Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda


Capítulo 7
Capítulo 7 - Boa noite


Notas iniciais do capítulo

AEEEE! Fico muito realizada por gostarem do encontro, obrigada por todos os elogios! Eis o capítulo 7... talvez já possam identificar quem irão gostar e que não. Muahaha



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A reunião seguiu, e as horas já passavam da meia-noite. Jonas se levantou da poltrona e pediu que a esposa e enteada recolhessem suas coisas, pois iriam para casa. Tentou forçar um sorriso amarelo e apertou as mãos de todos os participantes, avisando que se encontrariam em breve. Quando chegou a hora de Davi, cerrou os dentes. O bufo sai sem que percebesse. Aquele garoto era comentando por todos os seus sócios, assim que finalizara os testes. Diziam que era raro encontrar alguém com um QI tão alto como o seu, tanto que superava o de Jonas e de muitos outros dentro da empresa. Blá, blá, blá. Davi Reis era uma ameaça ao seu cargo, ele podia sentir o cheiro de perigo impregnado no jovem quatro olhos.

O desdém de seu olhar era claro e todos os jovens pareciam notá-lo. Desapareceu de suas vistas assim que saíra porta afora, deixando todos menos nervosos. Megan os cumprimentou também, assim como Jonas lhe pediu que fizesse. Desejou os parabéns e tentou confortá-los com seu sorriso perfeitamente branco. O homem de bochecha cortada era o último da fila, e certamente o único com o poder de atrapalhar suas palavras.

— Oi. Desculpa por isso. — ela apontou para a bochecha do rapaz. — Vou tentar não atacá-lo da próxima vez.

Davi sentiu um frio na barriga. Ele não funcionava muito bem com garotas bonitas tão próximas a ele.

— E terá uma próxima vez?

— Bom... vamos acabar nos esbarrando por aí, afinal de contas.

— Tem razão. Mas se estiver por perto, peça para me avisarem... terei mais tempo para desviar o caminho.

— Ei... idiota. Você é um idiota.

Seus lábios balbuciavam a frase de uma forma hipnotizante. Ela ficava mais bonita quando não o estava machucando. De certa forma, percebeu que deveria tentar olhar menos para seus olhos, não queria que confundisse as coisas.

— Vai estar por aqui amanhã?

A pergunta a pegou de surpresa, a ponto da resposta sair dividida.

— Sim... não... não sei. De qualquer forma, não faço ideia se como serão meus dias por aqui.

— Acredito que bastante agitados.

— É provável. Mas... porque quer saber?

— Ué... você tem que me ajudar a consertar meu rosto, eu era perfeito antes de você aparecer.

A garota começou a rir. Ele tinha a razão. Uma voz irrompeu a conversa.

— Megaaaan.

"Merda". Ela respirou fundo, olhou para trás e deu de cara com a mãe, fazendo sinal para que viesse. Pâmela sorriu para Davi e saiu da sala. Ele entendeu o recado, voltando o olhar para a garota de cabelos loiros e compridos. Empurrou seu ombro.

— Xô, menina. Já te chamaram duas vezes.

Ela concordou, pegando a maldita bolsa e se afastando. Ele já ia se arrependendo pela piada quando, antes de seguir a mãe, Megan acenou. "Tchau" - sussurrara com mímica, fazendo Davi ficar em estado de choque. Ah, todos estavam olhando para ele. Ele era o foco de atenção da sala.

***

Megan estava no banco de trás do carro, olhando as ruas do Rio de Janeiro. Podia enxergar a praia à sua direita, com as ondas quebrando no silêncio. Davi fazia seu coração palpitar, e ela não entendia como era possível. Quer dizer... ele era bonito e engraçado, mas eles não tinham nada a ver um com o outro. Tinham padrões de vida e ideais seriamente distintos. Nunca poderia acontecer algo, simplesmente não.

Afundou no assento e se sentiu claustrofóbica por ver as janelas fechadas. Não conseguia trocar vento por um ar-condicionado, eram sensações completamente diferentes. Gostava de sentir a brisa tocando sua pele, o ar entrar pelas narinas e a energia que isso transmitia para ela. Nunca diria tal absurdo em voz alta, pois seria motivo de chacota para toda a família, mas gostava de se sentir viva... algo que desconhecia a muito tempo. Sem falar que... até pouco tempo, achou que morreria.

O motorista do carro levava a família até a casa nova, e nenhum deles disse uma palavra. Jonas estava de olhos fechados, mas ela sabia que não estava dormindo. Se tentasse, talvez pudesse escutar o som dos seus pensamentos baderneiros. Pâmela de vez em quando olhava em relance para a filha, mas logo depois desviava. Parecia querer lhe dizer alguma coisa, algo que não tinha coragem na frente de Jonas.

***

Ele parecia um zumbi. Chegou ao quarto de hotel e caiu na cama, exausto. Dissera à Rita que dormiria no avião, mas se entreteve com outras coisas. Fez todos aqueles testes e a mente estava cansada de raciocinar, nem que fosse por uma pergunta simples. Passou pela emoção e gritaria de dar o segundo passo até seus sonhos, e sem que esperasse, apanhou de uma garota. Eram coisas demais para 24h.

Tivera que dividir o quarto com mais um dos participantes... que não era Bóris nem Tatiana. A empresa pagou para hospedá-los por uma semana, então seria bom que já se acostumasse com o ambiente. Era um lugar cinco estrelas, e o quarto era o mais luxuoso que já frequentara. Banheira de hidromassagem nos banheiros, duas camas de casal com travesseiros da NASA... aparelhos como televisão, computadores, secadores de cabelo, e etc... por todos os cantos. Uma sacada com vista para o mar... camareiras sempre a disposição. Era bom demais para alguém como Davi.

Seu companheiro de quarto, Zac, parecia ser um cara bacana. Conversou com eles em alguns momentos ainda no jantar e ele demonstrava bastante confiança no que fazia. Já trabalhou em algumas empresas de computação qualificadas, o que fez com que Davi baixasse o olhar. Era musculoso e tinha olhos azuis, com um sorriso maior que o próprio rosto e que ainda o assustava. Tinha vinte e quatro anos, e a pele de tão branca chegava a doer seus olhos.

— Então cara, o que faz para viver? — ele lhe perguntou, largado a mala do lado da cama, antes mesmo de perguntar qual Davi preferia. Zac começou a tirar a camisa e pôr o pijama, algo que ele não estava muito habituado a ver antes de dormir.

— Eu sou professor.

—Ah... — ele praguejou.

Davi sabia que ele estava rindo da sua cara quando se baixou de costas. Na mente competitiva daquele cara, devia já se gabar entre as risadas. Como se, apenas por ele ser professor, fosse alguém fácil de eliminar. Esperou que continuasse pensando assim.

Caiu na cama, tocando cuidadosamente o corte e se ajeitando embaixo dos lençóis. Amanhã seria um grande dia, ele tinha certeza. A cabeça estava era uma super-lotação e os olhos imploravam para descansar.

— Ei... Zac! Apaga a luz, por favor.

— Claro. — ele sorriu.

— Valeu, boa noite aí.

— Antes de dormir... eu queria te dar um conselho. Assim, como amigo.

"Ai" - ele resmungou para si mesmo. Zac havia conseguido prender sua atenção. Davi se sentou na cama e tratou de escutar o que tivesse para falar, rezando para que fosse logo.

— Okay... estou escutando.

— Desista da garota.

— Oi?

— A filha do Jonas.

Ele não conseguia acreditar que estava ouvindo aquilo. O rosto ficou gelado de uma hora para outra. Davi agora estava bem acordado. O suficiente para querer parti-lo em dois.

— O que é que está insinuando?

— Eu estou sendo direto: não entre nessa cilada.

— Tá pirado, irmão? É a primeira vez que vi ela.

— Eu sei... mas não é a última... só tô te avisando.

— E posso entender o motivo para essa extrema generosidade?

— Isso pode influenciar as decisões do Jonas, se realmente quer saber. Eu... nem ninguém do reality será prejudicado porque certo alguém decidiu paquerar a filha dele. Compreende? Além de que... isso é uma coisa séria. Não misture negócios com praz...

— Cala essa boca. — Davi o interrompeu. — Acho bom você voltar pra sua cama e dormir... "só tô te avisando". — imitou a voz do garoto. — Não conheço Megan a mais do que algumas horas e não preciso te dar satisfações do que faço ou deixo de fazer. Fica frio aí. — concluiu.

Se dentro do quarto, na primeira noite, os dois já não estavam na melhor, queria ver como passaria meses confinado com um bundão como ele, sendo que seriam assistidos por uma audiência... assustadora. Teria que usar muito da sua reserva de auto controle para não quebrar seu nariz.

— Você quem sabe, parceiro. Como eu falei... foi um conselho de amigo.

"Enfia no **** o teu conselho" - ele pensou.

— Aham, eu te agradeço. — deu um sorriso debochado. — Agora já pode desligar a luz.

Zac fez que sim com a cabeça, com os ombros caídos, e em dois segundos tudo estava escuro. Pôde de escutar ele caminhar pelo quarto e deitar na cama, tentando não fazer barulho. "Assim que eu gosto, bunda mole. Fica na tua" - Davi gargalhou, absorto nos próprios pensamentos. Teve vontade de acordá-lo apenas para esclarecer que a garota era a enteada do chefe, mas decidiu não plantar tretas. Foi fechando os olhos devagar e tentando sanar a dor do corte, que ainda latejava. Megan teria se se virar para tirar o tom arroxeado dali, caso contrário, ele teria sua vingança. Ah, e como teria. Fosse ela boa ou ruim...


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Notas finais do capítulo

Não se preocupem... a vingança dele deveria ter outro nome. haha um beijo e até o próximo.