Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda


Capítulo 23
Capítulo 23 - "Origin Genesis"


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Davi e seu mundo nerd. heuheu beijo grande!



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Megan afundava a cabeça no conforto dos ombros de Antoine. Seus olhos imploravam mais que suas palavras, e o lábio superior tremia. Fechava os olhos tentando esquecer,pensando que a escuridão levaria todo o rancor que sentia. Quis sumir; cair no mundo. Tentar de alguma forma se convencer que essa vida não é a sua, e que não é quem pensa que é. Por um dia, não ser uma Parker.

— Eu não aguento mais... — murmuriou. — Todos me odeiam...

— Não! Não há uma pessoa nesse mundo que te odeie.

— Há sim. Muitas... até minha própria família.

— O que aconteceu? — ele cochichou, percebendo que todos na cozinha paravam de trabalhar e e os encaravam. Prendia e soltava a respiração, assustado, temendo que algo realmente grave tivesse ocorrido. — Foi o Jonas mais uma vez?

— Não... desta vez não... hoje foi minha mãe, se é que posso chamá-la assim...

— Céus Megan! O que foi que ela fez?

— Passou pro lado dele... me olhava como se eu fosse o verme mais nojento e asqueroso que exista. Deixou claro como me acha horrível e disse que sou uma criança dengosa e inconsequente. Que... continuo a mesma Parker de sempre...

— Deus me livre se isso acontecer! Pâmela deve ter perdido o único neurônio que restava. — ele bufou, conseguindo arrancar um sorriso no canto dos lábios da garota. — Qual é, querida... pare de chorar por uma bobagem como essas. Você é gentil e tem um coração enorme, então me diz; realmente acha que sua mãe, sendo quem ela é, conseguiria notar algo assim? Ela só tem olhos pra fortuna, maquiagens e para o próprio umbigo. Não me surpreende não consiga enxergar a garota incrível que você é. E se ela foi medíocre o suficiente para contradizer isso, acredite, ela tem probleminhas.

Megan sentiu uma última lágrima escorrer pelas bochechas, mas fora seca pelo mordomo, que sorriu docilmente. Os cozinheiros mantiveram o olhar grudado neles, esquecendo completamente que ainda tinham coisas a fazer, sendo lembrados imediatamente por Hellen. A garota ergueu o olhar até a careca reluzente do amigo, que refletia toda a luz dos lustres, e deu um riso contido.

— Fico imaginando o que aconteceria se minha mãe escutasse você.

— Você sabe o que aconteceria. — ele riu. — "Tchauzinho Toinê".

— E daí minha vida não teria mais sentido... — deu um suspiro, lembrando a importância que aquele homem tem em sua vida. Exercia papel de pai, irmão mais velho, melhor amigo, psicólogo, e outros mil. — Acho melhor esquecermos amanhã.

— Nunca. Pra te ver assim, chorando pelos cantos?

— Você vai acabar perdendo seu emprego.

— Por algumas pessoas vale a pena.

— Toinê... — ela choramingou. — Pare com isso.

— Tô falando sério. Vem cá, o que você acha que me prende neste trabalho? Pensa bem. Você acha que é pelo dinheiro? Pelo conforto? Sou muito mal recompensado por tudo o que faço, e meus patrões não são as pessoas mais adoráveis. Ah, e eu tenho péssimos colegas... — ele disse, apontando para os cozinheiros fofoqueiros e para os mordomos, que fumavam do lado de fora da mansão. — Então vamos lá... me responde: qual é a razão de eu continuar aqui?

— Eu não sei... deve ser...

— Pare de falsa modéstia. — ele riu, dando-lhe um empurrão no ombro. — A razão é você. Tu sabe disso. Mais do que ninguém, tu sabe. Estou pouco me importando em perder esse emprego, tenho um ótimo currículo. — disse ele, mesmo sabendo como soava irônico. — Amanhã, eu e você vamos até aquele museu e acender o fogo dessa relação. Olha a minha cara de preocupação quanto ao que Pâmela pode fazer. — ele apontou, arrancando mais um sorriso. — Mesmo assim... não terá que se preocupar, ninguém vai ficar sabendo, okay? Sigilo total!

— Certo... sigilo total. — ela suspirou, conseguindo esticar os lábios. — O que seria da minha vida sem você, hein?

— Um tédio.

— Exatamente. Eu não sei o que faria, sério. Minha vida estaria de ponta cabeça e eu não teria a menor condição de consertar. Você é a pessoa mais importante da minha vida! O único que se importa com meus sentimentos e que gosta de mim pelo o que eu realmente sou.

Um sorriso tomou conta de Antoine. Parecia manter algo preso na garganta, como se esperasse o momento certo a dizê-lo. Retomou uma expressão neutra. O momento chegara. Se agachou um pouco para ficar em sua altura e disse, com voz suave:

— O único? — e uma energia diferente ocupou a cozinha. — Tem certeza?

*** 16 horas mais tade ***

— Museu de Tecnologia? — Davi falava, no último banco da van. — Aposta quanto que as informações serão usadas contra nós hoje a noite?

— Nhé...talvez a primeira prova seja light, já eles não são tão sacanas.

— Bom... talvez sim, talvez não. Prefiro me preparar para o pior.

Ernesto teve que concordar.

— E como vai tu e o Origin Genesis? — ele perguntou, erguendo uma das sobrancelhas. — Tiveram mais algum contato?

Na noite passada, quando ele e o amigo conversavam até tarde, inventaram um código. Não poderiam sair por aí falando de Megan, como se fosse um assunto mega liberal. E como eles costumavam falar muito sobre, então ao menos tinham que disfarçar quando estivessem em frente aos outros. Depois de pensar muito em uma solução, eles optaram por trocar as palavras, de uma forma que entendessem.

— Sei lá, mano... que tal 'jabuticaba'? — Nêne sugeriu. — Você vive filosofando sobre isso. Que os olhos dela parecem duas jabuticabas brilhantes e toda aquela viadagem. Então... é uma boa.

— Não... ficaria uma conversa estranha. Imagina só eu falando que sinto falta de jabuticabas. Ou que quero beijar as jabuticabas. Ou que tudo o que eu mais queria era ficar perto das jabuticabas. Bizarro, não acha? As pessoas me chamariam de "o tapado do século".

— As pessoas a quem você se refere, são o grupo?

— Qualquer um com sanidade mental.

— O que acha de uma referência ao nosso trabalho? Pensa só: qual é o computador mais perfeito e genial que existe no mundo?

Os dois se entreolharam e uma onda de euforia subia pelo estômago.

ORIGIN GENESIS!— disseram em sicronia, batendo suas mãos.

Processador Intel Core i7-3960X com overclock trabalhando em uma frequência de 5,2 GHz... — Davi disse imediatamente e suspirou, débil só em lembrar.

—... 64 GB de memória RAM, quatro placas de vídeo AMD Radeon HD 7970, com monitores de 30 polegadas da NEC. — Ernesto completou a frase em disparada, sorrindo como idiota.

Era o sonho de qualquer gamer e amante da nova tecnologia, com o poder de mexer na sensibilidade deles dois. Era quase impossível de conseguir, pois tinha um custo médio de 21 mil dólares, equivalendo a 42 mil reais. De qualquer forma, uma bela metáfora a Megan; nem sempre querer é poder.

— A última vez foi aquela.

— Ontem?

— Não. Não ontem.

— Faz um tempo então né.

— Não. Não faz tempo.

— É impressão minha ou ficou inseguro?

— Se quer saber... sim, fiquei.

— E porquê?

— Você não ficaria?

— Sei lá. Foi só um dia...

— Pois me pareceu uma eternidade.

— Isso é típico dos apaix... — ele parou, notando que Zac os fitava com o olhar. — ... apaixonados por computadores. Essa insegurança toda, esse medo, não se preocupa Davi. Vai dar tudo certo na tarefa de hoje! Uhuuuu!

"Que merda é essa?" - ele pensou, analisando Nêne. Foi uma questão de segundos até que a van diminuísse a velocidade e estacionasse em frente à uma bela ornamentação. Eles tinham chegado. Davi e os outros nove desceram do veículo e se espreguiçaram pela viagem, rumando até as escadarias. Deveriam esperar que as portas abrissem, já que o lugar estava reservado para o reality naquela tarde. Sentaram nos degraus até que alguém viesse abrir, e os assessores vieram logo atrás, fazendo o mesmo. Clara sentou ao lado dele e Ernesto, que babou novamente ao vê-la se aproximar.

Enquanto ela e Nêne conversavam, Davi vagou o olhar pela rua e viu algo que chamou sua atenção. A poucos metros dali, do outro lado da rua, haviam duas pessoas encapuzadas, que lhes observavam detrás de um muro. Tentavam ao máximo se esconder, mas pareciam nada experientes nisso. Davi espremeu os olhos, colocando os óculos, e percebeu uma mecha loira saindo do boné da pessoa mais baixa. Inclinou a cabeça, a fim de conseguir melhorar a visão, mas de nada adiantou. Davi bufou, voltando o olhar para os participantes. Quem quer que estivesse os espiando, não era de seu interesse. A única pessoa que ele gostaria de ver, estava muito distante, em todos os quesitos.

"Minha Origin Genesis... "– ele lembrou, curvando o canto dos lábios.


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Notas finais do capítulo

Já devem ter percebido o que está prestes a acontecer, né? heueh beijão