Dukan segurava involuntariamente a parte da arma que via em sua frente, sentia o sangue ferver dentro de seu pulmão dificultando cada respiração e o liquido começava a escorrer lentamente e umedecer suas roupas. Ele tossiu e as pernas não o sustentaram mais, ele se ajoelhou tentando tomar mais ar que começava a faltar. Tentava manter o controle de si, ainda não estava morto, mas o pensamento rapidamente se desviava para o fato de ter algo o atravessando e seu coração palpitava mais uma vez como se fosse a ultima. De repente se lembrou do antes e olhou para o lado procurando Beatrice, a encontrou imóvel, o encarando assustada e angustiada; seus olhos azuis elétricos e claros estavam cinzentos e úmidos e ela não dizia nada mesmo parecendo que queria.

O olhar de Dukan fugiu dos dela e seguindo pela grama, não muito longe de sua perna encontrou o pingente de Beatrice. Pegou o dragão prateado, ignorando que seu movimento movia a lança em seu corpo, e levantou a mão mostrando-o para Beatrice com um leve sorriso no rosto. Ele tinha encontrado o pingente perdido e ela começou a se aproximar para ajudá-lo, mas parou olhando alguém se aproximar das costas dele e logo depois o circulo de metal passou sobre ele e o cercou. Ele havia visto Alec sumir com aquilo e se forçou a ficar de pé e se virar, mas já era tarde, tudo ficou opaco e depois a luz forte deixou tudo branco. E no segundo seguinte ele já não estava mais ali, junto de todos.

Beatrice não conseguir desviar os olhos do amado que desaparecia deixando pra trás a lança com seu sangue. Então seus olhos se encararam o ultimo soldado que segurava o estranho mecanismo de tele transporte. Ela voltou a si com a raiva vinda direta da dor em seu coração e com passos rápidos se aproximou do soldado girando o chicote. Ele não teve tempo de nada e foi envolvido pela arma de Bea até que as ponteiras cravaram e rasgaram sua roupa protetora. Ela o encarou ainda surpreso e totalmente preso e liberou toda sua energia no corpo do soldado com um grito assustador. O jovem homem gritou e caiu sendo envolto da luz repentina. E os raios de energia se espalharam em um diâmetro de dois metros a volta dele.

Diana e todos os outros que estava lá assistiram o que aconteceu com Kan e a revolta de Beatrice, que depois de acabar com o inimigo caiu de joelhos chorando ao mesmo tempo em que ainda sentia raiva daquele soldado.

Lucas despertou do estranho transe assassino em que estava e havia parado de lutar quando ouviu Beatrice gritar. Ao olhar para traz viu o rastro de restos de soldados e armas destruídas que havia feito. Depois que notou que não havia mais ninguém foi em direção a Aaron, Brian e Taz, que encaravam com pesar o centro do gramado onde estava Beatrice. Yan estava com eles e também não conseguiu fazer nada enquanto via tudo acontecer. Philipe era quem terminava de cuidar da perna de Taz. Marlene havia corrido até Diana e Cadius assim que pode e agora se aproximava de Flecher caído e desacordado.

–Nós vencemos? -disse Brian quase com um sussurro.

Yan concordou, mas estava perturbado.

Taz viu Marlene ouvindo o coração de Flecher com Cadius e Diana começando a se aproximar observando tensos, então empurrou Philipe que terminava de enrolar uma faixa em sua canela ferida e correu até eles ainda dando alguns pulinhos com a dor.

–Philipe pode ir atrás dela? Destiny também precisa de ajuda. -disse Yan a observando se afastar.

–Eu? Ela corre rápido! -O menino não o olhava ao falar e tinha um ar meio frio na fala. -...Tá bom. -e Philipe começou a correr não muito rapidamente até o grupo.

Lucas, que estava com eles, mudou sua expressão de repente.

–Os soldados desapareceram. –comentou pois não havia notado antes.

–Sim. -respondeu Yan ainda tentando entender como tudo tinha acabado. –Vi que todos eles tinham um dispositivo no pulso, que quando morrem os fazem se dissolver... Deve liberar alguma coisa no sangue deles que o destroem.

–Mas aquele ali não.-Brian apontou o soldado que acertou Kan com a lança e que Beatrice eletrocutou.

Yan começou a ir até lá achando estranho, se agachou curioso perto do soldado, que estava muito bem para quem levou um choque, e notou que o tipo de pulseira que devia destruir-lo estava torrada e aberta longe do pulso. Ele retirou o capacete sem muito trabalho e puxou o mascara que o inimigo usava e mostrava apenas os olhos. O soldado era jovem, da idade deles ou um pouco mais velho, não tinha danos ou queimados apenas um corte no rosto causado pelo soco de Kan. E o que chamou a atenção de Yan foram os cabelos cinza prateados e aparentemente naturais, mesmo com as sobrancelhas escuras.

–Legal. -disse Brian ao notar a cor diferente e Yan o olhou de soslaio. -Ele ainda esta vivo?

–É lógico que não. -comentou Lucas não muito alto, mas com o silencio que o lugar fazia Brian o ouviu e Yan foi confirmar.

–Está. -respondeu ele com certo espanto na voz, após sentir a pulsação no pescoço do soldado.

E todos os outros adquiriram a mesma expressão.

De repente Yan é acertado com um soco repetido e cai no chão. O soldado tentou se levanta mesmo cercado e então Aaron o manteve no chão com um campo sobre seu peito. O soldado não tinha muitas forças para lutar e parou quieto encarando os garotos em sua volta. O campo de força de Aaron reduziu de peso em alguns breves segundos, pois ele também cansado depois de toda a batalha, então Yan se apressou para administrar um tranquilizante no soldado, que se enfureceu ao perceber o que ele iria fazer, mas não conseguiu impedir.

–Você esta bem Yan?-perguntou Brian.

–Mais ou menos. -ele continuava tentando conter o sangue que escorria do nariz com um bolo de bandagens de sua bolsa.

Marlene o chamou de repente e ele foi até ela. Philipe tinha conseguido acordar Destiny que permaneceu atordoada e sentada sobre o gramado em que havia caído. Diana havia mudado de direção antes de chegar á Flecher para ir confortar Beatrice. E Taz ajudava Marlene ou tentava, pois a menina não tinha muito que fazer.

Yan observou o amigo ao lado de Marlene e começou a ajudá-la a conter o sangramento do corte e fazer um curativo.

–Ele vai ficar bem?- perguntou Cadius.

–Acho que sim. Ele pode estar apenas sem energia e se conseguirmos cuidar desse ferimento ele fica bem.

–Ele esta sem energia e... Diana o acertou com um dardo.

Yan o olhou, não tinha notado aquilo.

–Acho que não foi o dardo venenoso se não... -abaixou para ouvir o peito do amigo. -... o coração dele não estaria mais funcionando.

Um sorriu fino apareceu na face de Cadius, mas logo sumiu.