The number 20. escrita por Lana


Capítulo 12
Capítulo doze.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura, gente!



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Os três primeiros meses de Rosalie em Los Angeles passaram rapidamente então, numa mistura de trabalho, turismo, jantares com o pai e Julia e saídas com Nate. Ela estava amando a rotina nova e achava até mesmo que seu bom humor se devia em parte à yoga e às calças coloridas.

Naquele sábado acordou preguiçosamente ao lado de Nate e o olhou dormir. O sono de Nate era bastante inquieto e embora ela não comentasse nada sobre com ele, achava que era por seu histórico no exército. Passou a mão lentamente sobre o cabelo dele e deu um beijo leve em sua testa antes de levantar.

Teria aula de yoga pela manhã naquele dia e já eram pouco mais de sete, então era hora de se vestir e correr para não se atrasar. Vestiu uma calça de estampa cósmica e um top verde claro que havia levado consigo para lá e começou a arrumar sua bolsa para sair.

— Escapulindo assim mesmo, sem tchau? – ela ergueu os olhos ao ouvir a voz preguiçosa de Nate. Sorriu e se dirigiu até a cama, se jogando sobre ele.

— Desculpe, não queria te acordar. – deu um rápido beijo nele. – Tenho yoga agora.

— Quer que eu prepare um café? – ofereceu e ela fez que não com a cabeça.

— Não acho que tenho tempo, mas obrigada por oferecer. – ela sorriu e deu mais um beijo nele antes de se levantar.

— Você tem um gosto para roupas muito peculiar. – Nate observou quando ela pegou a bolsa. Rosalie riu.

— Esse é o único momento em que posso me vestir sem ligar para moda e convenções, então estou muito satisfeita, obrigada. – disse olhando sua calça muito colorida.

— Vou ver você hoje à noite? – perguntou. Ela assentiu.

— Vou aparecer lá pelas sete? – a loura meio perguntou de volta e ele sorriu assentindo.

— Parece ótimo.

Ela sorriu e lhe mandou um beijo e acenou, saindo rapidamente em seguida. Caminhou até o estúdio de yoga, parando no caminho para um café e um croissant para viagem, e chegou em cima da hora. Depois da prática, foi até em casa e fez um pouco de trabalho antes de almoçar com o pai.

— Então. – ela começou. – Próximo final de semana é o aniversário da mamãe e vou pra lá na quinta à noite. Já conversei com minha chefe e vou fazer algumas horas extras para substituir meu expediente de sexta.

— Isso é ótimo, querida. Não se esqueça de dar um beijo em seus irmãos por mim.

— Claro. – concordou. – Por acaso você gostaria de ir também? – ela sugeriu, um sorriso curto na boca. Carlisle revirou os olhos.

— Sua mãe com certeza adoraria minha presença lá. – a loura riu.

— O melhor presente que ela poderia esperar.

— Vamos deixar para um outro momento. Não faltarão oportunidades quando o bebê de Alice nascer. – Rosalie assentiu.

— Realmente.

— Ela ainda está decidida a não saber o sexo do neném? – ele perguntou e a filha deu um risinho.

— Sim, mas não sei até quando vai durar. Sabe como a Alice é louca por preparar as coisas com uma decoração bonita e tudo aquilo e posso imaginar ela surtando daqui dois meses quando olhar para o quarto amarelo. – ela revirou os olhos e o pai sorriu. – Mas voltando a falar da mamãe, preciso comprar um presente e não tenho ideia do que dar. Alguma sugestão? – Carlisle coçou a cabeça, pensando, os olhos muito sérios.

— Hum... Velas perfumadas? – sugeriu.

— O que? – Rosalie franziu o cenho. – Papai, mamãe não usa velas perfumadas.

— Claro que usa, ela costumava acender aos montes quando tomava banho de banheira. – ele deu de ombros e Rosalie o encarou, surpresa.

— Sério? Nunca pensaria isso da mamãe. Ela parece mais o tipo que entra na banheira com óleos e sais, uma taça de vinho e uma língua afiada. – Carlisle sorriu.

— Sua mão não foi sempre assim, querida.

— Bem, já faz um tempo que ela é. – deu de ombros. – Mas vou tentar as velas perfumadas, talvez isso a lembre de uma versão mais gentil de si mesma.

— Acho que ela vai gostar. – ele incentivou.

— É engraçado pensar que você tem todo esse conhecimento sobre a mamãe e ele caiu em total desuso hoje em dia. – ela observou e Carlisle riu. – Especialmente porque ela virou uma pessoa completamente diferente.

— Vivemos muito tempo juntos. – ele disse por fim. – Algumas coisas são difíceis de esquecer, simplesmente não vão embora da nossa mente.

Rosalie assentiu, ela sabia. Estava tentando tirar Emmett de sua mente há meses e ele insistia em ficar, não dando nenhuma brecha para sua paz mental recém-adquirida. O pai a observava cuidadosamente enquanto ela permanecia em silêncio, a mente vagando.

— Então, já que vai passar todo o final de semana lá, está planejando ver alguns dos seus amigos? – ele perguntou casualmente.

— Acho que não, não sei na verdade. – ela deu de ombros novamente. – Não pensei muito sobre isso. Vou até meu apartamento para separar o que vou deixar e o que vou mandar pra cá e esse é meu plano todo até agora.

— Nem mesmo o Emmett? Você não tinha falado que ele morava em frente a seu apartamento?

— Eu... – Rosalie hesitou.

Não queria vê-lo? Era tanto verdade quanto mentira. Não queria porque ainda estava magoada. Mas ao mesmo tempo queria, sentia sua falta e queria saber como ele estava. Era muito orgulhosa para dar o braço a torcer e sabia que não o procuraria. Mas afinal de contas, seu apartamento realmente era em frente ao dele e talvez eles se esbarrassem casualmente...

— Aconteceu algo? – Carlisle perguntou e Rosalie suspirou e deu um sorriso triste.

— Eu me joguei no mar antes de checar as ondas. – respondeu com tristeza e o pai a encarou, sem entender.

— Isso é alguma nova gíria dos jovens de hoje? – ele perguntou e Rosalie riu.

— Não, é apenas a história mais velha do mundo. – explicou. – Garoto e garota se conhecem e não dão certo juntos. Garoto estraga tudo e garota fica com o coração partido.

— Oh. – ele assentiu, os olhos se enchendo de compreensão. Ergueu a mão e apertou a da filha levemente. – Sinto muito, querida. – ela balançou a cabeça como se não fosse nada.

— Está tudo bem. É só... É pior porque ele era meu melhor amigo e eu realmente sinto falta disso.

— Sua mãe costumava ser minha melhor amiga, sabia? – o pai contou e Rosalie ergueu as sobrancelhas. Ele sorriu. – Nós éramos melhores amigos, mas depois do casamento e dos problemas acabamos nos distanciando. Essa foi a pior parte do divórcio. – ele observou. – Eu perdi minha melhor amiga e doeu, muito e por muito tempo. Mas então, eu achei outros amigos e uma nova melhor amiga. – ele sorriu mais. – E hoje estou muito feliz. É doloroso, no início, mas você se acostuma e percebe que existem muitas pessoas por aí.

— Mas algumas coisas são difíceis de esquecer. – ela lembrou, falando o mesmo que o pai dissera momentos antes. Carlisle deu uma risada abafada.

— Sim, mas algumas coisas são difíceis de esquecer. – repetiu enquanto concordava com a cabeça.

Quando o dia começou a escurecer ela se dirigiu até o apartamento de Nate. Ele atendeu a porta quando ela bateu em seu apartamento e ela ergueu um pacote com seis cervejas.

— Eu estava pensando... Cervejas e filmes? – ele sorriu, a puxando para dentro.

— Cerveja, filmes e uns amassos? – ele sugeriu em contra partida e Rosalie riu.

— Parece promissor. – ela concordou. – E talvez algo pra comer? – pediu, espremendo os olhos. – Vim para cá sem comer nada.

Nate riu e assentiu. Eles beberam uma cerveja enquanto esperavam uma pizza e sentaram-se no chão da sala, de frente para a televisão, enquanto bebiam e comiam. Nate estava comentando sobre o novo emprego; conseguira uma oportunidade para ser diretor esportivo técnico para um canal local e estava gostando da nova experiência. Mas Rosalie não conseguia se concentrar.

Eles estavam ali sentados no chão e bebendo cerveja enquanto um filme ruim rolava na televisão ligada e tudo em que ela conseguia pensar era Emmett. Em quantas vezes fizera aquele mesmo programa com ele e como se divertia naqueles momentos.

Ela não sabia por que, mas aquilo acontecia muitas vezes. Quando fazia coisas simples, como aquela ou como comer um macarrão com queijo – a coisa que mais cozinhara quando ele estava com o braço imobilizado – sua mente vagava e a levava novamente a Emmett. E era importante que ela se lembrasse das coisas ruins que ele fizera, mas sua mente era traiçoeira e também se lembrava dos momentos divertidos.

A verdade era que ele a fazia rir como ninguém e ela sentia falta de seu amigo. Tinha uma magoa enorme de Emmett pelo que ele fizera, mas sentia ainda mais uma saudade gigante de quem se tornara um dos seus melhores amigos. Ela sentiu o coração se enrolar em uma dor estranha e se encolheu, tentando fazer aquilo se afastar.

— Você faz isso, às vezes. – Nate comentou de repente, observando-a, e ela ergueu as sobrancelhas, sem saber do que ele falava. – Você faz essa coisa onde parece se retrair fisicamente, como se algo estivesse te machucando. Não sei o que é ou porque, só que você faz isso às vezes.

— O que? – Rosalie perguntou, meio perdida na conversa. Ele deu de ombros.

— Você faz do nada. É como se de repente alguém espetasse uma agulha em você e você quisesse fugir. – ele explicou. Ela balançou a cabeça.

— Você está delirando. – respondeu, como se ele tivesse falado alguma bobagem. Ele franziu os lábios.

— Sou muito bom observador, você sabe disso. – ele disse por fim e deu um sorriso hesitante. – Olha Rose, não sei o que aconteceu que a faz se mudar para cá...

— Eu me mudei por causa do meu emprego. – ela o interrompeu e ele assentiu.

— Bom, você nunca me falou se havia outra razão e eu não estou te perguntando, não quero te forçar a falar sobre nada, mas se houver outra razão, está tudo bem. – ele deu de ombros. – E se ainda te incomoda, tudo bem também. Estou aqui para te ajudar a superar o que quer que seja isso.

— Obrigada. – ela murmurou depois de alguns segundos e ele assentiu, um sorriso de lado no rosto. – Eu também estou aqui, tudo bem? Se houver algo que você queira conversar sobre, algo te incomodando, ou se precisar da minha ajuda.

Nate sorriu e cobriu a mão de Rosalie com a sua. A verdade é que ele até tinha, mas nada sobre o que realmente quisesse conversar com ela ou com ninguém. O serviço militar não havia sido gentil com Nate ou com qualquer um de seus companheiros e muitos deles não haviam tido a sorte de voltar para casa como ele. Ele não se sentia no direito de se queixar ou mesmo procurar ajuda, quando estava ali, inteiro, quando muitos outros não haviam tido aquela mesma sorte.

— Então, eu vou voltar para casa no próximo final de semana para o aniversário da minha mãe. – ela avisou. – Vai ser na sexta e vou para lá na quinta à noite.

— Tudo bem.

— Eu estava me perguntando... Você gostaria de ir? – perguntou. – Não precisa dizer sim se não quiser, eu sei que é cedo para conhecer a família do outro, quero dizer, nós mal começamos a sair e tudo bem se você quiser recusar. – Nate riu e Rosalie desviou os olhos.

— Eu tenho que checar no trabalho. Eu estou escalado para trabalhar no próximo fim de semana, mas posso ver se alguém pode ficar no meu lugar. – ele disse.

— Você não precisa se não quiser. – ela reforçou e ele sorriu.

— Eu adoraria ir. Obrigado pelo convite.

Ela sorriu também e eles terminaram de comer numa atmosfera leve e cúmplice.

Na semana seguinte, Rosalie não conseguiu deixar de pensar sobre o que o pai dissera, sobre sua mãe ter sido sua melhor amiga e ter sido doloroso quando eles não puderam mais continuar. Ela não queria que aquilo fosse assim, não queria que doesse por tanto tempo e nem muito.

Entretanto, não sabia o que fazer. Não queria ser aquela a ir atrás de Emmett. Ainda que magoada, sabia que preferiria tê-lo em sua vida de alguma forma do que nunca mais ouvir falar dele. Já ouvira que longe dos olhos, longe do coração, mas aquilo não servira para ela e ele continuava sem arredar um centímetro sequer de seu estúpido peito.

Nate acabara não podendo acompanha-la na viagem, não conseguindo ninguém disposto a substitui-lo no trabalho, então a levou até o aeroporto na quinta à noite e se despediram por lá antes de ela embarcar de volta para a antiga cidade. Não avisara que ia chegar naquela noite, querendo fazer uma surpresa, e ao chegar à cidade decidiu ir direto para casa da mãe, já que seu apartamento não estaria exatamente habitável naquele momento depois de meses fechado.

A mãe já dormia quando ela chegou, então a loura entrou com sua chave antiga e se dirigiu até seu velho quarto, dormindo por lá mesmo. Na manhã seguinte acordou a mãe e tomaram café juntas, antes de ela sair apressada para a casa de Alice. Estava louca para ver a irmã e a barriga de cinco meses que estaria agora.

Ela deu três batidas na porta da casa grande e pintada de branco de Alice. A grama ao redor era muito verde e Rosalie sorriu ao ver a vizinhança, exatamente tudo que esperava de Alice.

A irmã mais nova atendeu a porta e lá estava Rosalie, um pequeno body amarelo onde se dizia “LA Baby” em letras brilhantes estendido nas mãos e um grande sorriso estampado no rosto.

— Você está louca se acha que vou deixar meu neném usar isso. – foi a primeira coisa que Alice disse enquanto revirara os olhos e Rosalie inclinou o rosto e fez uma careta. Elas então riram e se jogaram num abraço.

— Ah, que saudade de você! – a loura exclamou.

— Também estou. É tão bom te ver. – Alice disse quando se separaram, um sorriso distinto no rosto. – Vem, entra. – chamou, puxando-a pela mão. – Por que não avisou que chegaria agora? Achei que só chegaria à noite. Poderia ter ido te buscar.

— Na verdade cheguei ontem de madrugada. – ela explicou. – Era uma surpresa.

— Já tomou café? Estou comendo agora. – disse a guiando até a mesa da cozinha. Rosalie acompanhou e sentou-se com Alice.

— Tomei com a mamãe. E então, como vai você e essa barriga grande? – a baixinha sorriu.

— Estou apaixonada, Rose. Estou apaixonada pela gravidez. É estranha e muitas vezes ruins até, mas estou apaixonada. – contou com um sorriso. Rosalie deu um sorriso caloroso.

— Eu imagino. E o Jasper?

— Está adorando também! Ele costuma ficar lendo para o bebê quando nos deitamos. – ela deu um risinho encantado. – E me mima sempre que está em casa.

— Isso é ótimo, Ali. – Rose comentou.

— Acho que ele vai ser um pai maravilhoso.

— É melhor ele ser mesmo. Meu sobrinho ou sobrinha merece apenas o melhor. – Rosalie brincou fingindo uma voz séria e Alice revirou os olhos com um sorriso.

— Mas de toda forma, é ótimo que você esteja aqui, pode me ajudar com o resto da preparação da festa da mamãe. – Alice declarou animada, Rosalie gemeu e fez uma careta.

— Eu realmente não posso, tenho que ir até meu apartamento e arrumar as coisas porque amanhã o caminhão da mudança vai lá.

— Você pode fazer isso da sua casa amanhã e me ajudar hoje. – Alice declarou como se fosse óbvio.

— Eu realmente não posso. – a loura a contradisse. A mais nova fez uma careta.

— Está querendo dizer que está se recusando e ajuda a sua irmã mais nova enquanto ela está grávida? Vou deixar bem claro pra esse neném quando nascer que você se recusou a passar tempo com ele. – Alice disse de forma dramática e Rosalie revirou os olhos.

— Sou sua pela manhã, mas apenas pela manhã. – ela declarou enfática e Alice sorriu.

Passaram a manhã zanzando para lá e para cá resolvendo pequenas coisas, checando o bufê, pegando algumas decorações, indo buscas alguns presentes, resolvendo um imprevisto com as flores. Conversaram muito durante todo o tempo em que trabalharam, discutindo mais profusamente coisas sobre as quais já haviam falado ao telefone e por fim almoçaram juntas no restaurante preferido de Rosalie – um agrado de Alice, já que ela detestava o lugar, mas Rosalie estava visitando, afinal de contas. Por fim, depois do almoço Alice deixou Rosalie na frente do antigo prédio.

Ela subiu as escadas e chegou a seu velho andar. Olhou longamente para as duas portas com que se acostumara tanto e estar ali era quase como sentir a presença de Emmett. Lembrava que ali fora a primeira vez em que realmente interagiram, quando estava acabada e morrendo de ressaca e conhecera o pai dele.

Seu coração se apertou. Ali fora onde vira Victoria em sua casa no dia em que ele deveria estar com ela. Ainda se sentia humilhada por aquilo e num impulso abriu a bolsa e tirou uma caneta e um bloquinho de post-it verde que sempre ficava por lá. Escreveu “Funcionou” e descolou o post-it do bloco, colando-o em seguida a uma nota de 50 dólares.

Ela concordara em pagar 50 dólares por cada ex que ele encontrasse e desse certo, e era verdade que Emmett não encontrara Nate, afinal nem na lista ele estava, mas ela sentiu uma necessidade estranha de mostrar que conseguira, que toda aquela loucura e sua insistência poderia sim funcionar.

Enfiou o post-it e a nota por baixo da porta e então se virou, entrando no antigo apartamento e fechando a porta atrás de si. Ali, começou a empacotar algumas coisas que não mandaria para Los Angeles e que deixaria na casa da mãe ou doaria. Ligara para a companhia de mudança e confirmara que viriam no dia seguinte pegar os móveis que ela levaria. Levaria consigo naquele dia poucas coisas dali, então conseguiu reunir tudo em três caixas que deixou ao lado da porta.

Aquele apartamento era cheio de lembranças e com nostalgia a envolvendo ela deu uma última olhada em tudo. Fora feliz naquele apartamento pequeno, mas ele também era recheado de choros e mágoas, sofrimentos que ela não queria relembrar. Abriu a porta, empurrando as caixas para fora e ouviu antes mesmo de ver a porta da frente se abrir.

— Rosalie! – a voz muito surpresa de Emmett exclamou, as sobrancelhas erguidas. – Você voltou.

Ela pôde sentir, sentir de verdade, o coração se retorcer quando o viu. Tentara mentir para si mesmo e enterrar aquilo sob outros milhões de coisas, mas a verdade é que sentira a falta de Emmett mais do que queria admitir, para além do que estava disposta a aceitar. E ali estava ele, de frente para ela, lindo como sempre, um sorriso contente no rosto, os olhos brilhantes.

Ela queria jogar os braços ao redor dele e ficar dez minutos colada a ele.

Mas também queria bater a mão naquele rosto bonito, para que ele sentisse um pouco que fosse da dor que causara a ela antes dela partir. A verdade é que estar longe de Emmett doía, mas estar perto também não era lá muito indolor.

— Emmett, oi. – ela disse hesitante, levantando-se da posição meio agachada em que se encontrava.

— Você desapareceu. O que aconteceu? – ele perguntou, a voz meio animada, meio hesitante também agora, não como se a última vez que haviam se visto tivesse sido repleta de gritos. – Não consegui entrar em contato com você, seu celular foi desconectado.

— Eu me mudei e acabei trocando de número. Aceitei uma oferta de emprego em Los Angeles e estou morando lá há algum tempo.

— Ah. – ele disse, a voz um pouco surpresa. – Você não está de volta então.

— Não, estou visitando e passei aqui para dar um jeito nos móveis e mandar pro meu apartamento novo em LA.

— Entendi. – murmurou.

Um silêncio gritante pairou entre eles enquanto os olhares dançavam entre os rostos, o rodapé da parede e o chão.

— Então quer dizer que você realmente fugiu. – ele disse por fim, a voz em um tom de brincadeira antigo conhecido de Rosalie. – Eu realmente fiz você sair correndo da cidade e atravessar o país pra ficar longe de mim. – ela revirou os olhos, irritada.

— Você se dá muito mais crédito do que realmente merece. – bufou. – Minha mudança não tem nada a ver com você, me mudei por conta do emprego.

— Não sabia que você estava ativamente procurando um emprego. – ele comentou.

— Estava sim. – mentiu. – Não pretendia servir atrás de um balcão para o resto da vida. – ele recuou um pouco e ela se arrependeu automaticamente. – Desculpe, isso foi rude.

— Foi você quem deixou isso? – ele perguntou tirando a nota de cinquenta com o pequeno papel verde do bolso de trás.

— Sim. – respondeu, um pouco pretensiosa. Ele assentiu lentamente.

— Então, qual dos seus ex não se revelou um total desperdício de tempo? – ele perguntou casualmente.

— Nate. – uma das sobrancelhas de Emmett se arqueou levemente.

— Não me lembro de um Nate na lista.

— Ele não estava. Não é bem um ex, mas é um ex. – deu de ombros. – É uma longa história.

Na verdade, não era, mas ela não estava disposta a compartilhar com ele ali. Eles ficaram em silêncio novamente.

— Rose, eu tentei muito falar com você. – ele disse depois de alguns momentos. – Não queria que as coisas ficassem daquele jeito. Me sinto muito mal pela forma que as coisas ficaram e não queria que fosse assim.

— Eu não queria falar com você. – foi tudo que ela respondeu. Ele vacilou, apesar de já saber que aquela era a verdade.

— Mas está falando agora, o que talvez queira dizer que tenha mudado de ideia? – ela o encarou. – Sobre falar comigo.

— Já faz muito tempo. Não me importo com aquilo agora. – mentiu calmamente e deu de ombros.

— Então... Me perdoou?

— Não disse isso. – ele engoliu em seco e assentiu.

— Eu sinto muito, Rose. Não deveria ter feito aquilo, sei que estava errado. – Emmett falou com os ombros meio encolhidos.

— Não precisa dizer isso pra mim. – ela o interrompeu.

— Preciso sim. – ele discordou e suspirou. – Eu... Eu não sabia o que estava fazendo. E depois que você sumiu foi realmente muito ruim. Eu sinto muito a sua falta.

Ela se recostou à parede, querendo algo que a amparasse em caso de fraquejar. Rosalie hesitou, um nó em seu estômago enquanto o via falar tudo aquilo de forma muito honesta.

— Eu senti muito a sua falta esses últimos tempos também. – ela confessou por fim. Ele abriu um sorriso que Rosalie sabia que em outros dias poderia ter parado seu coração, as covinhas se desenhando lindamente na bochecha. 

— Rose, me dê outra chance. Podemos fazer isso dar certo. – ele pediu, ignorando o fato de que existia um Nate que ela mencionara mais cedo. Ela mordeu o lábio, hesitante. – Eu sei que podemos.

— A verdade, é que senti muito a falta do meu amigo Emmett e não do Emmett com quem me envolvi. – ele vacilou.

— Rosalie, não vou lhe magoar de novo. – prometeu. – Não precisamos mais sentir falta um do outro.

— Não precisamos. – ela concordou, desviando o olhar. Ele abriu um sorriso.

— Quer dizer que vai me dar uma chance?

— Quer dizer que podemos ser amigos. – ela corrigiu voltando o olhar para ele. – A verdade é que gosto muito de você, Emm, seria mentira dizer que não, e senti falta do meu amigo enquanto estava longe, mas estou envolvida com outra pessoa e estou apaixonada. – mentiu, mas a voz se manteve firme. Ela poderia se apaixonar por Nate, sabia daquilo, e mesmo que envolvesse alguma dedicação, estava disposta àquilo. – Gosto muito de você e não quero arriscar isso com um relacionamento, não de novo.

— Você... Quer que sejamos amigos. – ele disse lentamente, decepção preenchendo a voz.

— Sim.

Cariño... – Rosalie sentiu o corpo se arrepiar, não era chamada daquele nome há muito tempo e não havia percebido que sentia falta. – Está fazendo isso por que está realmente apaixonada ou por que está com medo de se machucar novamente? – ela olhou para ele com uma careta.

— Não confio em você. – ela declarou por fim. – Estou apaixonada, mas mesmo que não estivesse, não confio mais em você. E não me envolvo com pessoas em quem não confio. – ele pareceu magoado, sentindo como se tivesse levado um grande soco no estômago.

— Eu realmente sinto muito. – disse de forma sentida. – Jamais quis te magoar. – ela ergueu uma sobrancelha, perguntando-se qual era então a intenção dele ao dormir com outra naquele momento. Ela deu de ombros.

— Mas magoou e não há nada que possa ser feito sobre isso agora. – disse encarando o chão. – Vou entender se você não quiser que sejamos amigos.

— Eu quero. – ele falou rapidamente. – Eu realmente senti falta da minha amiga também. – os lábios dela se viraram minimamente num de lado.

— Ótimo.

— Vou recuperar sua confiança, Rose. – ele disse de maneira firme, como se não tivesse dúvida alguma sobre aquilo. Ela o encarou.

— Espero que não seja por isso que concordou em nós voltarmos a sermos amigos. – avisou. Ele sorriu então.

— Concordei porque quero você de volta na minha vida. Porque você é uma das pessoas mais incríveis e loucas que já conheci e minha vida ficou bastante sem graça sem você nela. – ela tentou reprimir um sorriso.

— Bom.

— Já que somos amigos, será que poderíamos fazer algo hoje? – ele sugeriu. – Totalmente amigável. – disse colocando as mãos para cima.

— Tenho a festa de aniversário da minha mãe hoje, mas talvez quando eu sair de lá?

— Claro. – ele concordou prontamente.

Ela então decidiu ir, já em cima da hora, e ele a ajudou a levar as caixas para fora do prédio, onde ela pegou um táxi e seguiu para a casa da mãe. Era o aniversário de cinquenta e cinco anos de Esme, não que ela deixasse aquele número ser revelado, e Alice havia realmente posto esforço naquela comemoração.

Arrumara o grande e belo jardim da casa da mãe e convidara seus amigos mais próximos e alguns familiares. A festa acabara repleta de gente e com uma música bastante agradável de fundo.

— Edward! – Rosalie gritou indo em sua direção quando o viu chegar. O mais velho dos irmãos sorriu quando a aparou nos braços.

— Olá para você também. – disse a apertando contra si.

Apesar de conversar quase diariamente com Alice, a comunicação com Edward não era tão corriqueira assim. Falavam-se pelo menos uma vez por semana, mas Edward estava muito ocupado se habituando e se dedicando ao novo trabalho.

— Quando chegou aqui? – ela perguntou se separando dele.

— Não foi há muito tempo. – respondeu enquanto pegava duas taças de champanhe da bandeja de um garçom que passava ao lado deles e deu uma a Rosalie. – Faz uma meia hora, talvez. Cheguei atrasado e fui direto tomar um banho e me trocar.

— Estou muito feliz de te ver. – ela declarou. – Sinto sua falta. – o irmão mais velho deu um sorriso gentil.

— Eu também, irmãzinha.

— Mas e aí, como andam as coisas em Austin? – ela quis saber enquanto eles se dirigiam em direção a uma das mesas próximas e se sentavam.

Edward se lançou numa narrativa animada então, contando sobre seu trabalho e a cidade, parecendo bastante feliz sobre sua vida nova. Rosalie ficou feliz ao ouvir o irmão, contente que a nova cidade e emprego tivessem sido tão acolhedores com ele. E então ela contou de si, da empresa em que trabalhava, do pai e de Julia, de Nate.

Edward ouviu tudo parecendo bastante atento e Rosalie só parou de falar quando Alice se juntou a eles, sentando pesadamente na cadeira ao lado de Edward.

— Olhe só se você não está gigante com esse vestido? – o homem comentou com um sorriso zombeteiro. Alice fechou a cara.

— Já falei para não falar assim. – reclamou. – Já viu a mamãe?

— Sim, logo depois que te encontrei quando cheguei. Ela estava na cozinha e passei por lá para comer algo antes de subir. – contou e Rosalie deu um riso abafado.

— Rose, conseguiu resolver tudo o que precisava no seu apartamento? – a mais nova quis saber.

— Sim. – respondeu assentindo.

— E como foi com o Emmett? – Rosalie encarou a mais nova. Não havia mencionado que havia esbarrado com ele e nem que haviam conversado.

— O que? – perguntou se fingindo de desentendida.

— Por favor! – Alice revirou os olhos. – Estava na sua cara hoje de manhã que estava doida para ir para seu apartamento antigo para poder bater na porta do Emmett.

— Alice, não bati na porta dele. – Rosalie se defendeu. – Nem sequer pretendia falar com ele. – continuou, parcialmente mentindo.

— Mas falou. – Edward deduziu com um meio sorriso, interpretando a frase dela. Ela se encolheu.

— Falei. Acabamos saindo ao mesmo tempo de nossos apartamentos e pudemos conversar. – confessou.

— O que volta a minha pergunta: como foi? – Alice pontuou.

— Foi... Estranho e bom. Eu não sei. – se encolheu ainda mais.

— E? – a baixinha incentivou. Rosalie suspirou pesadamente.

— E decidimos continuar a ser amigos. – disse por fim.

— O que? – Edward parecia confuso.

— Amigos. – ela esclareceu, a voz firme. – Pessoas que tem coisas em comum e às vezes fazem programas uma com a outra. 

— Você está brincando. – Alice respondeu lentamente.

— Não estou. – Edward revirou os olhos e negou com a cabeça e Rosalie virou o resto da sua taça de champanhe de uma vez. – Seremos amigos. – declarou com firmeza.


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Notas finais do capítulo

Oi, meninas! Como estão vocês?

Essa quarentena está me transformando numa escritora que realmente cumpre prazos, estou em choque hahaha acho que escrevi mais nesses últimos dois meses do que nos últimos quatro anos kakaka. E essa história é particularmente engraçada, porque demoro para conseguir desenvolver o capítulo, mas quando realmente consigo ele flui em poucas horas.

Bom, espero que tenham gostado desse capítulo e já deixo avisado que essa história só deve ter mais uns dois hahaha. Me digam o que acharam! Adoro os reviews de vocês e responde-los hahaha

Pra quem não viu, postei uma nova one-shot nova (que acabou virando uma história de quatro capítulos, mas ainda assim kkk) e se alguém se interessar aqui vai: https://fanfiction.com.br/historia/793548/Under_Your_Sunshine_Eyes/ (AMEI escrever essa história e se alguém ler, espero que goste também!)

No mais, é isso! Um ótimo final de semana, se puderem fiquem em casa e se cuidem muito!!

Beijo grande, Lana.



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