Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda


Capítulo 18
Capítulo 18 - No ar


Notas iniciais do capítulo

Calma gente heuheue fico feliz que tenham gostado. Deixo a continuação de toda àquela correria por aqui... aproveitem. *o*



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Davi caminhava pelos corredores com o coração na mão. Os gritos da platéia podiam ser ouvidos a quilômetros de distância, e ele não sabia como reagir a isso. Quando era menor, tinha vergonha de apresentar um trabalho em frente a turma. Agora, ele seria exposto em frente a milhões de pessoas, aprendendo a conviver com a pressão e expectativa que colocavam em suas costas. Eram situações inteiramente desiguais. O garoto não demorou muito a encontrar Clara, e ficou boquiaberto ao vê-la.

Ela era, de fato, uma mulher de beleza tropical. Devia ter pouco mais de vinte anos e tinha um linguajar extremamente rico, o que o fazia pensar que falava vários idiomas. Tinha um sotaque puxado ao italiano, mas em alguns momentos pronunciava as palavras com uma mistura francesa. Os lábios brilhosos de gloss espichavam quando ela falava, e seu sorriso iluminava os ambientes por onde passava. Clara Crey era uma assessora belíssima, e ele tinha que admitir.

— Até que enfim! — ela comemorou, lhe puxando para um abraço, e pôde sentir seu perfume. — Bom... é o seguinte, eles chamarão um por um. Não esqueça que você é o número oito. O apresentador anunciará sua entrada, e eu tenho certeza que a platéia vai ovacionar. Quando o fizerem, por favor, não exagere na comemoração... nem na vergonha. Entre com esse seu sorrisão lindo e acene para as câmeras, porque assim passará a impressão certa para os telespectadores. Estamos combinados?

— Sim. Eu vou passar uma impressão bacana... a família Marra já chegou?

— É... acho que chegaram, mas não estou vendo Megan... a loirinha.

— Como é? — por um momento achou que engasgaria.

— Só vi Jonas, Pâmela, Trevor, Kaime e... Kevin. Megan não...

— Mas... ela deveria vir, não deveria? Era o que estava certo...

— Provavelmente sim, mas não consigo vê-la. O único problema é que caso ela tenha atrasado, não entrará no palco. Está no regulamento e a garota não pode tirar a atenção dos participantes... enfim, tomara que não hajam complicações.

— Tomara... — ele sussurrava, tirando o celular do bolso. — Me dê um minuto, Clara... preciso usar o celular.

— Tudo bem... mas volte logo.

Davi se retirou da fila das coxias, entrando no banheiro masculino. Selecionou o contato e apertou para ligar, ouvindo-o chamar.

— Alô... Megan?

— Oi Davi! Tudo bem contigo? Como vão as coisas? — a fala era apressada, com respiração quase ofegante. — Muito nervosismo? Quanto tempo falta para começar? Já está tudo pronto?

— Sim, eu estou bem. Você... está?

— Claro que sim, estou ótima, não podia estar melhor.

— Mesmo?

— Aham.

— Me diga que não vai faltar à estréia.

— Bem... é que as coisas estão um pouco atrasadas e...

— Ah não... não faça isso comigo, eu preciso de você por perto.

— Eu estou tentando chegar a tempo, mas não posso garantir. Desculpa.

— Por favor... venha, é só isso que eu te peço.

— Eu vou... — ela dizia mas, sem firmeza. — Boa sorte.

— Ela vai depender de você.

Megan suspirou do outro lado da linha.

— Até daqui a pouco... criatura.

E seu sorriso veio logo em seguida.

— Até...

***

Okay, ela estava passando uma segurança muito maior do que realmente havia. Antoine pisava forte no acelerador, enquanto ela dava os retoques finais, como perfume e desodorante... que ainda não conseguira colocar. O tempo corria mais rápido que o normal e ela não tinha certeza alguma, mesmo que tentasse ao máximo transparecer o contrário. Não sabia quanto tempo era da mansão até o local onde o reality seria gravado, mas pelas suas previsões, estavam em um relativo atraso. Os sinais vermelhos pareciam eternos... e os verdes eram sinônimo de correria. Megan se sentia tonta e com enxaqueca, mesmo sem entender porquê diabos.

Eles estavam quase chegando e os outdoors espalhados por todo o caminho lhe guiavam. Antoine soltava longos suspiros e repetia que a amava, bem mais que uma ou duas vezes. O relógio era seu pior inimigo e ela queria gritar de ódio. Eles realmente precisavam chegar a tempo, mas a tarefa de repente se tornara muito difícil.

Faltavam exatos onze minutos, quando Antoine entregou a chave do carro para os funcionários locais. Os dois estraram às pressas e pediam informação para os guias, que os encararam dos pés a cabeça.

— Você não é Megan Parker?

— Sou!

— Por que não está se preparando para entrar?

As vozes ecoavam sem um fim dentro de sua cabeça. Antoine lhe segurava por trás, todas às vezes que ela ameaçava tropeçar nas próprias pernas. Eles subiram as escadas com agilidade e o mordomo lhe deixou na coxia, dando-lhe um abraço apertado.

— Eu amo você, Megan Parker. Está linda... — ele murmuriou, antes de deixar o estabelecimento sem olhar para trás. A garota o observava recuar, e teve um sentimento imediato de pesar, antes de reconhecer Pâmela pelos cabelos castanhos e perfeitamente cacheados.

— Mãe? — ela lhe cutucou, e a mulher se virou como se realizasse um desejo.

— Oh... você veio! — ela sorriu, lhe enchendo de beijos. — Eu mal pude acreditar quando Jonas me contou, fiquei extramente decepcionada com sua decisão. De qualquer forma, obrigada por ter mudado de ideia, tem muito significado pra mim.

— Mas eu não tomei decisão alguma... não podia me sentir mais confusa, inclusive... será que alguém pode me explicar o que aconteceu nessas últimas duas horas? — ela exclamava, dispersa, quando notou que o padrasto vinha em sua direção.

Ele parecia ter visto um fantasma.

— Megan?! O que... o que está fazendo aqui?

— Não perderia essa noite por nada... por quê?

— Achei que ficaria descansando em casa... mas... tudo bem.

— Vamos festejar o seu sucesso, não vamos?

— É claro que sim, fico muito... alegre que tenha mudado de ideia.

O enorme sorriso intrigava Pâmela, e o nervosismo já lhe atacava. Antes que a garota pudesse perguntar, os gritos da platéia faziam de seus ouvidos, um pinico. O letreiro luminoso "NO AR", que antes era vermelho, passou a ser verde, e uma voz grave irrompeu em alto volume, no meio da gritaria.

— Boa noite, povo brasileiro! Estamos aqui prestigiando a primeira e única edição do reality-show que vai tomar o seu horário das 21h. Diferente do resto, The Genius of Marra pretende apresentar a vocês... a disputa por um cargo nobre na empresa de tecnologia mais revolucionária do planeta ... a Marra International. Dez jovens de originalidade brasileira enfrentarão os mais cabeludos desafios, guerreando entre si para conquistar a grande vitória final. O escolhido ganhará não apenas o título de novo gênio, mas também um carro zerado e a grande poltrona, substituindo o, até então, maior crânio da computação, aplausos para Jonas Marra e sua grande família, senhoras e senhores!

Megan estava tensa, mas a euforia do público lhe contagiava por inteira, e enquanto subia no imenso palco, debaixo de uma chuva de purpurina, luzes coloridas tomavam conta do local e o barulho era ensurdecedor. Cada integrante era rapidamente apresentado com a voz cantante do apresentador, enquanto um vídeo que se assemelhava a trailer rodava atrás deles. Não demorou muito para que lhes deixassem de lado, indo ao que realmente importava.

— E... vamos lá conhecer os participantes do THE - GENIUS - OF - MARRA! Começando pelo primeiro da lista, BÓRIS MACHADO DOS SANTOS!

Um jovem cabeludo adentrava o local, animado, e dava gargalhadas de felicidade até se situar no meio do palco. Um vídeo voltava a rodar no ar, apresentando nome completo, onde morava, o que o levou a se inscrever, quais seus maiores sonhos e como foi o desempenho nos testes.

— O segundo participante, DANILO DEAN MARRA!

Danilo era um garoto carrancudo, de cabelos encaracolados. Seu vídeo então, deixava claro que era um sobrinho de Jonas, mas que nunca chegou a lhe conhecer.

— E a próxima... TATIANA BRENNAN MEDEIROS!

Uma garota rechonchuda entrou às pressas no palco, sorrindo tanto que as bochechas pareciam estar dormentes. Depois daquela garota, Megan tonteou tanto... que só conseguia ouvir os primeiros nomes, e com muito esforço.

— ZAC

HANA

VICENTE

ERNESTO

O tempo pareceu congelar a sua volta. Como uma dádiva para os olhos, ela via um garoto bem conhecido se preparando para adentrar o palco, fazendo seu coração palpitar. O apresentador começou a mexer os lábios e o som saiu para seu alívio. Tudo de repente ganhou mais cor.

— E agora... o oitavo participante do The Genius of Marra... DAVI REIS! — ele gritou, e o jovem veio caminhando sem pressa, com um sorriso perfeito estampado na cara. Acenava para as câmeras e para a platéia, que gritavam dobrado em sua entrada. Estava certo que seu vídeo foi o que mais emocionou, devido à humilde profissão que exercia. Ele era a exceção do grupo, levando em conta que todo resto era muito bem sucedido na vida, ganhando milhares com seus empregos devidamente estáveis, enquanto ele ensinava crianças e adolescentes a ter amor pela computação. O que mais surpreendia o público, era que mesmo com essa circunstância, ele conquistou os melhores resultados, muito superiores aos demais. Davi era um prodígio, não havia dúvidas sobre isso.

Megan via tudo se movimentar em câmera lenta. O garoto deixava lugar para o próximo candidato entrar, ficando de pé ao lado dos outros sete. Ele parecia conter sua ansiedade, mas dedos estalavam e esticavam, lhe entregando. A distância entre os dois equivalia a metade de um palco, e seus olhares se encontraram sem hesitar. Um sorriso apareceu nos lábios de Davi, e os ombros largos relaxaram, enquanto Megan tentava disfarçar a tremenda felicidade, retribuindo com delicadeza. Os olhos falavam por si, sem a necessidade de palavras para comunicarem.

Agora sim, tudo estava bem.


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Notas finais do capítulo

Seria interessante se dessem suas sugestões e comentários... haha obrigada por tudo.