The number 20. escrita por Lana


Capítulo 8
Capítulo oito.


Notas iniciais do capítulo

Olá! Ainda por aqui? Rs



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Ela voltou para festa e seu pai a puxou para uma dança, conduzindo-a para o meio do salão.

— Você parece preocupada. Algo aconteceu? – ele perguntou enquanto balançavam lentamente.

— Não, papai.

— É o Emmett? Vi ele saindo agora há pouco. – ele chutou.

— Não. – ela respondeu. – Eu só... estou pensativa. A Alice se casar me fez lembrar um pouco do passado e das escolhas que fiz. Acho que fiz algo errado.

— Como assim, querida? – a loura suspirou e encostou a cabeça no ombro do pai.

— Não deixo de pensar que se eu tivesse feito as coisas de forma diferente as coisas não estariam assim agora, sabe?

— Com certeza não estariam. Mas você também não estaria assim, desse jeito, não seria a mesma. Tudo que já fez na vida, seja lá bom ou ruim, trouxeram você aqui, sendo exatamente quem é. Remoer essas decisões agora não trará bem nenhum, você não pode muda-las agora.

— Falar é fácil... – ela murmurou e ele sorriu.

— É verdade. Mas olhe bem, se precisa mesmo pensar sobre o passado, ao invés de pensar nas más decisões como coisas que não deveria ter feito e todos os motivos para isso, pense nos motivos pelos quais fez essas coisas! Se precisa mesmo se lembrar, pense nas coisas positivas e em todas as coisas boas que resultaram delas. – ele disse. – Não há nada que possa fazer para mudar o que já passou, querida, e todos nós tomamos decisões que nos arrependemos. Mas as tomamos por uma razão. Pode não parecer sábio agora, mas elas foram tomadas por alguma razão, lembre-se disso.

Rosalie passou o resto da noite cabisbaixa, sem saber como se sentir ou o que fazer. Edward já estava se engraçando com outra dama de honra e Rosalie não quis incomodá-lo, até porque sabia que ele tomaria o lado de Emmett. Acabou saindo da festa mais cedo do que esperava, sem se despedir de ninguém. Chamou um táxi e foi pra casa. Subiu as escadas de seu prédio e se viu parada em frente a porta de Emmett. Ergueu a mão para dar uma batida, mas o punho permaneceu parado, sem se mover. Após alguns segundos, abaixou-o, virou-se e foi em direção à sua porta.

Tirou o vestido e jogou na cama as coisas que estavam dentro da bolsa. O celular notificava um e-mail. Era Emmett.

Ele mandara para ela todo o resto de informação que tinha, inclusive sobre Royce, que saíra da prisão. O e-mail não tinha nada além das informações. Nem um oi, nem um tchau, nem um boa sorte, nem um suma da minha vida.

Ela olhou para as informações e decidiu entrar em ação no dia seguinte mesmo. Precisava se distrair e precisava que um daqueles homens desse certo! Precisava provar para todos que estava certo e que todas as suas escolhas não tinham sido horríveis como ela julgava a essa altura.

Tirou seu vestido e estendeu-o em uma cadeira, tomando um banho e deitando-se em sua cama em seguida. Ficou com os ouvidos aguçados, tentando ouvir qualquer coisa vindo do apartamento de Emmett, mas não houve nada. Perguntou-se se Victoria estaria ali. Imaginou que não. Questionou-se se ele estaria na casa dela. Preferia não saber.

Sua noite foi longa e insone. Revirou na cama, sua mente a mil. Lembrava-se das palavras de Emmett, do rápido beijo que trocaram, da sensação de sua boca na dele. Lembrava-se de Victoria saindo da casa dele naquela manhã, da saída apressada dele, de todas as vezes que vira garotas aleatórias saindo do apartamento dele de manhã.

Lembrou-se de seus relacionamentos. De todas as escolhas que fizera. De como eles acabaram, tudo que os levou a dar errado. Tudo que deu certo durante eles também. Dos bons momentos e boas memórias que trazia daquilo. Tentou enxergar as coisas como o pai sugerira, mas não era fácil, especialmente naquele momento.

Na manhã seguinte, após dormir muito pouco, foi acordada pelo toque do seu celular. Era sua mãe. Rosalie gemeu. Alice e Jasper já deveriam ter partido para a lua de mel, mas o resto da família iria almoçar juntos. Quer dizer, Carlisle provavelmente não estava convidado para aquele evento, mas todo o resto da família. Ela recusou a chamada e se virou na cama.

Não conseguiu dormir. Ficou em silêncio, mas nada ouviu no vizinho. Se enterrou embaixo das cobertas e se enroscou em si mesma enquanto sentia uma angústia a invadir. Após alguns minutos na mesma posição, decidiu levantar-se. Não podia ficar ali. Não podia ficar assim!

Ela tinha uma missão e era hora de completa-la.

Foi até o laptop, abriu seu e-mail e reuniu as informações que tinha sobre Royce. Ela tinha um bom pressentimento sobre ele. Ela lembrava-se que tinham tido um bom relacionamento, porém eram muito jovens.

O número dele estava lá. Ela decidiu manda-lo uma mensagem. Não, melhor não. Iria encontra-lo de forma casual. Ele provavelmente trabalhava na empresa do pai. Ela podia dar um jeito de esbarrar com ele quando ele estivesse saindo ou entrando. E se o estacionamento fosse subterrâneo? Talvez esbarrar com ele dentro da empresa, falar que estava lá a procura de algum serviço? Ela franziu os lábios. Precisaria fazer um reconhecimento do terreno antes de tudo. É exatamente isso que faria. E agora era um momento tão bom quanto qualquer outro, especialmente por ser domingo. Não corria o risco de ser pega de surpresa.

Tomou um banho e pôs-se a se arrumar quando seu celular tocou novamente. Quase ignorou, achando ser sua mãe mais uma vez, mas passou o olho pela tela e viu que era o pai. Atendeu-o antes que ele desligasse.

— Rose! Achei que ainda estava dormindo. – ele falou.

— Não, estava saindo do banho.

— Ótimo! Queria saber se não quer encontrar a Julia e eu para almoçarmos juntos. – ele convidou. – Podemos ir naquela restaurante que você adora. – ela sorriu.

— Eu adoraria, papai.

— Ótimo. Posso te buscar em meia hora?

— Claro. Obrigada. Te vejo logo.

— Até mais, querida!

Rosalie terminou de se arrumar e sentou-se na sala enquanto esperava pelo pai. Nada ouvira no apartamento de Emmett até aquele momento, e ela se perguntou se ele ainda não voltara para casa. Se estava lá o tempo todo numa situação miserável depois de ontem. Se estava dormindo depois de uma noite exaustiva de sexo com alguém. Balançou a cabeça com raiva e levantou-se, andando em círculos, impaciente.

O pai a ligou depois de alguns minutos, avisando que estava a esperando na entrada do prédio. Ela desceu as escadas rapidamente, tomando cuidado para não olhar para a porta de Emmett ao fazê-lo. O pai a esperava no carro com a namorada, que a cumprimentou-a animada ao encontra-los.

O almoço foi muito agradável. Rosalie sentia o coração se encher de alegria ao ver a alegria do pai, o que era claro ao lado de Julia. Eles estavam muito apaixonados. Não do jeito meloso, se beijando o tempo todo. Mas eles não tiravam as mãos um do outro; estavam sempre segurando as mãos, fazendo um carinho, um aperto no ombro, um toque na face. Era como se tivessem nascido ligados pela pele e era tão natural, como se nunca tivesse havido um momento em que não fora daquele jeito para eles, que Rosalie se surpreendeu.

Eles contaram sobre a vida juntos. Carlisle realmente estava gostando da cidade ensolarada. Julia contou um pouco mais sobre a vaga onde trabalhava, e reforçou o convite a Rosalie, encorajando-a a tentar a cidade nova. O pai adorara a ideia, e estava louco para que ela aceitasse. Oferecera um quarto na casa deles enquanto ela não arrumasse o próprio apartamento. Ajudaria com as despesas da mudança, se precisasse. Combinara diversos programas para fazerem juntos, lugares que sabia que Rosalie amaria, ela tinha que conhecer!

— Papai, fique calmo, eu nem sequer sei se vou fazer a entrevista e você já está fazendo planos! – ela o interrompeu com uma risada. O pai sorriu.

— Estou animado. Ficaria extremamente feliz em ter você por perto. Sinto muito sua falta e a de seus irmãos. – ele confessou. O coração de Rosalie se apertou.

— Prometo que todos vamos te visitar mais. Temos sido meio aéreos sobre isso, mas não é por mal. A vida anda tão corrida e quase nunca sobra tempo. – ela se desculpou e ele apertou sua mão.

— Não se preocupe com isso, querida. E quem sabe? Se você se mudar... – ela riu e ele sorriu. – pode ser que seus irmãos visitem mais. A nossa força aumenta com mais gente do outro lado! - Rosalie riu e viu Julia sorrir revirando os olhos.

O carinho com o qual ela olhava pra seu pai a fez ter certeza de que aquela mulher faria bem para ele. Já estava fazendo. Incutira nele gostos e hábitos que ela jamais o imaginaria tentando em outras épocas por opção própria. Começara a correr no parque. Até tentara uma aula de yoga uma vez, ela contou. Tomava todo dia um suco verde de manhã. Era engraçado imaginar o pai fazendo aquilo e imaginou quanto daquilo era porque realmente gostava e quanto era porque queria agradá-la. Mas por fim, entendeu. Não era sobre querer agradar a namorada. Era sobre experimentar coisas novas com ela, se abrir a possibilidades que antes ele mantinha longe.

Ela não o forçava a nada, nem insistia em coisas que sabia que ele não gostaria. Ela oferecia possibilidades que ele anteriormente não considerava e Rosalie via que, mesmo naquelas que ele não levava para frente, ainda contava sobre as experiências com risadas e excitação, feliz de ter tentado.

Quando por fim se despediram, Rosalie não poderia estar mais feliz. Passar tempo com o pai mudava seu estado de espírito e sua companheira era tão alto astral quanto. Ficou feliz que tivessem um ao outro e ficou feliz que eles estivessem em sua vida. Com uma promessa de visitar mais vezes, despediu-se dos dois, que iriam partir naquela noite.

Depois do almoço, Rosalie fez o reconhecimento do local, indo até a empresa dos King. Observou tudo que podia e começou a traçar um plano em sua cabeça. Decidira agir antes de seu turno do bar no dia seguinte, aparecendo casualmente no lobby da empresa com a desculpa de que esperava uma pessoa a pedido da mãe, para receber algo para ela. Parecia casual o suficiente.

No dia seguinte, Rosalie tentara se vestir de forma elegante, porém casual. Tentou parecer distraída no saguão enquanto procurava por Royce e torcia firmemente para que ele estivesse ali. Fazia promessas mentais do que faria de bom para o mundo se aquilo desse certo. E com uma onda de satisfação ela viu que daria.

Com olhos focados, viu Royce sair de um dos elevadores quando a porta se abriu. Ele se vestia de forma elegante, embora não de terno, como o resto das pessoas que trabalhava ali. Rosalie se movia enquanto o observava, vendo-o ir na direção da porta e seguindo o mesmo caminho. Ela viu a oportunidade perfeita – iria chegar na porta no mesmo instante que ele e ambos parariam para que o outro passasse e então os olhares se chocariam e o reconhecimento imediato viria. Tudo muito espontâneo, é claro. Ela já sentia seu coração se acelerar.

O planejamento rápido saiu como esperado, ambos chegaram ao mesmo tempo a saída, mas ao contrário do que esperava, Royce não parou para que ela passasse, ele passou por ela, esbarrando em seu ombro e a fazendo resmungar com o impacto.

— Você não olha por onde anda?! – ele resmungou com a expressão fechada, voltando o olhar para ela muito rapidamente.

Rosalie ficou parada em choque enquanto o viu se afastar. Sua boca se abrira num pequeno ‘O’ enquanto ela via sua cena imaginária lentamente ir embora. Então, ela o viu se virar novamente e encará-la. Empertigando-se, a loura recuperou sua postura e começou a sair do prédio. Ele começou a andar lentamente em sua direção e ela notou que ele a reconhecera.

— Oh Deus, Rosalie? Rosalie Hale? – ele perguntou chegando perto dela. Ela fingiu-se de desentendida.

— Sim?

— Uau, é tão bom te ver! – ele disse com um sorriso imenso, como se não tivesse acabado de trata-la com total falta de respeito. Ela perguntou-se se aquilo fora um lapso; talvez ele estivesse muito nervoso e não quisera ser grosso, estava apenas em um momento ruim. – Eu sou o Royce. – ele disse quando ela não respondeu e ela notou que ficara em silêncio por muito tempo.

— Oh meu Deus! – ela disse fingindo espanto, um sorriso se espalhando no rosto. Ambos se inclinaram para trocar um abraço. – Eu não acredito que esbarrei com você.

— É! Uau, você está linda! – ele disse, dando uma boa olhada na mulher a sua frente.

— Obrigada. Então você está trabalhando na empresa do seu pai? – ela perguntou e ele bufou em resposta.

— Não mesmo, apesar de que esse velho não me deixa em paz sobre isso. – ele revirou os olhos. – Mas ei, o que você vai fazer agora? Por que não tomamos um drinque e colocamos o papo em dia? – Rosalie sorriu. Estava dando certo e ela sequer precisara se esforçar tanto.

— Eu tenho um compromisso agora, na verdade. Mas que tal mais tarde? – ela sugeriu.

— Ainda melhor! – ele respondeu com um sorriso animado. – Coloque seu número aqui. – ele passou o celular para a loura e observou enquanto ela inseria seu número de celular. – Eu ligo pra você...?

— Por volta das 23. Acredito que até lá estarei livre. – ela respondeu.

— Ótimo! – ele parecia realmente satisfeito e Rosalie estava chocada que logo seu mais antigo romance se lembrasse tão facilmente dela e estivesse tão interessado em leva-la para sair.

— Ok. Vejo você mais tarde, então. – ela disse e ambos se despediram com um abraço. – É realmente bom ver você.

Rosalie saiu satisfeita enquanto seguia em direção ao bar. Nem acreditava que tivera a sorte de esbarrar em Royce, ainda mais quando ele sequer trabalhava lá. O destino realmente a estava recompensando por todas as experiências ruins.

Cumprimentou os colegas de trabalho ao chegar ao bar e pôs-se atrás do balcão, olhando ao redor a procura de Emmett. Ele normalmente também estava naquele turno com ela, mas ele não estava ali. Não havia muito movimento naquela noite, apenas algumas poucas pessoas bebendo após sair do trabalho.

Aquilo não agradou a loura, pois a falta de trabalho lhe dava mais tempo para pensar e apesar de tentar pensar em Royce e em seu encontro mais tarde, Rosalie se incomodara com a ausência de Emmett e toda a cena da noite do casamento voltara a se desenrolar em sua mente.

Ela se perguntara diversas vezes se estava tomando a decisão certa. Ela não era tola o bastante para negar que gostava de Emmett, sabia que gostava dele. Mas estava apavorada pela perspectiva de mais um amor falido. Ela nunca fora a garota que temia romances, corações partidos ou coisas assim – sempre se jogara de braços e coração aberto a tudo que tinha vontade. Mas não podia evitar de pensar onde aquilo tudo a levara. Sozinha, com uma interminável lista de ex namorados que sequer lembravam dela.

Não queria ter que adicionar Emmett aquela lista. Não queria se referir a ele um dia como ex, e pensar que ele podia sequer lembrar dela. Que ela fora apenas mais uma na sua interminável lista de conquistas.

Ela se lembrou de como o interrompeu naquele noite, quando ele estava prestes a dizer... que estava apaixonado? Que a amava? Que queria se casar com ela e ter dois filhos? Que queria realizar todos os seus sonhos mais secretos? Abandonar todas aquelas garotas e se dedicar apenas a ela?

Ela achava que sabia a resposta, mas é claro que jamais saberia o que realmente sairia daquela frase interrompida. Mas sabia também que, se não tivesse o interrompido, provavelmente não teria forças para negar qualquer coisa que estivesse prestes a acontecer.

Ela se incomodava com o fato de que apenas dois dias sem Emmett já a afetassem tanto, fizessem ela sentir tanta falta assim dele. Debatera-se várias vezes, pensando se deveria abandonar suas convicções e dar uma chance aquilo. Tinha tudo pra dar errado, ela sabia. Mas havia uma pequena chance de dar certo, e aquela pequena fagulha deixava Rosalie inquieta e pensativa.

Ela estava tão absorta em seus pensamento que mal ouvira o celular tocando e quase não o atendeu. Viu o número desconhecido e assumindo ser Royce atendeu no melhor humor que tinha.

Eles marcaram de se encontrar ali mesmo, ele iria pegá-la em alguns minutos. O bar estava praticamente vazio agora e o dono estava prestes a fechá-lo, então dispensou os funcionários. Rosalie aguardou a chegada de Royce, que entrou no local vestindo-se ainda com as mesmas roupas que a vira mais cedo.

— Ei! – ele a cumprimentou enquanto se aproximava. – Pronta para a melhor noite da sua vida?

— Isso é bem convencido da sua parte. – ela disse com um sorriso, colocando sua bolsa no ombro e acenando tchau para os que ainda estavam lá antes de se aproximar de Royce. Ele riu.

— Querida, posso te proporcionar uma noite incrível. – ele afirmou. – Diga-me, está com fome? – ela averiguou e até que estava, então acenou com a cabeça.

— Sim.

— Que tal se formos jantar? É tarde, mas... – ele deixou no ar.

— Isso seria bom. – ela concordou. Ele sorriu enquanto botava a mão na cintura da loura e a guiava para fora do bar.

— Vou te levar num bar incrível, nada como esse aqui. – ele disse com desdém. Rosalie franziu as sobrancelhas e antes que conseguisse protestar ele continuou. – A cozinha já deve estar fechada, mas tenho certeza que eles abrirão uma exceção para mim. – lançou a ela um sorriso de lado que dizia mais do que o explícito ali. Rosalie pigarreou e mudou o assunto enquanto entravam no carro.

— Então, o que você está fazendo da vida? Por onde tem andado? – ela perguntou enquanto ele dava partida. Ela sabia, é claro – estava preso. Perguntou-se se ele falaria sobre aquilo.

— Você não sabe? – ele pareceu surpreso. – Esteve em várias manchetes: herdeiro dos King se mete em encrenca novamente. – ele citou e revirou os olhos. – Fui preso, fiquei na penitenciaria por alguns meses, totalmente injusto! Foi tudo armado. E meu pai, aquele otário, ainda deu um jeito para que eu não pudesse cumprir pena em casa, me fez ficar todo aquele tempo junto com aquele bando de... pessoas. – o nojo em sua voz era aparente e Rosalie se perguntava o que diabos estava acontecendo e quem era aquela pessoa. Royce sempre fora daquela forma e ela não se lembrava? Não conseguia lembrar dele agir dessa maneira quando eram mais novos.

— Por que você estava preso? – ela perguntou, parecendo ser a única coisa que faria sentido perguntar após isso.

— Houve um acidente. Me acusaram de dirigir embriagado, mas eu não estava... eu estava perfeitamente bem. Tinha tomado apenas algumas cervejas. – resmungou.

— Ah! Algo grave? Alguém se machucou?

— Claro que não, maior besteira! – ele fez um gesto de desdém com a mão, menosprezando o acontecimento. – Eu fiquei totalmente bem. Foi tudo culpa do cara do outro carro.

— Entendo... – ela murmurou, incerta do que dizer. Aquilo não estava indo bem.

— Mas de toda forma, agora que saí, estou pronto para aproveitar todo o tempo perdido! E fico feliz que tenha tido a sorte de te encontrar! – ele riu. Ela forçou um sorriso enquanto eles estacionavam em frente a um bar que Rosalie já ouvira o nome, mas nunca fora.

Eles entraram enquanto Royce continuava a falar de si mesmo, contando várias das coisas que pretendia fazer novamente agora que saíra da cadeia, reclamando sobre seu pai e a insistência para que ele desse um jeito na vida e tomasse frente nos negócios da família – mas ele não estava interessado, é claro; queria se divertir, curtir a vida enquanto fosse jovem, aproveitar os deleites que o dinheiro lhe proporcionara.

Rosalie ouvia o discurso inacabável perplexa, sem entender quando e onde o garoto que conhecera se perdera dentro daquele homem que ela não conseguia distinguir. Royce chamou o dono do bar e trocou algumas palavras amigáveis, insistindo para que servissem alguns pratos e escolhendo-os sozinho, sem a opinião de Rosalie. É claro, fora atendido; seu dinheiro garantia aquilo.

— E então, o que você anda fazendo da vida? – ele perguntou depois de muito tempo falando sem parar. Rosalie ponderou o quanto queria falar da própria vida para aquele homem, até onde gostaria de compartilhar informações com ele e resolveu editar um pouco as coisas.

— Na verdade, eu saí do meu emprego há alguns meses. Crise no mercado e tudo mais. – deu de ombros. – Estou morando aqui agora, meus irmãos também. Alice acabou de se casar, na verdade.

— Alice? Sua irmãzinha?

— Sim.

— Eu me lembro dela! – ele disse balançando a cabeça. – Ela namorava aquele cara chato no colégio. – disse com rancor. Rosalie se perguntou o porquê.

— Sim, ela se casou com ele, o Jasper. – ela disse e os olhos de Royce se contraíram e depois ele os revirou.

— Eles se merecem, eu suponho. – ela ergueu uma sobrancelha, sem entender. – Mas isso nos dá uma esperança, huh? Casais do colegial funcionando bem até hoje... nós sempre fomos um ótimo casal. – ele ergueu uma sobrancelha, uma mensagem implícita clara em sua voz.

Rosalie não conseguiu responder no mesmo tom. Não conseguia responder em tom nenhum. Estava desapontada a um nível quase indescritível. Os pratos chegaram e ela viu Royce começar a comer enquanto pensava o que diabos estava fazendo de sua vida. Não havia sequer um – um! – ex que valesse apena revisitar. Royce era o que a havia feito ter mais esperanças e vê-lo daquele jeito, agindo daquela forma, deixa Rosalie desequilibrada. Aquilo não era nada do que esperava.

Seu celular tocou e a tirou dos pensamentos. Pediu licença a Royce e levantou para atender.

— Oi, Ed.

— Ei! Desculpe ligar tão tarde. – ele disse.

— Tudo bem.

— Não nos falamos depois do casamento, e me perguntei como você estava.

— Eu... estou bem. – ela disse. O desapontamento com a noite mal escondido em sua voz.

— Alguma coisa aconteceu?

— Mais ou menos... Eu estou numa enrascada, será que você não poderia me ajudar?

— É claro que sim.

— Obrigada. – ela sorriu e falou onde estava, pedindo que ele fosse a buscar o mais rápido possível.

Chegando lá, Edward avisou-a por mensagem que a esperava lá fora. Ela quase suspirou de alívio. Royce continuava a falar sem parar sobre suas grandes conquistas, sobre como tinha uma herança absurda e não precisaria trabalhar um dia na sua vida, como aquilo tudo o deixava conseguir o que quisesse, inclusive pessoas. Rosalie sentia-se enjoada, ansiosa para sair de perto dele.

— Royce... – ela o interrompeu. – Me desculpe, mas aconteceu um imprevisto e o Edward está aqui para me buscar. Preciso ir.

— O que? – ele soou indignado. – Você está indo embora?

— Eu realmente sinto muito. – ela reassegurou com um sorriso enquanto se levantava. Ele levantou-se junto.

— Não, você não vai. – ele disse segurando-a pelo pulso. – Eu não terminei com você ainda.

— Como é? – ela ergueu uma sobrancelha enquanto tentava puxar o braço de volta.

— Você acha que eu fiz tudo isso, passei todo esse tempo com você pra você simplesmente sair assim? – ele cuspiu as palavras. – As coisas não funcionam assim. – Rosalie ergueu as sobrancelhas, espantada.

— Tire as suas mãos de mim. – ela sibilou e ele a puxou pelo pulso novamente, fazendo-a tropeçar na direção dele enquanto sorria lentamente.

— Eu gosto quando elas resistem, querida. – disse com a voz baixa.

— Tire as suas mãos de mim! – ela repetiu com a voz mais firme, levantando o joelho com força de forma a bate-lo entre as pernas de Royce. O golpe inesperado fez com que ele a soltasse imediatamente, levando as mãos ao membro atingido e se curvando em si. Ela viu quando o olhar cheio de raiva tomou seu rosto.

— Sua vadia ingrata!

A raiva tomava conta do corpo de Rosalie enquanto ela pegava suas coisas e virava-se com pressa para deixa-lo ali. Estava incrédula, não acreditava que um dia pudesse ter se relacionado com aquele homem. Furiosa, abriu a porta do bar e encontrou Edward a esperando fora de seu carro. Ele viu na sua expressão que havia algo errado quando ela se aproximava.

— O que aconteceu? – ele perguntou alarmado quando ela chegou.

— Eu preciso beber. – ela disse abrindo a porta do carro. – Muito. – reassegurou antes de entrar e fechá-la com força.

Edward entrou no carro também e seguiram até um mercado 24 horas, onde compraram bebidas e em seguida foram para o apartamento de Rosalie. Durante o caminho, Rosalie exasperava, furiosa, sua noite para Edward. Indignada, contara o episódio de quando saíra.

— Honestamente, Rosalie, Royce? – Edward perguntou quando subiam as escadas do prédio dela, a voz deixando clara o descontentamento. – Você tem vinte caras para procurar, e logo o Royce? Ele é um otário.

— Ele não era assim! – ela se defendeu. – Eu não poderia concordar mais com você nesse momento, mas ele não era desse jeito!

— Ele sempre foi assim! – disse Edward incrédulo. – Ele continua o mesmo idiota arrogante, mas agora parece não tentar se conter mais. Você era a única que não o enxergava claramente. Pelo amor de Deus, ele tentou ficar com a Alice quando vocês estavam juntos!

— O que? – a loura perguntou surpresa enquanto abria sua porta. – Do que você tá falando?

— Fizemos uma festa de aniversário para a Alice no último ano e você ficou super bêbada, então te botamos para dormir e voltamos para festa. No final da noite encontrei a Alice berrando indignada e quando fui ver o que estava rolando era o seu príncipe encantado tentando leva-la pra cama. A Alice estava furiosa. Ele agia como se não fosse nada demais. – ele revirou os olhos.

— Por que vocês não me contaram? – ela disse indignada, jamais ouvira sobre aquilo.

— Achamos que seria melhor não dizer, parecia uma boa ideia na hora, eu não sei. – ele jogou os ombros. – Na verdade, eu achei que você sabia que ele te traia, ele não fazia muito segredo de suas conquistas. – Rosalie arfou, mortificada. – Mas claramente não.

— Aquele... Eu não acredito nisso. – a essa altura eles estavam sentados no sofá, garrafas de cerveja postas em suas mãos. – Eu achei que ele era uma pessoa ótima. Não acredito que ninguém me contou nada.

— Rose, todos achávamos que você sabia. – ele explicou. – Como eu falei, ele não fazia nenhum segredo.

— Eu odeio homens. Eu odeio todos os homens. – exasperou, virando a cerveja longamente nos lábios enquanto dava vários goles.

— Você não devia. Talvez esses babacas que você namorou, sim. Mas de resto, somos uma espécie muito agradável. – ele sorriu e deu de ombros. Rosalie gemeu enquanto se afundava no sofá. – O que aconteceu com você ontem de toda forma, que não apareceu no almoço em família? Eu nem sabia que faltar era uma opção.

— Eu fui almoçar com o papai e a namorada. Ele sente nossa falta, pediu que visitássemos mais. Na verdade, ele está super animado com a possibilidade de eu me mudar pra lá.

— Como? – Edward perguntou confuso. – Você vai se mudar?

— Não. – ela revirou os olhos. – A Julia me disse que tem uma vaga na empresa em que ela trabalha e que eu seria perfeita para ela, disse que pode me arrumar uma entrevista. – deu de ombros.

— Isso é ótimo, Rose!

— Eu sei, mas sei lá. Me mudar? – ela se encolheu. – Não sei se quero sair daqui.

— O que exatamente está te prendendo aqui? – Edward perguntou com uma sobrancelha arqueada. – Seu emprego? Espere, você não tem um. Namorado? Não também. – Rosalie fez uma carranca ao encará-lo.

— Minha família está aqui. Você, Alice e mamãe... Minhas amigas estão aqui.

— Sua família também está lá. – ele pontuou e hesitou antes de continuar. – E eu não vou ficar aqui por muito tempo.

— O que?

— Aceitei uma oferta de emprego no Texas.

— O que?! – ela repetiu mais alto.

— Pois é. Um headhunter me achou, me ofereceram a vaga e é uma oportunidade incrível. Eu vou ganhar muito bem e eles ainda vão lidar com os custos da mudança. – ele sorriu. – Eu nem sabia que eu era assim tão bom, mas aparentemente eu sou. Estou excitado com essa possibilidade, com alguém tão confiante em minha capacidade.

— Eu estou tão feliz por você! – ela disse apertando a mão do irmão por um segundo. – Mas não acredito que esteja indo embora.

— Rose, temos aviões todos os dias. Não se preocupe.

— Não é a mesma coisa. – ela resmungou e ele sorriu.

— Não se preocupe. Me esforçarei ao máximo para encher o seu saco na mesma quantidade em que faço agora, tudo bem? – prometeu. Ela sorriu.

— É melhor mesmo.

— Então, você vai fazer a entrevista?

— Eu não sei.

— Rosalie. Sério, o que há? Não diga que é a mamãe te prendendo aqui. – ele revirou os olhos e a absorveu em silêncio por um momento. – É o Emmett? Aconteceu algo entre vocês?

Ela continuou em silêncio, bebendo sua cerveja lentamente. Era Emmett? O que a impedia de sair dali? Certamente não eram seus ex namorados. Depois da última tentativa falha ela estava resignada e sem esperanças. Edward estava indo embora. Alice e Jasper estavam construindo uma vida nova juntos. Seu pai sequer estava ali.

— Não exatamente. A gente se beijou no casamento e eu acho que ele ia dizer que estava apaixonado por mim, ou algo assim, mas eu o interrompi. Não posso me envolver com ele. – ela ouviu o suspiro exasperado de Edward.

— Você tem que parar com essa tolice antes que você afaste esse cara de uma vez por todas. Eu nem sei como ele aguentou você com essa baboseira todo esse tempo e não desistiu ainda.

— Eu...

— Ainda pretende ir atrás dos seus ex? Não percebeu ainda quão idiota é essa ideia? Olha o Royce! Quem sabe o que ainda existe lá. Pare de agir como uma criança e seguir uma coisa estúpida de uma revista! – ele respondeu sem paciência. – Me dê uma boa razão para você não tentar com o cara com quem você está claramente envolvida.

Ela o fuzilou com os olhos. Não queria dar a razão para Edward. Não queria admitir pra ele e nem para si mesma que estivera errada em sua mais recente empreitada. Não queria admitir que estava com medo de tentar com Emmett e dar errado. Não queria dar o braço a torcer!

Mas depois daquela noite, cansada de tudo aquilo, era difícil negar que tudo que queria era a companhia de Emmett, seus braços em volta de si, sua risada rouca e suas palavras. Estava cada vez mais difícil negar que não vê-lo estava sendo horrível. Que não ouvi-lo pelas paredes estava deixando seus dias mais tristes.

— Eu não acho que tenho um. – ela admitiu em voz baixa, mais para si mesma do que para o irmão mais velho.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que sumi novamente, mas essa quarentena tem realmente me deixado louca e escrever tem ajudado, então mais uma vez tentarei terminar essa história, e prometo me dedicar mais e tentar ser rápida.

ALGUÉM AI SURTANDO QUE VAI FINALMENTE SAIR O MIDNIGHT SUN? (Algém ainda aqui pra inicio de conversa? kkkkkk)

Gente, mais uma vez, se alguém ainda está por aqui, nem sei como agradecer. Voces são incríveis e tentarei o meu máximo terminar essa história pra se algum dia voces tropeçarem com ela e quiserem terminar, ela estar completinha. No mais, muito obrigada pela companhia de TANTOS anos! É tão bom ter isso aqui.

Se cuidem nessa quarentena, espero que todas estejam bem!

Beijos grandes, Lana.



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