivessem acendido uma lanterna, eu conseguia enxergar perfeitamente no escuro, os cheiros estavam muito mais forte, e eu acho que finalmente havia compreendido o que para os monstros era “sentir o cheiro” de um semideus.

– Connor, você está bem? – Sadie perguntou

Eu olhei pra ela e sorri.

– Me sentindo como um animal... Mas estou bem! –

Sadie me olhou com curiosidade, embora eu estivesse ainda com o orgulho ferido, as coisas haviam saído melhor que o planejado.

– Se sentindo diferente? –

– Se está falando no sentido de odiar os homens... – Dei risada – Ainda não odeio, eu apenas estou vendo no escuro e sentindo os cheiros com mais clareza... –

Ela sorriu.

– Como um cachorro? – Ela riu

Mais ou menos isso... –

Nos dois rimos e começamos o caminho de volta até o acampamento. Fazia algum tempo que eu não ficava sozinho com a hospedeira de Ísis, Sadie era uma boa amiga, e eu conhecia a deusa que ela hospedava, as duas eram muito fortes, além de serem mulheres com dons incríveis.

Minha parceria com Ísis não havia dado certo, quer dizer, foi bom para nós dois, ela me salvou muitas vezes, mas por causa da luta contra Rachel e da própria “química” entre Deus e hospedeiro, aquela parceria não poderia mais acontecer. Agora eu parecia cada vez mais distante dos egípcios.

Eu e Sadie caminhamos devagar, não queríamos voltar tão rápido ao acampamento, ela não estava se sentindo muito bem vinda, assim como Walt, os dois pareciam estar sendo colocados de lado pelo fato de serem egípcios.

Eu e ela sabíamos que não deveríamos continuar no acampamento Romano, não só por causa da cultura diferente, mas também pelo pouco tempo que tínhamos até Rachel/Setne concretizarem seu plano. Fazia apenas um dia que estávamos ali, mas a rejeição por parte dos romanos e a vontade de ter uma revanche contra Rachel, nos motivavam a ir embora.

Mas as surpresas de Ártemis não parariam só com uma humilhação em frente à minha amiga, ainda não havíamos saído do Jardim de Baco, mas algo nos seguia.

– Sadie, fique atrás de mim! –

Haviam nós cercado, elas estavam muito bem escondidas, mas mesmo assim por algum motivo eu conseguia perceber a presença delas. Eram apenas cinco, mas tenho certeza que eram fortemente treinadas e poderiam ter acabado com a gente em um segundo, mas não atacavam. Apenas observavam.

– Connor, o que houve? –

– Sadie, eu preciso que você faça uma pequena bola de luz e jogue o mais longe que você puder! –

Ela me olhou como se eu fosse louco, mas concentrou um pouco de energia na palma de sua mão.

– Tem certeza? –

– Vai! –

Quando ela jogou, eu ataquei.

Elas se escondiam nas sombras, mas o cheiro delas era atraente demais e muito forte para se esconder.

A primeira não teve tempo de gritar, teve seus pés congelados, a segunda teve o mesmo destino. Faltavam três.

Flechas começaram a ser disparadas contra Sadie, a egípica simplesmente falou N’Dah e ficou protegida por um campo de energia. Ela parecia não estar muito feliz com a situação, mas deixou que eu continuasse.

Conseguia visualizar as outras duas, estavam se aproximando de Sadie, como se não acreditassem que ela ainda não havia sido atingida.

– TAS! – Ordenei

Mas nada aconteceu, havia algo errado, deveria aparecer uma corda em minhas mãos, mas a palavra mágica pareceu não ter funcionado.

Sadie me olhou surpresa e as duas que estavam atrás dela também me viram, a partir daí as coisas mudaram de figura. Elas vieram para cima.

O meu normal seria levar a maior surra da história, mas minha agilidade estava maior, eu conseguia visualizar os golpes delas e evita-los, além de conseguir prever quais seriam os próximos movimentos delas.

Sadie resolveu ajudar, ela baixou a barreira de energia e simplesmente pronunciou em egípico a palavra: “Sono”. E as duas garotas que me atacavam simplesmente caíram no chão.

– Te devo uma... –

– Connor, você me deve várias... –

Ainda havia uma escondida, mas ela não pensava em atacar, ao invés disso vinha caminhando tranquilamente até nos dois. Sadie estava cansada e com raiva, era natural dela, por isso eu não me atrevi a falar nada, até que finalmente a outra garota chegou, e finalmente descobríamos quem eram as garotas que nos atacavam.

Ela tinha uma aura toda especial, cabelo picotado, ela usava uma tiara de prata, que contrastava com seus olhos azuis que pareciam carregados de eletricidade. Uma figura de meu passado acabava de aparecer, a princesa dos céus, a filha de Zeus , e a irmã mais velha de Jason Grace, Thalia.

O ar começou a ter cheiro de ozônio, faziam anos que eu não encontrava Thalia, para mim, ela ainda era aquele velho pinheiro no acampamento.

Ela não estava nervosa, na verdade sorria, ela parecia até feliz.

– Não sabia que a Annabeth tinha virado um garoto... Percy sabe disso? – Ela perguntou rindo

Eu a olhei sem ação nenhuma, ainda pensava naquele pinheiro.

– Annabeth? – Ela repetiu a pergunta

Sadie ria descontroladamente... Porque essas duas têm que ter personalidades tão parecidas?

– Não lembra de mim? – Perguntei chateado

Thalia parou e me analisou de cima a baixo...

– Claro que lembro da Annabeth! –

Eu coloquei a mão no rosto e Sadie começou a rir histericamente.

– Connor Chase, há quanto tempo? –

Eu a olhei e sorri.

– 11 anos? –

– 11 anos, um pinheiro e diversas batalhas... – Ela completou – Sempre soube que você iria puxar a mim! – Ela sorriu

Eu a olhei em dúvida, quando éramos, eu, Annabeth, Thalia e Luke, Annie sempre foi muito mais próxima a Luke, e eu, por falta de opção, fiquei mais próximo a Thalia, ela havia tentado me ensinar a lutar, mas quando percebeu que eu não era para aquilo, por alguns meses se tornou minha irmã mais velha.

– Porque nos atacaram? – Perguntou Sadie

Thalia olhou para ela seria e depois me encarou.

– Connor atacou Ártemis, e mesmo tendo levado uma surra, nós queríamos descobrir o porquê disso? –

Thalia sorriu e chegou mais perto de mim, olhando em meus olhos.

– Prata? –

– Prata. – Respondi triste – Algo estranho aconteceu... –

Ela riu.

– Como você se tornar propriedade da nossa deusa? – Ela perguntou

Exato... Servo de Ártemis. –

Sadie foi até nós.

– Está mais para saco de pancadas... – A loira riu

Thalia olhou para ela, como se só ela pudesse fazer piadas comigo.

– Ártemis nos contou o que havia feito, e eu decidi lhe testar. – Thalia colocou a mão em meu ombro. – Connor, fez o que deveria ter sido feito, as caçadoras não estão furiosas com o que você fez com o governo do Olimpo, na verdade algumas até comemoraram que Atena assumiu. Estamos mais nervosas com a decisão de Ártemis! –

Thalia estava séria e Sadie parecia estar se preparando para algo.

– Connor, Ártemis não revelou tudo para as caçadoras! A maioria pensa que você apenas se ofereceu para ser um servo para a nossa deusa, só nós cinco, as quatro mais velhas e eu como tenente, sabemos que ela deu uma parte de sua aura para você! – Ela respirou – Não podemos fazer nada contra você, e eu jamais ordenaria as caçadoras a fazer qualquer coisa contra você e Annabeth, mas a partir de agora, deverá agir de forma a honrar o nome de Ártemis! –

Sadie riu.

– Imagina o Connor vestido de caçadora e dizendo-se uma eterna donzela! – Ela começou a rir

Thalia riu também e eu fiquei a olhando.

– Tá, não é isso, mas, você sabe as regras que as caçadoras assumem. Sem amor romântico, louvar a deusa da lua e caçar sempre... –

Sem amor?! Isso quer dizer que Skadi?!

– Eu não vou louvar Ártemis! Eu não queria pertencer a ela! –

Thalia me olhou compreensiva.

– Eu sei... Mas aconteceu, por favor, não desafie Ártemis, ela tem andado muito nervosa ultimamente, eu não lhe quero ver morto! –

– Thalia, eu não posso... Eu tenho, ou tinha, uma namorada! –

– Sinto muito Connor, são as regras, caso descumpra, eu acho que você será morto... –

Eu olhei para Thalia e me afastei.

– Skadi não vai gostar nada disso! Ártemis conseguiu arruinar meu relacionamento em um dia... –

Thalia sorriu e me abraçou...

– Você sempre foi o meu irmãozinho mais novo, enquanto Jason estava perdido... – Ela falou docemente – Connor, nós cinco conversamos, e achamos que você precisava de uma arma... – Ela riu – Esse arco é especial, na verdade ele é como os nossos, pertenceu a uma caçadora por pouco tempo, espero que ele seja útil para os desafios que se aproximam... –

Ela me entregou um pequeno prendedor de cabelos, que quando eu toquei, cresceu e virou um arco prateado, e em minhas costas apareceram uma alijava com as flechas.

– A quem pertenceu esse arco? – Eu perguntei

Toda caçadora tem seu nome registrado na parte inferior do arco, este é um arco especial, pois mesmo depois de a caçadora ter morrido, ele voltou para nós... Acredita-se que não seja a caçadora que escolha o arco, e sim ao contrário... – Falou Thalia

Obrigado Thalia! – Sorri e abracei forte ela

Ela sorrie e olhou para as outras caçadoras.

– Agora pode soltá-las? –

Eu desfiz o gelo nos pés das duas e Sadie acordou as outras duas, pedimos desculpas a elas e rimos um pouco.

Quando chegou a hora de ir embora, Thalia se despediu e reforçou o aviso dela sobre as regras de Ártemis. Eu me despedi e disse que ia pensar nelas.

Elas desapareceram rápido de vista, e assim eu e Sadie nos pomos a caminho do jantar, lugar onde descobriríamos que não éramos tão indesejados assim no acampamento, pelo menos não com Frank e Hazel, eles eram legais.

Sadie, Walt, Annabeth, Percy, Piper, Hazel e Frank em uma mesa... Era difícil se sentar ao lado deles e não se sentir lisonjeado, todos eram uma espécie de Lenda viva nos acampamentos, mas também eram ótimos amigos, só faltava Jason, um amigo ainda perdido no Duat. Ainda havia o irmão de Sadie, Carter, ele devia estar a caminho em uma longa jornada de vingança.

– Então, vocês dois estavam aonde? – Perguntou Percy

Estavam juntos sozinhos? – Pergutou Hazel fazendo cara de assustada

Sadie?! – Exclamou Walt

Sadie me olhou e riu.

– Estava vendo Ártemis dar uma surra em Connor... – Ela riu

Eu ri também, e depois encarei Sadie.

– Ártemis? – Perguntou Annabeth

Um papo de que agora Connor pertence a ela e deve seguir uma vida como uma donzela... – Sadie abreviou e pegou um pedaço de Pizza

Annabeth me olhou assustada e percebeu meus olhos.

– Connor, seus olhos! Estão prateados! –

Foi aí que todos olharam para mim...

– Ártemis fez isso também! – Sadie riu

Isso não é legal... E parem de olhar para mim! –

Annabeth foi até mim e me abraçou.

– Minha caçadora! –

Todos começaram a rir da minha cara, e Annabeth sorriu intensamente e depois caiu na gargalhada. Eu comecei a rir, até que eu senti algo quente no meu bolso.

Quando coloquei a mão, senti o prendedor que Thalia havia me dado, ele estava quente. Eu o tirei do bolso e coloquei em cima da mesa. Observei até que ele crescesse e virasse o arco, havia algo estranho.

– Ganhou um arco das caçadoras? – Perguntou Percy rindo

Thalia disse que esse arco pertenceu a uma caçadora, e que ela havia morrido há pouco tempo... Disse que era especial! – Argumentei

De qual caçadora? – Perguntou Piper

Eu peguei o arco em mãos e procurei o nome da caçadora a quem ele havia pertencido. Quando eu achei ela, na parte anterior, estava escrito em ouro, dando destaque ao nome em um arco prateado.

Quando eu li o nome, não fazia nenhum sentido, mas os outros se assustaram... O nome que estava escrito na base inferior do arco era: “Bianca DiAngelo”.


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Notas finais do capítulo

E aí, querem mais?



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