Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda


Capítulo 2
Capítulo 2 - Injustiças da vida


Notas iniciais do capítulo

Indo para uma realidade completamente diferente, eis o próximo capítulo. Viu gente, ainda há pouquíssimas informações da novela, então para escrever uma história às vezes nós precisamos moldar as situações. O Davi é um nerd, introvertido e turrão... enquanto a Megan é uma patricinha, que precisa viver correndo de paparazzis e tem uma ótima relação com a mãe. Vou tentar mostrar isso nessa história... da forma mais concreta que eu conseguir imaginar. Eu adoro escrever, porque me lava a alma, e fazia um tempinho que eu estava nessa carência de literatura, então isso é um hobbie meu. Se por um acaso eu não conseguir postar, é porque eu estou ocupada demais para arranjar tempo. Mas... parando de enrolação. Conheçam Megan Parker... ou Megan, como gosta de ser conhecida.



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Megan ficara ali sentada até escurecer. Perdida no próprio labirinto e afogada nas lágrimas, ela urrava. Aquilo não poderia estar acontecendo; não poderia ser real. Em questão de segundos, em um piscar de olhos, tudo não passaria de um pesadelo. Rezava copiosamente para que tudo fosse mais fácil. Para que pudesse ter poder sobre as pessoas e não fosse obrigada a fazer nada que não quisesse. Era pedir demais? Será que... alguém podia ouvir sua prece e ajudá-la? Rápido?

Certamente não. Não havia nada que pudesse fazer.

Ás vezes era difícil demais zelar seu sobrenome e o status social. Queria poder esquecer por alguns instantes que sua mãe era famosa e que seu padastro era um monstro. Porque era isso que ele era, um monstro. Não conseguira encontrar palavra melhor para descrevê-lo depois da última que aprontara. Se mudar para o Brasil? Que palhaçada foi aquela?

Ela era estúpida ao permitir que ele a controlasse. Podia ser Jonas Marra, o cabeça da empresa nº 1 do mundo, mas não era seu pai. Não podia mandar nela. Não tinha esse direito. Megan poderia simplesmente colocar uma mochila nas costas e fugir para bem longe, onde não a encontrassem, e ficaria mais feliz do que ser arrastada para um país imundo como o Brasil. Tanto lugar para ir e ele escolhe logo o sul do continente. E porque? O que aquele país tinha de tão bom para cintilar diante dos olhos dele? Ela o odiou por isso. Ela odiou a todos por isso. Não era justo, simplesmente não era.

Já contavam três horas desde que ela se trancara na varanda. A brisa da Califórnia fazia seus cabelos loiros voarem, enquanto ela abraçava os joelhos a pedido de compaixão. Sua mãe, Pâmela, já havia implorado para que saísse dali, mas de nada adiantou. Ela queria ficar sozinha, isolada do resto do mundo... era tão difícil assim de entender?

Ela tinha uma vida ali. Era amiga de estrelas de Hollywood, frequentava as melhores festas do país, tinha os homens a seus pés... tinha seu quarto, seus sonhos, suas coisas. O que ela tinha feito de tão ruim para merecer algo assim? Porque o universo a estava castigando? Tão patético. Tão asqueroso. Jonas Marra estrara pela primeira vez, em anos, na sua lista negra. Ele que se virasse para tentar limpar seu nome.

Secou as lágrimas pela centésima vez. Já era hora de sair dali. Antes disso, ergueu as mãos ao céu, fechou os olhos e soltou um longo suspiro. As palavras saíram roucas e o timbre falhado. Mas ela sabia que um ser superior podia lhe ouvir. "Não entendo porque as coisas têm que ser assim... mas, se não há nada que possa fazer para impedir, então me dê algo que valha a pena. Eu não sei... queria pedir para voltar daquele país mais viva, mais feliz. Que eu possa ser menos a Megan Parker e consiga ser só... a Megan. Por favor, me dê algo com esse poder... ou alguém, como preferir. Obrigada e... é só isso". Abriu os olhos e destrancou a porta, não estava mais aliviada ou irritada. Apenas... cansada de tudo.

Normalmente, a casa era cercada por centenas de fotógrafos e jornalistas interessados nas novidades da Marra International e na Parker TV, algo que a obrigava a usar vestidos caríssimos dentro de casa e saltos desconfortáveis, apenas para não ser flagrada com aparência desleixada, nunca. Mas não naquele dia. Estava farta de fazer pose todas as vezes que ia passar pela sala de estar, por fazer maquiagem e cabelo sempre que quisesse caminhar pela rua. Caminhar pela rua... eis outro problema. Só podia fazê-lo com algum disfarce ou companha discretíssima.

Tudo bem que ela não costumava obedecer a mãe. Nem ao padrasto. Nem a ninguém que ameaçasse sua privacidade. Que saía escondida durante a noite e se divertia com alguns rapazes. Muitos alguns. Mas isso não era motivo para abusar do poder que exerciam. Ela não devia ser obrigada a fazer certas coisas, simplesmente não devia. Precisava de alguém que a entendesse. Quem ela pudesse contar seus segredos e confiar.

Não fazia muito tempo desde que acreditou tê-lo encontrado. Finalmente se viu na oportunidade de levar uma vida normal e de se envolver com alguém que considerava importante. Mas... a vida é uma piada. Pela primeira vez se deixou levar pelo amor. Megan conhece o amor. O amor lhe dá um soco na cara. Sobem os créditos.

Chamava-se Alex e parecia o parceiro ideal, desconsiderando o fato de que era apenas mais um infiltrado na sua vida. Não estava interessado em cuidar dela, mas sim em desmascarar o padastro e seus podres para o mundo.

Bem... talvez agora a ideia não lhe parecesse tão má.

Caminhou pela casa até se sentar no sofá da sala. Sua mãe usava um robe de seda vermelho e uma grossa camada de rímel nos cílios. Olhou para a filha como se fosse a primeira vez. Os olhos brilharam e por pouco não lacrimejaram. Não demorou mais do que dois segundos para que fosse tomado nos braços por um abraço caloroso.

— Ô meu amor... tudo vai ficar bem, minha princesa. — ela repetia, entre beijos e sorrisos sinceros, enquanto fazia cafuné na nuca de Megan. — Eu também não pude acreditar quando soube, e ainda não entendo porquê essa decisão tão repentina, mas quero que entenda que eu preciso apoiá-lo. Ele é meu marido. E deve saber o que está fazendo.

— É injusto como ele pode manipular nossas vidas assim... do nada.

— Manipular não... ele está fazendo apenas algumas mudanças. E você sabe que não vamos ficar por lá! É só até acabar o reality, o vencedor virá para para cá e nós teremos o resto da vida com a vista para o mar, acredite em mim. Tudo vai ficar bem.

— O que é ficar bem para ti?

— Bem... érr... como... eu não entendi.

— Ficar bem, é viver com todos querendo de puxar para baixo?

— Mais meus Deus, Megan! Que horror! Isso não é coisa que se diga.

— Mas é a nossa vida, mãe! Eu não quero isso pra mim. Eu não sou vocês!

— O que tem de errado com a nossa vida?

— Nós não temos paz! Eu quero algu...algo que me dê paz.

— É só você procurar, filha... não espere que as coisas venham de bandeja pra você.

Aquilo era verdade. Talvez... ela precisasse mudar algumas atitudes.

— Eu só não aguento mais esperar! Quando é que eu poderei confiar em alguém novamente?

— Nem todas as pessoas são ruins!

— E nem todas são boas!

— Você precisa saber escolher quem quer perto.

— Como se fosse fácil... rotular as pessoas de acordo com o que quero.

— E se...

O silêncio rondou seus corpos.

— O que?

— E se... a sua metade da laranja estiver na cidade maravilhosa?

— Do que está falando agora?

— Rio de Janeiro. Brasil. Um jovem musculoso e bronzeado pode estar a sua espera.

— Não precisa ser nada disso! — ela bufou. — Eu só quero ser amada! Amada. Verdadeiramente. Não pelo o que tenho, mas pelo o que eu sou. — Megan olhou para a mesinha de centro, onde a sua foto estava estampada na capa de uma revista de moda. — Essa aqui... — ela apontou para o próprio rosto, na revista, bem maquiado e modelado e colocou ao lado do rosto de beleza natural, com a cara lavada. — Não sou eu.

Pâmela olhou a filha e abriu um sorriso de aprovação. Nunca a tinha visto tão madura.

— Eu tenho muito orgulho de você.

Um sorriso começou a aparecer discretamente no canto da boca da garota.

— Eu também me orgulho muito de você.

— Eu vou falar com Jonas para que ele desista dessa história. É realmente patética.

Megan começou a morder o lábio, como faz todas as vezes que precisa parar para pensar.

— Não...

— Oi?

— Não fale com ele.

— Mas... — as sobrancelhas da mãe começaram a arquear.

— Essa ida ao Brasil pode me fazer bem.

As duas soltaram uma risada de alívio.

— Mudou de ideia porque eu falei do homem bronzeado, não foi?

— É... talvez.


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Notas finais do capítulo

Acompanhem para ver o desenrolar da história