The number 20. escrita por Lana


Capítulo 9
Capítulo nove.


Notas iniciais do capítulo

Eu nem ACREDITO que voces ainda estão aqui! Não posso explicar quão feliz eu fiquei! E como prometido, rapidinho eu voltei! Espero que gostem da leitura!



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Tomara a Rosalie toda a coragem que tinha para chegar a porta de Emmett no dia seguinte. Passara a manhã ocupada, lidando com outros assuntos e feliz de poder ignorar todo o drama que envolvia romance, mas passara a tarde toda trabalhando naquilo, lutando contra o medo e a incerteza para que desse os poucos passos necessários. Estava apavorada de um jeito totalmente desconcertante. Estava com medo de vê-lo e ele bater a porta em sua cara. Estava com medo de não vê-lo e continuar miseravelmente tentando ouvi-lo pelas paredes finas. Sentia falta do seu amigo.

Foi preciso muito esforço para fazer com que sua mão se erguesse e batesse na porta. Não houve resposta. Ela se encolheu, se perguntando se ele vira que era ela quem estava ali e decidira não abrir. Bateu novamente, com mais força dessa vez. Não ouvia barulho algum dentro da casa e com um suspiro virou-se para seu apartamento e foi em direção a porta.

Perambulou impaciente enquanto tentava se distrair, esperando pelo momento em que Emmett voltaria para casa. Será que voltaria?, ela se perguntou em certo momento. Não ouvira nenhum barulho todos aqueles dias. Sua mente começou a ir em lugares improváveis, enquanto imaginava que Emmett se mudara naquele tempo. Mas ela certamente ouviria aquilo.

Não conseguiu se distrair e ficou sentada, esperando o barulho da porta da frente. Esperou. Esperou. E o barulho não apareceu. Rosalie estava prestes a ter uma síncope. Não queria falar aquilo por telefone, sabia que precisava faze-lo pessoalmente, mas ele não aparecia!

Resignada, ela começou a preparar o jantar, qualquer coisa que tirasse sua mente de Emmett. Não sabia cozinhar nada muito difícil, se mantendo nos pratos mais simples possíveis desde sempre, então sua distração não durou tanto quanto desejava. Mas felizmente, enquanto brincava com a comida e dava algumas garfadas, o barulho finalmente veio.

Como se um peso fosse tirado de seu peito, ouviu quando os passos dele pararam em frente a porta e destrancaram-na, girando a maçaneta em seguida. Não conseguia explicar a felicidade que era ouvi-lo sozinho. Ela decidiu tentar terminar de comer antes de procura-lo, dando-lhe também um tempo após chegar em casa. Empurrou o macarrão às pressas na boca, engolindo com dificuldade a grande quantidade de massa repentina, e deixou o resto que se encontrava no prato, colocando-o na pia em seguida. Então respirou fundo algumas vezes antes de se levantar e parar em frente a porta dele.

Novamente, erguer o braço foi um exercício de muita força de vontade, pois experimentava um nervosismo fora do normal. Fechou os olhos e se pôs a bater na porta novamente. Abriu-os rapidamente quando ouviu os passos dele se aproximando da porta.

Emmett a encarava, um pouco surpreso, mas não totalmente, ela percebeu. Ele não disse nada; fitou-a enquanto ela continuava lá, as palavras presas na garganta.

— Oi. – ela disse por fim, depois de um esforço enorme. Queria se estapear, não sabia o que estava acontecendo consigo mesma.

— Olá. – ele respondeu numa voz amigável, mas seu rosto nada passava agora.

— Eu queria conversar com você. – ela disse sem jeito. – Será que posso entrar?

— Claro. – ele disse, dando espaço a ela para passar e fechando a porta atrás deles. Ela seguiu para dentro e ele acenou para o sofá com um gesto para que ela sentasse. Ela não conseguia, andava para lá e para cá tentando controlar a ansiedade. O silêncio permanecia enquanto reunia coragem novamente e Emmett a encarava de braços cruzados. – Rosalie? – ele ergueu uma sobrancelha. Ela podia ver a impaciência se formando em seus olhos.

— Me desculpe! – ela soltou. – Me desculpe pelo casamento! Eu estava errada, eu- eu não devia ter interrompido você. Eu estava apavorada com a ideia do que poderia acontecer com nós dois, eu não queria outro relacionamento que acabasse mal, especialmente com você. Eu estava errada em continuar perseguindo ex namorados que eu sequer sei quem são e me fechar para outras oportunidades. Me desculpe por ter feito aquilo, eu sinto tanto. E eu senti tanto a sua falta esses dias, é ridículo. Eu fiquei tentando pegar migalhas da sua presença, na esperança de que isso fosse me fazer sentir melhor porque eu me sinto horrível depois daquele dia. – confessou numa sequência embolada de palavras, despejando tudo antes que sua coragem fosse totalmente embora. Rosalie suspirou, olhando a expressão de Emmett; não conseguia decifrar o que estava ali. – Eu estava apavorada- estou apavorada com qualquer coisa que possa acontecer com a gente, porque eu te adoro e você é uma das melhores coisas da minha vida agora e eu não sei se posso perde-lo.

Ela permaneceu em silêncio, sem saber mais o que falar. Emmett continuava a fita-la e ambos pareciam imersos no momento silencioso. Ela engoliu em seco, se perguntando o que se passava na mente dele e por que ele não falava nada.

— Eu... – continuou, incomodada pelo silêncio, tentando achar uma maneira de preenche-lo. – Você me daria uma outra chance? – pediu, os olhos agora baixos.

Estava envergonhada, não sabia bem porquê. O silêncio continuou por alguns segundos nos quais Rosalie quase saíra de lá as pressas e então ela sentiu Emmett se aproximar. Ele tocou o rosto dela gentilmente e o ergueu, olhando-a nos olhos de forma tão profunda que Rosalie sentiu que ele podia ler sua mente. Aquele momento pareceu durar uma eternidade, enquanto ambos saboreavam o instante que levaria a um beijo, e ele então puxou lentamente seu rosto em direção ao dele e juntou seus lábios.

Rosalie sentia que podia quase derreter. De alívio. De felicidade. De excitação. Estava imersa no momento, enquanto ele trazia o corpo dela para mais próximo do seu. Ela se envolveu em seus braços fortes, a satisfação de finalmente poder compartilhar aquele momento com ele sobrepujando qualquer ansiedade que ainda restara. Quando enfim se separaram, Emmett a manteve ainda junto a si, o olhar profundo sobre ela. Quando falou, sua voz estava baixa e rouca.

— Estou feliz que tenha decidido isso, cariño. – e então voltou a beijá-la. Dessa vez, o beijo foi mais intenso, mais feroz, e Rosalie sabia exatamente onde aquilo levaria. A urgência que sentiam era fruto de tanta tensão acumulada, de tanto tempo compartilhando a presença um do outro sem poder compartilhar de fato o momento que tanto ansiavam.

Ela não pôs obstáculos quando as mãos dele entraram por sob sua blusa e a levantaram rapidamente, jogando-a para fora de seu corpo, ou quando ele ergueu-a, levando-a para a sua cama.

Rosalie não levantou objeção alguma enquanto Emmett fazia com ela tudo aquilo que ela já havia imaginado, e tanto mais. Ela não pensava em consequências ou possíveis erros ou qualquer coisa que pudesse sair mal. Tudo em que conseguia pensar era em Emmett e como aquele momento parecia certo e inevitável.

Emmett tomou seu tempo e foi meticuloso em tudo que fazia, afinal, esperara muito por aquele momento para passar por ele rapidamente. Perdera a conta de quantas vezes imaginara Rosalie em sua cama e tinha a intenção de tirar o maior proveito daquilo agora que finalmente estava acontecendo.

Depois de algumas horas, intercalando carícias e conversas, Emmett levantou-se para preparar algo para comerem. Rosalie permaneceu na cama, enrolada no lençol fino, enquanto o observava se mexer pela cozinha e preparar torradas. Emmett usava apenas uma boxer e a loura absorvia cada detalhe livremente, chocada que realmente houvesse um homem que fosse tão bonito quanto aquele a sua frente.

— Se continuar me olhando assim, vou me sentir como um pedaço de carne, cariño. – ele brincou enquanto se aproximava da cama. Ela sorriu.

— Eu não sei realmente como evitar. – deu de ombros. Ele estendeu o prato a ela que pegou uma torrada e começou a dar pequenas mordidas. Ela hesitou antes de falar novamente. – Eu queria que você me levasse em um encontro.

— Esse não conta? – ele perguntou com um sorriso e puxou seu queixo até que seus lábios se juntassem. Rosalie sorriu um pouco.

— Não. Um encontro de verdade. Eu não quero um caso, Emm. – estabeleceu por fim, certa de que ele já sabia, mas reforçando. – Quero um relacionamento.

— Quando? – foi tudo que ele respondeu. Ela deu de ombros.

— Amanhã à noite? – sugeriu, incerta, pois Emmett lhe contara sobre um teste para um papel que teria por volta das seis da tarde.

— Eu te encontro às oito. – ele disse com um sorriso.

— Podemos comemorar seu teste. – ela concluiu, sorrindo também.

— Ou você pode me consolar, o que é mais provável. – ele franziu o rosto, o que a fez rir. Ele riu também, acariciando o rosto da loura enquanto ela dava mais uma mordida em sua torrada.

Rosalie sorriu, ansiosa com a perspectiva de um encontro com ele. Sabia que era bobo, mas agora não seria como as outras vezes, não seriam apenas amigos matando tempo, seria um encontro de verdade, romance, beijos, o início da nova etapa de seu relacionamento. E ela mal podia esperar.

Ficaram mais um tempo conversando, falaram sobre relacionamentos antigos, especialmente Rosalie, já que Emmett não se empenhara muito no assunto ao se tratar dele, sempre fugindo quando precisava falar de si. Rosalie falou sobre o resto do casamento, sobre o encontro com Royce, sobre Edward se mudando. Sentira falta de compartilhar com ele as coisas banais que aconteciam no seu dia a dia e estava empolgada em poder finalmente fazer aquilo de novo.

Conversaram depois sobre os planos para o futuro. Emmett lhe contou mais sobre o teste do dia seguinte, ela perambulou sobre a necessidade de ir atrás de um emprego. Depois de um tempo, Emmett a distraíra, voltando a beija-la e depois da longa noite dormiram profundamente até tarde da manhã seguinte.

Rosalie acordou antes de Emmett, o som do seu celular a acordando. Tentando ser silenciosa, pegou-o e levantou para atende-lo mais distante da cama, de forma a não atrapalhar o sono do moreno. Era seu pai e ele estava empolgadíssimo em falar com ela. Ela ouviu as notícias que o pai lhe contara, mas não conseguira reagir com a mesma emoção. Inventou algumas desculpas para justificar a falta de entusiasmo e por fim desligou, alegando estar ocupada. Não sabia o que fazer com aquilo naquele momento, então empurrou as palavras do pai para o fundo da cabeça e decidiu se ocupar com elas depois.

Voltou para perto da cama e recuperou suas peças de roupa uma a uma. Após vesti-las, olhou a figura imóvel de Emmett por alguns segundos, um sorriso bobo em seus lábios. Após a noite anterior, se perguntava por que demorara tanto tempo para aceitar seus sentimentos em relação a ele. O rosto inocente daquele momento não parecia em nada com a expressão que ele portava na noite anterior. Rosalie sorriu mais, ansiando em poder vê-la novamente. Mas decidiu ir para o próprio apartamento, dar um tempo antes do encontro dos dois mais tarde. Tinha coisas que queria fazer, se preparar de verdade para o tão aguardado momento.

Procurou um papel e uma caneta, escrevendo um curto bilhete para Emmett. Desejou boa sorte no teste e disse que estava ansiosa para encontra-lo a noite. Haviam marcado o lugar na noite anterior, iriam se encontrar no restaurante preferido de Rosalie, ele iria direto do teste pra lá. Deixou o bilhete na mesa de cabeceira ao lado da cama de Emmett e então saiu, dirigindo-se ao seu apartamento.

Decidiu se mimar e pedir comida de um restaurante, mas sabia que aquilo não podia continuar, apesar do trabalho no bar, não era ali que queria ficar e precisava arrumar um emprego, um emprego que realmente lhe desse dinheiro suficiente. O pensamento voltou ao pai e a oferta de emprego em Los Angeles. Enquanto esperava a comida chegar sentou-se na frente do notebook e procurou por opções na cidade, de maneira que não precisasse sair dali.

Após almoçar, mandou uma mensagem para Alice, perguntando como ia a lua de mel e desejando que tudo estivesse incrível. A resposta quase imediata da irmã a surpreendeu. A lua de mel estava sendo interrompida precocemente, contara decepcionada, Jasper havia ficado doente no primeiro dia na cidade e até então não estava melhor, assim, acharam melhor voltar para casa e estavam esperando um voo.

Rosalie começou a usar o tempo para se preparar, cuidar de si mesma, coisa que não fazia direito há algum tempo. Usou das horas livres para hidratar o cabelo, cuidar da pele, usar uma máscara facial, pintar as unhas e escolher a roupa que usaria naquela noite. Sabia que não precisava de tudo aquilo, afinal, era Emmett, que já lhe vira de moletom incontáveis vezes, de forma muito mal arrumada em diversos momentos. Mas queria estar perfeita, pensando naquilo realmente como um primeiro encontro, o momento em que tentavam impressionar um ao outro e mostrar que valia a pena estar ali.

Seu dia de princesa fora satisfatório, não percebera quanta falta sentia de dedicar um tempo a si mesma, envolta de toda a loucura na qual se envolvera nos últimos tempos por causa dos homens de sua vida. Quando viu que era hora de começar a se arrumar, colocou o vestido que escolhera, um vestido preto que marcava a cintura e caía folgado até o meio das coxas, colocou os saltos e poucos acessórios. Passou pouca maquiagem e arrumou suas coisas na bolsa, saindo em seguida e pegando um táxi para o restaurante em que marcara com Emmett.

Chegara alguns minutos antes, então seguiu e pegou sua mesa preferida para eles. Olhou pela janela o movimento frenético da cidade enquanto o esperava, a ansiedade desnecessária lhe causando alvoroço. Se perguntava como teria sido o teste, se ele teria conseguido o papel. Se ele estaria decepcionado ao chegar ali por não ter se saído tão bem assim.

Uma garçonete veio até ela, lhe oferecendo o cardápio. Ela recusou, explicando estar esperando alguém, e pediu apenas uma água. Deu goles curtos enquanto olhava ao redor do restaurante, vendo as pessoas chegarem e saírem. Impaciente, checou a hora no celular e se surpreendeu ao ver quão atrasado Emmett estava. Ela já estava ali há mais de vinte minutos e ele não havia dado qualquer sinal. Ela se perguntou se havia acontecido algo, lembrando-se de quando Emmett teve que ser levado ao hospital por conta do acidente. Impaciente, discou o número do moreno e esperou que atendesse.

Ele não atendeu. Rosalie ficou preocupada, imaginando se algo poderia ter realmente acontecido. Ligou novamente, e mais uma vez não obteve resposta. Se debateu entre esperar mais um pouco ou sair naquele momento e procura-lo, aflita de que algo realmente ruim pudesse ter acontecido. Hesitou por alguns minutos e por fim decidiu sair, levantando da mesa no momento em que a garçonete voltava para ver se precisava de algo.

Decidiu que o primeiro lugar que o procuraria seria, obviamente, em seu apartamento. Esperava que tudo estivesse bem e ele estivesse lá e houvesse uma boa explicação para o sumiço, pois a outra alternativa em que conseguia pensar era ele estar estendido em um asfalto qualquer.

O caminho até o prédio dos dois pareceu longo e ao chegar, subiu as escadas o mais rápido que podia. Já eram cerca de nove da noite quando finalmente chegou em sua porta e deu três batidas rápidas. Demorou alguns instantes antes que a porta se abrisse e uma figura ruiva se revelasse.

Rosalie encarou, perplexa, Victoria a receber vestida em um roupão escuro que era claramente grande demais para ela. Ao fundo, ouvia o barulho da água do chuveiro correndo. Rosalie sentiu o corpo todo ficar gelado, como se algo tivesse sido injetado em suas veias. Não conseguia acreditar. Naquele momento, desejou que Emmett estivesse estendido em um asfalto qualquer. Queria ter sido a motorista que o tivesse estendido lá.

Quando a situação foi ficando cada vez mais clara em sua mente, ela mal conseguia se mexer. Sentiu seu coração dando uma pontada e segurou com força para que as lágrimas de raiva não caíssem de seus olhos.

— Você quer alguma coisa? – Victoria perguntou, claramente impaciente e desgostosa com a presença dela ali, quando ela não falou nada após a ruiva abrir a porta. Rosalie demorou alguns segundos antes de finalmente conseguir sair do estado petrificado que estava.

— Eu precisava avisar ao Emmett que o turno dele no bar de amanhã foi mudado para a quinta. – ela disse por fim, inventando qualquer coisa que passasse por motivo para estar ali. Não queria dar a Victoria nenhum gosto de que ela havia acabado de ser trocada pelo homem que claramente acabara de sair da cama com ela. – Se você puder avisá-lo...

— Aviso, sim. – ela a cortou. – Só isso? – Rosalie engoliu em seco.

— Sim. – ela viu a ruiva assentir e bater a porta na sua cara.

Rosalie ficou ali parada apenas por alguns segundos antes de por fim se virar e se arrastar até sua porta. Ao entrar, trancou-a e se jogou no sofá, parecendo incapacitada de ir até a cama. Todo o peso da situação que tentara evitar na frente de Victoria se abatera sobre ela.

Estava fora de si de raiva. Queria colocar as mãos ao redor do pescoço de Emmett e apertá-lo até ver o ar acabar em seus pulmões. Queria destruir aquele rosto de covinhas com as unhas, de forma que ele não ficasse reconhecível. Não acreditava que ele tinha feito aquilo, e logo com ela!

A loura não conseguiu se manter parada ali, não enquanto toda a raiva fluía livremente por seu corpo, não quando estava tão irritada. Não quando estava a dois passos do apartamento dele, sabendo o que ele devia estar fazendo com a ruiva. Irritada, levantou-se, pegou a bolsa e destrancou a porta, pretendendo sair dali e ir para qualquer lugar onde pudesse esfriar a cabeça.

Ao trancar sua porta depois de fechá-la, ouviu a porta da frente de abrir. Quando virou-se, viu Emmett, os cabelos ainda molhados, o olhar culpado. Com passos rápidos, passou por ele, ignorando-o e começando a descer as escadas.

— Rose, eu sinto muito, de verdade, me desculpe! – ele disse, seguindo-a. Ela não olhou ao ouvir sua voz. Continuou a descer as escadas em silêncio. – Rose! Por favor, fale comigo! Eu sei que pisei na bola, me perdoe! – ela seguia a passos rápidos. – Qual é, eu te dei uma segunda chance, você não pode fazer o mesmo por mim?

Rosalie parou, indignada, virando-se com fúria em direção ao homem grande atrás de si.

— Sim, você me deu uma segunda chance, depois que fui até sua casa e implorei desculpas por não ter continuado beijando você. Mas você me deu um bolo, não deu notícias e, não sendo suficiente, foi dormir com outra, com a ruiva, na minha cara! Você não tem vergonha. – cuspiu irritada. Ele ficou desconcertado, sem saber ao certo o que dizer.

— Eu sei, me perdoe! Não queria te magoar, Rose, eu-

— Adivinha! Eu não queria me sentir apenas mais uma na sua infindável lista de conquistas, mas foi exatamente assim que você me fez sentir! – ela o interrompeu, virando as costas a ele novamente e voltando a descer as escadas. – Não sei porque fui atrás de você quando você deixou bem claro o tipo de homem que era durante todo o tempo que te conheci.

— Você está sendo injusta. – ele se queixou, ainda a seguindo. Rosalie parou novamente, fazendo-o parar também.

— Injusta? – repetiu, indignada. – Você perdeu todo o bom senso, se é que já teve algum. Você dormiu com outra, Emmett! Você dormiu com outra enquanto eu estava te esperando na droga do restaurante! – gritou irritada. – Tem sorte de eu estar falando com você nesse momento!

— Você está exagerando um pouco, calma lá. – Emmett resmungou sem pensar e se arrependeu no exato segundo que as palavras deixaram sua boca. Ele viu quando os olhos de Rosalie se enfureceram ainda mais, a sombra da traição passando pelo rosto dela. Ela virou as costas bruscamente, descendo com pressa o resto dos degraus. – Rosalie! Me desculpe! – ele voltou a segui-la.

— O que eu fiz com você nem se compara a isso, nem de longe. – ela resmungou sem parar, sem ter certeza que ele ouvia, sem querer saber de verdade. – Nem sei porque estou falando com você. Você é apenas mais um ex idiota que eu não preciso procurar. – ela bateu a porta de entrada com força ao sair. Emmett ficou parado lá, observando-a caminhar com passos duros enquanto parava um táxi.

Viu a loura entrar e o táxi sumir, sem saber direito o que fazer a respeito daquilo tudo. Sabia que estava errado. Sabia quão magoada ela tinha ficado. Estava arrependido. Mas como explicar aquilo para ela de forma que a fizesse entender? Esgotado, Emmett subiu lentamente as escadas. Sabia que tinha magoado a loura e que tinha que consertar a situação. Só não sabia como fazer aquilo.

Rosalie se encolheu no banco de trás do carro, sem saber o que responder quando o motorista perguntou novamente para onde ir. Resolveu parar em um bar e ligar para uma das amigas, assim poderia ter companhia e desabafar. Ao descer do táxi e entrar no estabelecimento, porém, estava insegura sobre ligar para alguém. Sentou-se em um mesa e pediu um drinque quando uma garçonete se aproximou, mas desistiu de ligar para quem quer que fosse.

Não queria ter que dizer o que acontecera. Estava envergonha, estava furiosa de ter confiado cegamente em algo tão tolo. Se sentia uma criança, que criara todo um conto de fadas em sua mente inocente, achando que encontrara o príncipe encantado. Fora ingênua e confiara demais em uma incerteza que lutara tanto para aceitar.

Estava triste de uma forma que não conseguia reprimir. À parte da raiva, sentia também a tristeza inundando cada vez mais seu corpo. Começando pequena e vagarosamente tomando cada vez mais espaço. Não acreditava que ele tinha feito aquilo. A traição que sentia era maior do que já sentira outras vezes, pois não esperava aquilo de Emmett – seu amigo, alguém familiarizado com seus problemas, medos e inseguranças. O peso em seu coração afundava cada vez mais, sempre que se lembrava da noite anterior e de quão animada ficara para hoje, de como planejara toda uma história para eles.

Sabia que sequer tinha algo sério com Emmett e não podia cobrar dele exclusividade ou mesmo qualquer outra coisa, jamais tinham falado em algo desse tipo. Não que ela achasse que precisasse. Não que ela achasse que no primeiro passo de verdade que poderia os levar a um relacionamento sério ele faria isso. Rosalie queria desaparecer.

Estava magoada, decepcionada, humilhada, com raiva, tudo de uma vez, num amontoado de sentimentos com os quais não sabia bem lidar. Começou a chorar, engolindo os soluços e limpando as lágrimas conforme saiam, torcendo para que a dor e a vergonha saíssem junto com as lágrimas quentes.

Não saíram.

A garçonete trouxe sua bebida, perguntando se estava tudo bem ao ver os olhos inchados e vermelhos da loura. Ela respondeu que sim e a jovem que a atendia percebeu pelo seu tom que era melhor deixa-la sozinha. Bebeu mais três copos enquanto remoía tudo que acontecera nas últimas duas noites em sua cabeça. Com a cabeça pesada, tomou uma decisão que não tinha de fato ponderado tanto quanto devia. Mas naquele momento, não se importou, era uma decisão da qual precisava. Edward estava certo e ela pretendia seguir seus conselhos.

Pegando o celular e enviou uma mensagem ao pai com a resposta sobre a ligação daquela manhã. Pagou sua conta e foi embora do bar, decidindo caminhar para casa, certa de que o ar fresco a faria bem. Enquanto caminhava, via a rua ainda cheia, pessoas voltando para casa e as luzes brilhantes dos estabelecimentos. Chorou mais uma vez. A caminhada até em casa foi curta, mas ao chegar lá Rosalie se sentia cansada, mais emocionalmente do que fisicamente. Ao entrar em seu apartamento, se deixou cair no sofá novamente, encolhendo-se, arrebatada pelas emoções que ainda a invadiam, e foi de lá que ouviu o chamado de Emmett e as batidas em sua porta.

— Rose! – ele chamou novamente. Ela pôde ouvir o desespero em sua voz. – Rose, você está ai? Por favor, abra! Preciso falar com você, me desculpe! – ele continuou enquanto batia. Ouvir sua voz fez a fúria invadir o corpo da loura novamente, que num impulso agarrou a primeira coisa que conseguiu e jogou na direção da porta. O controle da televisão bateu com um baque alto na madeira e surpreendeu Emmett. – Rosalie, eu sinto tanto! Por favor, me deixa explicar.

Ela não queria explicações. Não havia explicação boa o suficiente para aquilo. Não queria ouvir a voz dele, aquilo só a deixava mais irritada. Queria que ele fosse embora, entrasse no apartamento dele e sumisse como fizera poucos dias antes.

— Rose... Eu estava no teste e depois uns amigos acabaram insistindo para tomarmos um drinque e comemorar, e como ainda tinha algum tempo antes de te encontrar, acabei indo... – ele começou a explicar através da porta, já que ela não abrira e não parecia inclinada a fazer isso. – Victoria acabou nos encontrando no bar e... eu não sei o que deu em mim, eu estava meio bêbado e ela foi muito insistente e- eu sinto muito, mesmo!

Rosalie não aguentou, raiva fervilhando em suas veias. Em um ímpeto levantou do sofá e arreganhou a porta, mostrando um Emmett muito ansioso em sua frente. Ele pareceu aliviado ao vê-la.

— Rose, eu sin-

— Você é patético! – ela gritou. – Não acredito que veio aqui colocar a culpa no álcool. Pelo menos seja homem e assume o que você fez!

— Me desculpe, eu realmente sinto muito! – ele parecia se debater com as palavras, se debater com muito mais dentro dele. Ela estava prestes a virar-se e bater a porta na cara dele quando ele pediu. – Não, Rose, por favor! Por favor, me escute! – ele implorou, desespero na voz. Ela hesitou, permanecendo parada. Muito lentamente, ele voltou a falar, a voz angustiada. – Eu sempre fui um nadador excepcional. – Rosalie não entendeu onde ele pretendia chegar com aquilo, os olhos dele estavam baixos, como se estivesse envergonhado. – Eu era salva vidas no colegial. E eu ficava, todo o dia, olhando para a água enquanto trabalhava e morria de vontade de entrar. Era tudo o que eu queria, porque eu amava o mar. – ele engoliu em seco e Rosalie permanecia confusa, e agora impaciente. Ele viu a impaciência ao finalmente olhar para a loura, então se apressou em continuar. – Um dia, depois que meu turno acabou eu finalmente pude sair de lá e entrar na água. E então... Eu entrei em pânico. – ele assumiu, culpa nos olhos.

— Bem ambivalente da sua parte. – ela respondeu, a voz fria e indiferente. Começou a se mover novamente, pronta pra fechar a porta. Ele ergueu a mão, impedindo que a porta viesse em sua direção.

— O que estou tentando dizer é... Eu estava com medo do oceano. – disse por fim. – Eu fiquei assustado com a imensidão, com a possibilidade.

O olhar gélido que Rosalie lhe deu parecia cortar mais que uma faca. Ele jamais vira aquela expressão em seu rosto.

— Me lembrarei disso da próxima vez que mergulhar nas suas ondas. – ela rebateu enquanto empurrava a porta na direção dele, e daquela vez ele não conseguiu impedir que ela o deixasse para fora.


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Notas finais do capítulo

Oi gente!

Primeiro de tudo, obrigada por ainda estarem aqui e me darem mais uma chance, depois de tanto tempo kkkk estou incrivelmente grata e surpresa por voces ainda aguentarem essa espera e por voltarem sempre a ler. Voces sao incriveis!

Fui super rapidinha e tentarei ser rapida no proximo capitulo tambem! Espero que tenham gostado do capítulo!

Se cuidem nessa quarentena e, mais uma vez, obrigada por estarem aqui.

Beijos grandes!



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