Good Times escrita por Belle Grace Delacour


Capítulo 20
Remains


Notas iniciais do capítulo

E aí, pessoas. Tudo bem? Espero que sim. Então, este capítulo vai mudar mais um pouco a história, está bem dramático, e não se preocupem, tudo vai se resolver, só que vocês terão que esperar um pouco mais. O que é bom e vem rápido? Pois é, ah, Késsia Malfoy, eu respondi seu comentário e, de alguma maneira acabei o apagando, então, sorry, darling. Okay, era só isso, pessoal, leiam, aproveitem e eu já estou providenciando os próximos e, na minha opinião, estão ótimos. Certo, tchau, beijos.



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Capítulo 20

P.o.v Narrador

Scorpius chegou ao seu quarto e trancou a porta com um feitiço. Não queria falar com ninguém naquele momento. Se jogou no chão perto da parede e passou os dedos nervosos pelo cabelo loiro. Não sabia por que estava tão zangado. A vida é dela, ela faz que ela quiser, repetia para si. Esquece essa garota, Scorpius, você pode ter muitas outras. Mas no fundo ele sabia que nenhuma seria melhor que ela. Lembranças se fundiram em sua mente. Ele podia ouvi-la falando no Salão lá embaixo.

Flashback on

Nove anos antes...

"Oi, sou Rose." - a garotinha ruiva cheia de sardas falara para ele e estendera sua mão.

"Vamos, Scorpius, vá brincar com eles." - seu pai o empurrou sorrindo para Rose e Hugo na primeira vez do garotinho na casa dos Weasley. Rose o olhou, ele parecia tão bonito naqueles jeans e aquela camisa branca com a imagem de um trem. Não um trem qualquer, Hogwarts Express.

"Você quer ver o meu trem?" - Rose o fisgara. O garoto era apaixonado por trens. - "Venha, Hugo, vamos também." - foram os três até o quarto de Rose, mas Hugo se distraiu com o cheiro de queijo assado que vinha da cozinha e correu até lá gritando:

"Quecho! Qué quecho, mama!"

"Ele adora queijo, mas não sabe falar muito bem ainda. Então, seu nome é Scorpius? Prazer. Você quer ver minha coleção de rodinhas para o meu trem?" - ela o puxara para um canto em que o trem de brinquedo andava sobre o trilho por entre montanhas e pastos verdes. O letreiro na frente dizia Hogwarts Express.

"Uau! Eu quero brincar!" - Scorpius exclamara boquiaberto com o trem maior que ele.

"Ah, você sabe falar, é? Vem, Corp. Posso te chamar de Corp, não é?" - ela sorrira e foi o momento que ele realmente achou ter visto um anjo. Repetira isso à mãe dizendo ter visto um anjo com cabelo de fogo e pintinhas na cara com o sorriso mais encantador que ele já conhecera. Mas naquele dia, a provável amizade foi por água abaixo. Ele não lembrava por quê, mas saíra daquele quarto recebendo vários "Sai daqui! Eu te odeio, Scorpius!".

Flashback off

O garoto se forçava a esquecer todas as lembranças que vinham. Não podia ser que ele estragara tudo com aquele anjo no primeiro dia em que se conheceram. Ele era um desastre. Não mantinha ninguém em sua vida.

Flashback on

Oito anos antes...

– Oi. - O garoto disse timidamente ao entrar no quarto branco e vermelho após bater três vezes na porta por precaução. A garota levantou os olhos e assumiu uma expressão de surpresa que logo se tornou raiva.

– Como se atreve a voltar aqui? - A ruiva disparou para o loiro que continuava parado na porta de olhos fechados esperando a chuva de raiva. - Se você acha que eu não lembro o que você fez naquele dia, está muito...

– Adianta pedir perdão? - Scorpius tentou sem sucesso se reconciliar com o anjo no qual pensara tantas e tantas vezes em sua casa. Abriu os olhos pela primeira vez desde que entrara no quarto e olhou para a garotinha sentada em cima da cama de cor vermelha bordada com rosas. Quase perdeu o fôlego ao olhar para o rosto que tinha estado tanto em sua mente nos últimos anos. - Olha, já faz um ano e eu estou muito arrependido, juro.

– Jura mesmo? - Rose cruzou os braços e fez comprimiu os lábios olhando atentamente para o atual imbecil que gritara com ela como ninguém nunca gritou, nunca. Ele gritara de uma forma diferente da mamãe. Do Hugo. Porque quando ele gritou, de alguma forma, doeu.

– Juro. Eu prometo que nunca, nunca, nunca mais vou fazer aquilo de novo. - Ele selou a promessa juntando os dedos indicadores em "x" sobre os lábios.

– A parte de quebrar a minha rodinha ou a parte de dizer que eu sou uma louca por me importar tanto com meus trens? - o garoto riu, com a cabeça abaixada, lembrando-se do dia em que descobriu que peças de trem são muito frágeis e que não se deve pisar em cima.

– As duas. Você me perdoa? - Rose deu de ombros e saiu correndo da cama, abraçando Scorpius e quase o derrubando no chão.

– Claro, Corp. Agora, vem, preciso te mostrar uma coisa. Você nem vai acreditar em como meu trem está lindo! Papai comprou um monte de peças, tem mais pessoas, animais, mais plantas bonitas, é maravilhoso!

Flashback off

Agora se lembrava de tudo. Todas as brigas. Todos os desentendimentos. E ele poderia culpá-la o quanto fosse, mas tinha certeza, ele era o culpado de tudo. E sabia o motivo. Scorpius tinha medo, medo de que uma relação tão boa quanto a que Rose traria pudesse lhe assustar, mudar sua vida. Mal sabia ele, ela já mudara.

Flashback on

Três anos antes...

– Potter! Tira sua prima daqui!

– Olha, dá pra calar a boca? Estou conversando com o Alvo. - Rose exclamou para o garoto parado em frente ao chuveiro.

– Tinha que ser no banheiro? Masculino?! – Rose o ignorou e voltou-se para o primo.

– Rose, Rose, por favor, não pode contar aos meus pais. Isso seria assassinato! Você quer matar seu lindo priminho aqui? - O garoto fez biquinho juntando as mãos em oração e Rose suspirou, revirando os olhos.

– Olha, tá legal. Mas se vocês dois, - rodou o dedo entre Alvo e Scorpius - fizerem isso de novo, terei bem mais que um motivo. E além disso, eu até que estou gostando de ficar aqui. - Declarou sorrindo e enrolando os cabelos com o dedo ao olhar por cima do ombro do primo, alguns quartanistas de toalha.

– Sai daqui, sua assanhada! - O garoto no banheiro berrou mais uma vez.

– Ai, ai, ai, ai, eu só queria um desses pra mim. - Falou, olhando direto para Jeff Thomas, seu futuro namorado.

– Ah, garota, o que você acha que tem pra eles quererem você? - o loiro no box riu e ela o olhou de cima a baixo.

– Muito mais que você. - Ela sorriu de lado, fazendo-o parar de rir. - Sai daí, vai. Não tem nada aí que eu nunca tenha visto, Scorp. - Ela falou seu nome como as garotas que davam em cima dele.

– Não! Potter, me ajuda! - Alvo, que estava conversando com Jeff, revirou os olhos e jogou uma toalha para Scorpius. A toalha caiu no chão, e ele não poderia pegar, ou acabaria soltando as mãos. Rose que ria de tudo, se aproximou, apanhou a toalha, e recebendo olhares mortais do garoto, colocou-a em volta da cintura dele.

– Weasley!

– Acho que já pode soltar seu amigo, Malfoy. - Rose disse rindo enquanto Scorpius ainda mantia suas mãos embaixo da toalha. Ele as tirou e quando o fez, a toalha caiu no chão sem nenhum efeito. Rose gargalhou e Scorpius enrubresceu. Arrumou rapidamente a toalha no corpo.

– Ai, Malfoy, você é tão... imbecil.

– Vou te mostrar o imbecil. - Scorpius puxou seu pescoço e a beijou, como no último ano, mas dessa vez com mais intensidade. Rose se afastou bruscamente, com um olhar indignado, virou as costas bufando e caminhou até Alvo enquanto o loiro observava seus países baixos. Ainda conseguiu ouvir um pouco da conversa de Rose, Alvo e Thomas.

– Ah, cara. Essa é a Rose, minha prima.

– E aí, ruiva. Sou Jeff, prazer.

Flashback off

Scorpius riu com a lembrança, mas depois lembrou-se do final. Sempre foi assim. Ele a beija, acha que conseguiu o coração da ruiva e acaba descobrindo que ela está com outro. Outro mais forte, outro mais bonito, outro que seria melhor para ela do que ele. E isso acaba o destruindo, mesmo que ele não admita, nem se faça notar, por fora ele continua o mesmo, mas por dentro...

Flashback on

Dois anos antes...

– Espera só até o Scorpius saber. Ele vai amar!

– Saber o quê? - o garoto entra na sala sorrindo contagiado pela alegria da amiga.

– Lembra daquele artilheiro do Church que a gente adora? - o garoto assentiu - Ele foi lá pra casa no verão, a gente... meio que namorou... mas o importante, é que ele me mandou uma carta, dizendo que vem pra cá, passar uns tempos em Hogwarts! Não é legal? - ela se jogou nos braços do loiro sorrindo e gritando. O garoto já se sentia mal como sempre, e logo agora que havia conseguido se tornar amigo da ruiva.

– É, sim. É muito legal, Rose.

– Ai, Scorp, eu te adoro, sério.

Flashback off

Ele sabia que nunca teria coragem para ter algo com ela. Não sabia o porquê. Só que todos os outros iam embora, uma hora ou outra, iam embora. Não queria ser como eles.

Mal sabia ele que era por sua causa. Muito indiretamente, muito no fundo, mas era por ele.

Flashback on

Dois anos antes...

– Alvo, eu não sei mais. - Ouviu alguém no sofá enquanto passava para o dormitório.

– Calma, Rose. Tá tudo bem, vai dar tudo certo, eu prometo.

– Mas, eu não sei se é por ele, mas eu nunca consigo, Alvo, é como se, algo, não sei, me impedisse...

– O que vocês estão fazendo aí? - o garoto foi para a frente do sofá e viu Rose encostada entre os braços de Alvo. A garota abriu a boca pra falar mas não saiu som algum.

– Nada, Scorp. Pode ir. - Alvo respondeu por ela.

Scorpius viu algo nos olhos de Rose, era quase como se, ela estivesse chorando. Ele quase nunca a vira chorando.

– Cadê seu namorado, garota? Eu quero falar com ele.

– Eu... o Gabriel, nós... terminamos. - O garoto foi invadido pela mesma felicidade que sempre tinha quando isso acontecia, mas deixou isso bem escondido. E além disso, estava se sentindo mal por vê-la naquele estado.

– É, Alvo... - Lucy chegou e percebeu a situação. - Será que eu podia falar com você? - Scorpius notou que ela não sabia ainda do término do namoro. Claro, Rose sempre foi mais apegada a Alvo. O moreno olhou da namorada para a prima, que assentiu e deixou-o sair. Deitou-se no sofá e limpou os olhos. Scorpius não sabia muito bem o que fazer, fora desestabilizado por ver a ruiva chorando.

– Acho que... eu já vou. - Disse, finalmente e começou a andar para longe.

– Corp. - Rose chamou e ele parou, chocado pelo apelido que ela usava aos oito anos de idade. - Fica aqui, por favor. - Ele se virou e parou perto do sofá.

– Você quer... que eu fique aqui? Mas, você me detesta, Rose. Não quer que eu chame o Alvo, ou a Lily?

– Não precisa. Agora, por favor, fica. - O garoto abriu a boca pra falar umas três vezes antes de desistir e sentar ao lado da ruiva, colocando a cabeça dela encostada em seu peito. Ela fechou os olhos e mais algumas lágrimas saíram do seu olho. Scorpius acariciava suas mechas ruivas que tanto gostava e tentava imaginar por que eles haviam terminado. Pareciam sempre tão felizes. - Só pra você saber, não te detesto. - Ele se assustou, achava que a garota estivesse dormindo. Mas não conseguiu não sorrir.

Flashback off

Ele não sabia o que havia com ele naquele momento, mas conhecia uma música trouxa que condizia muito bem com isso. Sua prima Katherine cantara ela milhares de vezes quando fora à sua casa no último ano. Only know you love her when you let her go...

Flashback on

Três anos antes...

– Não, Malfoy, eu não acho que isso seja bom! Pro seu governo, é péssimo, nojento, asqueroso!

– Então você quer mais? - ele sorriu, chegando mais perto da garota fazendo-a bufar de indignação.

– Saia de perto de mim, seu grandissíssimo idiota! Já não basta o soco que eu lhe dei naquele dia? - o garoto engoliu em seco com a lembrança e parou no lugar. Rose soltou um riso de escárnio. - Você está com medo? É bom mesmo.

– Cale a boca. Te odeio, Rose Weasley. - A expressão dele era como a de um garotinho de três anos que foi contrariado. A ruiva fez uma cara de dó e respondeu:

– Ó, perdeu o seu dinossauro, Malfoy? - deu um leve tampinha no rosto do garoto - Você me ama, babaca. - E deu início a uma gargalhada interminavelmente gostosa.

...

Dois anos antes...

– Do que você está falando, Scorp?

– É sério! Ela está me deixando louco, Al! Como eu lido com essa situação? - o loiro passava os dedos pelo cabelo enquanto andava de um lado para o outro do quarto.

– Bom, não lida, na verdade. Você... você está falando sério, Scorp? - Alvo observava a tudo pasmo.

– O que eu tenho que fazer pra você acreditar em mim, cara? Não sei o que me deu. Eu simplesmente precisava admitir isso pra alguém. Ou talvez isso fosse morrer comigo. Ou me matar.

– Ah meu Merlin. É pior do que eu pensei. - Alvo murmurou e se irritou com o nervosismo do amigo. - Olha, Scorpius, eu posso até não gostar muito do seu cabelo, mas ele ainda pode ser útil, quer parar de arrancar? - Scorpius parou no meio do quarto e olhou pra ele.

– Alvo, o que eu faço? Você tem que me ajudar, irmão. Ontem... ontem ela apareceu aqui com o tal Gabriel, ela parecia tão... parecia tão feliz, Al. Eu imaginei... se um dia eu conseguiria fazer ela tão feliz quanto ela estava.

– O quê? Tá brincando? Você já fez isso, Scorp. Muitas vezes. Você, você já é da família, você sabe que esse namoro não vai durar nada. E ela vai ficar triste de novo. A Rose não é de ferro, Scorpius.

– Al... - o garoto quase chorava arrancando de novo seus fios loiros platinados. - O que está acontecendo comigo, Al? - Alvo suspirou na cama.

– Você está apaixonado, Scorp. Você está apaixonado pela Rose, irmão.

Flashback off

Scorpius já não sabia mais o que fazer. Durante dois anos, sufocou no fundo do seu coração seu mais forte, e talvez seu melhor sentimento, mas agora, por mais que ele houvesse tentado de tudo, esse sentimento estava de volta. E talvez ainda mais forte. Você está apaixonado, Scorp. Você está apaixonado pela Rose, irmão... Sim, ele estava. Não restava nada a fazer senão deixar o tempo passar e talvez esconder tudo novamente. E aquela música que não o deixava em paz, estava quase dormindo, e ainda assim lembrava da mesma música. Aquela que retratava toda sua vida. Only know you love her when you let her go... Então dormiu. Por horas. No chão perto da porta de seu quarto. And you let her go.

Depois de três horas, ouviu batidas na porta. De novo.

– Scorp, sou eu, abre, vai.

O garoto não saiu do lugar.

– Olha, cara, eu preciso que você me deixe entrar. Não posso invadir, entendeu? E a Lucy disse que talvez você queira ser acordado pro jantar. Sabe, ninguém entrou no quarto hoje. Bom, exceto Jason e Will. Eles aparataram e... disseram que você estava no chão. Literalmente.

– Se você calar a boca, eu abro.

Depois de cinco segundos em silêncio, o loiro abriu a porta. Quando Alvo o viu, quase recuou. Ele estava péssimo. O cabelo loiro caído e amassado na testa, os olhos cinzentos mais escuros, a expressão fechada numa carranca.

– O que aconteceu? - o moreno perguntou ainda do lado de fora do quarto.

– Você vai entrar? Não vou segurar a porta pra sempre.

– Nossa, calma, garoto. - Alvo disse e entrou, deitando-se em sua cama beliche. Scorpius deitou-se na de Jason e colocou a mão sobre a testa, sentindo uma terrível dor de cabeça. - Então, vai me contar o que aconteceu?

– Não, porque não aconteceu nada. - o garoto gemeu de dor na cama ao lado.

– Sei. Então, vamos jantar? Tô morrendo de fome.

– Vai você, depois eu passo na cozinha e como alguma coisa.

– Tem certeza? - Alvo sentou-se na cama e observou o amigo. Depois de um tempo concluiu que ele precisava de mais um pouco de tempo sozinho.

– Tenho, Potter. Vai.

– Beleza. Qualquer coisa grita, você sabe.

– Claro, seu lema de cada dia... Ai.

– Exato. Tchau, Scorp. - Scorpius fez um gesto de tchau com a mão e Alvo saiu do quarto, olhando para trás para ver se o amigo estava bem.

Scorpius abriu os olhos e pensou mais um pouco. Não iria ser colocado para baixo por uma pessoa qualquer. Iria assumir seu posto de Malfoy. Como seu avô havia sido. Como seu pai era no trabalho. Usaria uma máscara. Faria de tudo para esconder o que sentia por dentro. De alguma forma, aquela dor de cabeça marcou o início de uma nova pessoa. Um novo Scorpius Malfoy.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram, gente? Tudo bem, até o próximo, b-bye.



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