O Irmão de Annabeth escrita por João Bohrer


Capítulo 27
Arty não gosta de apelidos...


Notas iniciais do capítulo

E então gente... Feliz Páscoa atrasada, terminei ontem esse capítulo e não consegui postar!

Espero que gostem!



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Eu não conhecia Bianca DiAngelo, mas pela reação dos outros eu podia perceber que aquela caçadora, antiga dona do arco que agora me pertencia, era um personagem de destaque nas memórias de alguns de meus amigos, especialmente de Percy Jackson.

Os olhares sobre o arco davam arrepios, Frank que era o melhor arqueiro do acampamento tinha vontade de testá-lo, estava nos olhos dele, Hazel parecia horrorizada, certamente ela podia sentir o cheiro da morte que aquele arco carregava.

– Então Arty, de quem é o arco? – Perguntou Sadie

Eu olhei para ela em dúvida, quem era Arty?! O amigo imaginário dela?!

Mas vi que ela olhava diretamente para mim, com um sorriso malicioso na boca.

– Arty? – Annabeth perguntou

Era o que a hospedeira de Ísis queria, ela abriu a boca toda orgulhosa do novo apelido que acabava de inventar.

– Arty é diminutivo de Ártemis... E com toda essa história de Connor pertencer a essa deusa... Eu chamei ele de Arty! – Ela falou como se fizesse lógica

Annabeth escondeu o riso com a mão, mas os outros não eram tão civilizados e riram, logo soube que agora estava marcado... Realmente... Eu odeio apelidos, Connor não parecia com nada, então não era para eu ter apelidos. Maldita maga egípcia!

– Tudo bem... – Parou de rir Percy – De quem é o arco? –

Eu olhei para ele e respondi sem nenhuma delicadeza.

– O nome que está na base é de Bianca DiAngelo! –

Naquele momento, Percy e Hazel pararam de sorrir e me encararam. Imagine ser encarado por Posseidon e Hades, só que em proporções menores! Eu já havia passado por aquilo na proporção divina, e lhes digo, não é legal!

– Bianca? – Percy perguntou

A irmã do Nico? – Perguntou Hazel

– Quem? – Eu perguntei

A partir dali, o nosso jantar virou uma “roda ao redor da fogueira”, ou seja, os mais velhos e experientes contando suas aventuras para os mais novos. Naquelas duas horas que eu passei ouvindo os relatos de Percy, eu aprendi quem era a dona daquele arco.

A irmã de Nico DiAngelo, o filho de Hades, e agora desaparecido, era algo distante para Percy, mas ele e Bianca pareceram se aproximar um pouco durante a missão para resgatar Ártemis.

O que não encaixava, era o porquê daquele arco ter vindo parar em minhas mãos?! E o que ele teria a haver com o futuro de nossa missão, poderia Bianca DiAngelo ter algum segredo?

– Bem Arty... – Falou Percy – Parabéns pelo arco... E por Ártemis? – Ele riu

Eu o encarei e ri. Não daria aquele tipo de munição a nenhum deles, eu tinha que parecer estar “de boa” com aquela história, pelo menos até descobrir como desfazer aquilo.

– Eu sei... – Concordei – Ártemis é tão linda, é ótimo ter algo a haver com ela! – Eu sorri

Percy fez cara de dúvida, mas acabou aceitando. O que não excluía, um possível barraco de quem estava no refeitório junto com a gente.

De uma hora para a outra, o ambiente congelou, as tochas deram lugar a escuridão. Skadi estava atrás de mim, vestida como uma legítima deusa, linda mas perigosa. Seu vestido branco parecia coberto de neve, assim como seus cabelos pareciam estar congelados.

– Então Ártemis é linda? – Ela perguntou

Percy parou de sorrir e lentamente cada semideus naquele refeitório saiu, deixando apenas eu e Skadi, no que prometia ser a briga de casal mais épica e destrutiva da história.

– Skadi, você pegou a conversa na metade... – Tentei me explicar – Ela é linda sim... Mas não é do jeito que você tá pensando! –

Ela deu um passo à frente e o ambiente começou a congelar.

– Então ela é Linda! E não é isso que eu estou pensando? – Perguntou ela – Connor Chase, se não fosse por mim você estaria morto! – Ela começou a gritar – Acha que eu esperei tanto tempo por alguém, para o primeiro mortal que eu acabo gostando me trair com uma deusa virgem que finge ter 12 anos?! –

Dei alguns passos para trás e olhei para a saída.

– Muito bem Chase, se quer que tudo acabe assim, eu vou embora, mas não conte comigo mais para nada! – Ela falou decepcionada – Apenas lembre-se que a culpa foi sua! –

E como uma deusa da neve, Skadi se desfez em uma tempestade de inverno. Deixando um ambiente completamente congelado ao meu redor, por incrível que pareça, eu havia brigado com uma deusa e nada havia acontecido comigo.

Saí do refeitório como um combatente norte-americano em uma zona de guerra, praticamente saindo do local de um atentado ileso, após a explosão de algo grande... Tudo bem, exagerei demais, mas é mais ou menos como eu me sentia.

Procurei não chorar e nem demonstrar emoção nenhuma sobre aquilo aos meus amigos, eles não precisavam saber do fim de um relacionamento. De certa forma, ter o coração partido não doeu tanto quanto pudesse parecer.

Eu não demonstraria a dor que sentia, e nem falaria sobre aquilo. A guardaria para mim.

Annabeth veio até mim querendo saber o que havia acontecido, eu não respondi, simplesmente segui para o alojamento montado para os visitantes.

Não era um luxo, Reyna havia autorizado utilizar um dos armazéns para que os visitantes pudessem dormir sem atrapalhar a vida do acampamento romano. Sem dizer nada a nenhuma das outras pessoas que estavam lá, deitei em uma das camas improvisadas e adormeci sem mais nem menos.

Meu sonho, ou melhor, visão profética acabou por ser enigmático e desagradável ao mesmo tempo.

Quando percebi, estava de pé em frente a uma estátua gigante de Atena, feita de ouro e mármore, era a Atena Partenos, a estátua lendária que hoje estava no Olimpo, eu vestia um Quíton, realmente, pela primeira vez me senti muito, mas muito estranho em um sonho. Estava vestindo como uma mulher, ou melhor, eu era uma mulher.

Com o tradicional vestido grego, preso apenas por uma corda na altura da cintura, bem... Não quero descrever a visão perturbadora de ter um corpo feminino sendo um homem... E... Quer saber... Eu tinha até que seios bem grandes...

Deixando a parte bizarra de lado, olhei meu reflexo no metal da estátua, uma garota de cabelos negros e olhos muito prateados, no mesmo tom que os meus estavam depois do encontro com Ártemis.

– Selena! Ártemis está lhe chamando! – Falou uma voz feminina

Quando percebi, havia uma garota alta, com a pele em cor de cobre e cabelos negros, parecia uma princesa persa, no alto de sua cabeça, um diadema prateado, indicava que aquela garota, era a Tenente das caçadoras, e parecia que eu era uma delas.

– Me desculpe, estava distraída... – Falei sem jeito

Ela veio até mim e sorriu.

– Mantenha a calma minha jovem guerreira, têm apenas alguns dias de caçada! –

Eu caminhei lentamente até o lugar indicado pela tenente das caçadoras, sempre admirando a incrível arquitetura do local. Deveria estar na antiga Atena, antes do império Romano e da Grécia moderna, eu estava realmente em uma das memórias perdidas no tempo.

Era Atenas e deveria ser o Partenon, mas ao contrário de toda a visão magnífica que eu deveria ter, eu via apenas paredes, o que me levava a pensar que estávamos em outro lugar, talvez alguma sala secreta dentro do próprio Partenon.

Cheguei a uma pequena sala, onde Ártemis me esperava, ela parecia tensa, utilizava um Quíton prateado e parecia ainda mais jovem, como se tivesse uns 9 ou 10 anos.

– Selena! Estava onde? Não percebe que já vai começar? Atena está para corrigir seu maior erro! – Ela falou como se estivesse muito nervosa

Me ajoelhei ne frente dela, eu não sei, simplesmente tive a vontade de fazer isso.

– Me desculpe minha deusa! –

Ela sorriu e pediu para que eu levantasse.

– Vamos, não temos tempo a perder, o ritual irá começar em poucos minutos! –

E seguindo rapidamente ela, fomos para uma outra sala, onde três mulheres estavam em frente a um vaso gigante (vaso digo cerimonial e ou de plantas).

Uma das mulheres, vestia uma armadura completa, feita em ouro e prata. Atena estava a minha frente... Eu quase soltei um “Mãe?!”, mas acho que não pegaria bem. Se Ártemis estava nervosa, Atena nem se falava, ela estava diferente do que eu estava acostumado.

Nervosa, ela olhava incessantemente para cima e para os lados, como se procurasse alguém ou estivesse com medo de ser vista.

– Ártemis, vamos começar logo! Trouxe a caçadora que se ofereceu para isso? – Perguntou Atena

Eu olhei para Ártemis e ela sorriu de leve.

– Selena se ofereceu para isso, mas têm de ser breve! – Falou Ártemis

E assim Atena pareceu se acalmar um pouco, por outro lado, eu pirei de vez, quando vi que não haviam apenas duas deusas, mas três naquela pequena sala. Ao meu lado, a musa de todos os filmes de terror, aquela deusa que causa arrepios na espinha de qualquer semideus, Psiquê, a deusa das almas.

– Ártemis, o que vocês vão fazer? – Eu perguntei

Atena e Ártemis se entreolharam perdidas, mas depois minha mãe, Atena me explicou, como se eu fosse apenas um brinquedo para ela.

– Vamos apenas tirar a alma de seu corpo... Nada de mais! –

E com um sorriso de canto de boca, Atena me assustou pela primeira vez depois de 18 anos, e tenho que dizer, ter Psiquê do meu lado não melhorava muito. Ela com aquele sorriso de “Vou levar sua alma” não ajudava nada... E mais uma vez minha alma era posta à venda por uma deusa...


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Notas finais do capítulo

E então... Gostaram? Querem mais?



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