Derek Donnis: Entre Mistérios escrita por Wolfkytoki


Capítulo 7
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Notas iniciais do capítulo

Estão gostando da história? Nesse capítulo, teremos mais ação xD



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Derek

Acordei cedo. Aliás, mais cedo que o normal. A escola abria às seis em ponto, mas ainda eram quatro horas da manhã. Eu tive problemas em dormir ontem à noite: não parava de pensar no Conselho e na alcateia. E a ansiedade me deixou mais acordado que nunca. Eu tinha hoje e terça para encontrar uma prova e mostrar ao Conselho. Me espreguiçando, levantei da cama e olhei janela afora. Eu estava em um abrigo temporário na cidade; concedida pelo Julius. Era uma casinha simples, com um quarto, banheiro, cozinha e uma salinha extra.

Eu sentia falta das colinas, do pôr do sol, das corridas matinais que fazia com outros lobos da minha idade. Sentia falta de me transformar. Os lobos podem se transformar a qualquer hora, porém eu obviamente não podia fazer isso. Somente na Lua cheia que nós ficamos em nossas formas lupinas obrigatoriamente. A Lua... é muito forte. Nos enche de poder e energia. Por isso, nos transformamos automaticamente. Mas por razões óbvias, eu não iria fazer isso no mundo humano. Não queria nenhum humano desesperado em ver um lobo selvagem andando pela cidade. Então, deveria me controlar.

Ainda estava escuro. Não se via nenhum rastro do Sol. Senti um vento passar por mim, tornando o ar mais fresco.

Decidi passar um tempo pensando antes de me aprontar. Sentei-me em minha cama novamente. Não tinha nenhum sono, portanto, só fiquei lendo algumas páginas do livro de Química. Não gostava do professor, mas eu adorara a matéria. Lobos, normalmente, tinham mais facilidade de raciocínio que os humanos. Era um fato científico. Então, eu não tivera dificuldades em nenhuma matéria. Claro, eu não era bom em tudo, mas Química entrara perfeitamente em minha cabeça. Talvez, fosse minha matéria preferida.

Quando eram cinco e meia, fui tomar banho e me vestir. Chegando no colégio, parei em frente do portão principal. Suspirei. Agora, eu deveria me centrar somente no caso. Sem distrações. Sem... Hilly. É, eu deveria me afastar por um tempo. Esperava que ela não ficasse chateada, mas ela nunca entenderia mesmo meu real motivo. Lá vou, então. A brincadeira acabou.

Hilly

Era de manhã, cinco horas. Acordei com sono, como acordava todos os dias. Me levantei parcialmente da cama, sonolenta. Fiquei pensando sobre sábado... Ah, como fora um dia perfeito. Dear era muito atencioso. Agora que já o conhecia melhor, tinha coragem de contar meus segredos a ele. Tudo ia muito bem. Minhas amigas já me perguntavam: "Hilly, com quem você tanto sai?", "Nossa, quero conhecer esse garoto", "Hilly! Nos apresente esse cara". Eu ficava constrangida em falar sobre ele, mas acho que hoje seria o dia em que eu apresentaria Derek à elas. O trabalho também ficou ótimo, e hoje também teria Geografia.

Feliz e empolgada, já fui me arrumando. Cheguei na escola um pouco cedo; faltava dez minutos para começar a primeira aula, que seria Espanhol. Nossa, eu não gostava nem um pouco dessa matéria. A professora explicava muito bem, mas espanhol simplesmente não entrava na minha cabeça.

Quando entrei, já havia algumas pessoas no corredor, conversando. Normalmente os alunos de anos mais velhos vinham mais cedo. Talvez fosse porque eles não quisessem se atrasar e perder muito conteúdo das matérias mais difíceis, como Química, Física e Matemática.

Avistei Derek encostado numa parede do corredor, próximo à nossa sala. Ele parecia muito pensativo, estava concentrado. Olhava fixamente para o chão. Parecia que algo tinha acontecido com ele. Fiquei curiosa. Passei por algumas pessoas para ir até ele, porém fui abordada pela minha amiga Collins. Ela me parou no meio do corredor para conversar. Derek estava a poucos metros. Ansiosa, tentei me concentrar em Collins.

–Oi, Hilly! Nossa, tô sabendo que você e o Derek... andam saindo juntos. É verdade, amiga?

Ela estava pulando no corredor. Literalmente. Seus óculos quase caíam em meio aos seus pulinhos de felicidade. Collins era assim, toda agitadinha. Bom, era assim que eu gostava dela. Melhor feliz do que triste, certo?

–Hã, sim... Collins, preciso ir falar com ele agora.

Ela parou de pular e me encarou com um olhar malicioso que só ela sabia fazer. Isso era muito engraçado, portanto eu estava mais preocupada com Dear no momento.

–Aham... Sei. Não precisa ficar envergonhada. Mas, espera só um pouco! Quero saber como está o relacionamento. Ele é tão tímido quanto pensam?

Droga. Ficava olhando para Dear toda hora, enquanto este continuava a olhar fixamente o chão à su volta. Precisava perguntar, saber o que o afligia tanto. Mas Collins não facilitava. Eu gostava de falar com ela, mas precisava fazer alguma coisa antes que a primeira aula começasse.

–Ah... Não. Ele não é tão tímido. Collins, sério. Depois nós conversamos, tudo bem?

Ela me deu uma piscadela e se virou para entrar na sala.

–Ok. Vá ver seu tigrão.

Ela fez um movimento de garras arranhando o ar, o que foi muito engraçado e constrangedor ao mesmo tempo. Só a observei entrando na sala.

Então, rapidamente me virei e andei até Derek. Mas, como se fosse na hora exata, o sinal tocou. Todas as pessoas que estavam no corredor caminharam até a sala de aula, incluindo Derek. Ele também virou-se de cabeça baixa e foi andando lentamente até a porta. Perdi minha chance. Depois da aula, eu conversaria com ele. Sem problemas.

Todos entraram na sala e a professora de Espanhol começou a aula. Como sempre, fiquei com tédio quase que a aula inteira e decidi espionar Derek de sua carteira, lá no fundo. Ele não estava mais empolgado como o via todos os dias. Seus lindos olhos azuis eram... Tempestuosos. Não brilhavam mais. Até eu fiquei triste ao vê-lo assim. Ele brincava com o lápis, provavelmente com tanto tédio quanto eu. O que será que ele estava pensando? Eu precisava conversar com ele.

Quando a professora se virou para escrever na lousa, decidi chamá-lo, só para dar uma animada nos ânimos.

–Derek! Ei, Derek!- Eu tentei chamá-lo o mais baixo possível.

Ele pareceu me escutar, mas só virou a cabeça em minha direção e disse baixinho:

–Shh. Estamos no meio da aula.

Nesse momento, o grupo de patricinhas também se virou para mim e deu risadinhas. Como eu detestava esses risinhos infames.

–Hah, você ouviu, Mackenzie. Shh! Estamos no meio da aula- repetiu uma menina morena com muito batom rosa nos lábios e sombra azul. Ela parecia um palhaço irritado. A professora virou-se para o grupo, zangada.

–Não tolero conversas na minha aula. Mais uma gracinha e vocês vão para a diretoria.

Sim, ela era uma professora bastante rigorosa. Mas pela primeira vez eu gostei dessa postura em relação às patricinhas. Sem poder fazer nada, apenas virei para a frente e voltei a ficar com tédio. Passei o resto da aula pensando em Dear.

No intervalo das aulas, fui procurar por Derek. Ele estava apoiado em uma parede no refeitório. O lindo e extrovertido garoto que eu conhecera há poucas semanas não parecia mais o mesmo: ele estava muito mais fechado e tímido, como no primeiro dia de aula. Seus olhos antes brilhantes vagavam pelo chão. Observei por um tempo a cena. De repente, um garoto segurando uma bandeja cheia de comida esbarrou em Derek. Suas roupas ficaram sujas e manchadas de comida. Aquele garoto era Michael. Ele era um mané, sempre dando em cima das patricinhas e se achando o maioral. Adorava caçoar dos alunos novos. Ele se virou para Derek e fez uma cara muito fingida, dizendo com uma voz falsa e sarcástica:

–Oh, me desculpe, cara! Eu não vi um idiota na minha frente.

Michael riu exageradamente. Ele era bem alto, até um pouco maior que Derek. Tinha cabelos loiros e olhos verdes. Eu até o achava bonito, mas era um completo idiota desprezível que adorava humilhar os outros. Derek o olhou seriamente. Michael parou de rir e imitou a cara de Derek.

–Ei, perdeu alguma coisa? Volta para sua cidade, cara. Essa escola é minha.

Derek se endireitou e chegou mais perto de Michael. Ele o olhou bem nos olhos, com uma feição voraz no rosto.

–Amigo, é melhor você olhar por onde anda. E essa escola não é sua. Você não é ninguém. É só mais um babaca que quer toda a atenção das pessoas.

Derek o rodeou lentamente, ainda olhando em seus olhos. Michael fechou a cara no mesmo instante. Todos no refeitório pararam para ver a cena.

–Ah, e por falar em atenção... Como seus pais reagiram ao saber que o adorável filhinho pegou mais de uma detenção ontem? Além do mais, como vão suas notas? Provavelmente vão muito bem, para você estar de bobeira no refeitório e ficar brincando com seus colegas.

Várias pessoas deram risada. Alguns meninos que andavam com Michael gritaram:

–É, Michael! Seus pais ficaram furiosos!

Michael encarou Derek, agora com muita raiva. Seu humor havia sumido.

–Retire o que disse. Eu tenho notas bem melhores que as suas!

Agora Derek já estava de frente para Michael novamente, e o clima ficava cada vez mais tenso. Ele apenas estreitou os olhos e deu uma leve risada, com um tom de deboche.

–Aham. Então você diz que tirar um quatro e meio no trabalho de geografia é melhor que tirar um dez? Acho que você precisa rever seus conceitos em Matemática, colega.

Várias pessoas gritaram e riram. Muitas começaram a incentivar uma briga, dizendo em alto e bom som: "Se eu fosse você eu não deixava!", "Pega ele!", "Briga! Briga!". Comecei a ficar desesperada.

Michael bufou e peito e disse ao Derek:

–Volte para a sala antes que eu acabe com você. Sua última chance.

–Cara, não tenho medo de você. Está se achando muito hoje, hein?

Isso foi com certeza uma provocação. Michael, já completamente estressado e furioso, tentou desferir um soco na cabeça de Derek. Mas ele rapidamente segurou o braço do garoto, torcendo-o e o colocando atrás da cabeça de Michael. Foi um movimento muito, mas muito rápido. Michael gritou de dor. Derek, ainda insatisfeito, deu uma cotovelada na barriga de Michael. Depois disso, ele o soltou. Michael cambaleou para trás, segurando a barriga.

–Pare com isso. Já deu. Não quero mais causar problemas aqui.

Derek, antes confiante, agora estava espantado. Ele se virou para sair, mas nesse momento Michael o chamou.

–Covarde! Prove que pode sustentar uma briga!

Derek virou a cabeça, sério novamente, dizendo:

–Já provei.

E voltou a andar. Mas Michael não deixou barato. Saiu correndo atrás de Derek, já com o punho voltado para suas costas. Eu tinha certeza de que ele iria acertá-lo em cheio. Derek estava frito. Mordi meu lábio, já esperando o resultado disso tudo. Mas isso não aconteceu. De repente, sem dar nenhum aviso, Derek virou-se na velocidade da luz e segurou o punho de Michael. O garoto louro arquejou. Então, ele rapidamente deu-lhe uma forte joelhada no queixo, deixando Michael cair inconsciente no chão.

Todos que assistiam à cena ficaram boquiabertos. Um incômodo silêncio espalhou-se pelo lugar. Eu tinha apenas uma pergunta em minha mente: Como? Como ele fora tão rápido? Nunca que eu iria prever tal reação.

Derek cambaleou um pouco. Ficou paralisado. Olhou para suas mãos exasperado, depois olhou para o corpo caído no chão. Ele abaixou-se para ver se Michael ainda respirava. Ele suspirou, aliviado. Mas ainda estava perplexo e com uma cara muito preocupada. Ele parecia se culpar por tudo isso.

Nessa hora, o diretor do colégio apareceu correndo pelo refeitório. Pelo visto, alguém havia denunciado a briga. Ao ver os dois ali, ele parou e arquejou. Encarou Derek, que estava agachado perto de Michael.

–Derek Donnis... Na minha sala. Agora.

O garoto se levantou e tentou falar. Suas palavras saíam com dificuldade de sua garganta:

–Mas... E quanto à...- Ele apontou para o corpo inconsciente no chão.

–Michael será levado para a enfermaria. Você está seriamente encrencado.

Derek abaixou a cabeça e seguiu o diretor para sua sala. Todos o olhavam sair, ainda boquiabertos e em silêncio. Até mesmo eu.

Meus olhos ainda não haviam processado tudo aquilo. Derek envolvido numa briga feia com Michael... Até aí tudo bem. Mas... Eu mal conseguia pensar.

O professor de História entrou no refeitório e anunciou a todos:

–O espetáculo acabou! Todos, voltando para suas salas! Vamos, vamos!

E todos saíram comentando sobre o que acabara de acontecer ali. Pelo visto, eu tinha ainda mais perguntas para fazer a Derek. Esperava que o diretor não o expulsasse. Só o tempo iria dizer.


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