Derek

A escola não era tão ruim quanto eu pensei que fosse. Eu nunca tinha estado verdadeiramente no mundo humano, e até agora as coisas estavam normais. Continuei a "estudar" e a investigar o colégio. Por enquanto, eu não havia achado nada interessante sobre o caso. Nadinha. Em uma semana.

Isso era um tanto frustrante para um lobisomem com mais de 4 anos de experiência no Conselho Místico. Tudo bem, eu podia ser um serviçal, o peão do Conselho, mas eu possuía certa experiência em realizar o trabalho sujo dessa instituição. Sentia falta da minha alcateia em Creek Hallows. Nenhum humano conhecia essa cidade: ela pertencia ao mundo mágico.

Existe uma linha imaginária que divide o mundo humano do mundo mágico. Mas somente os humanos não têm conhecimento dessas cidades. Afinal, se descobrissem, o mundo inteiro entraria no mais completo caos. Então, as criaturas mágicas (principalmente os vampiros) colocaram um tipo de névoa, magia, para impedir que qualquer ser humano tome conhecimento de nossas cidades.

Mas brevemente eu estaria de volta. Longe desses humanos. Por enquanto, eu deveria me centrar em minha investigação, que não ia muito bem. Logo, o Conselho me chamaria para ver se eu tinha coletado algo de útil. Infelizmente, não tinha muita certeza se diria que não tinha achado nada.

Pelo menos, eu havia passado as aulas com a humana Hilly. Eu estava gostando dela. E agora que eu passava mais tempo com ela, descobria que seu cheiro era ainda mais estranho. Era um cheiro diferente dos humanos, mas não era de nenhuma criatura mágica. Nunca havia sentido tal cheiro. Pensei em investigar um pouco sobre isso também, mas só daria ainda mais trabalho. Mas eu tinha certeza absoluta de que ela era humana.

Na outra segunda-feira, Hilly fez um outro trabalho comigo. Desde agora, sempre fazíamos trabalhos juntos: de qualquer matéria. Agora já a conhecia um pouco. Ela nasceu em Hallow Halls desde que nasceu. Tinha 16 anos. Era uma bela garota, com cachos completamente negros e olhos verde-claros. Havíamos nos tornado amigos.

Claro, algumas informações eu tive que inventar, como por exemplo: porquê vim para essa cidade, que escola eu frequentava, qual era minha matéria favorita... Argh. Humanos complicavam muito as coisas.

O trabalho dessa vez era de Geografia, e tínhamos que montar um cartaz em dupla. Porém, deveríamos fazer esse trabalho fora de casa; o que significava que seria necessário nos encontrarmos fora da escola.

Hilly me olhou, corada.

–Então... Onde faremos o trabalho? Pode ser na sua casa?

Não sabia o que dizer. Eu não podia levar uma humana para minha cidade, muito menos para a minha alcateia. Eu tinha que inventar alguma mentira. Disfarcei e olhei para os lados, dando uma desculpa plausível para Hilly:

–Bem... Eu acabei de me mudar, e minha casa está cheia de bagunça. Sabe, malas, livros... Sinto muito, acho que na minha casa não vai dar.

Olhei esperançoso para Hilly. Esperava que ela dissesse que poderia ser em sua casa. Ela sorriu, ainda corada,

–C-claro. Eu entendo. Mudanças sempre são uma correria.

–Sim. Preciso arrumar minha casa ainda.

Ela riu um pouco. Gostava de ouvir sua risada. Era estranho e ao mesmo tempo... legal. Bom, era isso. Eu iria na casa de Hilly no sábado de manhã. Estava curioso para conhecer a morada de um humano. E quanto mais dias passavam, mais eu me preocupava com a falta de pistas da investigação.