Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda


Capítulo 22
Capítulo 22 - Criança


Notas iniciais do capítulo

Boa noite! Super feliz com suas opiniões! hahaha Obrigada.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/473180/chapter/22

As luzes acenderam perto do pilastre, onde dois sofás bem confortáveis ficavam posicionados. Haviam câmeras-man ao redor e a tevê mostrava o início de transmissão com o palco. Craig Eleonore apareceu, e todo o restante se sentou, pois poucos segundos estariam no ar. Ernesto encontrou seu lugar perto de Davi e estalava os dedos, ansioso, enquanto Danilo era tomado pelo terror, contando o tempo passar. Uma contagem regressiva apareceu no canto da tela, e ele pôde sentir uma pontada no peito. 5, 4, 3, 2…

Boa noite povo brasileiro! — a voz cantante de Craig tomou conta das caixas de som.— Estamos aqui às 22h de domingo para apresentar o segundo dia do The Genius Of Marra. Se ontem vocês conheceram nossos participantes de modo um tanto superficial, hoje podem conhecer pouco mais de suas intimidades. Vamos mostrar agora como foram os primeiros momentos do dia. Saca só.

A tela, desta vez, foi tomada pelo despertar dos jovens, às sete e meia da manhã. No canto da tela, em um quadrado menor, as reações deles ao assistir. Tatiana estava deitada na cama estilizada de boca aberta, roncando copiosamente, algo que gerou uma onda de risos. Em seguida, Zac, que acordou esfregando os olhos e caminhava como se carregasse chumbo nos pés. Carla, penteando os longos cabelos, Bóris, que logo saiu pela porta do chalé, Vicente, relutando a levantar, até finalmente chegar a Davi. Por um instante, sentiu as bochechas envermelharem. Demoraram alguns minutos até que não restasse mais ninguém.

— Isso aí pessoal, ninguém tem direito de acordar feliz as 7h da manhã. — e os aplausos e risos de todo o auditório se tornaram evidentes. — Infelizmente, pouco tempo depois de acordarem, tivemos nosso primeiro problema. Um dos nossos talentososparticipantes, cometeu um tremendo deslize… infringindo as regras do programa. Vale lembrar que eles assinaram um contrato, tendo total consciência do que podiam ou não fazer. Diante as circunstâncias, nosso sócio majoritário, Jonas Marra, se encarregou de tratar dos assuntos pessoalmente. — As gravações do quarto de Danilo ocuparam a tela, e o rapaz deu um longo suspiro, como quem odiasse a si mesmo.

Danilo pegava uma toalha e entrava no banheiro.

Jonas destrancava a porta, indo até as gavetas.

Mexia em documentos e descobria a caixa.

Encarava os maços de cigarro e colocava bolso.

Batidas na porta. Descontentamento do homem.

Jonas abria a porta para Davi.

Davi justificava o engano de chalé.

Jonas dava sermão de pontualidade.

Danilo voltava do banheiro.

Davi se justificava mais uma vez.

Danilo se desesperava diante às câmeras.

A caixa estava vazia.

— Antes de qualquer outra coisa, vamos falar com o infrator. Danilo Dean Marra, está me ouvindo?

— Sim. Boa noite…. — e de repente todo o auditório ficou em silêncio. — Eu acho que não há muito o que eu possa dizer. Fumo há três anos, é o único vício que tenho, e mesmo ciente das regras do programa, não me vi em condições de abandoná-lo. O nervosismo de estar aqui, o medo de não conseguir impressionar, meu fumo é minha válvula de escape, e eu sinto muito se isso prejudicou o reality de alguma forma. Não queria influenciar ninguém a repeti-lo, e tenho consciência de que agi errado. Perdão, mais uma vez. E… estou disposto a encarar as consequências dos meus atos.

— Vamos voltar então às consequências dos teus atos. Essa questão foi muito bem avaliada e nós decidimos te dar uma nova chance, contanto que não volte a acontecer. Entretanto, o programa não pode esquecer que cada ação tem uma reação… então, Danilo?

— Sim?

— Você perderá 40 pontos do seu total na arena, amanhã.

Hana estava sentada ao seu lado e pousou a mão em seu ombro, como consolo. O rapaz primeiramente pareceu se amargurar, mas depois foi tomado pela aceitação. Todos sabiam como cada ponto nas tarefas seria disputado, e que ficaria em um relativo atrasado aos outros participantes. Que precisaria passar noites em claro planejando uma forma de avançar nos quesitos para voltar a acompanhá-los sem ser eliminado do reality-show.

— Tudo bem. Muito obrigado pela oportunidade.

— Não tem o que agradecer. — Craig dissera, voltando-se para a câmera na direção do público. — Agora vamos ao que interessa! Depois dos comerciais… vamos conferir como foi a tarde dos nosso gênios, e da preparação que tiveram para a prova de amanhã. Não saí daí que em breve teremos a visita de um dos maiores empresários do Vale do Silício, Brendan Quillott!

***

Megan estava deitada na cama, com os olhos grudados na televisão, ria sozinha, observando o jeito que ele sorria e o modo sacana que mordia o lábio. Estava enfeitiçada com cada mínimo movimento, e se flagrou imaginando como seria o próximo encontro deles. "Nem sei o que faço primeiro..."– ela pensou, visualizando a cena dos dois colados um no outro. Deixou de sentir pena de Danilo depois que os Marra lhe deram outra chance. Foi gentil e empático da parte deles, e ela tinha de reconhecer.

Já eram 22h15 e Antoine ainda não tinha vindo lhe encontrar. Não pôde deixar de imaginar o que teria acontecido, se algo ou alguém havia atrapalhado seu caminho. Olhou para as unhas e tomou um susto, havia descascado todo esmalte nas últimas três horas, pensando em sua vida. Aquilo não poderia ser um bom sinal. Certamente que não. Megan correu até sua necessaire e buscou acetona e algodões, acabando com toda a vergonha. A porta de seu quarto foi aberta.

— Posso entrar? — Pâmela apareceu.

— Aham... não tô fazendo nada demais.

A mulher que beirava os 38, fechou a porta atrás de si e sentou ao lado da garota na cama.. Observou o seu cabelo preso em um rabo de cavalo e a cara limpa, passando a olhar para o pijama despojado que usava, e aos negocinhos coloridos que prendiam o frizz de um cabelo sem hidratação.

— O que é isso? Parece que foi atropelada por um caminhão.

— Obrigada, eu acho. Não são palavras muito educadas...

— O que são essas coisinhas no teu cabelo?

— Essa tecnologia você ainda não chegou aqui? São tick-tacks, mãe.

— Tick-tacks... humm. Pois então, tire, você fica horrível com eles.

Megan cerrou os dentes, desprendendo as mechas do cabelo loiro e quase entortando os prendedores com a força que colocava nas mãos. Pâmela adorava deixá-la assim, parecia um hobby. Por trás de um sorriso carinhoso tinha uma mente maligna que só via o que tinha de pior na filha.

— Satisfeita? Veio aqui para dizer como eu sou feia e desconcertada?

— Você é linda quando se arruma. Lembre-se disso. — ela disse, claramente sem perceber quão cruéis eram suas palavras. — Vim aqui para passar um tempinho com você, já que faz semanas que não fazemos algo parecido.Tá assistindo o programa?

— Aham... e está ótimo. Danilo teve sorte.

— Eu imagino. — respondeu, mesmo sem saber quem era.

— Quer assistir comigo?

— Pode ser, eu acho.

— Você veio pra isso, não?

— Aham.

— Tá tudo bem contigo?

— Lógico que sim. Por que não estaria?

— Não sei dizer. Você está estranha desde as últimas semanas.

— Impressão sua. — ela riu. — Estou muito bem, inclusive.

— Parece preocupada.

— Não posso ter crises agora?

— Eu não disse isso. Só que é triste te ver assim.

— Pareço triste?

— Quando não está me insultando, sim.

— Bobagem.

— Tá mais calada também.

— Não, não estou.

— Mãe... é sério. Estou aqui para o que precisar.

—Não há nada de errado em mim!

— Eu não diria errado... mas diferente.

— Você está imaginando coisas...

— Mãe! Para de me fazer de trouxa! Pode me dizer!

— Megan...

— Fala sério! Eu sou tua filha! Confia em mim.

— CHEGA MEGAN! — seu tom aumentara, enquanto os olhos se esbugalhavam. — MINHA VIDA, MEUS PROBLEMAS! SÓ... ME DEIXE EM PAZ!

E foi naquele momento que a garota teve toda a certeza de que algo havia acontecido. Estremeceu com o grito, mas parecia ganhar mais garras e dentes com o passar dos segundos. Engoliu em seco, não de medo, nem de choque, mas de raiva. Olhou no fundo dos olhos de Pâmela e viu que ela preferia morrer a ter de contar o que estava havendo, e bem por isso precisava descobrir sobre o que era.

— Foi o Jonas, não foi? O que o desgraçado fez contigo?

— Como foi que o chamou? — estava pasma. — Que falta de respeito.

— Deixa eu te contar uma novidade: ele perdeu o meu há muito tempo.

— Talvez ele tivesse razão sabe... você é imatura demais!

— Bravo! — Megan aplaudia, sentindo os olhos lacrimejarem. — Não sei se teve tempo de notar, mas eu tenho cuidado única e exclusivamente da minha vida. Feito esforço além da conta para satisfazer os sugadores desse lugar.

— Seu esforço não vale nada. Você é... a mesma Parker de sempre.

— Eu sinto nojo desse sobrenome. E de tudo relacionado a ele.

Pareciam ter cravado uma lâmina no ego de Pâmela.

— Você sente nojo da nossa família?

— De tudo que orbite em volta do Jonas, se melhora.

— Acho bom escolher melhor suas palavras.

— São as únicas verdadeiras dentro desse quarto.

A lâmina o partia em dois, era o ponto fraco.

— O que quer de mim?

— Que pare de me tratar como seu eu fosse uma criança!

— Você é uma criança. Dengosa e inconsequente.

Megan saiu do quarto em disparada, descendo pelas escadas enquanto os chamados de Pâmela ficavam mais distantes. Secava as lágrimas e apertava o punho, temendo fazer algo terrivelmente estúpido. Virava as esquinas da mansão, e vagava pelos corredores como se fossem labirintos, sem saber para onde ir. Urrava, xingava, e odiava... mais do que qualquer outra coisa. Se perdeu e encontrou o caminho dezenas de vezes em menos de dois minutos. Correu até a cozinha, onde muitos empregados lavavam os pratos e a bagunça do jantar. Todos olhavam para ela, mas ela ia em busca de apenas uma pessoa. O homem careca conversava com Hellen, perto do balcão de bebidas, e ele foi o único que ela podia enxergar, entre a água salgada que descia de seus olhos. Se pendurou no pescoço dele e lhe deu um forte abraço, sendo retribuída mais que instantaneamente.

— Me tira daqui! — ela cochichava, mergulhando suas mágoas nos ombros largos do amigo. — Por favor... me leva pra longe dessa família. Longe dessa vida. Eu imploro a você, Toinê! Por favor... me ajuda.

— Respira, meu amor. O que aconteceu?

— Por favor... — ela murmuriava, sem fôlego de continuar. — Por favor...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vamos dar uma futricada nos caminhos de Davi e Megan. Fiquem sossegadas. heuheu