Caminhos Cruzados - Davi e Megan escrita por Alexia Lacerda


Capítulo 17
Capítulo 17 - Contra o tempo


Notas iniciais do capítulo

Hahahaha Oi gente, tudo tranquilo? Sei que o final do último capítulo foi tenso, mas não se preocupem, muitas coisas tensas começarão a acontecer. hahaha Na minha última fic, foi romace puro, então nessa eu queria vivenciar uma outra experiência. Pretendo misturar romance com suspense, acrescentando até cenas de ação, no decorrer dos capítulos. Acho que o enredo ajuda bastante e que acabarão gostando do resultado. Muito obrigada a todo mundo que acompanha e eu fico muito feliz com os elogios. Deixo com vocês o capítulo 17 de Caminhos Cruzados, quero ver os comentários.



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A pele dela estava mais pálida que o normal. Antoine entrou em desespero, enquanto sacudia o corpo sem reação da garota. Garantiu que ela estivesse respirando e levou os dedos até a jugular, onde pôde sentir a pulsação de seu coração. Ele chamava pelo seu nome e tentava abrir seus olhos, mas Megan estava inconsciente. Nada do que fizesse poderia ajudá-la, pois não tinha a menor experiência em situações como aquela. Pensou em avisar Jonas e Pâmela, mas eles lhe demitiriam na mesma hora, caso a reunião fosse interrompida. Pensou em pedir ajuda às pessoas que corriam por ali, mas ninguém parecia notar a menina estirada ao chão ou dispostos a atrasar qualquer minuto da tarde. Realmente, aquele era um péssimo dia para desmaiar. Carregou-a até o quarto e a colocou na cama, correndo até a cozinha, ofegante.

—Eu preciso de ajuda! — ele falava, com o timbre falhado, enquanto as cozinheiras da casa voltavam seus olhares para ele. — Megan desmaiou! Alguém pode ligar para um médico ou…

Uma das mulheres, na faixa dos 40, largou seu pano de prato e disparou pela porta, trazendo o homem consigo. O cabelo encaracolado estava preso em um coque e coberto com uma touca de cozinha, enquanto seu avental sujo de comida era desamarrado pelas mãos e atirado em um corrimão da escada. Ela abria a porta com pressa e o homem precisou correr para alcançá-la. Quando viu, a cozinheira já estava sentada ao lado de Megan, e a analisava da cabeça aos pés. Antoine estava suando frio.

— Filho da puta… — ela praguejou, suspirando. — Eu tinha certeza…

— Hellen… por favor, chame uma ambulância, depressa.

— Não vou chamar ambulância alguma…

— Olha… se não vai ajudar, também não atrapalha.

— Acho melhor você não avisar ninguém que Megan está assim.

— O quê? Você enlouqueceu? Se uma pessoa desmaia e não reage por mais do que três minutos, tem que levá-la a uma emergência, todos sabem disso.

— Megan não está apenas desmaiada, querido… ela está drogada.

A cabeça de Antoine esteve prestes a explodir.

— Que diabos está falando, mulher? Vira essa boca pra lá.

— Não estou falando, estou afirmando que Megan foi drogada.

— Como assim? Não entendo…

— Meu marido trabalha para a polícia da Califórnia, na área da perícia…

— E o que isso tem a ver?

— Já faz vinte e dois anos que observo o trabalho dele, e aprendo todos os dias.

— E…?

— Eu sei identificar quando alguém é dopado. Entende ou quer que desenhe?

— Quem faria algo assim com ela, meu Deus? Megan não tem inimigos.

Hellen abriu as pálpebras da garota, checando suas pupilas.

— Você viu ela tomando alguma coisa? Chá, álcool, café, suco…?

— Eu trouxe uma vitamina para ela faz… vinte minutos… eu acho.

— E quem lhe entregou esta vitamina?

— Um dos cozinheiros… o Laurence. Pediu que eu levasse até ela.

— E ela bebeu?

Antoine se enrolava nas próprias palavras.

— Mas é claro que bebeu… Jesus… não estou entendendo.

— Ela bebeu tudo, Antoine?

— Não, acho que não, deixou a metade… não sei.

— Teve comportamento estranho depois disso?

— Teve… sim, ela estava bem perturbada. Parecia pensar bastante… e estava tonta. Mas eu acho que isso pouco importa… nós realmente precisamos atendê-la… nunca me perdoaria se algo acontecesse com ela.

— Não vai adiantar se nós a levarmos para o médico.

— Mas ela está inconsciente! Não vê como é perigoso?

— Perigoso é ela ficar dentro desta casa. Com aquele cara…

— Hellen! Você está escutando o que diz?

— Claro que sim! O que Laurence lhe disse? É muito importante que lembre…

Estava difícil puxar as coisas da memória.

— Ele falou que a vitamina era para Megan. Pediu que eu levasse até ela.

— Estava nervoso?

— Por favor… me diga aonde quer chegar.

— Só me responda se ele estava nervoso.

— Sim… ele estava gaguejando… ande logo com isso.

Hellen respirava profundamente, querendo manter a calma.

— Já ouviu falar em “Boa noite, Cinderela”?

— Já… é aquela droga usada em tentativas de estupro. Por quê?

— Jonas usou algo parecido… talvez até mais forte.

— O quê? Jonas?

— Foi ele quem dopou nossa garota.

Antoine cogitava a ideia de tomar um banho bem frio.

— Tem noção da gravidade dessa acusação?

— Claro.

— Então porque não pára de falar?

— Porque acho um absurdo o que ele fez… usar sonífero, que covardia.

— Você vê o que está insinuando? Por que acha isso?

— Jonas queria se certificar que Megan não saísse de casa.

— Você está me deixando confuso…

— A relação deles dois não ia muito bem… convenhamos. E como hoje é a estréia do The Genius of Marra, talvez ele quisesse garantir que ela não aprontasse nada. Será que entende?

— Não.

— Meu Deus… como foi que contrataram como mordomo?

— Eu não sou psicólogo…

— Megan podia arruinar o que ele chama de ‘Grande Dia’. Ela é inconsequente e avoada. E ele não colocaria o próprio reality em risco…

— Mas Megan é integrante da família! Ela deveria estar lá!

— E ele não quer que ela vá… para a segurança de seu bem maior. Hello?!

Antoine olhava para o corpo de Megan deitado na cama, e sentia vontade de gritar.

— O que vamos fazer com ela? Quando é que ela ficará bem?

— Deve acordar daqui a umas horas.

"Não… tudo menos isso". - ele pensou.

— O programa começa daqui a duas horas.

— Então Jonas pensou em tudo…

— Ela não pode simplesmente ter desmaiado?

— Só para te fazer sentir melhor? Não, ela está dopada mesmo.

— Jonas é um…

— Monstro. Eu sei… talvez aceleremos o processo se a hidratarmos.

— Água? — o rosto de iluminou. — Tudo bem… eu trago água.

— É para diminuir o efeito da droga… reze para que a substância se disperse.

— Ela acordará como se nada tivesse acontecido, não vai?

— Talvez sim… mas pode estar meio desconcertada e até um pouco boba.

Antoine fez que sim com a cabeça, saindo do quarto para buscar água, quando pôde observar Jonas, no andar de baixo, com terno importado e sapatos italianos, rumando em direção à saída da mansão, sendo seguido por dois guarda-costas. Quis pular de onde estava, quebrando a coluna daquele desgraçado em dois com seu peso, mas certamente seria espancado. Diante a isso, esbravejou palavrões, tentando conter a raiva, e passou logo ao lado dele, como se não soubesse de nada.

— Antoine… — aquela voz lhe chamou, e o nojo tomou conta do mordomo.

— Sr. Jonas?

— Você sabe de Megan?

— Está dormindo no quarto… parecia estar bastante cansada.

— Maravilha! — ele sorriu, com a felicidade estampada no rosto. — Mas não a acorde não… tadinha, deixe que descanse. Ela pode assistir ao programa pela televisão, não é? Acho que ficaria bastante feliz com isso.

— É… acho que ficaria. Mas, ... por que ela não vai? Ela queria muito...

— Como você mesmo acabou de dizer… ela está cansada. Bem, estou indo a caminho do reality-show, os participantes estão se aprontando. Peça para que as empregadas deem uma passadinha lá no meu quarto, porque está a maior bagunça. Só isso que eu tinha a dizer.

— Eu peço à elas sim… tenha uma boa sorte no programa.

— Agora sim, Antoine, agora eu terei.

***

Davi se deparou com um luxo muito maior do que imaginava. Em frente a onde o reality-show seria gravado haviam luzes multicoloridas que formavam a frase: The Genius of Marra. Dentro do estabelecimento, todas as paredes eram compostas das fotos que haviam tirado na semana passada, em tamanho real. A correria era grande, mas assim que entrara, identificou sua assessora. Seus cabelos eram loiros e passavam um pouco dos ombros, os olhos azuis e uma voz de veludo, que falavam as palavras com uma calma surpreendente. Estava com um vestido preto e bem arrumada, acenando para ele com um sorriso no rosto.

— Quem diria que eu seria assessora logo do vencedor... — ela falava, estendendo sua mão para apertar a dele. — Meu nome é Clara Crey, muito prazer.

— Davi Reis, o prazer é todo meu.

— Eu sei seu nome. Também sei que fará o sucesso deste programa.

Davi percebera que o estômago embrulhava.

— Eu não teria tanta certeza...

O sorriso da assessora era reconfortante.

— Acho melhor você correr para os camarins, já que precisa ficar bem elegante para a estréia. Fique pronto que eu te busco uns quinze minutos antes de começar. Te deixarei em boas mãos, não se preocupe... e não fique muito nervoso, qualquer coisa, estarei lá para te dar apoio. Agora... — ela falava, olhando para o relógio. — ... você já pode ir.

— Obrigada, Clara.

— Não tem de quê.

***

Antoine voltava apressado para o quarto e a ira já lhe fazia a cabeça. Batera a porta sem dó e a trancou atrás de si, trazendo bacias e panos, seguidos da água. Hellen estranhou suas ações e arqueou uma das sobrancelhas, intrigada.

— O que está havendo?

— Você tinha razão... Jonas a dopou.

Ela não disfarçou a expressão de "eu lhe avisei" que seu rosto mostrava.

— Ah é, é?

— É... ele tava sorrindo a beça... orgulhoso.

— Não me surpreendeu... se quiser saber.

— Como ele pôde? — ele repetia, mergulhando o pano na bacia de água quente e o colocando na testa de Megan, enquanto Hellen fazia com que ela se hidratasse. Eles seguiram com outros procedimentos, tentando fazê-la acordar.

— Ele tem poder, Antoine... pessoas poderosas são capazes de tudo. Ainda que Megan não se machucou, apenas foi forçada a não comparecer ao evento de uma forma covarde. E pensando por um lado... foi melhor assim. é bom que fique longe de tudo que envolve esse sobrenome.

— Ela queria estar lá, Hellen, mas não para honrar Jonas.

— Pelo status social então... para alavancar sua fama?

— Ela queria ver um rapaz... um rapaz que está gostando.

— Megan está apaixonada? — não disfarçara a surpresa.

— Não diria que está apaixonada... mas está bem presa ao sentimento.

— Esse cara vai subir na vida, hein... uma Parker na cola dele.

— É mais complicado que isso... pois ele é um participante.

O queixo da cozinheira caiu.

— Como é que é? — dizia, chocada com a notícia. — Ela é doida? Se Jonas souber disso ele...

— Fará coisas piores que um simples sonífero em vitamina, eu sei.

— Diga isso à ela!

— Essa não é a questão...

— E qual é então?

— Nunca a vi tão feliz antes... entende? Ela teve o coração partido tantas vezes antes... e este rapaz apareceu de repente e a virou do avesso. Já pensou que talvez o avesso seja o lado certo?

— Você está dizendo que... apoia o que ela está fazendo?

— Se coloque no lugar dela e entenderá... Jonas não pode ficar a controlando para sempre. Megan não é uma marionete, e ele não vai impedir que ela venha a se apaixonar.

— Pare de pensar na Megan! Os sonhos desse menino vão por água a baixo!

— Acho que ele tem competência suficiente para passar por cima disso...

— E o seu emprego, Antoine? Pare de concordar com tudo que ela faz.

— Megan é como uma filha pra mim... eu não vou abandoná-la.

***

O tempo escapava de seu alcance, enquanto Davi encarava o próprio reflexo no espelho. Calças jeans, camisa social, e sapatos que cheiravam a novo. Esse era o figurino do dia e que o deixou bastante a vontade. Quando chegou o momento da maquiagem, lhe olharam de lado, devido à marca do corte que ainda estava visível.

— O que aconteceu com seu rosto? — lhe perguntaram, antes de iniciar.

— Eu caí de cavalo...

— Recentemente?

— Sim...

— Que azar, hein... mas fique tranquilo que daremos um jeito.

Todas as pessoas que falavam com ele ressaltavam a frase "não se preocupe..." ou "não fique nervoso...", como se aquele fosse o dia mais assustador da vida dele, algo que não pudera discordar. No fim das contas, isso só fazia com que criasse mais expectativas e ficasse mais tomado de ansiedade e inquietude. Davi olhou no celular, esperando alguma sms de boa sorte de Megan, mas a garota não respondeu suas últimas quatro ou cinco mensagens. Não sabia o que tinha feito de errado, mas se arrependia disso mesmo assim. Queria alguma palavra de conforto... algum "estou nessa com você", mas aquilo estava distante de acontecer. Esperava ansiosamente para vê-la naquela noite, pois tinha certeza que só um daqueles sorrisos... faria tudo valer a pena.

***

Faltavam cinquenta minutos para que o programa entrasse no ar e Megan ainda dormia copiosamente. Tudo estava perdido e tanto Hellen como Antoine sabiam disso. O tempo ainda passava sem que pudessem pará-lo.

— Acho melhor já ir ligando a tevê... — Hellen disse.

— Você disse que ela não demoraria a acordar...

— Te disse que o tempo dependeria do sonífero...

— Eu quero matar esse cara...

— Eu poderia ajudar...

— Isso tudo é um grande absurdo. Jonas me enoja...

Um grunhido fez com que os dois ficassem em silêncio. O coração deles batia depressa enquanto direcionavam o olhar até o corpo deitado da garota, e percebiam que os olhos se abriam devagar. Foi como ver a face de Deus ou comer bacon pela primeira vez, Megan estava consciente.

— Megan... meu amor... tudo bem contigo? — Hellen perguntava.

A garota levou as mãos à cabeça, provavelmente por ter batido a cabeça no piso quando desmaiou. Se sentia tonta e com dor de cabeça. Focalizou o olhar com bastante esforço.

— Eu... hã... o que aconteceu?

— Você desmaiou... — Antoine dissera, lhe dando um abraço apertado. — Por Deus... como é bom ver que está bem... foi um grande susto o que você me deu.

— Que horas são? — ela arregalou os olhos, se deparando com a escuridão pela janela. — Meus Deus do céu... eu perdi o reality?

— Faltam... — Hellen verificou no relógio em cima do criado-mudo. — ... 40 minutos para que entrem ao vivo.

— Não! Não pode ser verdade! Eu dormi durante todo esse tempo?!

— É uma longa história... não temos tempo.

— Mas... como... por que não me acordaram antes?

— Te explicamos mais tarde.

— O que faço? É muito pouco tempo...

— Entra no banho e deixa que o resto a gente separa.

— A roupa... eu... érr... deixei dobrada na cabeceira.

— Ok.

— Os sapatos são... os vermelhos berrantes atrás da porta.

— Ok.

— Podem colocar a maquiagem pela mesa? Estão na primeira gaveta...

— Ok.

— Brincos e acessórios estão... na prateleira.

— Ok.

— Secador de cabelo e baby-liss... atrás do espelho.

— Ok.

— E agora? — ela perguntou, estática.

— Corre.


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