Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda


Capítulo 6
Capítulo 6 - Dois sorrisos aparecem


Notas iniciais do capítulo

Dois capítulos em um dia, isso que é força de vontade. heuheu caramba, eu já me apaixonei pelos dois, não tem o que discutir. hahaha Foi escrito com muito carinho e eu quero ver vocês comentando, combinado?



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— Megan, tem certeza que quer ir para o salão? — Jonas perguntou, arqueando uma das sobrancelhas. — Você não acha meio antiquado não conhecê-los? Você faz parte desta família, como uma filha pra mim. Eu ficaria muito feliz se pudesse ao menos parabenizá-los pela conquista... eles são muito inteligentes, algo acima do normal. Poderia só se apresentar?

A garota ouvia tudo com uma expressão tênue no rosto.

— Jonas... não querendo ser rude, mas não. Que diferença fará se eu ficar aqui ou sair? Eu não faço parte dessa loucura. Mais tarde eu volto, ok? Eles vão me conhecer de qualquer forma. Não força muito a amizade, isso tudo já está sendo muito difícil pra mim.

Megan pegou a bolsa e acenou para eles, sorrindo. Não estava zombando, apenas queria esfriar a cabeça. Foi caminhando com calma e pegou a chave da sala de jogos, pendurada ao lado da porta. Digitou a senha e saiu dali, dando passos curtos pelos corredores.

***

Aquilo era incrível! Um sonho realizado. Davi pôde imaginar seus alunos o aplaudindo e tendo orgulho de dizer que o professor deles estava em um programa mundial. Não seria apenas o Brasil que assistiria, muito do contrário, todos os países com contratos com a Marra International ficariam ansiosos. Ela sairia daquele reality, mesmo que não ganhando, como uma celebridade. Estava feliz consigo mesmo.

Receberam o aviso para irem até a sala de reuniões, pois todos os organizadores, sócios, investidores e o próprio Jonas estaria à espera deles. Eles conheceriam todas as normas e o regulamento, fora o contrato de responsabilidade. O reality-show começaria em uma semana e tudo já estava pronto. Ele mal podia esperar para entrar de cabeça nessa competição. Os dez foram caminhando pelos grandes corredores, já trocando ideias e se apresentando educadamente.

Davi escutou o som de sapatos tocando o piso ao corredor ao lado, pois fazia a maior barulheira. No mínimo deveria ser sua orientadora vindo na direção deles. Queria chamá-la e informar que já estavam a caminho... seguiu o som dos passos. Mas quando foi esticar o pescoço para ver quem era, um dos concorrentes e recém amigo, Bóris, o puxou para trás.

— Tão te chamando para entrar na reunião, Davi. Tá indo onde?

— Ah... nenhum lugar. Desculpa... vamos lá.

***

A sede era gigantesca, tando que ela nem sabia o caminho. Parecia perdida, sem saber como voltar. Megan estava andando em direção das escadas quando parou de repente. Viu a sombra de alguém a espiando. O coração começou a bater depressa, que brincadeira era essa? A sombra desapareceu, e quando ela correu para ver de quem se tratava, o corredor estava deserto. Merda.

"Ok... isso não foi alucinação, Megan. Tinha a sombra de alguém bem ali."

Olhou por cima do ombro como se estivesse prestes a ser atacada. Aquela sede era mais silenciosa do que deveria. Ela tinha certeza de ver a sombra de alguém... então isso significava que estava sendo seguida. Merda... a respiração era difícil de sair. Sempre ouviu coisas terríveis do Brasil. As pessoas eram atacadas e assaltadas todos os dias... em algum lugar por ali. Talvez o lugar pudesse ser esse, mesmo com todos os requisitos de segurança possíveis. Teve vontade de voltar correndo para a sala de reuniões, onde ficaria em segurança. Mas não poderia, não depois do que dissera ao padrasto.

— Tem alguém aí? — ela choramingou, percebendo o eco que suas palavras causavam. — Por favor... não me machuque.

Nada aconteceu... nem um ruído. Megan olhou para trás mais uma vez, em seguida para frente, esquerda e direita... voltando a caminhar. Os passos eram hesitantes. Ligava todas os luzes por onde passava, por questão de medo mesmo, subindo as escadas e abrindo a porta do salão, trancando-a atrás de si logo em seguida.

***

Os participantes entravam um por um na sala de reuniões, em fila, ao som de calorosos aplausos. Todos trataram de vir apertar suas mãos, como se eles fossem as pessoas mais incríveis da atualidade. Jonas estava no final da mesa, sentado, apenas analisando os dez dos pés à cabeça, sem dizer uma palavra. Era injusto que um daqueles trapos fosse assumir seu lugar, inadmissível. Pâmela Parker estava ao lado dele, mas correu para abraçá-los assim que eles se aproximavam.

— Ah meu Deus, então serão vocês quem entrarão nessa batalha? — perguntou ela, achando a maior graça de suas próprias palavras. A situação fazia as maçãs do rosto ficarem rosadas, e o sorriso era belo e autêntico. — Parabéns a todos!

Davi viu todos agradecerem e repetiu o gesto, encarando Jonas pelo canto do olho. Tinha uma cara esnobe e o encarava também, talvez de forma mais crítica. Realmente esperava que ele e o o Todo Poderoso pudessem se dar bem e criar uma forte amizade. Venerou o homem desde criança... sempre sonhou com este momento. Ele merecia.

Faltava a garota naquela sala, a loira. A neurótica e triste que tanto fugiu de perguntas... onde estava? Ela deveria estar ali, considerando o fato de que eles haviam acabado de se mudar e precisavam resolver todas aquelas questões. Não acreditava fielmente que a conheceria, pois não achava que passaria nos testes, mas estando ali... tão perto da mãe e padrasto, quis saber como era pessoalmente. Será que o olhar era tão nebuloso como no vídeo? Era melhor deixar pra lá.

Era melhor se sentar e escutar o que tanta gente bem sucedida tinha para falar, até para causar uma boa primeira impressão. Então o fez. Sentou ali e deixou o olhar vagar pela sala inteira. Uma imagem da Marra International estava ocupando toda uma parede. Tinha extensas pratilheiras repletas de livros. Havia portas para aposentos com impressoras e interfones na entrada. Um vaso de flores em uma mesinha de vidro, um porta-retrato da família Marra na frente da sede e um... celular. Um Iphone com capa florida e bem chamativa. Deveria ser de Pâmela. Com certeza seria de Pâmela. Davi olhou janela afora. Uma bela ventania começou a acontecer ... as janelas tremiam.

***

Megan se sentou em um brinquedo de corrida, pisando no acelerador e começando a partida. Os pontos começaram a subir no canto da tela e ela começou a chiar de agitação. Certamente estava se divertindo mais do que qualquer um naquela sala de reunião. Um sorriso começou a aparecer... mas sumiu no mesmo instante. Um barulho atrás dela fez com que gelasse. Pareciam bater nos vidros da janela.

— Pareeee! Por favor... — ela começou a se desesperar. — Quem está aí? Por favor... por favor... não me machuque. — ela implorava, os olhos já lacrimejando. — Eu... eu...

Ela levou a mão até o bolso de trás e a garganta secou. Desgraça. Tinha esquecido o celular... a estúpida esqueceu do celular. Ela estava sem saída. Com certeza era um homem... um homem a atacaria e a sequestraria. Roubaria seu dinheiro e a prenderia dentro de uma bolsa, a carregando até um porão escuro e imundo. Ai meu Deus, ela estava aterrorizada. Megan Parker já era.

***

Ricardo Fagundes começou a discursar em frente de todos. Dizia da importância daquela conferência e de como o reality precisa ter uma boa repercussão, para divulgar ainda mais, colocando a empresa no mais alto topo de popularidade. Davi escutava tudo bem concentrado, achando tudo o que estava acontecendo... magnífico. No meio do silêncio das pessoas, alertas de mensagens começaram a acontecer. Não um nem dois, mas sim, vários.

Todos os olhares se direcionaram ao celular florido em cima da mesa.

— Ai senhor... desculpa Fagundes. Megan esqueceu o celular. — Pâmela disse.

Risadas ecoaram pela sala.

— Sem stress. Eu já tinha terminado de falar. Vamos dar um tempo agora... as funcionárias já estão trazendo o banquete para cá.

— Banquete é? — Tatiane dissera, uma das concorrentes. Tinha um cabelo curto e castanho , com olhos negros. Estava um pouquinho acima do peso e diante a isso, a pergunta prendeu a atenção de todos.

— Fizemos encomendas dos melhores restaurantes da cidade. A gente merece! — disse, rindo feito um idiota enquanto todos aplaudiam e assistiam a entrada de um fila de mulheres, trazendo as comidas e bebidas.

Davi nem firmou sua atenção nisso. Megan estava ali. O celular era dela. Ele pôde ouvir um resmungo de Pâmela em meio a tantas conversas paralelas.

— Essa menina é impossível! Como é que sai sem o celular? E se não estiver bem? Jonas... — ela lhe cutucou o ombro. — A sede é muito grande e ela não deve saber como voltar... o que eu faço?

— Esqueça, mulher! — ele resmungou de volta. — Ela tem precisado aprender algumas coisas. No mínimo deve ser esses namoradinhos dela mandando mensagens... para variar. Você não irá atrás dela! Se soube ir... sabe voltar. Não é mais uma criança.

Pâmela fechou a cara, mordendo o lábio... tentando disfarçar a agonia que a remoía. Olhou para todos da mesa e em seguida baixou o olhar, quieta. Davi ficou a observando pensar. Levantou de sua cadeira e caminhou até ela, que dava a primeira garfada de seu prato.

— Oi... Sra. Parker... — ele sorriu, vendo-a corresponder. — Está tudo bem?

— Ah sim... está sim. Eu só fico um pouco preocupada quando Megan demora. Coisas de mãe.

— Eu... não estou com fome e não criei laços com ninguém até agora... então estou um pouco inconformado. Se a senhora quiser, eu posso procurar por ela. Eu entrego o celular e pergunto se pode voltar pra cá.

O rosto de Pâmela se iluminou.

— Tem certeza? Ah... me deixaria aliviada.

— Eu faço sim! Claro! — os lábios da mulher começaram a espichar, curvando nos cantos. Em seguida, os dentes perfeitos sorriram reluzentes. — Posso pegar o celular agora? — perguntou, vendo-a assentir com a cabeça.

***

Megan nunca se sentiu tão apavorada antes. Ela sabia que seria atacada, não quando... mas tinha certeza. Pegou a bolsa em cima do balcão e correu até a porta, destrancando-a. Saiu correndo dali, sem olhar pra trás, quase sem respirar... as luzes começavam a apagar automaticamente atrás dela à medida que corria. Ela corria muito.

***

Caramba, ele não imaginava que o lugar era tão grande. Olhava para trás, nos corredores, tentando memorizar alguns pontos de referência, para quando precisasse voltar. Não havia sinal de vida. Tudo estava vazio.

Olhou para o celular que carregava. Era Peter, Ethan, 'Cara do bar', Alex, Dilan, Craig e o diabo a quatro... todos a abarrotando de sms. Diziam coisas como Fala comigo, Parker e Te acho incrível. Davi fez cara de nojo, sentindo desprezo por caras assim. Suspirou. Pois é... pelo jeito Megan gostava de rapazes. Vários rapazes... e todos não passavam de grandes idiotas. Davi bufou e seguiu caminho.

***

Ela ainda corria quando ouviu outro barulho. O único lugar frequentado àquela hora era a sala de reuniões, e ninguém sairia de lá, pois o assunto era importante. O resto da sede estava deserta, ela sabia. Diante a isso, sua preocupação se tornava desespero. Corria tanto que quase tropeçava.

Tinha quatro caminhos para escolher logo adiante, mas sabia que um deles levava para o depósito, e não queria ficar perto de nenhum canto isolado. Continuou a correr e virou para a esquerda... e foi quando aconteceu. O corredor estava quase escuro. Sentiu o corpo de alguém chocar-se com o seu. Ele estava lá. O homem que iria matá-la... pôs suas mãos nela.

***

— AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! — o berro estridente e insuportável de Megan ressoava em seus ouvidos, enquanto ele, caído no chão, apanhava com alguma coisa que não conseguia identificar. — Érrrr.... haannn... toma! TOMA!

— ME LARGAAAAA! — ele também berrava. — AHHHHHHHHHHHHHHH!

— NUNCA - MAIS - TENTE - MACHUCAR - ALGUÉM! — ela repetia, batendo nele com a bolsa na mão. O metal parecia ter acertado o rosto dele, que pedia para que parasse. Megan sentiu seus braços sendo segurados pela mão do homem doentio, e percebeu que tinha sido imobilizada.

— VOCÊ É LOUCAAAA? QUAL O SEU PROBLEMA?!

— Você me enoja!

— MAS EU NÃO FIZ NADA, SUA RETARDADA!

— Ia fazer... eu sei que iria... está me seguindo desde cedo!

— Eu... eu nunca vi você na minha vida! Você está me batendo por... — ele parou pensar por uns instantes, enquanto a lateral do rosto latejava. Começou a rolar no chão, segurando a própria bochecha. — Por quê você me bateu? Que porra é essa?

— Alg-alguém est-estava me seguindo-do. — a respiração ofegante quebrava o silêncio mortal que se instalara.

— Quem?

— Você!

— Eu só vim atrás de ti! Tinha que te entregar teu celular!

O rosto dela se tomou de terror.

— Como conseguiu isto? SEU DOENTE! A quanto tempo me seguia?

— Você esqueceu esta merda com tua mãe. Ela pediu que eu viesse. Sou um participante do reality-show... AH MERDA... — ele resmungava, vendo que a mãe tinha sangue. — Você cortou minha bochecha!

— Ai meu Deus... me desculpa.

— Ah claro. Eu desculpo você. Tão simples, não é.

— Ai como eu sou idiota... por favor, deixa eu cuidar disso aí.

— NUNCA! — ele se arrastou para trás. — Não toca em mim.

A garota passou a mão nos cabelos tentando ficar no controle.

— Eu não sei o que dizer... caramba. Você precisa cuidar do rosto.

— Obrigada pelo aviso. Numa próxima vou garantir que nenhuma mulher pirada esteja no meu caminho. Ou com uma bolsa, para piorar. — ele reclamava da dor. — Já te disseram que você é maluca?

Megan suspirou.

— Perdão... eu estava desesperada. Me senti observada desde que vim pra cá.

— Exagerada.

— Cala a boca! Você não sabe como minha vida é.

— Deu pra ver... você correndo dos jornalistas.

— Como é? Agora você estava me investigando?

— Investigando o que, mulher? Você é famosa.

Por um momento esqueceu deste detalhe.

— Tem razão, me desculpe.

— Tá. — ele suspirou. — Já implorou demais pelo meu perdão.

A garota o encarou com fuzilo, mas percebeu que ele esboçava um meio sorriso.

— Teve sorte que eu não usei o salto. — disse Megan, e ele não conseguiu conter a risada. O riso era autêntico e exagerado, daqueles que esganiçam e a voz perde força. — Credo... — ela disse, sendo contagiada com o fanho de sua risada. — Parece uma hiena rindo.

Davi bateu palmas.

— Que ótimo, cara, além de espancar... ainda me insulta. Tá precisando rever algumas coisas. — jubilou, percebendo que as bochechas dela começaram a avermelhar, exatamente como as da mãe. — Bom... acho que eu deveria lhe dizer que está parecendo um tomate.

Ela estremeceu.

— Ai... sério? — engoliu em seco. — Érr... nossa... eu.. não...

Foi interrompida.

— Você tá nervosa? — Davi estranhou. — Eu... te deixo nervosa?

Os olhos dela se arregalaram. Ela quis partir pra cima novamente.

— Mas... que abusado! — Megan lhe socava, desta vez apenas no ombro. — Para de falar besteira! Você... merecia aquilo! Foi vocêêê quem me assustou...

A surpresa dele era cômica.

— Gostei da sua lógica, a culpa foi minha. — riu.

— Foi simm! Se não estivesse andando por aqui com essa cara de... marginal, talvez eu não tivesse te atacado.

— Uouuuu! — ele ria novamente, se arrastando até encostar a cabeça na parede. — Valeu,... Parker.

O rosto dela se contorceu, como se pudesse esganá-lo.

— Não me chame assim... — ela pediu, deixando os ombros caírem.

Davi ficou a encarando por um tempo antes de responder.

— Não gosta? Então precisa avisar o 'Cara do Bar'.

Megan empalideceu. Estava pasma.

— Você estava mexendo no meu celular?!

— Não. As sms estavam na tela, eu precisei ler.

— Ah... você precisou.

— Aham.

— Maravilha então,... — ela parou, tentando recordar como ele se chamava. Achou que ele ainda não tinha lhe dito. — Bom... qual seu nome?

— Acho que não importa...

— Que nome estranho. — ela riu, estendendo a mão. — O meu é Megan. Só Megan.

— Ok. — ele a cumprimentara.

A garota levantou as sobrancelhas, aquilo era ultrajante.

— Não vai falar nada?

Ele que fez que não com a cabeça.

— Pode me chamar de 'Cara que parece marginal' se quiser. Não me importo.

— Posso mesmo? — ela se assegurou.

— Mas é claro! Eu acho que soa melhor.

Megan ficou o analisando. Usava óculos e uma camisa polo vermelha. Calças jeans e a barba voltava a nascer. Os olhos eram castanhos e as sobrancelhas grossas. Seu sorriso era bonito... e ele cheirava bem. Teve de admitir que tinha seu charme. Que era atraente... mas não se deixou levar pelo bom papo. Percebeu que o tempo continuava a passar.

— Então... 'Cara que parece marginal', veio só entregar meu celular?

— Sim, e pedir que volte para lá. — ele assentiu. — Estão todos jantando.

— Estou morta de fome. — ela chiou. — Não sei como não ouviu meu estômago roncar.

— Não me deu a chance... tua matraca não fecha um segundo.

"Uoooou" - ela pensou. Começando a rir. Não sabia o que dizer como defesa.

— Bom... vamos? Por favor... eu não gostaria de ficar sozinha outra vez.

A risada saiu assim que a frase terminou. Davi quis abraçá-la. Era tão... linda.

— Vamos, Megan... — ele disse, se pondo de pé e espreguiçando o corpo. — Eu também estou com fome... não conta pra ninguém, mas a última coisa que comi foi a comida do avião.

A garota também se levantou, sendo puxada pela mão.

— Porque não jantou? — Megan perguntou.

— Porque preferi apanhar de você. Viu como sou especial?

Dois sorrisos apareceram. Ele olhou dentro dos olhos da garota e percebeu que não eram nebulosos, mas sim, brilhantes. Como duas jabuticabas. Ela correspondeu o olhar... e os dois ficaram ali, por algum tempo, sem fazer mais nada. Ela esperou que ele desviasse o olhar, mas ele não o fez. Demoraram alguns instantes para dar o primeiro passo. Chegaram lá em pouco mais de três minutos, devido a boa memória de Davi. Quando pararam na porta, perderam o ânimo de entrar.

— Você sabe que seu eu perder minha participação no reality... a culpa é todo sua, não sabe?

Ela concordou, dando um longo e solene suspiro. Digitou a senha e a porta destrancou... eles a empurraram e se tornaram o foco de todos os olhares, que ainda jantavam. Ninguém falou nada, mas seus olhos sim. Jonas arregalou os olhos ao notar o corte na bochecha de Davi.

— O que foi que aconteceu com você? — ele perguntou, chocado.

Foi Megan quem abriu a boca para responder.

— É uma longa história... mas pode deixar que eu vou cuidar dele.

— Megan... — o padrasto falou. — Eu acho bom mesmo... isso precisa sarar em uma semana, está entendendo? Não pode estar com o rosto deformado na estréia do meu evento. Eu quero esse garoto impecável!

Ela fez que sim com a cabeça, e o clima ficou estranho.

— Bom... pessoal. Me desculpem por isso... — Jonas continuou. — Vamos continuar jantando que tudo estava ótimo. — complementou, e assim todas as conversas voltaram onde pararam. Davi e Megan se entreolharam, ocupando seus lugares na mesa.

Pâmela abriu um sorriso enorme para o rapaz, e acenou para que ele viesse comer ali por perto. A comida estava definitivamente, uma delícia. O estômago do garoto agradeceu pela generosidade. A mesa era a concentração de muitas pessoas, com papos completamente diferentes. Algumas amizades novas estavam surgindo, sociedades... e até umas coisas... estranhas. Davi se sentou em frente a garota dos cabelos loiros e estava bastante a vontade para interagir com todos. Ele estava precisando esquecer um pouco dos problemas pessoais e seguir esse sonho. Porque era seu sonho, sempre foi. Em um momento, quando terminava de mastigar uma coxa de frango, tirou a caneta que fizera as cruzadinhas do bolso. Alcançou um guardanapo no centro da mesa e escreveu um bilhete.

Megan estava concentrada em comer o seu bife à milanesa, quando foi acertada por uma bolinha de papel. A princípio, ficou confusa, mas então percebeu de onde ela viera. Davi estava disfarçando... passando a mão pelo queixo e olhando para o teto, quando ela abriu o guardanapo.

"A propósito, meu nome é Davi. Davi Reis."


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