Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda
Notas iniciais do capítulo
Espero que acompanhem o desenrolar da história, tenho muitas ideias em mente muahahaha
Apaixonada. E o eco vinha logo depois. O silêncio se instalou no quarto, pois nenhum parecia disposto a dar continuidade ao que falavam. Megan suspirou, e percebeu que os olhos começavam a lacrimejar. Não queria que acontecesse, mas já era tarde, suas emoções estavam vindo à tona. E surpresa: ela as tinha. Mesmo que não quisesse admitir, se sentia presa ao que sentia por Davi. Foi algo que lhe aconteceu de repente, fez bem, e a manteve em refém. Não queria deixar de lado; ainda menos, esquecer. Simplesmente desejava que tudo fosse mais fácil, e que mesmo sendo uma Parker, tivesse o direito de encontrar a felicidade onde quer que estivesse. Mas certamente, tudo aquilo estava fora de seu alcance.
— Você está... — Antoine sussurrou, como quem tem medo de ser escutado.
— Sim.
A garota encarava as reações do próprio corpo como algo inédito; nunca visto antes. Ela realmente não sabia como fazer para aquilo passar, pois só de pensar nele, queria sorrir. Respirava fundo e soltava o ar com lentidão, querendo se manter equilibrada.
— Céus Megan está ouvindo o que fala?
— Eu nunca me senti assim com alguém antes. Eu sei que é verdade.
— Mas você precisa entender que não é possível. Quer dizer, isso é...
— Suicida. Eu sei. E egoísta já que ele tem grandes chances de ganhar.
— Se você sabe de tudo isso por quê insiste?
— Porque sim! Eu estou cansada dessa vida! Nunca me permiti ser verdadeiramente feliz com alguém até agora, e é injusto que eu não possa amar quem eu quiser, como qualquer pessoa normal. Eu gosto dele, entende? Até mais do que eu achava.
Antoine engoliu em seco, sem saber o que responder. Passou os dedos compridos pela careca e bufou, aquele momento não era o dos melhores. Encarou os olhos negros e marejados da garota e segurou sua mão, beijando-a.
— Acho melhor voltar ao trabalho.
— Vai fugir assim... na cara dura?
Ele sorriu para ela, que retribuiu docilmente.
— Desculpa mas não sou a pessoa apropriada para te dizer o que fazer.
— Pois eu confiaria minha vida a você.
— Megan, pense melhor antes de fazer algo que se arrependa.
Ela fechou os olhos num suspiro, como quem engolisse a angústia.
— Será que há alguma chance de isso dar certo?
— Sempre há uma chance.
— Então eu quero tentar. Nem que seja para vê-lo mais uma vez.
— Se tiver a certeza de que quer continuar com isso... tudo bem. Os participantes farão uma excursão amanhã a tarde, antes da primeira prova. Uma van irá levá-los, pelo o que se pode escutar no saguão.
— Como é que é?
— Eles irão passar em um museu da tecnologia. A prova será a noite.
— A prova deles não é do meu interesse. Será que conseguimos roubar o Davi por uns minutos? — ela sorriu, arranhando a almofada em suas mãos, prestes a fazer o mesmo com o próprio rosto.
— Conseguimos com uma boa ajuda, como por exemplo: subornar o pessoal da segurança e fazer ele se afastar do restante do grupo.— ele riu copiosamente, mas a garota levou a sério. Foi tomada de esperança.— Contanto que Jonas não descubra e muito menos desconfie, estaremos no lucro. Mais tarde eu venho aqui e a gente bola um plano, pode ser?
— Eu acho que sim. Pode dar certo...
— A não ser que queira deixar pra lá, assim fica tudo mais fácil.
— Não desta vez, vamos pelo caminho mais difícil. Vale a pena.
— Deve gostar mesmo desse garoto pra se prestar a isso...
Um sorriso da garota respondeu todas e quaisquer dúvidas sobre.
***
Maçãs deveriam suprir as necessidades de seu corpo. Ele e Danilo pegaram algumas frutas e mataram a fome, assim saindo da mesa. Ernesto os olhava de lado, como quem não estivesse tão a vontade com aquilo, e negou ao convite de acompanhá-los. Todos os outros também deixavam a mesa, fazendo com que o garoto barbudo ficasse sozinho por ali. Eles já passavam do segundo poste e se sentaram em uma pequena colina, conversando controladamente. Danilo estava preocupado.
— Agora pode colocar tudo pra fora, vamos.— Davi disse, tentando parecer amigável. Deu tapinhas no ombro do colega e sorriu. — Não a comida... as mágoas.
— Eu não sei o que dizer, fui meio estúpido em trazer os maços.
— Foi estúpido, mas não foi absurdo. Não faz sentido o modo que ele descobriu, você me disse que foi discreto.
— Pelas câmeras! Ele deve ter notado que eu estava tenso demais quando coloquei a caixa na gaveta. Eu escondi atrás de muitos papéis e essas malditas têm um bom alcance. Não posso culpá-lo por desconfiar.
— Eu só espero que não se prejudique.
— Aham, claro.— ele riu sarcasticamente.— Cala a boca.
— Cê acha que eu gosto de ver os outros se ferrando?
— Em uma competição que quer ganhar? Eu acho.
— Não sou que nem você e aquela Hana. Sou humano.
— Humanos pecam. Todos eles. Inclusive eu e ela.
— Por isso não estou te julgando, estamos quites.
— Pelo menos não está na beira da desclassificação.
—É... — Davi forçou um sorriso, lembrando-se de quem beijou.
—E Jonas não fica pegando no seu pé.
— Aham...
— Você deve ter ganhado uns pontos quando trouxe a Megan.
O estômago gelou enquanto a garganta secava.
— Eu acho que não escutei direito.
— Aquele dia na sede. Você fez com que ela voltasse bem. Pâmela ficou bem agradecida e você é um ótimo profissional. Tenho quase certeza que vai pra final, mas não fique convencido.
— Ah, obrigado. Me disseram que você também é excelente no que faz.
— Se deixarem que eu mostre isso ao público, eu seria um cara feliz.
— Jonas não fará nada demais, acredite em mim.
— Mas vai me expor, ou seja, minha pontuação vai baixar.
— Você pode compensar nas provas e tarefas.
— É... seria uma boa solução, caso ele não me tire do programa.
— Ele não vai, Danilo!
— Ok. Muda de assunto, por favor!
— Tá bom. Sobre o que posso falar?
— Sobre ti. Teus gostos, teus interesses.
— Eu hein... porquê?
— Só sei que é professor. Você nunca conversou muito com o grupo.
— Nhé... minha vida é mais interessante dentro da minha mente.
— Aposto que não. Me diz, vai... porque se inscreveu?
— Eu idolatro a Marra International desde pequeno, era sonho.
— Hummm... e você mora aonde?
— Recife. Qual é... tava tudo no meu vídeo.
— Eu tava nervoso. Não reparei.
— Somos dois.
— E aquilo foi só o começo, tenho medo dessas tarefas.
— Todos nós temos.
Danilo encarou o garoto por uns instantes.
— Você não é tão bocó como eu imaginava...
— Vou levar como elogio.
— Leve! Mas sério, você devia se enturmar mais com a gente.
— Talvez. Se bem que criar laços não é boa ideia...
— É sempre bom fazer amigos.
— Amigos ou não, o jogo continua.
— Bela filosofia...
Ambos começaram a rir. Danilo devia ser pelo menos dois anos mais novo que ele e tinha covinhas nas bochechas. Soltou um longo suspiro, parecendo bem mais a vontade que outrora. Davi também podia dizer que o rapaz também não era tão abominável como pensou, e isso lhe servia de alívio, pois assim Danilo se tornava menos uma pessoa a se preocupar. A paz faz com que convivência seja um pouco mais agradável.
— Se sente melhor? — ele perguntou.
— Mais ou menos...
— Sabe que Jonas não é um monstro, né?
— Não. Você sabe?
Tinha lhe pego de surpresa, ele não sabia de mais nada.
— Eu acho que ele é um homem revoltado, mas não chega a ser mau.
— Agora é esperar pra ver, meu caro... essa noite será complicada.
***
Pois a noite chegou mais rápido do que todos esperavam. Davi estava sentado na escrivaninha do segundo andar de seu chalé, quando escutou alguém abrir a porta e subir as escadas. Pensou automaticamente em Jonas, e estremeceu, mas foi Ernesto quem apareceu diante de seus olhos.
— Certo, agora pode me explicar que porra foi aquela.
— Como é? — Davi brincava com a cadeira giratória, sacana.
— Do nada, você e o filho da puta ficaram amigos?
— Eita. Mano... baixa a bola. Ele tava meio desesperado...
— E ele não tem amigos?! Pois que vá caçar os dele... tu é meu.
A gargalhada de Davi ecoou pela casa.
— Tá tirando com a minha cara.
— Vá te vestir, favelado... temos trinta minutos pra entrar ao vivo.
— Tudo bem. Eu tô indo. Já tô calçando os sapatos. Colocando o relógio.
— E parando de narrar. Vamos... não tenho tempo pra papo furado.
— Claro. Porque é um cara muito ocupado.
— Exatamente! Agora me conte o que falou com o Danilo.
— Assunto meu e dele. — disse, e o garoto arqueou as sobrancelhas em sinal de surpresa. O riso veio em seguida. — A gente conversou sobre o programa, e sobre infrações.
— Não contou sobre a Megan, contou?
— Isso, fala mais alto que o Jonas ainda não escutou!
— Foi mal... mas, contou ou não?
— Cê acha que eu tenho probleminhas?
— Devo responder?
— Eu jamais seria tão idiot... esquece, eu contei pra ti.
— E eu pretendo carregar isso junto pro túmulo.
— Bem que faz. Se bem que, agora também tenho algumas interessantes informações sobre você... sobre o passado... sobre...
— Não se atreva.
— Sossegue. — disse ele, contendo o riso.
Davi correu até o espelho e demorou alguns minutos até que cada fio de cabelo estivesse em seu lugar, colocando perfume francês atrás do pescoço e orelhas. Quando se viu decentemente arrumado, chamou Ernesto para descer as escadas e encontrou a porta do chalé aberta, ... e uma mulher loira sentada em uma das cadeiras.
— Clara? — ele engoliu em seco. — Há quanto tempo está aqui?
A mulher abriu um enorme sorriso, e tudo ao redor ganhou mais brilho.
— Desculpe pela indelicadeza. Cheguei agora pouco.
— Mas... érr... — Davi olhou para Ernesto como se implorasse para que ela não tivesse escutado nada. Respirar de repente se tornou difícil e a barriga era tomada por uma intensa brisa. — Veio me ver?
— É isso que assessoras fazem. Se Maomé não vai a montanha, a montanha vai a Maomé. — disse ela, e se aproximou deles, os cumprimentando. — Você é o participante número sete, não é? Meu nome é Clara Crey.
Nêne parecia um débil mental antes de responder. Hipnotizado com o azul dos olhos dela, sorriu como abobado. Enfiou as mãos nos bolsos e conseguiu desentalar as palavras da garganta.
— Ernesto Lacerda. É um prazer conhecê-la.
— Awn, o prazer é todo meu. Eu precisava conversar com o Davi antes das 22h, então se puder nos dar dois minutinhos, ficaria grata. — falara, e ele não hesitou ao deixar a sala. — Bom, eu quero que me explique exatamente como foram os acontecimentos desde ontem a noite.
— Claro, mas não aconteceu nada demais. Eu cheguei em casa, dormi... acordei hoje de manhã e fui falar com o cara que acabou de sair daqui. Dei um encontrão com o Jonas e caminhei com o participante número dois.
— Caramba, me diga que não fez nada comprometedor.
— Não. Quer dizer... Jonas é o Jonas. Me olhou como sempre.
— Olhar de admiração ou desprezo?
— Desprezo. É como eu disse: o de sempre.
— O que ele veio fazer aqui?
— Digamos que o Danilo fez algo errado, e ele descobriu.
— Calma... você caminhou com o rapaz infrator?
— Sim... não... talvez... o que quer que eu responda?
— Você não pode apoiar esse tipo de atitude! Pode perturbar o Jonas.
— Certo! Ok. Eu tento me afastar dele. Sem problemas...
— Davi... — sua voz saía num sussurro estonteante. — Você precisa começar a tomar mais cuidado com o que faz. Não adianta ser um técnico maravilhoso, e melhor do que todos por aqui... se você estiver entre o caos. Pule fora de encrencas. Entende o que quero dizer?
"Megan Parker se encaixaria como encrenca?"– ele pensou, com a pergunta repetindo dentro de sua cabeça.– "Rezo para que não."
— Entendo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
E vocês... entendem?